Um olhar sobre as exibições do capitão encarnado.
O encontro frente ao Estoril, para a 14ª jornada da 1ª Liga NOS e que resultou na vitória magra encarnada, através do golo de grande penalidade do Rául Jiménez, poderia ter tido outro desfecho e muito por causa da exibição do camisola 4 encarnado. Não estou aqui a querer individualizar responsabilidades, até porque sou o primeiro a afirmar que quer se ganhe ou perde no futebol, isso só acontece colectivamente e nunca individualmente. O que é certo, é que já no "caldeirão" do Funchal o Luisão escorregou na pior altura e se lá o adversário marcou golo, na linha não aconteceu por "mãozinha" do Ederson.
O que me parece é que o nosso capitão tem dificuldade em liderar uma defesa tão subida e pressionante como aquela que Rui Vitória está a querer implementar no Benfica. Outrora com instruções para passar imediatamente à contenção descendo no terreno imediatamente a seguir à perda de bola, agora com o técnico ribatejano tem de fazer cobertura defensiva ao jogador que vai pressionar imediatamente o adversário no momento da perda da bola. Ou seja, em vez de descer, tem de subir um pouco mais para que a compactação de espaço consiga estrangular o adversário ao ponto de recuperar a bola ainda no seu meio-campo.
Para o Luisão isto representa dois problemas. O primeiro é intrínseco. Prende-se com a mudança de chip mental., i.e., um corte com muitos anos a jogar de determinada maneira. Poderá não ser fácil para ele de início, mas será com toda a certeza um desafio espectacular na sua carreira, pois a meu ver defender com linhas elevadas e com poucos é a forma mais elegante e evoluída de defender no futebol. Isto implicará que ele vai ter que resolver as suas indecisões durante os jogos. Indecisões ao nível de acompanho ou não acompanho o jogador? Encosto ou não no adversário? Para além disso, o foco tem de ser muito superior até porque o tempo de decisões é muito mais curto, pois estamos muito próximos do centro do jogo. O segundo problema é que ele como líder defensivo, vai ter que resolver também os problemas que os colegas de equipa poderão arranjar-lhe. Por exemplo, no Estoril, se as escorregadelas atrapalharam um pouco, o comportamento sem bola de Rafa e Guedes na segunda parte não ajudou mesmo nada. E, se não fosse o facto de André Almeida ter sido mais defesa que lateral, muitas das situações de contra-ataque do Estoril poderiam ter representado outro tipo de ameaça mais gravosa.
Um terceiro problema que poderá surgir como consequência destes dois é uma maior fadiga física ao longo dos 90 minutos. Não quero com isto subentender que o brasileiro por causa da idade se desgasta mais rapidamente. Não acredito que seja isso, porque considero que o "girafa" até é um daqueles profissionais que tem imenso cuidado com a sua preparação física. O que acontece é que as más decisões levam a desperdício de energia e jogando numa zona do terreno onde a reacção tem de ser elevada, a energia está sempre a gastar-se. E, como a energia é um recurso esgotável e finito, menor é a capacidade do atleta resistir. Reparem que neste contexto não é apenas o Luisão que está na berlinda. O próprio Lindelöf também recente-se destes factores, se bem que também tem outra resposta ao nível da recuperação. Por isso, penso que o Rui Vitória deve ser inteligente na gestão de esforço dos nossos centrais. E, é aqui que o Lisandro entra na equação. Muito sinceramente, custa-me ver o argentino no banco de suplentes encarnado, quando deveria estar a rodar com o Luisão na equipa principal. Isto até seria uma vantagem para quando chegarmos em janeiro/fevereiro/março termos todos os nossos centrais no topo das suas capacidades e acima de tudo com um sistema defensivo bem implementado, porque senão pode ocorrer o que tem acontecido ao Manchester City de Guardiola...
ANALYSIS EPL | #ManchesterCity vs #Chelsea | Defensive vigilance.. #EPL #AntonioConte #PepGuardiola #ChyronHego #CoachPaint #JoaoNunoFonseca pic.twitter.com/CCxAgTFc9i— Joao Nuno Fonseca (@joaonunofonseca) 3 de dezembro de 2016
É sempre uma delícia acompanhar este tipo de dissertações e, principalmente, examinar os paralelismos com algumas das maiores equipas do futebol mundial. Um dos melhores espaços nacionais para, além de se falar sobre o Benfica, se falar sobre o futebol. Os meus parabéns por mais um excelente artigo, PP!
ResponderEliminarGostava, porém de acrescentar a esse lote o nosso Samaris. Com Pizzi, Horta, Danilo e Fejsa a trazer qualidade ao miolo, e com a eminente saída do sueco Lindelof, vejo no Samaris uma opção válida para ser, pontualmente, utilizado numa posição central da defesa. Para além das qualidades que já possui, creio que seria excelente também para que pudesse evoluir nos timings de pressão, onde se notam algumas lacunas quando joga na linha média. Porque altura, velocidade, capacidade de desarme, e saída de bola ele já tem.
Feirense, agradeço-te o elogio. E, já agora, acho que vais gostar do seguinte artigo:
Eliminarhttp://o-guerreiro-da-luz.blogspot.pt/2016/12/a-possivel-saida-de.html
;)
Excelente artigo. Mas a idade do nosso capitão condiciona os seus posicionamentos e as suas compensações nas laterais. De qq forma será sempre preponderante no próximo tetra campeonato (que seja esta época 2016/2017). Carrega Benfica.
ResponderEliminarA meu ver a idade só condiciona se: ele não se cuidar bem, se ele desperdiçar muita energia sem tirar rendimento e não ter controlo para gerir esse dispêndio de energia ao longo dos 90 minutos.
EliminarA meu ver há um mito da idade. Ou por outras palavras, há uma perceção errada com a idade, porque se for um excelente profissional e atleta, poderá chegar aos 40 anos na boa.
Excelente artigo. Mas a idade do nosso capitão condiciona os seus posicionamentos e as suas compensações nas laterais. De qq forma será sempre preponderante no próximo tetra campeonato (que seja esta época 2016/2017). Carrega Benfica.
ResponderEliminarLembrei-me agora de três referências quanto a longevidade no futebol:
Eliminar- Javier Zanetti
- Paolo Maldini
- Lothar Matthäus
Grandes craques, mas não actuavam a centrais. Excepto o Maldini, que passou da esquerda (quando começou a perder fulgor) para central.
EliminarO Mathäus chegou a perder uma Champions para o United em Barcelona jogando a central. Mas, temos outros exemplos, como o Nesta e até mesmo o Canavarro.
Eliminar