Escrevo este artigo não só para comentar o empate a dois golos no clássico de domingo, mas também para dar um outro olhar sobre as críticas à equipa encarnada.
O onze titular
Onze titular do Benfica frente ao Porto. Fila da frente: Nico, Enzo, Lima, Melgarejo, Salvio e Maxi. Fila de trás: Artur, Garay, Cardozo, Matic e Jardel. |
Assim sendo, e apostando no seu tradicional 4-4-2, ou se preferirem no 4-1-3-2, Jesus levou a jogo um onze com Artur na baliza, Maxi a lateral direito, Melgarejo a lateral esquerdo, a dupla de centrais formada por Jardel e Garay, Matic e Enzo Pérez no centro do terreno, Salvio na ala direita, Nico na ala esquerda e a dupla atacante Cardozo e Lima, lá na frente. Tal e qual como tinha mencionado antes do jogo, aqui.
No banco as opções de Jesus eram as seguintes: Paulo Lopes para a baliza, Roderick Miranda para uma eventualidade no eixo defensivo, e depois só opções ofensivas com Bruno César, Carlos Martins, Pablo Aimar e o jovem ponta-de-lança Alan Kardec. Luisão e André Almeida eram os jogadores convocados que acabaram por ficar na bancada.
O estofo mental
O uruguaio Maxi Pereira demonstra atitude e carácter em cada jogo do Benfica. |
O Benfica sentiu algumas dificuldades para organizar o jogo e não era de admirar. Havia pouco tempo para os jogadores tomarem opções, tal era a pressão do adversário. Isso levou a algum enervamento de certos jogadores que acusaram, de certa forma, a pressão do clássico.
Contudo, acho injusto e algo irreflectido algumas críticas de que os jogadores encarnados nestes jogos "borram sempre a cueca". Se voltarmos a olhar para ambos os onzes titulares, verificamos que para além de o Porto levar um onze bélico, de destruir jogo, era o Porto quem tinha os jogadores mais experientes dentro de campo. Por exemplo, Hélton, Otamendi, Fernando, Moutinho, Lucho e Varela têm mais de três anos de dragão ao peito. No onze titular do Benfica apenas Maxi, Nico e Cardozo preenchiam esses requisitos. Parecendo que não isso faz toda a diferença, a nível da mentalização, de como reagir nestes encontros e na identificação das ideias e ideais do clube que representam.
Aliás, se formos ver os onzes de cada uma das equipas nos últimos anos verificamos uma certa correlação entre a experiência de clube capitalizada em jogadores de determinada equipa com o respectivo resultado final. Nesse contexto, é normal que o Porto leve sempre uma vantagem sobre o Benfica, devido à sua política de contratações. Raramente eles vendem meia-equipa. Por exemplo, apenas em 2004-2005, e após a conquista da Liga dos Campeões, é que venderam praticamente todos os seus melhores jogadores. O resultado nessa temporada foi a vitória no campeonato por parte do Benfica que tinha mantido praticamente a mesma equipa do ano anterior. Mas, regra geral, apenas vendem um ou dois jogadores do onze titular por temporada e mantêm sempre um núcleo de segundas opções que vão maturando até chegarem à equipa titular. No Benfica, tal já não acontece.
Ora isso não ajuda, por um lado, a que os atletas tenham tempo suficiente para se identificarem com a cultura do Benfica. Por outro lado, os jogadores não têm tempo para se adaptarem verdadeiramente às ideias de jogo da equipa. A propósito das ideias de jogo, se formos a ver bem, enquanto o Benfica vive à custa do modelo de jogo que cada treinador que entra no clube prefere, o Porto mantém-se fiel ao seu modelo de jogo baseado no 4-3-3 há várias décadas. Parecendo que não isso faz muita diferença, até porque quando os azuis-e-branco contratam, fazem-no de acordo com certas características e para determinada posição em campo. Há pois um trabalho de continuidade que acaba por ser muitíssimo importante quando se chega a este tipo de encontros onde o valor das equipas são equiparáveis. Por isso é que sou contra quando leio ou oiço Benfiquistas a exigirem novos jogadores só porque os que jogaram pareceram ficar nervosos e não se adaptaram bem à maneira de jogar da equipa.
Mais, se por um lado, temos de ser mais ponderados e investir mais na continuidade e selecção de reais talentos, contratando com mais critério e somente o estritamente necessário, por outro lado, temos definir e limitar as nossas vendas, para que possa haver continuidade da tal "mística".
Ainda relativamente à mentalidade, se os jogadores do Benfica não tivessem sido fortes, nunca teriam conseguido recuperar das desvantagens no marcador. Isso é um ponto positivo que podemos concluir deste encontro.
A estratégia do "pontapé para a frente"
Outra crítica que leio e oiço muitos benfiquistas fazerem é a mesma que o treinador do Porto fez, no final do encontro, ao dizer que o Benfica é isto: pontapé para a frente. Nada de mais errado.
Primeiro devemos contextualizar o jogo. Jorge Jesus sabia de duas coisas acerca da sua equipa logo à partida para este encontro:
Matic sempre rodeado de dois, três e até quatro jogadores. Como fazer frente a uma pressão alta e intensa? Esticando o jogo! |
Primeiro devemos contextualizar o jogo. Jorge Jesus sabia de duas coisas acerca da sua equipa logo à partida para este encontro:
- A maioria dos seus jogadores têm menos tempo de identificação das suas ideias que os jogadores do Porto têm com as ideias do Vítor Pereira, conforme foi abordado acima.
- A equipa está minimamente identificada e entrosada com o actual 4-4-2, pois tem jogado praticamente assim durante toda esta temporada e não havia tempo para treinar outro tipo de táctica e estratégia, conforme muita gente solicitou.
Sendo assim, e tendo em conta as lesões de Luisão e de Rodrigo, a falta de ritmo de Carlos Martins e de Pablo Aimar, a fora de forma de Nolito e Bruno César, mas também a imaturidade de Ola John e de André Gomes, o onze titular, não poderia ser outro que não aquele que colocou em campo.
Uma das maiores críticas que os adeptos e comunicação social fazem prende-se com o número de jogadores no meio-campo de uma e doutra equipa. Lá por o Porto jogar com três médios mais centrais, isso não significa que tenha de facto superioridade numérica a meio-campo. Pode até ser verdade no papel, quando olhamos para três+um jogadores do Porto contra apenas dois do Benfica. Contudo, o que interessa são as dinâmicas dentro de campo.
"Jota-Jota", ao encurtar a distância entre a sua linha defensiva (sempre muito subida) e a sua linha ofensiva, fazia com que o tal duo de meio-campo tivesse sempre um jogador próximo da ala (Nico e Salvio), do ataque (Cardozo e Lima) e da defesa (Garay e Jardel) disponíveis para ajudar o duo em tarefas defensivas de pressão e corte, mas também em tarefas ofensivas, como a construção de jogo. Na prática, não jogávamos com dois médios,mas sim com quatro (Matic e Enzo mais um dos avançados ou um dos defesas centrais e um dos alas que ajudava no trabalho interior). Assim sendo, não havia necessidade de adoptar uma estratégia de 3 médios conforme muitos exigiam.
Esclarecido este ponto táctico, passamos para o estratégico. A questão do "pontapé para a frente" é muitas vezes mal interpretado e considerado como sinais de uma equipa a tentar aliviar bolas. Se recordarmos que:
Poderíamos meter mais um médio. É verdade! Mas, olhando para o banco, não tínhamos mais nenhum em boa forma para jogar de início frente a um Porto a 100% (refiro-me a Carlos Martins e Pablo Aimar), ou com experiência a este nível (refiro-me a Bruno César e o não convocado André Gomes). Depois, há aqueles dois pontos de Jesus que eu já mencionei acima.
Sendo assim, que tal aproveitar as características dos nossos avançados para podermos superar e desgastar a zona de pressão do Porto? Dito e feito! Jesus então optou por incutir um estilo de jogo mais directo e de passe longo para os seus avançados. Cardozo lutava nas alturas, Lima tentava aproveitar as segundas bolas e até o espaço nas costas. O jogo que até então parecia ping-pong interrompido por faltas a meio-campo, começou a parecer mais com ténis a campo inteiro.
Em termos estratégicos a ideia é boa. Em termos práticos, acabámos por desgastar imenso a equipa do Porto que deixou de jogar em 20 metros para jogar em 50 a 60 metros. No entanto, faltava mais para vencermos o encontro...
As desilusões
Estou certo que Jesus esperava mais de Cardozo e Lima, pois deveriam ter
ganho mais bolas nos duelos individuais com Otamendi e Mangala. De facto posso afirmar que jogaram demasiadamente à "mama", tal como já tinham feito na primeira parte frente ao Sporting e no encontro em Moreira de Cónegos para a taça da liga. Pelos vistos ainda não aprenderam que devem jogar como fizeram na segunda parte em Alvalade, onde ora Lima, ora Cardozo, desciam para zonas do meio-campo ajudando na construção de jogo da equipa. Se foi determinante para a reviravolta frente ao Sporting, tenho plena certeza que seria a engrenagem necessária para activar o ataque encarnado no domingo. Por isso é que nem dou tanta importância ao falhanço de Cardozo frente ao Porto, conforme a figura de proa do artigo diz respeito.
Bastava dois tipos de movimentos dos dois avançados. O primeiro seria recuar para a zona do meio-campo, disputando a bola aérea com o médio-defensivo portista que é mais pequeno que os dois avançados, ou para tabelar com os nossos médios, ou até mesmo para segurar o esférico, temporizando para a equipa subir. O segundo seria confundir por completo as marcações descaindo para perto de uma lateral do meio-campo, atraindo a atenção dos centrais que estavam a marcar, mas também do laterais e do médio-defensivo que ficavam algo confusos com o aparecimento de mais um jogador.
Não vi nada disso ser feito. E pior que isso, vi tanto Cardozo como o Lima a olharem para o árbitro à espera de uma marcação de falta após um duelo com os seus directos marcadores. Nestes encontros, não podem ficar à espera da decisão do árbitro! Ainda por cima quando o adversário é o Porto... É preciso capacidade de sacrifício e espírito de guerreiro. Cardozo ainda teve sacrifício ao ficar dentro de campo com a cabeça ligada, mas esperava mais espírito de luta. Esperava ter visto uma espécie de Drogba a lutar nas alturas e de costas para a baliza. Já do Lima, esperava uma espécie de Suárez sempre a morder os calcanhares dos adversários e sempre muito irrequieto, escapando às marcações e à espreita dos erros dos adversários. Vi mais desses dois jogadores em Jackson Martinez do que nos nossos dois avançados. Isso deixou-me algo triste, pois vejo em Cardozo e Lima qualidade para fazerem essas missões. Aliás, tal como acho que o Jesus também vê isso.
Quem também desiludiu-me bastante foi Artur. Errar toda a gente erra, mas a forma como ele o fez, num encontro de elevada importância e como ficou emocionalmente afectado após a jogada do golo-brinde ao Jackson Martinez, foi grave demais. Para mim, merece ir para o banco e Paulo Lopes merece uma oportunidade. Até porque, pelo que tenho visto esta temporada, na reposição da bola longa, o português parece melhor que o brasileiro. Aliás, no domingo, as bolas longas vinda do Artur foram um completo desastre. Ou eram fora, ou era para nenhum colega de equipa.
Eu aqui já elogiei Artur, mas se o jogador não está bem fisicamente e se a equipa do Benfica é verdadeiramente o plantel, então que haja meritocracia e se aposte noutros jogadores.
Outros jogadores que poderiam ter dado mais no encontro foram o lateral esquerdo Melgarejo e o extremo direito Salvio. O que faltou ao Melgarejo, sobrou ao Salvio. O paraguaio teve bons pormenores, como o centro para o golo do Matic. No entanto, senti-o muito preso à posição e "perro" no um-contra-um frente ao Defour. Estava algo desconcentrado, pois se o Vítor Pereira pode-se queixar de foras-de-jogo la atribuídos ao Porto a culpa deve-se ao paraguaio que estava quase sempre a colocar os jogadores adversários em jogo. Já o argentino, agarra-se demasiado à bola, quando tem oportunidade para fazer um 2-1 sobre o adversário com um companheiro de equipa e não o faz. As vezes que o chamei de fuço no domingo...
As surpresas
O sérvio Matic não foi nenhuma surpresa para mim. Há muito que se via que tinha imensa qualidade. O seu toque de bola, aliada à sua estrutura física fazem dele um jogador ímpar no mundo do futebol. Penso que tem um irmão, por isso não seria mal de todo vermos se ele é tão bom como o Nemanja... Até lá bem que podemos já fazer "lobbie" para o prémio FIFA Ferenc Puskás 2013.
Quem me surpreendeu pela positiva, pela entrega ao jogo, pela entreajuda e pela tentativa de construir jogo foi o argentino Nico Gaitán. Muitas vezes crucificado de apenas realizar excelentes exibições na Liga dos Campeões, penso que fez um dos melhores jogos em termos tácticos, de atitude e de carácter pelo Benfica, no passado domingo. E, o seu golo veio mesmo em excelente altura!
Outro jogador que me tem surpreendido francamente é o Enzo Pérez. De facto, gostei muito da atitude que ele tem face a qualquer adversário, quer seja o Porto ou o Moreirense, ele joga sempre com tudo. Gosto! E, se é certo que não construiu muito jogo, também é certo que do lado de lá o adversário directo também não o conseguiu.
Quem também esteve bem neste encontro e está de parabéns é a nossa dupla de centrais formada por Jardel e Garay. No domingo, o brasileiro demonstrou que o capitão Luisão tem substituto à altura e, diria mesmo, que neste momento, é o substituto do Jardel. Com muita classe limpou o Jackson na maioria das vezes e nada podia fazer no golo-brinde do Artur. Nessa situação Garay ainda tentou e se não me falha a memória conseguiu mesmo tocar de raspão no remate do avançado portista, mas sem sorte de cortá-la. De qualquer das formas também esteve a bom nível, execptuando no lance do primeiro golo, onde poderia ter marcado melhor o central Mangala. Contudo, esse lance não o perturbou mentalmente e a partir daí esteve sempre muito certinho na defesa.
Substituições e mudança de estratégia
A meio da segunda parte, Jesus resolve mexer no jogo. Primeiro tira um desgastado e amarelado Enzo para colocar em campo o internacional português Carlos Martins. De seguida tira Lima para fazer entrar "el mago" Aimar. Por fim refresca a alas tirando o Nico Gaitán para por em campo o holandês Ola John.
As duas primeiras substituições indiciam claramente uma mudança estratégica. Se até então o Benfica estava a desgastar o Porto com um jogo mais directo e de bolas longas, Jesus queria agora aproveitar o cansaço portista para colocar artistas no meio-campo, capazes de construir jogo. A verdade é que pouco tempo depois de Aimar ter entrado, numa combinação com o Nico, o Cardozo fica isolado à frente da baliza de Hélton que desvia o remate para o poste esquerdo, evitando aquilo que seria o terceiro golo encarnado e quiçá o golo da vitória. Por aqui demonstra-se que a estratégia de Jesus estava bem pensada e tinha bastante lógica. Faltou talvez mais ritmo de jogo a Carlos Martins e a Aimar, que no pouco tempo que tiveram em campo deu-me a sensação que não estavam a 100%.
A entrada de Ola John não condeno, pois o Nico já estava algo cansado. Contudo, talvez apostasse na utilização de Kardec substituindo Cardozo que até então tinha-me desiludido bastante, e não apenas porque tinha falhado o golo. Acho que poderia aproveitar a melhor frescura física e velocidade de Kardec, assim como a sua força de vontade de demonstrar que merece um lugar no plantel, para incomodar uns já fatigados Otamendi e Mangala.
Uma das maiores críticas que os adeptos e comunicação social fazem prende-se com o número de jogadores no meio-campo de uma e doutra equipa. Lá por o Porto jogar com três médios mais centrais, isso não significa que tenha de facto superioridade numérica a meio-campo. Pode até ser verdade no papel, quando olhamos para três+um jogadores do Porto contra apenas dois do Benfica. Contudo, o que interessa são as dinâmicas dentro de campo.
"Jota-Jota", ao encurtar a distância entre a sua linha defensiva (sempre muito subida) e a sua linha ofensiva, fazia com que o tal duo de meio-campo tivesse sempre um jogador próximo da ala (Nico e Salvio), do ataque (Cardozo e Lima) e da defesa (Garay e Jardel) disponíveis para ajudar o duo em tarefas defensivas de pressão e corte, mas também em tarefas ofensivas, como a construção de jogo. Na prática, não jogávamos com dois médios,mas sim com quatro (Matic e Enzo mais um dos avançados ou um dos defesas centrais e um dos alas que ajudava no trabalho interior). Assim sendo, não havia necessidade de adoptar uma estratégia de 3 médios conforme muitos exigiam.
Esclarecido este ponto táctico, passamos para o estratégico. A questão do "pontapé para a frente" é muitas vezes mal interpretado e considerado como sinais de uma equipa a tentar aliviar bolas. Se recordarmos que:
- o Porto entrou a todo o gás com uma pressão elevada e meio-campo preenchido e a sua linha defensiva bem subida no terreno,
- o Benfica nunca se deixou encostar à sua grande área, mantendo a sua linha defensiva igualmente perto da linha de meio-campo,
- o árbitro no início do jogo estava a ter um "critério bastante largo", que beneficiava nitidamente a equipa portista e a sua pressão.
Poderíamos meter mais um médio. É verdade! Mas, olhando para o banco, não tínhamos mais nenhum em boa forma para jogar de início frente a um Porto a 100% (refiro-me a Carlos Martins e Pablo Aimar), ou com experiência a este nível (refiro-me a Bruno César e o não convocado André Gomes). Depois, há aqueles dois pontos de Jesus que eu já mencionei acima.
Sendo assim, que tal aproveitar as características dos nossos avançados para podermos superar e desgastar a zona de pressão do Porto? Dito e feito! Jesus então optou por incutir um estilo de jogo mais directo e de passe longo para os seus avançados. Cardozo lutava nas alturas, Lima tentava aproveitar as segundas bolas e até o espaço nas costas. O jogo que até então parecia ping-pong interrompido por faltas a meio-campo, começou a parecer mais com ténis a campo inteiro.
Em termos estratégicos a ideia é boa. Em termos práticos, acabámos por desgastar imenso a equipa do Porto que deixou de jogar em 20 metros para jogar em 50 a 60 metros. No entanto, faltava mais para vencermos o encontro...
As desilusões
Cardozo não se conseguiu impor à defesa portista, o que afectou a estratégia encarnada montada por Jesus. |
Bastava dois tipos de movimentos dos dois avançados. O primeiro seria recuar para a zona do meio-campo, disputando a bola aérea com o médio-defensivo portista que é mais pequeno que os dois avançados, ou para tabelar com os nossos médios, ou até mesmo para segurar o esférico, temporizando para a equipa subir. O segundo seria confundir por completo as marcações descaindo para perto de uma lateral do meio-campo, atraindo a atenção dos centrais que estavam a marcar, mas também do laterais e do médio-defensivo que ficavam algo confusos com o aparecimento de mais um jogador.
Não vi nada disso ser feito. E pior que isso, vi tanto Cardozo como o Lima a olharem para o árbitro à espera de uma marcação de falta após um duelo com os seus directos marcadores. Nestes encontros, não podem ficar à espera da decisão do árbitro! Ainda por cima quando o adversário é o Porto... É preciso capacidade de sacrifício e espírito de guerreiro. Cardozo ainda teve sacrifício ao ficar dentro de campo com a cabeça ligada, mas esperava mais espírito de luta. Esperava ter visto uma espécie de Drogba a lutar nas alturas e de costas para a baliza. Já do Lima, esperava uma espécie de Suárez sempre a morder os calcanhares dos adversários e sempre muito irrequieto, escapando às marcações e à espreita dos erros dos adversários. Vi mais desses dois jogadores em Jackson Martinez do que nos nossos dois avançados. Isso deixou-me algo triste, pois vejo em Cardozo e Lima qualidade para fazerem essas missões. Aliás, tal como acho que o Jesus também vê isso.
Quem também desiludiu-me bastante foi Artur. Errar toda a gente erra, mas a forma como ele o fez, num encontro de elevada importância e como ficou emocionalmente afectado após a jogada do golo-brinde ao Jackson Martinez, foi grave demais. Para mim, merece ir para o banco e Paulo Lopes merece uma oportunidade. Até porque, pelo que tenho visto esta temporada, na reposição da bola longa, o português parece melhor que o brasileiro. Aliás, no domingo, as bolas longas vinda do Artur foram um completo desastre. Ou eram fora, ou era para nenhum colega de equipa.
Eu aqui já elogiei Artur, mas se o jogador não está bem fisicamente e se a equipa do Benfica é verdadeiramente o plantel, então que haja meritocracia e se aposte noutros jogadores.
Outros jogadores que poderiam ter dado mais no encontro foram o lateral esquerdo Melgarejo e o extremo direito Salvio. O que faltou ao Melgarejo, sobrou ao Salvio. O paraguaio teve bons pormenores, como o centro para o golo do Matic. No entanto, senti-o muito preso à posição e "perro" no um-contra-um frente ao Defour. Estava algo desconcentrado, pois se o Vítor Pereira pode-se queixar de foras-de-jogo la atribuídos ao Porto a culpa deve-se ao paraguaio que estava quase sempre a colocar os jogadores adversários em jogo. Já o argentino, agarra-se demasiado à bola, quando tem oportunidade para fazer um 2-1 sobre o adversário com um companheiro de equipa e não o faz. As vezes que o chamei de fuço no domingo...
As surpresas
Enorme jogo de Nico Gaitán no domingo, quer a ajudar os seus companheiros defensivamente, quer com importantes arrancadas e pelo seu importante golo. |
Quem me surpreendeu pela positiva, pela entrega ao jogo, pela entreajuda e pela tentativa de construir jogo foi o argentino Nico Gaitán. Muitas vezes crucificado de apenas realizar excelentes exibições na Liga dos Campeões, penso que fez um dos melhores jogos em termos tácticos, de atitude e de carácter pelo Benfica, no passado domingo. E, o seu golo veio mesmo em excelente altura!
Outro jogador que me tem surpreendido francamente é o Enzo Pérez. De facto, gostei muito da atitude que ele tem face a qualquer adversário, quer seja o Porto ou o Moreirense, ele joga sempre com tudo. Gosto! E, se é certo que não construiu muito jogo, também é certo que do lado de lá o adversário directo também não o conseguiu.
Quem também esteve bem neste encontro e está de parabéns é a nossa dupla de centrais formada por Jardel e Garay. No domingo, o brasileiro demonstrou que o capitão Luisão tem substituto à altura e, diria mesmo, que neste momento, é o substituto do Jardel. Com muita classe limpou o Jackson na maioria das vezes e nada podia fazer no golo-brinde do Artur. Nessa situação Garay ainda tentou e se não me falha a memória conseguiu mesmo tocar de raspão no remate do avançado portista, mas sem sorte de cortá-la. De qualquer das formas também esteve a bom nível, execptuando no lance do primeiro golo, onde poderia ter marcado melhor o central Mangala. Contudo, esse lance não o perturbou mentalmente e a partir daí esteve sempre muito certinho na defesa.
Substituições e mudança de estratégia
Ele bem que queria descolar para uma grande exibição, mas nem o auxiliar o deixou, nem tão pouco a seu momento de forma o permitia. Qual será o futuro de Aimar na Luz? |
As duas primeiras substituições indiciam claramente uma mudança estratégica. Se até então o Benfica estava a desgastar o Porto com um jogo mais directo e de bolas longas, Jesus queria agora aproveitar o cansaço portista para colocar artistas no meio-campo, capazes de construir jogo. A verdade é que pouco tempo depois de Aimar ter entrado, numa combinação com o Nico, o Cardozo fica isolado à frente da baliza de Hélton que desvia o remate para o poste esquerdo, evitando aquilo que seria o terceiro golo encarnado e quiçá o golo da vitória. Por aqui demonstra-se que a estratégia de Jesus estava bem pensada e tinha bastante lógica. Faltou talvez mais ritmo de jogo a Carlos Martins e a Aimar, que no pouco tempo que tiveram em campo deu-me a sensação que não estavam a 100%.
A entrada de Ola John não condeno, pois o Nico já estava algo cansado. Contudo, talvez apostasse na utilização de Kardec substituindo Cardozo que até então tinha-me desiludido bastante, e não apenas porque tinha falhado o golo. Acho que poderia aproveitar a melhor frescura física e velocidade de Kardec, assim como a sua força de vontade de demonstrar que merece um lugar no plantel, para incomodar uns já fatigados Otamendi e Mangala.
Algumas ilacções deste encontro
Força Benfica! É preciso estarmos cada vez mais unidos! E Pluribus Unum! |
Investir na continuidade de certos jogadores é um investimento para futuras vitórias e o cimentar da mística encarnada. Por isso é que vejo com bons olhos as recentes renovações de Matic, Jardel e Cardozo. A propósito, racionalmente seria realmente bom renovarmos com o Aimar?
Há muitos interesses externos ao Benfica que querem que nós comecemos a dividir-nos por dentro e a perder o foco dos nossos objectivos. Sendo assim, não deveremos assumir algumas opiniões como factos concretos, mas sim como simples opiniões carregadas de segundas intenções. Aliás, foi por isso que escrevi este texto tão longo.
Tal como Ronaldinho fintava com o olhar o destino dos seus passes, também penso que o Porto está a tentar fazer o mesmo com tanto ruído e alarido produzido antes, durante e após domingo. Seria importante recordarmos que os lances de maior perigo surgiram de uma bola parada e de um brinde do Artur. De resto pouco ou nada fizeram...
A Luz recebeu uma enorme enchente e os adeptos deixaram uma bonita mensagem em forma de coreografia, que a meu ver também se aplica aos próprios adeptos mais descrentes após o encontro de domingo: FORÇA!
PS 1: Não poderia deixar de concluir este artigo sem fazer referência e agradecer ao vídeo que me deu ideia para o seu título. Um agradecimento ao blog "A tasca do Canto" por este vídeo recheado de humor de fina ironia:
PS 2: Já votaram para a eleição do melhor jogador encarnado em 2012 para a posição 7, a de médio-ala/interior/extremo direito?
Excelente trabalho. Concordo em muita coisa, há sempre pequenos pormenores que não podemos estar todos de acordo.
ResponderEliminarGostava que relacionasses a dita falta de força mental dos nossos jogadores (eu discordo deste ponto de vistas, mas adiante) com a superioridade demonstrada desde logo pelo FCP na zona do meio campo e com o golo madrugador que, para variar, nos obrigou a ir atrás do prejuízo contra esta equipa que, com Xistra e Proenças, nos tem feito a cabeça em água. Eu imagino que na cabeça dos jogadores tenham passado muitas coisas más. Mas eles reagiram bem e deram a volta ao texto, pois não é fácil marcar golos ao FCP (em particular com as nossas arbitragens). Porque têm uma mentalidade forte.
O que se viu em campo, foi mais do mesmo. E se o FCP tem uma equipa de bons jogadores, ou um treinador competente, teria explorado de outra forma o adiantamento da nossa equipa, pela tal dinâmica (mecânica) avançada do 4-4-2. Ora os nossos não deixaram que isso acontecesse.
Porque e desculpa o sintético do "remate" final, somos melhores que eles. Apesar do 4-4-2 :)
Caro eagle01,
EliminarDesde já agradeço o teu comentário e quanto ao "remate", jamais serei contra um jogador que opte pelo remate! ;)
De facto eu considero que temos maior potencial que o Porto. Acho, no entanto, que o Porto tem mais jogadores identificados e entrosados com o modelo de jogo deles do que nós. E isso a meu ver deve-se ao facto de eles terem um maior número de jogadores do onze titular com anos de casa.
É que para além de treinarem à mais tempo juntos, também já passaram por mais jogos competitivos juntos. Já possuem outro à vontade que nós, mesmo que jogássemos com 3 médios teríamos. Essa à vontade reflecte-se depois na mentalidade e confiança dos atletas.
Ora um Benfica recheado de atletas novos, na maioria talentosos, mas que por força da pressão do adversário começa a não ter nem espaço, nem tempo para pensar, é perfeitamente normal aquele tipo de nervosismo.
Olha um bom exemplo, mais quotidiano, será os relacionamentos. Provavelmente, quando eras mais novo, eras bem mais tímido a dar o primeiro passo para conheceres determinada rapariga, não é verdade? Hoje se calhar, fruto da tua experiência e confiança, já tens o à vontade, para meter conversa com uma rapariga que te interessa. O mesmo se passa com as equipas.
Aliás, se tiveres jeito para as miúdas, muitos dos teus amigos e amigas irão dizer que tens "carisma" ou determinado "charme" que as atrai. No futebol diz-se que as equipas transportam "mística" ou "carácter" dentro de campo.
(Continuação...)
EliminarTanto num caso ou noutro, tal só acontece quando se reúne qualidade (os jogadores do Benfica têm), trabalho de qualidade (podemos criticar muita coisa no Jesus, mas ele trabalha bem) e experiência (que é algo que falta ainda fruto da nossa política de contratações).
Depois, temos de ver que os médios com mais experiência que tínhamos disponível eram uns recém recuperados e sem ritmo Carlos Martins e Pablo Aimar. Que mesmo assim o Jesus tentou colocá-los em campo, já numa fase mais adiantada onde o Porto começava a sentir as pernas pesadas. Colocá-los de início era, quanto a mim, um erro.
Eu acho que a estratégia do Benfica foi boa e se há algo de positivo que podemos retirar deste encontro, é que mesmo com uma equipa mais inexperiente que o Porto, não fomos em nada inferior a eles. Até mesmo na componente mental, acho que foi muito positivo este encontro, sobretudo, se a equipa técnica souber encaminhar bem o pensamento dos jogadores e não deixá-los acreditar nas baboseiras que ouvimos depois do encontro por parte da equipa do Porto.
Já agora, acho que o momento do encontro foi o brinde do Artur. Primeiro não estava à espera e foi talvez a primeira vez que vi o guarda-redes brasileiro a mudar de rosto... :D
Segundo, porque acho que nunca mais a defesa sentiu confiança no seu guarda-redes para lhe passar a bola. Da forma como os nossos defesas estavam a ser pressionados, seria muito importante termos podido contar com um Artur mais confiante ao nível do passe longo, funcionando como o Valdés no Barcelona, que lance muitas vezes o ataque.
Por outro lado, esse golo fez com que a equipa não se expusesse tanto para os desequilíbrios ofensivos. Sobretudo, após o golo do empate. É normal que a equipa tenha sentido o golo e ficou mais tímida dentro de campo.
Ah! Se o Porto tivesse uma equipa mais ofensiva, por exemplo, sem Defour e com um extremo, um dos nossos laterais se libertaria facilmente. Um dos destaques do Porto, para além do Mangala que ceifava tudo à sua frente (muitos dos seus roubos de bola, foi em falta...), tudo protegido pelo tal "critério largo", foi mesmo o Defour. Quantas vezes dificultou o trabalho de saída de bola através do Melgarejo ou do Garay?
Fala-se que se eles tivessem tido o James teríamos perdido o encontro... acho muito rebuscado pelo seguinte: sem Defour e com James, eles perderiam imensa capacidade de pressão ao portador da bola e aquele trio de meio-campo portista, não iria aguentar, até porque teria dois grandes médios-centro pela frente, mais um dos laterais que se libertaria e um dos alas que viria para o interior construir jogo... isto para não falar de Lima ou Cardozo que deveriam descer para procurar construir com a restante equipa.
Bem acho que o que escrevi já dava para um livro... ;)
É engraçado, como há tantos detalhes que podem e fazem a diferença no mundo do desporto...
È uma boa análise!! Mas na minha opinião o 433 do FCP é mais móvel que o 442 do Benfica, na minha opinião Vitor Pereira trabalhou muito bem a estratégia de JJ. Se reparares os 3 jogadores de meio campo(lucho, Moutinho e Fernado) do FCP neste jogo não se aventuraram muito em sair do seu "habitat" posicional, sempre contaram no ataque com as investidas de Varela e Jackson lá na frente, daí o FCP ter atacado tão pouco neste jogo! Neste aspeto JJ nunca conseguiu "mandar" no meio campo e só começa a jogar por lá quando entra Aimar e Martins que transportam e congelam bem a bola num sentido posicional! JJ ainda ontem falava num aspeto interesante sobre o que o Benfica pode perder com Lima e com 2 pontas de lança, por aqui algumas equipas podem criar problemas ao Benfica, joga com o Lima um pouco encostado demais ao Cardozo e na primeira construção de jogo do advresário (já depois de se perder a bola) o Benfica não consegue "encostar" ninguém a fazer pressão com um Matic super atrasado e um Enzo (jogador que custuma jogar no meio campo) algo perdido na sua posição o Benfica arrisca a que o adversário que jogue em 433 venha para cima com mais perigo! Eu não gostei nada da exibição do Benfica nada mesmo, creio que falta uma pressão ao adversário mais correta dos jogadores daquelas que fizemos na primeira época, e isso é possivel com os jogadores que temos porque já o fizemos antes neste campeonato!
ResponderEliminarCaro Pedro S.,
EliminarAgradeço a tua opinião. E tens razão quanto ao jogo do Porto e até da questão dos nossos avançados.
Eu até acho que nem um, nem outro deve ficar em cunha com a defesa adversária. Sobretudo no momento de criação de jogadas.
Eu fiquei desiludido neste encontro com Artur (razões óbvias) e com a nossa dupla atacante. Penso mesmo que eles não ganharam nenhuma bola à defesa portista... o que é mau. Depois não foram muito inteligentes a tentarem procurar espaços para se libertarem de marcações e ajudar o meio-campo. O Cardozo com a sua envergadura e presença física, se descesse no terreno, fazendo muralha ao Fernando e se soubesse temporizar melhor a bola, um pouco como o Jackson fez muitas vezes, teríamos saído da luz com um sorriso bem rasgado... essa é a minha convicção.
Sobre Aimar e Martins, é preciso considerar que eles já entraram com um Porto visivelmente desgastado...
Concordo um pouco com a tua crítica final. Também eu acho que poderíamos ter um onze ao estilo de 2009-2010... mas, também acho que Aimar(*) e Carlos Martins não estavam prontos para jogar de início... quanto a André Gomes e Bruno César, o primeiro seria uma incógnita e o segundo está pouco confiante...
Ah! O estilo 2009-2010, seria algo assim:
Guarda-redes: Artur
Lateral direito ofensivo: Maxi
Defesa central direito: Jardel
Defesa central esquerdo: Garay
Lateral esquerdo: Melga
Médio-centro defensivo: Matic
Médio-interior direito: Enzo
Médio-ala/extremo esquerdo: Nico
Médio-centro ofensivo: Aimar(*)
Avançado móvel/extremo direito: Salvio/Lima
Ponta-de-lança/avançado esquerdo: Cardozo
Táctica: 4-1-2-1-2 "assimétrico"
Nem mais, o Medio-ala esquerdo e direito! O que o Benfica de JJ utiliza é o que dizes em cima mas com os médios bem abertos, Salvio por exemplo não sai da linha quer a atacar quer a defender! Nesse ano havia Ramires que fechava muito bem o meio campo interior, na esquerda este ano temos o Nico que também faz bem mas, a defender deixa muito a desejar! JJ para mim é um treinador normal, e é em alguns pormenores que eu e tu identificamos que me mostra isso! Por isso é que na minha opinião o Mourinho é um treinador super completo, além de ser um líder motivacional é um mestre nos pormenores, privei com treinadores que frequentaram cursos de treinador e muitos desses cursos existem provas disso mesmo, constatei pessoalmente algumas das "manhas" utilizadas por Mourinho e por isso posso afirmar a minha opinião sem rodeios! Algumas correram mal mas contam-se pelos dedos...
ResponderEliminarExacto! O actual Benfica joga num 4-4-2 mais linear, com um dos médios-centro a avançar no terreno, mas com dois "extremos" bem abertos nas alas.
EliminarPor acaso, quanto ao Nico, gostei imenso da sua atitude competitiva no passado domingo. A nível defensivo esteve excelente e foi dos médios-ala (ou extremos), aquele que procurou mais o espaço central para ajudar o duo Matic+Enzo.
A meu ver, acho que Cardozo e Lima dão garantias mais que suficiente para a maioria dos jogos da liga. Contudo, no domingo ficou bem provado que face a adversários mais organizados, ou treinam e melhoram as respectivas formas de jogar, ou então o Benfica precisa de outro tipo de perfil de jogadores naquela zona de terreno.
Se o Cardozo é quase intocável no onze titular encarnado, e se os nossos médios-ala e centro não conseguem canalizar jogo para ele, então deveria ser o nosso Lima. Contudo, este ainda tem hábitos de avançado de referência... talvez um jogador com outro perfil naquela posição fosse o melhor.
Não poderá ser um jogador com o perfil do Aimar, que é frágil fisicamente, prefere jogar de trás para a frente e não tem grande capacidade finalizadora. É preciso alguém que seja móvel, rápido, criativo e predador na cara da baliza. Falta-nos um Miccoli, ou olhando o Cardozo como um Jardel, falta-nos um João Vieira Pinto...
Quanto ao Jesus, não partilho da tua opinião. Não morro de amores pelo Jesus e farto de fazer-lhe críticas aqui. No entanto, acho que ele está uns furos acima de um treinador "normal", muito pela gestão de plantel que ele tem sabido fazer nestes anos e que tem melhorado cada vez mais. Por exemplo, o Fernando Santos, não era capaz de criar soluções do banco e o Jesus esta temporada já foi capaz de fazê-lo.
Quanto ao Mourinho... ele é o melhor do mundo! E isso diz tudo, não é verdade? Tens de partilhar um pouco dessas "manhas", pois tal como os alemães dizem "o diabo mora nos detalhes", ou seja, são os detalhes que fazem a diferença.
Mesmo assim, olhando para aquilo que faz no Real Madrid... eu teria uma abordagem táctica diferente para o Real, que acho que beneficiaria muito mais a capacidade goleadora do CR7... Aliás, esta temporada, a nível táctico, o Mourinho tem sido ultrapassado vezes demais, a meu ver. Mas, a guerrilha interna também é algo que deixa moça.
O problema do Real este ano é a falta de uma equipa base, tem havido muitas lesões, o balneário é dos mais dificeis de trabalhar (espanhois são muito nacionalistas e invejosos), tem havido também amuos por parte de jogadores depois na minha opinião Mourinho não está de corpo e alma no Real, falta algo ali que não está bem! Fiquei admirado este ano Mourinho usar a mesma orientação tática do ano passado, isto é, combina um 433 com um 4231 na primeira época, usava um 433 com 442 com Ronaldo no ataque!
ResponderEliminarNa final da taça UEFA FCP entra no prolongamento, Mourinho faz entrar Marco Ferreira para avançado ou ponta de laça, e fê-lo com um risco controlado, passa a usar um 451 puro, sabendo que MF difilcimente ganharia uma bola nas alturas e aproveitando a sua raça na luta pela bola (pois técnicamente era fraco), passa a fazer com que o Celtic bata a bola pois com 5 jogadores no meio campo a pressão era mais forte e a probalidade de de a ganhar também ali era mais certa...ora uma segunda vaga com jogo construido era muito mais eficaz ainda por cima com a agravante das forças fisicas de ambas as equipas serem reais, Mourinho passa a jogar com um meio campo se bem me lembro com Alenichev, Deco, Derlei que entretanto passa para meio campo, Maniche e Ricardo Costa como falso trinco, MF entra para render Capucho, isto é, começa por preencher uma zona do campo onde se ganham a maior parte dos jogos! O 3 golo se reparares é um exemplo disso mesmo, MF embrulhado com o guarda redes e na segunda bola derlei tá lá...depois disso foi a merda que conhecemos!lol Foi um pormenor pensado por Mourinho, calhou bem e ganharam uma taça UEFA...
Eh! Eh! Delicioso esse "pormaior" do Mourinho. Muito boa visão dos acontecimentos. Realmente ele é muito à frente.
EliminarContudo, é humano e também erra. E ele sabe disso. Eu gosto muito do Mourinho, porque ele é uma coisa para os media, mas para as pessoas na rua é outra pessoa, é o verdadeiro. Acho é que muita gente como só o vê na tv acha-o demasiado arrogante, mas esquecem-se que se assim não for ele é mais que "comido", "mastigado" por muita gente.
Quanto ao Real, eu não entendo porque ele não coloca o Real a jogar em 4-1-2-1-2. Não entendo também, porque é que não vieram buscar o Javi Garcia, quando não têm nenhum médio-defensivo que liberte um pouco os centrais tecnicistas que tem. E, depois, não entendo, porque é que não tem nem um lateral direito ofensivo...
Gostava de ver o Real jogar em 4-1-2-1-2, por causa do Ronaldo (penso que melhoraria a sua performance enquanto goleador e jogador), mas também o reaproveitamento de Kaká. Iguain e Benzema sentiriam-se mais confortáveis e Di Maria poderia poderia desequilibrar de mais detrás, um pouco como fazia no Benfica.
Até porque, não era o 4-1-2-1-2 uma das tácticas que o Mourinho tanto gostava?
Não, Mourinho trabalha primeiro o 433 depois tem dois esquemas táticos que com o desenrolar do jogo nota-se se reparares ao ver os jogos do Real. A defender Mourinho defente num 4231 ou dependendo do adversário e dos jogadores que tem consegue disfarçar um 451 como acontece por exemplo contra o Barça, no ataque é nitidamente um 433 com um triangulo de Ozil kedira mais á frente de Xabi Alonso, este a fazer de trinco, á frente do triângulo Benzema ou Iguin!
ResponderEliminarO Meu esquema preferido é o 433 e o que eu gostava mesmo era de ver o meu Benfica com essa tática!lol È que eu não compreendo um clube como o Benfica que aposta na formação, vejo uma equipa B e camadas jovens a jogar em 433 e JJ não!! Não percebo esta estratégia de formação...mas isso é outra conversa!
Isso das tácticas tem muito que se lhe diga... eu vejo em todas elas pontos fortes e fracos, mas acima de tudo só consigo visualizar uma determinada táctica sabendo a priori o conjunto de atletas à disposição.
EliminarBem visto era hibridez do "4-3-3" do Real Madrid. De facto, o Khedira é o "8" que transforma completamente o meio-campo.
Quanto ao 4-3-3 ser aplicado na formação e depois usar-se outra táctica, tem muito que se lhe diga. Por exemplo, o 4-3-3 da equipa A do Barcelona é diferente da da equipa B. Pela simples razão do Messi. Ele na realidade não joga a ponta-de-lança e muitas vezes transforma o 4-3-3 numa espécie de 4-1-2-1-2 com dois avançados bem abertos a atacar das laterais para o centro e com o "10" a atacar de frente. No entanto, toda a gente diz que eles jogam da mesma forma desde tenra idade.
A realidade, pelo menos na minha forma de ver as coisas, é que o 4-3-3 permite uma formação base para os jogadores. Neste esquemas, podes sempre formar laterais ofensivos, como defensivos. Centrais de marcação e de cobertura. Médios mais defensivos, de transição e "10", tanto organizadores de jogo, como trequartistas. Podes também formar médios-ala ou extremos, ou avançados móveis e interiores. Isto para não falar em pontas-de-lança ou avançados completos.
Depois, porque o sistema é simples, podes sempre ir dando outras funções a colegas de sectores.
Por exemplo, no Benfica B, vemos o Leandro Pimenta tanto a jogar a "6", como a "8" e até mesmo a "10". O mesmo com Miguel Rosa, que já jogou em todas as posições do ataque e meio-campo ofensivo.
Agora no futebol sénior pretende-se um grau de especialização. Como esse grau de especialização é caro, só está ao alcance das grandes equipas. E, como hoje em dia o tempo médio de residência de um atleta num clube é qualquer coisa como dois anos, é tempo insuficiente para os clubes poderem adaptar estratégias especializadas. Temos o exemplo do Benfica que desde que Jesus chegou tem querido adoptar o 4-4-2 com nuances aplicadas aos jogadores que tem à disposição, mas roda tudo à volta do 4-4-2.
Assim sendo, adaptam soluções de compromisso... e essa é o académico 4-3-3. Mas, no fundo, no fundo quem deve fazer a táctica são os jogadores.
Já agora, se formos a ver bem a maioria das tácticas poderá em termos geométricos derivar dessa. Desde as tácticas com 4, 3 e 2 defesas.
Agora, o que se pode fazer é, no Scouting, procurar jogadores com determinado perfil... e isso é outro nível... que eu muito sinceramente não gosto muito. Porque acaba por não haver introdução de inovação... de mudança... algo que valorizo para o adversário nunca conseguir adaptar-se.