Querem substituir um sistema falível...

Qual é então a lógica do video-árbitro?

Parabéns Ronaldo pelo teu 500º
golo da carreira.

A temática está na orla da actualidade desportiva, muito graças ao teste que a FIFA está a efectuar no mundial de clubes no Japão, particularmente nos casos em que já foi chamada a intervir. O mais recente deles vem do encontro entre os mexicanos do América e os espanhóis do Real Madrid, em que o árbitro primeiro anulou o 500º golo do CR7 e depois repôs a verdade. Tudo isto recorrendo à tecnologia do video-árbitro. Ora, assim se prova que o sistema é falível.

Como o video-árbitro
funciona na NFL.

Como é óbvio, há muito para melhorar e afinar, mas a minha questão é a seguinte: será que as melhorias que daqui advêm são significativas? A primeira coisa que salta à vista, é que estamos a substituir um sistema por outro cuja componente humana está ainda patente e como tal, falível. Segundo, o tempo de análise poderá colocar em risco todo o conceito de futebol actual, aproximando-o do futebol americano. Aliás, neste momento com uma análise da jogada a demorar 4 minutos no último encontro no mundial do Japão, e tendo em conta que a média de análise na NFL está nos 2 minutos e 18 segundos, no máximo este sistema de análise terá essa resposta. Nesse contexto, até percebo o porquê da FIFA querer colocar o video-árbitro, entre a análise, a decisão e a retoma do jogo, poderá colocar um spot publicitário da Coca-Cola, um da BMW, outro da MacDonalds e terminar com a promoção do novo Starwars! Mas, e o futebol? O que acontecerá à concentração dos jogadores nos jogos? Será que não iremos ter um futebol muito mais descontínuo? Não irá acabar por prejudicar o jogo?

Para onde vai o jogo dinâmico, que mais se assemelha com as virtudes e as vicissitudes da própria vida em que não há pausas, nem voltas atrás? Onde é a capacidade para lidar com os próprios erros e os erros dos outros seguindo em frente que se forjam os verdadeiros campeões? Posso até aceitar que os treinadores possam ter uma ou duas consultas por jogo (uma consulta ao video-árbitro por cada parte do encontro), mas depois questiono: onde pára a igualdade das arbitragens entre os jogos com video-árbitro e os outros sem estes? Por exemplo, podemos todos achar que que é mais importante saber se é ou não grande penalidade numa final da Liga dos Campeões, pois está envolvido muito dinheiro, mas será de maior valor que um lance semelhante numa final de uma distrital que permite a uma das equipas subir de divisão? Ou será que tudo isto mais não é que uma forma de fazer dinheiro e tentar mudar a concentração de poder no futebol? Acho que se fala muito, mas muito pouco sobre este assunto, o que é lamentável.