09 janeiro 2013

A exibição na Amoreira



O Benfica tornou fácil o que poderia ser muito complicado frente ao Estoril, com a vitória por 3-1. Este artigo visa exactamente enaltecer a prestação encarnada frente à equipa da linha.



Entrada pressionante
Onze encarnado frente ao Estoril.
Ao contrário de outros jogos fora da Luz, o Benfica entrou na Amoreira com uma pressão muito elevada por parte dos seus jogadores mais atacantes, um pouco à imagem do que já tinha sucedido frente ao Barcelona em Camp Nou. De facto, com jogadores como Rodrigo, Salvio, Nico e Enzo, coadjuvados pelo Tacuára e por Matic, mais Melgarejo e André Almeida, o Estoril raramente conseguiu pensar nas suas jogadas de ataque e de contra-ataque. A meu ver, esta estratégia defensiva foi a mais adequada. Ela permitia não só evitar o rápido contra-ataque do Estoril, como também apanhar em contra pé a sua estrutura defensiva, permitindo que jogadores rápidos como Nico, Salvio e Rodrigo conseguissem situações para Cardozo finalizar. Muito bem Jorge Jesus na preparação da equipa frente ao perigoso Estoril que está a realizar um bom campeonato.

Relativamente ao onze titular, nada a apontar, a não ser a preferência pelo Melgarejo em detrimento do Luisinho, que quanto a mim é melhor lateral esquerdo que o paraguaio. De qualquer maneira, também penso que o Jesus está a gerir bem o esforço físico entre os jogadores, podendo mesmo dizer nesta altura que não há titulares claros em muitas das posições. Conforme podemos ver pela figura ao lado, o Benfica jogou no seu já tradicional 4-4-2 (ou 4-1-3-2). Artur foi o guarda-redes, seguido do quarteto defensivo formado por André Almeida à direita, Jardel e Garay ao centro e Melgarejo à esquerda. A meio-campo a dupla titular: Matic e Enzo Pérez. Nas alas estiveram desta vez Salvio (à direita) e Nico Gaitán (à esquerda). Lá na frente a dupla atacante formada por Cardozo e Rodrigo.


Nico, Rodrigo e André Almeida em crescendo
Rodrigo esteve muito voluntarioso lá na frente.
O argentino Nico Gaitán, o hispano-brasileiro Rodrigo e o jovem português André Almeida têm sabido aproveitar estes jogos após as curtas férias natalícias. De facto, têm estado em muito bom plano. O camisa 20, esteve muito bem durante todo o encontro frente ao Estoril. Ora foram roubos de bola a meio-campo, ora eram carrinhos para cortar jogadas do adversário. Há quem diga que parecia que o Nico estava a jogar um jogo da Liga dos Campeões, tal era a entrega ao jogo. "Jota-Jota", no final do encontro explicava que o argentino só agora estava a melhorar a sua condição física, o que por si só explicava o porquê desta melhoria de rendimento. Mas, desengane-se que apenas foi um grande exibição a nível defensivo. Nada disso! No ataque, foi graças ao calcanhar de Nico que o Benfica se colocou na frente do marcador ainda na primeira parte. Um dos melhores golos do campeonato até agora. Até então, o jogo estava a ser muito disputado. Mas, a exibição dele não ficou por aqui. Mais uma grande assistência a centro para Lima finalizar em grande estilo após uma recepção orientada de peito espectacular. Gaitán saiu na segunda parte para dar entrada a Ola John, que a meu ver já não justifica a titularidade.

Quanto ao camisola 19, embora não tenha marcado nenhum golo, gostei imenso das movimentações e tentativas de jogadas para com os companheiros de equipa. Para além disso, em termos defensivos esteve uma carraça na pressão ao defesa portador da bola que tinha pouco tempo para decidir no passe o que baixava a qualidade de saída de bola da equipa da linha. Foi um jogo de grande sacrifício e de desgaste para com a defesa adversária. Por estes motivos, também foi graças a ele que Lima, na segunda parte conseguiu fazer gosto ao pé.

Quem me encheu também as medidas foi o camisola 34. Ele é médio-centro de raiz, mas tem sabido adaptar-se à posição de lateral direito. Outrora mais defensivo que a opção Maxi, começa a ter mais confiança e conhecimento da posição para aventurar-se em tarefas mais ofensivas. Procurou combinar com o argentino Salvio, que teima em jogar com os seus colegas, algo que tenho vindo a criticá-lo, pois estes acabam por oferecer melhores linhas de passe que não são aproveitadas. Pior que isso, quando o argentino perde a bola por não passar e o seu colega lateral está no ataque, o lado direito da nossa defesa fica descompensada... Jesus tem de chamar a atenção ao camisola 18 para essas situações. De qualquer maneira, o jovem português é outro dos jogadores que estão a começar o ano em grande estilo e que neste momento merecem todo o sucesso e elogio.


Melgarejo, Jardel e Salvio em descrescendo
Apesar do golo Salvio tem de combinar
mais e melhor com os colegas de equipa.
O paraguaio "Melga" ainda não me convenceu a lateral esquerdo. Confesso que estava à espera de um jogador que fosse muito ofensivo e que fizesse bom uso da sua velocidade, técnica e cruzamento para aumentar o número de golos da equipa encarnada. Até agora, vejo um jogador algo amedrontado em tarefas ofensivas e embora faça algumas movimentações interessantes, acaba por perder muitas bolas com cruzamentos mau medidos ou cortados pela defesa. O momento do cruzamento é algo que também tem de ser revisto...

O central brasileiro com nome de goleador esteve algo desacertado na Amoreira. Penso que para isso contribuiu o facto de não estar completamente bem fisicamente. Isso notou-se claramente em alguns lances. De qualquer das formas, se é verdade que a sua concentração não estava a 100%, a sua entrega de 200% compensou imenso. Há um lance frente ao avançado do Estoril que é bem notória a sua desconcentração e logo de seguida a sua entrega ao jogo com uma recuperação em velocidade e em físico.

Já o argentino Salvio, autor de um belíssimo golo, não me tem convencido na la direita. O camisola 18 precisa de jogar mais com os companheiros, sobretudo com o seu lateral direito. Não pode insistir na jogada individual quando o seu companheiro de ala "sprinta" cerca de 70 a 100 metros em velocidade e ele não aproveita para lhe passar a bola. Isso desgasta o seu colega quer fisica, quer mentalmente, para além de se o Salvio perde a logo de seguida a bola, o adversário pode contra-atacar por esse lado.


Outros destaques
Apesar de não ter marcado, assistiu por duas vezes neste
jogo. Falta melhorar o seu jogo de contacto físico.
Cardozo continua em boa forma embora tenha ficado em branco. Contabilizou mais duas assistências para golo: uma para o Nico através da marcação de um canto e outra para o Salvio após toque de cabeça. A marcação de canto criou um "bruá" no estádio e questões dos jornalistas. Jorge Jesus esteve correcto na sua análise, embora a meu ver não deveria ter dado a entender o pior jogo na grande área nos cantos de Cardozo. Continuo a pensar que o Tacuara com mais trabalho específico poderá render muito mais no que toca a jogar de costas para a baliza e nos lances de bola parada, na disputa de posição. De qualquer maneira, também é importante que Jesus saiba criar outros marcadores de canto e bolas paradas, capazes de colocar a bola redondinha para os melhores cabeceadores da equipa.

O central argentino Garay, deu mais outro recital de como jogar bem à defesa. Confesso que não recordo sequer de uma falta por ele efectuada neste encontro. Esteve imperial nas dobras e na ausência do capitão Luisão, foi ele quem comandou a defesa encarnada. A meu ver apenas peca na presença na grande área nos lances de bola parada. Acho que tem de ser mais agressivo.


No melhor pano cai a nódoa, não é Artur? Numa altura que tinha sido nomeado aqui no blog como o melhor guarda-redes do Benfica em 2012, e num encontro em que pouco ou nada se deu por ele, tinha de a poucos minutos finais de dar aquele brinde a quem minutos antes comemorava um golo fantasma nas bancadas... que minuto de pura desconcentração... ainda por cima quem marcou foi o jogador do Estoril que mais "pau" deu durante os 90 minutos de jogo. Um lance que não caia no esquecimento e que mereça um puxão de orelhas por parte de Jesus. De qualquer das formas, se estes erros têm de acontecer (porque ninguém é perfeito), que aconteça nestes jogos de resultado feito, não é verdade?

Ah! E talvez o maior destaque da noite vá mesmo para o regresso de Aimar à equipa principal do Benfica. Agora a questão é ver em que posição irá o Jesus colocá-lo... neste encontro jogou como segundo-avançado, atrás do ponta-de-lança, na posição "10" do 4-4-2. Pelas características do argentino, na prática esse 4-4-2, transforma-se num 4-2-3-1. Veremos se é para continuar nessa posição ou não.


É bom podermos voltar a contar com o "el mago"!



PS: Não se esqueçam de votar no melhor jogador para cada posição para o melhor onze encarnado de 2012!

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