15 dezembro 2016

Como levar o Benfica ao "redline"?


O plano B ofensivo do Benfica.


Uma das alterações que gostei de ver ontem no Benfica foi a inclusão no mesmo onze do trio formado por Raúl, Pizzi e Mitroglou. Juntos formam a sigla RPM, mas mais do que isso, poderão ser a solução que o Benfica necessita para derrubar muralhas defensivas densas, como aquela que não conseguimos ultrapassar no "caldeirão" dos Barreiros. Frente à equipa do Marítimo, obtivemos a nossa única derrota no campeonato nacional. Nesse encontro, o técnico encarnado colocou a "carne toda no assador", mas os resultados não foram os esperados, uma vez que nem sequer conseguimos chegar ao empate, nessa partida.

No entanto, a ideia não foi errada e tem pernas para andar. O problema está na operacionalização. Com ciclos de treinos-jogos cada vez mais apertados, há menos tempo dedicado a esse plano B nos treinos. Pelo menos, isso é o que acontecia até então, uma vez que tínhamos jogos frente a Marítimos num fim-de-semana, e na outra semana, jogávamos contra equipas do nível do Nápoles e Sporting. Ou seja, tendo em conta que o tempo de treino é muito limitado, e tendo em conta que devemos adaptar um pouco ao contexto que iremos ter, fazia todo o sentido reforçar o treino de transições ofensivas do que propriamente um ataque organizado com 2 pontas-de-lança. Não obstante este ciclo, chegamos a outro completamente diferente, uma vez que vamos defrontar equipas de valor inferior ao nosso. Logo faz todo o sentido adoptarmos este plano B nos treinos. Por isso, fiquei satisfeito em ver que RV está desde já a preparar a equipa para essa eventualidade. Isso traz maior segurança, até para a equipa. E, traz também maior diversidade que poderá surpreender e condicionar os adversários.

Para além desta ideia de jogo, e tendo em conta o facto de termos os dois laterais esquerdos lesionados e com prognóstico de recuperação apenas para o início do ano, acho que seria a oportunidade ideal para testar outras soluções que poderiam ser enquadradas neste plano B. São elas as seguintes:
  1. Recuo de Franco Cervi para lateral/médio-ala esquerdo ofensivo, jogando um pouco na linha do Nélson Semedo no lado direito, tendo uma liberdade enorme em termos ofensivos.
  2. Utilização de falsos extremos, por exemplo, Guedes/Rafa/Carrillo na esquerda e Zivkovic/Cervi na direita.
  3. Utilização de Samaris e Danilo como médio "8", acabando por terem um papel menos criativo que Pizzi ou André Horta nessa região, mas permitindo a salvaguarda de uma proteção adicional aos falsos extremos que teriam maior liberdade de criação entre-linhas, um pouco na linha do meio-campo do Chelsea que tão bons resultados tem obtido na EPL esta temporada.
  4. Utilização de André Almeida como um defesa lateral que se transforme num terceiro central quando a equipa tem bola.
  5. Alertar para as funções de "varrimento" que o guarda-redes terá nas costas da linha defensiva num plano B ofensivo deste tipo.

10 comentários:

  1. a do cervi a lateral nao concordo, ele e muito forte ofensivamente e ja faz o papel dele bem, a lateral so se vai estragar sem necessidade. na esquerda temos um problema enorme visto que o yuri nao convenceu assim tanto (posso estar mal habituado ao grimaldo XD ) e o andre almeida e limitado ali naquela posiçao mas baixar o cervi so mesmo em apertos como se fazia com o gaitan. o que poderiamos fazer era passar o lindlof a lateral direito e o nelson a esquerda que assim nem perdiamos muito ofensivamente e com lisandro e jardel a nossa defesa fica bem

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    1. A ideia não é transformar o Cervi num lateral para jogar 90 minutos. A ideia é afinar um plano B de ataque para se jogar por exemplo, nos últimos 15 minutos de um jogo em que estejamos a perder ou em busca do golo da vitória.

      O Rui Vitória já o utilizou a lateral esquerdo frente ao Marítimo e eu até gostei. Na prática, o que eu quero é uma estratégia bem planeada e praticada para a equipa jogar uns 20 metros mais à frente do terreno. Ou seja, bem dentro do meio-campo adversário. Na prática, o Cervi não sairá da mesma zona do terreno. Apenas ele não acompanha o avanço dos restantes colegas...

      ;)

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    2. Por acaso concordo com o PP. Nunca seria um lateral esquerdo de jogo todo, mas seria aquela opção como o Nico o ano passado, para utilizar frente a equipas fechadíssimas, onde o "adversário directo" está muito profundo e não se beneficia directamente de ter um lateral pouco subido.

      E de resto Cervi parece já ter melhores fundamentos defensivos do que o Nico tinha quando saiu!

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    3. sim isso ja percebi XD nas horas de desespero e na boa

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  2. Daqui, talvez a ideia de basculacao defensiva com o lateral ofensivo disponível a atuar como estremo; o extremo desse mesmo lado a flectir para o meio ajudando a criação de jogo no miolo; o outro lateral passando a terceiro central dando suporte em posse com os três centrais abertos. Ou seja, passar de 4-4-2 para 3-5-2: com extremos abertos em posse; dois avançados centros, um mais fixo e outro móvel à procura da profundidade; dois médios ofensivos a procurar desiquilíbrio a entrada da área.
    Um pouco à imagem do que o porto tentou fazer até aqui em jogo em casa com equipas fechadas!

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    1. Isso mesmo Batigol!

      E sim, o Porto bem que tentou... :P

      Jogando com a dupla do costume, por exemplo, Raúl e Guedes, ou Mitroglou e Guedes, o tal 3-5-2 que falas poderá ser um 3-4-3.

      Contextualizando melhor... se tomarmos o onze encarnado atual - formado por: Ederson; Semedo, Luisão, Lindelöf e Almeida; Salvio, Fejsa, Pizzi e Cervi; Guedes e Raúl - podemos com poucas alterações transformá-lo num 3-4-3, bastando haver uma certa rotação em sentido contrário aos ponteiros do relógio, uma vez que a subida de Semedo para ala puro, fará com que puxe o tridente formado por Luisão, Lindelöf e André Almeida para o centro do terreno, assim como empurrará o tridente formado por Salvio, Guedes e Raúl para o centro do terreno. Por conseguinte o Cervi permanecerá mais como ala esquerdo e a dupla de meio-campo tenderá a jogar mais de perfil uma com a outra.

      Neste contexto, penso que poderá inclusive haver outra mudança posicional: Luisão com Lindelöf, para o brasileiro ficar no centro do terreno e o Raúl com o Guedes com a mesma intenção. Mas, só vendo.

      Acho que a mudança do 4-4-2 para o 3-4-3 até mesmo durante o jogo poderá funcionar em nosso favor, sobretudo na fase em que o Benfica jogar meramente em momento ofensivo.

      ;)

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    2. Concordo. Mas é evidente que têm de ser bem trabalhado, porque se dá raia fica tudo a pedir a cabeça do Vitória.

      Sou mais adepto de um 4-3-3. Por ser mais facilmente implementavel e tão ou mais flexível que um esquema de três centrais.
      No entanto visto que em jogos com os ditos pequenos quase só atacamos, os laterais já jogam mais como extremos do que outra coisa. Por isso penso que não se perde muito em tentar.

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    3. O 4-3-3 é um bom esquema de transições. Repara como o Barcelona em posse acaba por ser tudo menos um 4-3-3, é mais um 3 4-3 ou por vezes um 2-5-3, ou quando o Messi desce ao meio-campo, transformando num 2-6-2... mas, sim tem de ser muito bem trabalhado. Por isso acho que o RV deve aproveitar esta série de jogos durante esta metade de dezembro e janeiro para trabalhar isto.

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  3. Sempre um prazer de ler os teus artigos sobre tácticas, não concordo com tudo, mas é sempre muito interessante ! ;)

    De resto, uma ideia que me veio à cabeça ontem quando vi o Jimenez a desviar-se muito para as alas sem ninguém a vir para o lugar dele na área é que quando o Salvio regressar poderíamos tentar uma animação ofensiva parecida à do Manchester United de 2007-2008 (uma das equipas mais espectaculares que me lembro de ver jogar). Eis a explicação :

    O Manchester United em 2007-2008 jogava na maior parte do tempo em 4-4-2 clássico (o mesmo esquema em que o Benfica tem vindo a jogar nos últimos anos e que eu acho ser uma excelente base), geralmente com Ronaldo no flanco direito, Giggs ou Nani no flanco esquerdo, e na frente a dupla Rooney-Tevez, dois avançados extremamente móveis e trabalhadores. De qualquer forma o forte desta equipa era a sua mobilidade incrível, porque se na fase defensiva era fácil ver as duas linhas de quatro e os 2 avançados à espera do contra-ataque, na fase ofensiva tinham um ataque tão fantasticamente móvel que era difícil dizer em que esquema é que atacavam : 4-4-2 ? 4-2-3-1 ? 4-2-4 ? 4-3-3 ? 4-6-0 ? 3-4-3 ? 2-6-2 ? 2-8-0 ?

    Ofensivamente, a vantagem do Rooney e o Tevez saírem muito da posição é que abria espaços enormes para o Ronaldo aparecer de surpresa dentro da área e vir finalizar. Marcou 42 golos naquela época, foi o primeiro ano em que se tornou num dos melhores finalizadores do mundo e em que passou definitivamente para outra dimensão.

    E do outro lado estava o Giggs (ou Nani), geralmente o extremo do lado esquerdo tinha mais uma função de médio-ala, de criatividade e de mais cruzamentos para a área.

    Fica aqui um vídeo com uma explicação mais detalhada sobre como funcionava aquele Manchester United : https://youtu.be/_tfZ1RFsQDQ

    Ora a meu ver no nosso plantel os nossos jogadores ofensivos têm características bastante parecidas :

    - No lado direito o Salvio é o jogador mais parecido com o Ronaldo daquela altura (ao nosso nível e com as devidas distâncias, obviamente) na medida em que é o nosso extremo mais completo : desequilibra, marca, assiste, cruza, etc. E sobretudo é o nosso extremo mais capaz de aparecer na área para finalizar, por isso acho um desperdício que ele seja apenas utilizado como um extremo-direito puro e que não tenha mais liberdade para aparecer na área ou até no outro flanco. E o outro jogador no nosso plantel com as qualidades para desempenhar esta função de "extremo goleador" é o Gonçalo Guedes.

    - No lado esquerdo temos Rafa e Cervi que, tal como Giggs e Nani, não são grandes espingardas a finalizar mas são jogadores extremamente criativos com uma excelente capacidade de drible, de passe, e de cruzamento. Portanto aqui no lado esquerdo teríamos o "extremo criativo", mais médio e menos avançado do que o extremo do outro lado (Salvio/Guedes).

    - E na frente as escolhas não faltam : naquela equipa do Manchester Rooney e Tevez eram avançados muito móveis e trabalhadores tal como são Jimenez, Guedes, Jonas e até Salvio (que eu gostaria de ver algumas vezes a 2° avançado). A única exceção é o Mitroglou, jogador mais fixo. Mas neste momento, com o regresso do Jonas, acho que os 2 avançados titulares devem ser Jonas e Jimenez.

    Ficou claro ontem que quando o Jimenez está em campo é melhor ter um Salvio ou um Guedes na ala, com Rafa e Cervi ao mesmo tempo não funciona porque estes pensam mais como médios. Por isso quando o Jimenez saí da posição a área fica muito vazia e não há ninguém para receber os cruzamentos do avançado mexicano, que até criou muitas boas jogadas pelos flancos. Agora com um Salvio ou um Guedes a ter liberdade para aparecer de surpresa na área a partir de uma ala, além de ganharmos mobilidade no ataque, não perderíamos presença na área quando o Raul e o Jonas vêm buscar a bola mais atrás.

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