26 novembro 2011

Que Sporting na Luz?

Amanhã, quando forem 20:15, joga-se mais um derbie da cidade de Lisboa, desta feita para a 1ª Liga ZON Sagres, referente à 11ª jornada. Será o 145º jogo disputado entre estas duas equipas para o campeonato e está em jogo o primeiro lugar na classificação, embora seja provisório, dependendo do resultado do jogo entre o Porto e Braga a disputar no domingo.

De parte a parte, qualquer que seja o resultado não será impeditivo de uma recuperação futura. Contudo, como diz o provérbio popular "candeia que vai à frente alumia duas vezes", e isto é particularmente verdade numa liga onde o fosso de qualidade entre os grandes e os pequeninos é cada vez maior. Sendo assim, faz ainda mais sentido um empenho extra neste encontro e uma análise mais profunda ao conjunto leonino.


Possível onze e esquema táctico leonino para o derbie na Luz.
Setas contínuas amarelas, representam as movimentações sem bola dos jogadores.
Setas descontínuas amarelas, representam as moviemntações com bola dos jogadores.

A táctica do Sporting:
O Sporting de Domingos Paciência, é uma equipa apoiada num 4-3-3 tradicional, conforme o esquematizado na figura.
Nela consta um quarteto defensivo, constituído por dois laterais e dois centrais. O meio-campo é formado por um tridente invertido, i.e., um meio-campista mais defensivo e dois médio-centro interiores à sua frente. No ataque, o tridente é formado por dois extremos e um avançado centro. Este é o esquema base do Sporting. O esquema que face ao grupo de jogadores à disposição do treinador mais estabilidade lhe garante a nível exibicional.
Contudo, e tendo em conta que Domingos no Sporting de Braga, apostava mais num 4-2-3-1, poderá facilmente alterar a estrutura táctica da equipa colocando um jogador mais no apoio ao avançado-centro, jogando nas suas costas.

O onze leonino:
Os jogadores que deverão começar o encontro na Luz, não deverão fugir muito dos representados na figura.
  • Na baliza, o internacional A por Portugal, o Rui Patrício, está de pedra e cal no onze. Outrora muito discutido, está hoje um guarda-redes mais constante, daí que seja o habitual titular da nossa selecção. Trata-se pois de um valor seguro.
  • O quarteto defensivo, sofreu uma reforma de 50% nesta temporada. A dupla de centrais é formada por Onyewu sobre a meia-direita e Polga sobre a meia-esquerda. Notar que esta dupla não tem muitos jogos junta, pelo que a comunicação entre eles poderá não ser a melhor. Mais, salienta-se para o pormenor de que Polga estar mais rotinado a jogar como central sobre a meia-direita. Estes dois pontos poderão ser explorados pelo ataque encarnado. Por outro lado, vejo futuro nesta dupla, uma vez que ambos se complementam. Enquanto o americano é um jogador mais agressivo e de marcação, o brasileiro gosta mais de sair com a bola jogável nos pés. Realço para a envergadura física e jogo aéreo do Onyewu, que poderá causar problemas nos lances de bola parada para a defesa encarnada. Os laterais leoninos são muito ofensivos. João Pereira, jogador formado no Benfica é hoje o titular da selecção nacional. Na minha opinião, não está a passar por um grande momento de forma. Contudo, como teve uma semana de descanso e de treino de preparação para este encontro, poderá ter recuperado. O argentino Insua, tem sido uma das agradáveis surpresas deste campeonato. A meu ver, tem sido um dos melhores reforços do Sporting para esta temporada, sendo mesmo um dos jogadores chave que eles possuem, tal a forma como dá profundidade ao corredor esquerdo leonino. No entanto, recordo que ele vem de uma lesão. Veremos se recuperou totalmente ou não. De qualquer das formas, Jorge Jesus deverá dar trabalho a estes dois jogadores, por dois motivos: evitar que eles subam no terreno e explorar algumas debilidades defensivas que possuam.
  • No meio-campo, existe a dúvida sobre quem jogará a médio-defensivo, ou seja, se o habitual (desde a lesão do argentino Rinaudo) André Santos, se o adaptado Daniel Carriço. A dúvida surgiu no último encontro frente ao Sporting de Braga para a Taça de Portugal. A meu ver, Carriço poderá ser opção a titular se o Benfica jogar com dois avançados de raíz, como Cardozo e Rodrigo. Contudo, penso que Domingos deverá optar por André Santos, até porque o português mal ou bem tem cumprido na posição. À sua frente, descaído para a esquerda, encontra-se o médio holandês Schaars. Este jogador pode muitas vezes passar despercebido nos jogos, mas é muito importante para ligar a defesa, o meio-campo e o ataque. Para além disso, é o senhor das bolas paradas, graças à qualidade de passe do seu pé canhoto. Sendo assim, evitar fazer faltas em zonas proibitivas... O lado direito será entregue ao internacional A brasileiro Elias. Este jogador é talvez o melhor jogador leonino neste momento, pois consegue reunir num só jogador, um pulmão para 90 minutos de grande intensidade, uma dimensão física que não se esconde ao choque, um sentido táctico muito apurado que permite estar sempre dentro do jogo e uma técnica brasileira capz de criar espaços. É um jogador já feito e muito completo. É ele quem tem mais liberdade para transportar a bola no pé, conforme pode ser visto na figura pelas setas descontínuas a amarelo. Tem tendência para verticalizar o seu jogo, combinando com o avançado centro ou com o extremo. Muitas vezes é ele que tenta ir à linha de fundo e cruzar... O que pode cria alguns desiquilíbrios defensivos na sua equipa se não houver entreajuda... Um ponto que poderá ser explorado pelo Benfica. Salienta-se que o meio-campo é 2/3 novo, relativamente à época passada, pelo que haverá processos que ainda não estão devidamente bem assimilados pelos jogadores, ainda para mais, quando até à bem pouco tempo, quem fazia a posição "6" se lesionou.
  • No ataque, o holandês Wolfswinkel já conquistou Alvalade com os seus golos. É um avançado interessante e perigoso, mas se a defesa do Benfica conseguir deixá-lo muito longe do resto da sua equipa, ele torna-se tremendamente inofensivo, pois é um avançado que precisa de ser alimentado para marcar golos. Matias Fernandez, regressa ao seu passado chileno ao jogar numa das alas como extremo direito ou esquerdo. Foi assim que surgiu para o futebol. O espanhol Diego Capel, é um extremo esquerdo puro, pelo que as constantes trocas de faixa não lhe beneficiam assim tanto como ao chileno. De qualquer das formas, serão sempre dois jogadores muito perigosos para a defesa encarnada. O chileno sendo mais criativo e não tanto explosivo como o espanhol, procura sempre apoios, tendendo para zonas interiores. Já o espanhol, prefere ganhar a linha de fundo. Ambos, costumam aparecer ao lado do holandês em zonas de finalização, sobretudo ao segundo poste. Saliento para o facto de o Matias ser também um excelente cobrador de livres directos...
Combinações verde-e-brancas:
Este Sporting, embora seja uma equipa nova, já se nota algumas parcerias frutuitas dentro de campo. São elas as seguintes e que deverão merecer muita atenção por parte dos encarnados:
  • Insua & Capel: formam uma ala esquerda de grande profundidade ao Sporting. Combinam muito bem entre eles, pois parecem falar a mesma língua futebolística, i.e., velocidade, verticalidade e explosão.
  • Elias & Matias Fernandez: a técnica da força e a força da técnica, é a melhor forma de descrever esta pequena sociedade, capaz de criar espaços no meio-campo e ala direita do ataque leonino. Quando o Fernandez sai para zonas interiores, é Elias que tenta passar pelas suas costas, dando profundidade a ala direita. Quando Matias vai até à linha, é Elias quem tenta ficar em zonas de remate à entrada da grande área.
  • Schaars & Wolfswinkel/Onyewu: é uma aliança muito comum nos lances de bola parada, como cantos e livres em zonas laterais. O meio-campista holandês tem um pé esquerdo capaz de colocar a bola onde quer. Wolfswinkel e Onyewu são os seus alvos preferidos e eles agradecem.
Possiveis substituições de Domingos:
Dependendo da forma como o jogo poderá estar a correr para o Sporting, existem pelo menos dois jogadores que me parece que estão desde já nas cogitações de Domingos Paciência: o central Daniel Carriço e o peruano Carrillo.
Antevejo que em caso de necessidade de reforçar a defesa, a primeira opção será Daniel Carriço. Por seu turno, para aumentar o caudal atacante, a solução poderá ser através da substitução de um médio (a meu ver o médio mais defensivo) colocando o Carrillo sobre a direita, movendo o chileno Matias para uma posição atrás do ponta-de-lança.


20 novembro 2011

Quais os actores principais no "teatro dos sonhos"?

O Glorioso joga esta terça-feira, mais um jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões Europeus, desta vez no importante palco inglês, chamado Old Trafford.

Os últimos jogos do Benfica antes da paragem para as competições das selecções nacionais, tiveram melhores resultados do que exibições (estrelinha de campeão?!), pelo que foi notório que algumas das peças do onze titular não estavam a render o que deveriam render. Existe concerteza responsabilidade de jogadores e equipa técnica. De qualquer das formas, os jogos amigáveis e da taça de Portugal, funcionaram como um abrir de olhos para o treinador Jorge Jesus e adeptos, que existe soluções do banco, basta haver confiança para serem apostas.

Tendo em conta que o Benfica deverá manter-se fiel à sua táctica preferida nesta temporada, um 4-2-3-1, que muitas vezes se desdobra numa espécie de 4-4-2, e que jogaremos com dois alas, quais os titulares frente ao "Naite":

Maxi Pereira ou Miguel Vítor?
"Super Maxi" tem sido ao longo das últimas temporadas o jogador "à Benfica" por excelência. Liga uma resistência física e uma inteligência competitiva muito acima da média, com uma técnica q.b. para chegar à linha de fundo e cruzar. Contudo, nos últimos jogos pelo Benfica não tem aparecido no seu melhor momento. Se atendermos que teve uma semana desgastante não só pelo jogo da selecção, mas também pelas viagens, é algo para questionar.
Para dificultar as contas, o "canterado" Miguel Vítor, defesa central de raíz, mas cada vez mais um polivalente defensivo, foi uma das agradáveis surpresas desta semana e meia. Fisicamente, parece estar a um nível execpcional. Técnicamente, sem ser um prodígio, tem estado confiante, daí que já consegue dar toques de calcanhar (frente ao Galatasaray) e até consegue levar a bola até a linha de fundo e centrar para a grande área (frente à Naval). Se existe palco onde os centrais adaptados a laterais fizeram sempre carreira, foi em Manchester. Que Miguel pergunte a Phil Jones, Micah Richards, entre outros... Será que deve ser ele a aposta, ou deveremos confiar na experiência internacional de Maxi Pereira?

Axel Witsel ou Ruben Amorim?
O belga começou por ser um autêntico chocalate para todos nós, adeptos encarnados e do bom futebol. Tem nele o potencial todo. Fisicamente é um atleta robusto. Tecnicamente, tem uns pés de "veludo", tal o trato de bola. Contudo, falta dominar as seguintes componentes, para ser um "8" de referência: posicionamento táctico e rapidez de decisão e execução. É certo, que ele no Standard de Liége, era o "10" e por isso tinha mais hipóteses de poder errar. No entanto, a jogar a "8", ele tem de funcionar de forma mais simples e ser capaz de decidir quando acelerar e desacelerar o jogo encarnado. Algo que não o fez nos últimos encontros. Para além disso, veio da sua selecção meio doente...
Por conseguinte, o português Ruben Amorim, depois do seu grito de Ipiranga na selecção nacional, mais do que o tradicional fadismo "tuga", arregaçou as mangas e jogou o melhor que soube, sobretudo quando teve a oportunidade de jogar na sua posição preferida. Quando teve essa oportunidade, foi o momento em que a armada encarnada teve um verdadeiro almirante a comandar o seu futebol, na batalha naval da Figueira da Foz. Quem deverá ficar com a posição de médio de transição?


Cardozo ou Rodrigo?
Matador ou aprendiz? A função de ambos em campo é a mesma: marcar golos! Contudo, a forma de jogar de cada um deles implica que a equipa jogue de maneira diferente. Frente a centrais como Vidic e Ferdinand, se calhar seria interessante jogar com algum peso, de forma a que os jogadores vindos do meio-campo ofensivo, podessem aproveitar as segundas bolas que provavelmente iriam sobrar desses duelos. Por outro lado, velocidade, desmarcações, condução de bola no pé, poderão levar os centrais ingleses a um estilo de jogo que não estão habituados e que poderão sentir enormes dificuldades. Duma coisa é certa, penso que ambos jogarão neste encontro... falta é saber quem é que começa o jogo primeiro?

Notar que o raciocínio feito, foi para a equipa tipo do Benfica esta temporada: Artur na baliza; quarteto defensivo constitúido por Maxi, Luisão, Garay e Emerson; meio-campo formado por Javi Garcia e Witsel; tridente ofensivo com Nico e Nolito nas alas e Aimar como "10"; Cardozo a ponta-de-lança.

Questão táctica:
Será que deveremos jogar com dois alas, como o Nico Gaitán e o Nolito, ou apenas só com um, havendo reforço do meio-campo, tal como o Jorge Jesus fez com a colocação de Ruben Amorim, no jogo frente aos ingleses na Luz?