21 dezembro 2016

Depois somos nós que...


Quando nos querem fazer passar uma realidade que não é a que vivemos!


Escrevo este texto já depois de ter visto os jogos dos nossos mais directos e sonoros adversários na luta pelo título nacional, Porto e Sporting, nesta última jornada. Fiz isso, porque quis avaliar a realidade que a comunicação social nos tem tentado vender nos últimos tempos, ou seja, que o Benfica é a equipa que pior joga daquelas que estão a lutar pelo título nacional e que está na liderança por causa das arbitragens. Vamos então ver as coisas como elas são!


Em primeiro lugar... o Benfica!
O Jonas está a regressar e o Jiménez
está a integrar-se na equipa. É óbvio
que ainda há espaço para melhorar. 
O jogo frente ao Estoril pode ter tido um resultado magro no marcador e apesar das oportunidades que a equipa estorilense teve na segunda parte, a verdade é que o Benfica dispôs de inúmeras oportunidades ao longo de todo o encontro. Se os adeptos anti-Benfica se queixam dos falhanços dos avançados do Estoril, o que poderão dizer dos adeptos encarnados dos nossos avançados? Mas, disso ninguém fala. É preferível dizer-se que o Benfica venceu o encontro com uma grande penalidade, subentendo-a que a mesma foi erro de arbitragem, quando na realidade até ficou uma por marcar... Dito isto, e porque o adepto encarnado é do mais exigente que existe a nível futebolístico, todos nós verificamos que a equipa poderia render mais em campo. E, isso eu concordo. Mas, nota importante: o que fizemos em campo frente ao Estoril foi mais do que o suficiente para levar de vencida a equipa canarinha e por margem segura no marcador. Referido isto, retomo o raciocínio: é preciso melhorar e a equipa tem muita margem de progressão. A começar pela juventude que temos presente no onze. O Nélson Semedo é a segunda época na equipa principal. Aliás, na verdade tem apenas ano e meio uma vez que ficou metade da época passada no estaleiro. O Gonçalo Guedes é outro exemplo de imaturidade. Depois há o argentino Cervi, que acabou de chegar ao clube e que ainda estará a afinar o alinhamento necessário para absorver o modelo de jogo encarnado. Para além dos miúdos, temos também a recente contratação do Rafa e jogadores que estão a integrar, como o Raúl, e a regressar à competição, como o Jonas. Ah! E não esquecer que estamos sem lateral esquerdo de raiz, pois Grimaldo e Eliseu continuam lesionados.

A juventude, pelo Guedes e a
novidade, pelo Rafa, condicionam
a dinâmica de jogo encarnado.
Em suma, há ainda muito trabalho de assimilação dos processos do modelo de jogo do Rui Vitória, quer seja com e sem bola. Por exemplo, a equipa ainda não identificou bem que tipo de comportamento deve ter quanto às desmarcações que o Raúl faz. O mexicano sai - e bem! ao contrário do que muita gente possa pensar -  da região central para os meios-espaços e corredores laterais. No entanto, os extremos e médios-ofensivos mantêm-se estáticos nos seus sectores, quando deveriam procurar atacar o espaço vazio criado. Quando olhamos para estes intérpretes, vemos nomes como o Rafa, Guedes e Cervi e facilmente percebemos as dificuldades, i.e., tem a ver com o contexto mencionado no parágrafo anterior. Outro exemplo é o comportamento dos jogadores sem bola, sobretudo os do ataque. A forma como fazem pressão ainda é muito individual ou até aos pares, mas sem uma estratégia bem definida. Ou seja, pressionam, mas sem terem o cuidado de anularem as linhas de passe do adversário para os restantes colegas de equipa, pressionam sem terem atenção qual a zona que não devem deixar o adversário rodar (acontece invariavelmente nas alas, os nossos extremos pressionarem por fora, deixando o adversário com a zona central para poder libertarem-se...), enfim, uma série de princípios básicos que têm de ser trabalhados e introduzidos individualmente, mas também enquadrados a nível colectivo e que como tal necessitam de tempo para consolidar. Por isso, quando depois falta energia para recuperar deste tipo de erros, o adversário consegue escapar mais vezes e causar mais perigo na nossa baliza. Foi o que aconteceu com o Estoril. Muitas vezes são estas ineficiências defensivas do sector atacante encarnado que acaba por deixar o sector defensivo encarnado em cheque, como também já referi quando falei das escorregadelas do Luisão.




Em segundo... o Porto
A táctica do "sururu" tem sido a
imagem de marca deste Porto.
Assim como não quer a coisa, o Porto lá vai ganhando. Há pouco menos de um mês caia fora da taça de Portugal e empatava com qualquer equipa, mas desde que começou a jogar contra 10 durante dois jogos consecutivos, i.e., depois do choradinho da eliminação da taça de Portugal, e a marcarem grandes penalidades, a equipa conseguiu libertar-se e marcar vários golos por jogo. Desengane-se o leitor que isto seja sinónimo de um jogo fluido. Quem assistiu ao jogo desta segunda-feira no dragão frente ao Chaves perceberá o porquê destas minhas palavras. A equipa transmontana, apesar de menor posse de bola, teve as melhores oportunidades de golo na primeira e segunda parte. O processo defensivo do Porto está longe de estar consolidado e em termos ofensivos, falta-lhe muita dinâmica. Vê-se que há trabalho do NES na equipa, mas parece-me que está a tentar construir uma casa pelo telhado. Por vezes está mais interessado na forma que na estrutura e isso é algo que um adversário mais astuto poderá retirar bastantes dividendos. Aliás. o Chave quase que conseguia isso, ou não tivesse o Porto usado e abusado do anti-jogo nos últimos minutos do encontro em casa... De tentativa de pressão percebem eles, quer seja sobre os adversários, quer seja sobre as equipas de arbitragem, quer seja na secretaria para anteciparem jogos para poderem dar a sensação que estão mais próximos dos adversários e criar pressão mental. Ah! E depois de nesta temporada terem sido beneficiados com 4 grandes penalidades ainda vêm se queixar que deveriam ter marcado 15 desde o início da temporada?! Então o que o Benfica deve dizer quando acontece isto?!



Em terceiro... o Braga
O feito do Braga esta temporada foi
ter vencido em Alvalade.
A equipa minhota não tem sido necessariamente uma surpresa esta temporada. Olhamos para o plantel arsenalista e verificamos desde logo qualidade e em quantidade. Não digo que tenham qualidade para um nível europeu/internacional muito mais do que fizeram nesta primeira metade da temporada. Mas, a nível nacional sim. A derrota na taça de Portugal culminou com a saída de José Peseiro do comando do Braga e concedeu provisoriamente a batuta ao Abel no jogo frente ao Sporting. Conhecedor dos métodos de trabalho de Jesus, sabia o que esperar em Alvalade e montou uma estratégia bem delineada para levar de vencida a equipa leonina. Em disputa estava nada mais, nada menos que o terceiro lugar, e jogando em contra-ataque conquistaram essa posição com relativa facilidade. Sem Liga Europa e sem taça de Portugal, são pois uma equipa que poderá crescer imenso na segunda volta, agora com o técnico que fez maravilhas no Chaves, o Jorge Simão. Destaco na equipa minhota o médio-centro Vukcevic e o irmão do André Horta, o falso extremo esquerdo Ricardo Horta. De qualquer maneira, o Braga está longe de ser uma equipa consistente. Adapta-se bem no contexto de transição, mas no ataque planeado tem sentido dificuldades gritantes. Por isso não podemos dizer que jogam tão bem como no tempo do Paulo Fonseca.


Em quarto... o Sporting
Quando o consolo do Jesus é a
mascote do Sporting, está tudo dito!
A equipa de Jorge Jesus vai de mal a pior. A liga dos campeões e a liga Europa, já foram. Sobra agora as competições nacionais. O título nacional é o grande objectivo deles. No entanto, e apesar de ter o maior orçamento da 1ª Liga à disposição e de ser o treinador mais bem pago em Portugal, os resultados estão muito aquém do esperado. E, as exibições também! Quem viu o jogo de domingo frente ao Sporting de Braga, viu uma equipa leonina fraca de ideias no momento de construção. Pouca mobilidade lá na frente e poucas combinações dos jogadores. Depois defensivamente, dão demasiados espaços. Espaços esses que o Jesus nunca soube resolvê-los bem, já quando treinava o Benfica. Por isso, não se consegue compreender a sobranceria com que diz que a equipa dele é a que melhor futebol pratica em Portugal. É um nível de "basófia" que não se compreende, pois destoa de forma atroz da realidade, uma vez que a sua equipa não consegue controlar todos os momentos de jogo. As transições defensivas do Sporting são entre outros defeitos, o seu calcanhar de Aquilles que a maioria das equipas pode aproveitar. E, a propósito disto, referir que William Carvalho tem tido muita benesse por parte da arbitragem portuguesa, pois pelo número de faltas e pela gravidade das faltas que comete, já poderia ter ido para a rua várias vezes nos últimos jogos por acumulação de cartões amarelos. Reparem que ele é o mais sacrificado exactamente pela deficiência do modelo de Jesus na transição defensiva. Mas, disto ninguém fala, não é? Porque será?!

Eu tenho uma teoria: porque simplesmente ninguém vê os jogos destas equipas! Sendo assim, cria-se a aparente perceção de que eles estão melhor do que nós. Mas, a realidade, mesmo que não concordem não é essa. E, depois é importante que não esqueçamos o que o nosso Raúl já disse no final da partida frente ao Estoril:

2 comentários:

  1. A razão pela qual frente ao Estoril ninguém aproveitava as movimentações laterais do Jimenez deve-se aos extremos que utilizamos, Cervi e Rafa que são dois jogadores que pensam mais como médios e não têm o reflexo de infiltrar a área quando o Jimenez sai da posição. Quando o Jimenez está em campo é importante ter jogadores como Salvio ou Guedes numa ala, já que estes, ao contrário de Rafa e Cervi, estão mais acostumados a entrar de surpresa dentro da área para finalizar, compensando assim as movimentações do avançado mexicano.

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    1. Por acaso eu até acho o contrário. Eles têm essa tendência. Acho é que estão ainda pouco alinhados com a forma de jogar do mexicano (daí tenho pedido que este jogue 10 jogos consecutivos).

      De qualquer maneira, também me parece que há equívocos estratégicos no modelo de jogo encarnado...

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