... para desenvolver o futebol profissional em Portugal.
O exemplo do Boxing Day da EPL.
Talvez seja de mim. Talvez seja porque não vejo o Benfica jogar há mais de uma semana. Talvez seja porque estou farto de fazer zapping na televisão em busca de um pouco de bola. Talvez seja porque secretamente fascina-me a forma como os ingleses conseguem vender o seu futebol... O que eu sei é que Portugal, depois de sagrar-se campeão da Europa no verão passado, está a desperdiçar excelentes oportunidades para poder evoluir e vender o seu futebol além fronteiras.
A Bundesliga pára nesta altura do ano até perto de fevereiro, devido ao rigoroso inverno alemão.
Só não vê quem não quer, como estamos a passar ao lado dessas oportunidades! Na Alemanha e no norte da Europa o futebol pára, pelos mesmos motivos que muitas empresas param e muitas pessoas ficam em casa: inverno rigoroso. O que essas pessoas consomem, para além de energia e chocolate quentes? Boa parte acredito que tenha os pacotes da Netflix. Mas e aqueles que não gostam de séries? Se calhar para estes o que seria ideal era ver um bom jogo de futebol, de preferência num país com sol à mistura. Não? E, quanto ao asiático ou sul americano cujos campeonatos nacionais estão parados nesta altura do ano, da mesma forma como as principais ligas europeias (tirando a inglesa) também elas estão meio-paradas? Não estariam estes também sedentos por poder dar uma espreitadela aos nossos jogos, na esperança de detectar o próximo Cristiano Ronaldo?
Quem não se recorda da antecipação dos jogos do Porto para irem de férias de Natal mais cedo?
Pior que não poder oferecer o que esse público quer, é fazer ainda pior: fazer umas mini-férias nos campeonatos nacionais. É impressionante como o futebol português diz-se profissional, mas é talvez das poucas indústrias que fecha praticamente as portas duas vezes por ano (uma no verão e outra agora no inverno). Eu sei que eles "fecham" apenas por uma semana neste período de festas, mas isso equivale a perder oportunidade na venda de transmissões e na promoção do nosso produto futebolístico. E é isso, que o presidente da Liga tem de saber passar para os clubes nacionais. Sai mais caro deixar os jogadores gozarem uma semana de férias em dezembro, do que projectar uma competição com jogos praticamente em todos os dias da temporada.
Queremos é público nos estádios, por isso há que aproveitar estes períodos festivos, para trazer-los.
Ah! E, se formos um clube profissional que já tenhamos sido eliminados da Taça da Liga até dezembro, acabamos por não ter apenas uma semana de férias, mas sim quase um mês!!! Isto acaba até por ser insustentável para estes clubes mais modestos, perdendo muitas vezes uma excelente oportunidade para fazer algum dinheiro com a afluência maior de adeptos aos estádios nesta altura do ano. Recordar que muita gente está de férias, porque as escolas fecham, os emigrantes vêm passar o Natal a Portugal, muitos turistas aproveitam para vir conhecer Portugal,...
Em fevereiro regressa a Liga dos Campeões, precisamente no mês mais curto do ano.
Depois, olhando para os aspectos competitivos, a prova principal da Liga, o campeonato nacional da 1ª Liga acaba por ser neste momento, não uma prova de resistência contínua, mas uma prova de etapas descontínua. Quantas jornadas vão-se disputar durante este mês de dezembro e janeiro? Em 10 semanas são disputadas apenas 8 jornadas, sendo que muitas delas são disputadas em módulos de 2 a 3 jornadas seguidas de 1 ou 2 jogos para outras competições, como por exemplo as meias-finais da Taça da Liga agora em janeiro. Assim, torna-se mais difícil para os clubes mais pequenos conseguirem fazer gracinhas frente aos clubes maiores. Por outro lado, estes conseguem manter o foco nas suas competições. Mas, pior que isso é que o facto de termos este interregno de dezembro, isto vai reflectir em alturas da temporada mais avançadas, como o mês de fevereiro, que sendo o mês mais curto do ano e o mês onde as ligas europeias de clubes (Champions e Europa) regressam ao calendário tem que levar não apenas com os jogos do campeonato, mas também da Taça de Portugal. Isto é mau, porque seria importante aliviar o calendário das equipas nacionais envolvidas nas competições europeias, nesse período, tendo em conta a importância que essas competições têm para as contas dos clubes e para a promoção do futebol português indirectamente.
A taça da Liga é uma competição com muito futuro para o futebol português.
Feito estas críticas, também parece-me merecer elogiar a promoção que estão a fazer para a Taça da Liga CTT. Considero, ao contrário de muita gente, que esta competição deve permanecer e até deve ser mais aliciada. Como por exemplo, com um prémio de um lugar nas competições europeias na época seguinte, um pouco à imagem da Taça de Portugal. Gosto que se esteja a atribuir o título de "campeão de inverno" ao vencedor desta competição. É uma forma de cativar e fazer com que os adeptos dos clubes se envaideçam e exigem aos seus clubes uma participação mais briosa na competição, se bem que pessoalmente, estes serão obrigados a fazer o que pouco se faz em Portugal, mas que em Inglaterra é quase uma obrigatoriedade, i.e., a rotação racional das equipas (por oposição a colocar os que jogam menos). O que não gosto tanto é da sua calendarização. Não seria mais interessante em promover a final four para aproveitar a altura do Carnaval? Bem, para ser correcto, este ano o Carnaval calha no dia 28 de fevereiro, mesmo no final do mês mais curto do ano. Com a segunda mão dos oitavos-de-final da Champions a disputar no dia 22 de fevereiro, i.e., a 5 dias do Carnaval, parece-me muito curto para poder ser realizado uma final four com qualidade. Por isso, até entendo a decisão para efectuarem em janeiro. Outra solução seria jogarem durante a semana santa da Páscoa em abril. A intenção aqui seria de encaixar esta competição com os períodos normais de férias o que poderia beneficiar o turismo, tendo em conta que pretendem que estas final four da Taça da Liga sejam efectuadas numa região do país (este ano será no Algarve). Não obstante, sendo a Páscoa apenas em abril, penso mais uma vez que a decisão de colocar esta competição em janeiro é razoável. Contudo, tendo em conta a mobilidade anual das datas do Carnaval e da Páscoa, sempre que for possível coincidir a final four com elas, deveriam fazê-lo.
Comentário rápido antes de regressar às férias: concordo. Aquilo que podia ser uma forma de dar dinâmica competitiva, é desaproveitado e só cansa os que têm mérito/capacidade de aguentar várias frentes.
Numa nota ao post da arbitragem, concordo e não concordo. O sistema é falível por humano, mas por um lado o dos árbitros extra só é mais corruptível (lembrar coisas como a final de Turim, a eliminação do SCP pelo Schalke há uns anos e os escândalos gazpromicos que todos os amos sucedem); por outro lado, na questão do golo em fora de jogo acaba-se com o "benefício" para o prevaricador. A bola já parou e tanto faz a reposição ser com livre ou no centro.
Depois das férias alongo o raciocínio. Votos de Boas Festas e Boas Entradas.
RB, o alargamento das equipas de arbitragem é talvez a hipótese economicamente e equitativamente mais ajustada perante a realidade do futebol. Não podemos só olhar para o futebol do mais alto nível. Como se pode manter a justiça nas ligas menores? Tendo em conta que o sistema europeu é baseado na subida e descida de clubes ao contrário do sistema americano, é importante assegurar essa equidade de métodos de avaliação.
Para além disso, ainda são poucos os campeonatos que utilizam equipas de arbitragem de 6 elementos, pelo que há um potencial enorme nesse aspecto.
Depois, não vejo esse perigo de corrupção. Estamos a aumentar o número de árbitros com acesso a vencimentos muito acima da média (1000-1500€/jogo). Ora, a maioria quer é poder entrar nessa elite e lá permanecer. Aumentando o número de árbitros, diminuis o risco de corrupção. Por outro lado, ao concederes a uma ou outra empresa que faça essa video-arbitragem estás a concentrar esse poder, logo mais facilmente corruptível.
Comentário rápido antes de regressar às férias: concordo. Aquilo que podia ser uma forma de dar dinâmica competitiva, é desaproveitado e só cansa os que têm mérito/capacidade de aguentar várias frentes.
ResponderEliminarNuma nota ao post da arbitragem, concordo e não concordo. O sistema é falível por humano, mas por um lado o dos árbitros extra só é mais corruptível (lembrar coisas como a final de Turim, a eliminação do SCP pelo Schalke há uns anos e os escândalos gazpromicos que todos os amos sucedem); por outro lado, na questão do golo em fora de jogo acaba-se com o "benefício" para o prevaricador. A bola já parou e tanto faz a reposição ser com livre ou no centro.
Depois das férias alongo o raciocínio. Votos de Boas Festas e Boas Entradas.
RB, o alargamento das equipas de arbitragem é talvez a hipótese economicamente e equitativamente mais ajustada perante a realidade do futebol. Não podemos só olhar para o futebol do mais alto nível. Como se pode manter a justiça nas ligas menores? Tendo em conta que o sistema europeu é baseado na subida e descida de clubes ao contrário do sistema americano, é importante assegurar essa equidade de métodos de avaliação.
EliminarPara além disso, ainda são poucos os campeonatos que utilizam equipas de arbitragem de 6 elementos, pelo que há um potencial enorme nesse aspecto.
Depois, não vejo esse perigo de corrupção. Estamos a aumentar o número de árbitros com acesso a vencimentos muito acima da média (1000-1500€/jogo). Ora, a maioria quer é poder entrar nessa elite e lá permanecer. Aumentando o número de árbitros, diminuis o risco de corrupção. Por outro lado, ao concederes a uma ou outra empresa que faça essa video-arbitragem estás a concentrar esse poder, logo mais facilmente corruptível.
Boas festas e entradas. ;)