23 janeiro 2013

Será que temos mesmo de ir ao mercado?

 

Até agora, Bruno César foi o único jogador que saiu. Fala-se ainda nas saídas de Aimar e Nolito... Contudo, a lista de potenciais reforços que a comunicação social associa ao Benfica dá para mais do que uma folha A4. Embora os adeptos não queiram admitir, a verdade é que muitos vão atrás das opiniões da imprensa...  Mas, será que é o mais correcto e o necessário?


Razões para procurar soluções internas
Ainda há pouco tempo, quando escrevi sobre a exibição do Benfica no clássico frente ao Porto, alertei para um ponto que acho muito importante para um clube como o Benfica ter sucesso: continuidade dos seus atletas. Quanto menos alterações houver no plantel, maior a identificação dos jogadores com o clube e equipa técnica, melhor a comunicação, maior a confiança, maior o à vontade, maior a produtividade, melhores resultados desportivos e financeiros.

Parto do pressuposto que toda a contratação encarnada, provem de uma análise séria, rigorosa, profissional e competente, sobre o perfil de jogador que nos interessa as nossas necessidades. E isso é transversal, desde a contratação do craque de 10 M€, até ao jovem que bate à porta da Luz (agora do Seixal), para fazer os treinos de captação. Isto porque, o Benfica não é qualquer clube... é o clube! No entanto, não é isso que eu vejo. Facilmente, os media, os adeptos e até mesmo a própria direcção encarnada, prefere sempre apostar num jogador do mercado. Para quem já não se recorda, o Benfica entre a equipa principal, a equipa B e os emprestados, tem mais de 70 jogadores sob contrato. É muito jogador... Por outro lado, não percebo como podem achar que a solução para a equipa encarnada possa vir de um miúdo de vinte e poucos anos (normalmente é o perfil de jogador que o Benfica contrata), com pouca experiência profissional (embora quase sempre com muito potencial futebolístico), que terá que se adaptar a um país e futebol diferente, para além de adquirir o entrosamento e identificação com os colegas de equipa.

Já agora, atendendo, ao rigoroso critério de contratação do Benfica, não seria natural a cada saída ir procurar soluções nesse lote de atletas? Bem para responder correctamente, aos porquês seria preciso um artigo somente para desenvolver este tema. Contudo, hoje quero apresentar possíveis soluções e resfrear um pouco o lado consumista do adepto comum. Olhando de forma racional para a equipa encarnada, temos que ter em mente que a equipa de Jesus joga predominantemente em 4-4-2.

A saída de Bruno César
A saída do internacional brasileiro a meu ver não abriu buraco nenhum no plantel encarnado, pelo menos suficiente para que tenhamos de ir ao mercado buscar um jogador de elevado custo. Se olharmos para esta temporada, verificamos que numa primeira parte desta metade de época, o camisola 8 foi uma alternativa para as faixas, sobretudo a esquerda. Isso deveu-se por um lado, porque o holandês Ola John precisou de ser formatado antes de estar pronto a jogar na equipa. Por outro lado, Nico Gaitán esteve com muitos problemas físicos. E, quanto ao espanhol Nolito, também teve uns quantos problemas, razão pela qual ia alternando com o brasileiro nessa posição. No momento que o Ola ganhou confiança da equipa técnica e começou a jogar bem, e também quando o Nico recuperou, o Bruno César já não servia para aquela posição.

Contudo, com as crónicas lesões de Carlos Martins e de Pablo Aimar, mas também com a gestão desportiva de jovens como André Gomes, o brasileiro foi das primeiras opções a Enzo Pérez, como médio-centro mais ofensivo, nesta segunda parte da primeira metade da temporada. Ora, com a recuperação de Carlos Martins e de Pablo Aimar, o espaço do internacional canarinho começou a apertar imenso. Poderemos discutir se a decisão foi correcta a nível desportivo e financeiro, algo que tenciono fazê-lo em maior detalhe num futuro próximo. No entanto, em termos de haver soluções no plantel capaz de suprimir esta saída, acho que o Benfica pode estar descansado.

Na pior das hipóteses, até acho que com um Enzo em crescendo na posição e um Carlos Martins com aquela tendência para lesionar-se, poderá haver espaço para Leandro Pimenta começar a ganhar confiança na equipa principal e constituir a médio prazo uma solução de grande futuro para a posição "8". Porque não apostar neste jovem talentoso da formação do Benfica?


O futuro de Aimar
Ao que tudo indica, o mago argentino vai mesmo ficar no Benfica até final da temporada. Dado a sua fraqueza física nesta temporada e precavendo desde já uma futura lesão, penso que há um jogador na equipa B encarnada, que muito poderia desde já aprender com o camisola "10". De facto, Aimar deverá ser opção para Jesus em duas posições: como segundo-avançado/médio-ofensivo, o tal "10", e como médio-centro ofensivo, o tal "8". Se na posição "8" tem a concorrência de Enzo Pérez e de Carlos Martins, já na posição "10" a sua concorrência é um Lima ou um Rodrigo. No entanto, nem um nem outro tem as características criativas de Aimar.

É aí que eu penso que o ideal seria a inclusão de Miguel Rosa no plantel principal. Seria uma opção para o mago, no modelo de jogo com o Aimar (na práctica, o 4-4-2, transforma-se num 4-2-3-1) e acima de tudo poderia desde já beber da sabedoria do argentino, que convenhamos tenderá a perder influência no onze titular encarnado nos próximos tempos. Seria portanto, uma solução de médio prazo, tal como aquela que propus para o Leandro Pimenta. O que acham desta ideia?

O possível empréstimo de Nolito
O extremo espanhol é outro dos nomes que têm vindo a ser noticiados para sair neste defeso de inverno. Aliás, é conhecida a posição do seu empresário e fala-se do empréstimo para o Granada. Talvez por isso, o Nolito seja actualmente uma terceira opção para a ala esquerda do ataque encarnado, atrás de Nico Gaitán e de Ola John.

Mesmo que se venha a confirmar esta saída, não vejo grande necessidade de ir ao mercado procurar um novo extremo esquerdo. Para além de haver a solução de raiz chamada Nico Gaitán, há ainda Ola John, que faz as duas alas, mas também o recém integrado Urreta. De facto, acho mesmo que o uruguaio, bem potenciado será daqueles jogadores mais valorizados em pouco tempo. Talento tem ele. Não seria uma excelente oportunidade para o uruguaio poder afirmar-se no futebol profissional?

Necessitamos de um lateral esquerdo?
Hoje, falou-se na possibilidade de Emiliano Insúa poder ingressar no Benfica. Para vos ser sincero, do Sporting, o argentino é um dos jogadores que mais me seduz. É jovem, tem garra, tem talento e muita qualidade, que necessita de ser devidamente explorada.

No entanto, o Benfica tem neste momento Melgarejo e Luisinho. Acho que entre estes dois, o português deveria ser o titular, pois considero que o Melgarejo é mais um excelente médio-ala/extremo esquerdo de raiz do que propriamente lateral, apesar da evolução notória nesta posição. Como tal, se o Nolito sair e Jesus não optar pelo uruguaio Urreta, conforme escrevi acima, seria uma boa ideia avançar o paraguaio no terreno.

Com isto, abriria-se uma vaga para lateral esquerdo. Nestas condições, Insúa, poderia realmente ser uma excelente contratação, pois seria um reforço de peso, não só pela sua experiência como internacional, mas também pela margem de progressão que tem. No entanto, é um jogador caro. Recorde-se que segundo as notícias, o Sporting pede cerca de 3,5 M€ por 35% do passe, ou seja, o jogador custa 10 M€ na sua totalidade, fora o vencimento dele... é certo que isto tudo pode ser bem negociado, mas também não é menos verdade que existem outras opções no mercado. A começar pelo jovem português Rúben Ferreira do Marítimo, que acaba por ser pré-convocado para a selecção nacional. Este certamente, deverá custar pouco mais de um décimo daquilo que se pede pelo argentino do Sporting...

Mas, será que não temos ninguém no lote dos jogadores que pertencem aos nossos quadros que faça essa posição de lateral esquerdo?

A resposta é afirmativa. Temos o francês Carole. Aliás, não entendo como é que ele passa de contratação de grande futuro, para a equipa B, onde nem sequer é aposta para a titularidade. É que se o Benfica só contrata com critério e jogadores de qualidade, então este deveria ser das primeiras opções para o lugar, não acham? Apostariam no francês?


Qual a vossa opinião sobre estas possíveis soluções internas?



PS: Já votaram para a eleição do melhor jogador encarnado em 2012 para a posição 10, a de avançado móvel?

2 comentários:

  1. Completamente de acordo com a sua análise. Ir gastar dinheiro quando existe na equipa b um filão incrível de jogadores que só precisam de espaço e algum tempo para crescer.

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    1. Eu acho que há muito interesse de terceiros no "ir gastar dinheiro"... depois é vemos contratações como a de Bruno César... este foi contratado ainda a época passada não tinha terminado, uma contratação pensada de futuro... época e meia depois, o tal projecto Bruno César foi colocado de lado... isto tem alguma lógica?

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