30 outubro 2016

O regresso do...


E a importância do seu regresso.


Antes de começar com este artigo, propriamente dito, gostava de fazer uma questão ao leitor: sabe qual foi o jogador encarnado que mais perdas de bola teve no jogo do Benfica frente ao Dynamo de Kiev? Tem alguma ideia? Terá sido o Salvio? Terá sido o Pizzi? Ou será que foi o Gonçalo Guedes? Vá digam lá se não foram estes três os primeiros nomes que vieram logo à cabeça? Uma coisa é certa, o Eliseu não foi. Então quem será?

E se vos disser que foi o Grimaldo?! Estupefactos não é? Pois bem, o jovem espanhol tem realmente dado nas vistas neste início de temporada, quer pela sua inteligência ao nível do posicionamento nas várias fases do jogo, quer pela sua preponderância ofensiva com assistências e golos importantes, quer também pelas suas competências defensivas. Mas, apesar de tudo, é ainda um miúdo e tem muito ainda por aprender, nomeadamente, no que toca às acções colectivas, pois muitas vezes acaba por demorar a soltar a bola. Frente aos ucranianos perdeu a bola por 5 vezes. Depois, há a questão física. O camisola 3 ainda não tem um atleticismo devidamente desenvolvido, pelo que deverá ser trabalhado para tal. De qualquer maneira, e devido a essa questão, a equipa de Rui Vitória deverá saber dosear as cargas competitivas sobre o espanhol, para que este não tenha lesões musculares que possam comprometer este ano de afirmação.

É aqui que entra o internacional A português Eliseu. O veterano lateral esquerdo açoreano poderá ser um jogador essencial na gestão de esforço no plantel encarnado. E, se dúvidas houvessem, este jogo frente ao Paços de Ferreira, dissipou-as. O camisola 19 encarnado, apesar de ainda sem muito ritmo competitivo, apresentou-se a excelente nível. Apesar da figura acima, parecer-nos uma entrada um pouco às margens das leis sobre o adversário pacense, a verdade é que o Eliseu teve uma excelente exibição. Foi muito seguro a nível defensivo e, ofensivamente, foi do pé esquerdo dele o cruzamento que assistiu Salvio para o segundo golo do encontro. Nada mal para o "patinho feio" das hostes encarnadas.

Ao contrário de muita gente, não considero que o Eliseu seja assim tão mau. Tendo em conta o valor financeiro e a rentabilidade que tem em campo, é talvez o jogador mais eficiente e eficaz a actuar em Portugal. Raramente se lesiona - na época passada praticamente foi o titular da equipa - e sempre com exibições consistentes, se bem que sem deslumbrar, são razões para tê-lo em boa conta. A sua experiência só nos beneficia. Tacticamente, poderá evoluir com o conhecimento de jogo que o Grimaldo tem da escola do Barcelona e que o açoriano não possui porque foi uma adaptação feita já numa fase adiantada da sua carreira - recordar que o campeão da Europa era até à uns 4 a 5 anos extremo esquerdo/direito. Outro "pormaior" que penso que o Eliseu deve trabalhar é na sua qualidade e precisão de passe nas combinações com os colegas. Por exemplo, embora ele tenha perdido apenas 3 bolas frente ao Paços de Ferreira, contribuiu para que o Cervi tivesse 9 perdas de bola. Isto porque os passes foram de pouca qualidade para o argentino que na tentativa de recepcioná-los acaba por perder a bola.Como atenuante para o lateral está a sua falta de ritmo, mas tendo em conta outras temporadas, era bom que ele reservasse mais uma ou duas horas por semana no simulador 360s.

Três notas finais: 1) entre arriscar um Grimaldo vindo de uma lesão muscular e um Eliseu em crescendo num jogo da Liga dos Campeões na Luz, a meio da próxima semana, apostaria no açoriano; 2) reparem no pormenor do camisola 19 antes do cruzamento para o golo do Salvio e a forma como ele pede para os atacantes atacarem o espaço para onde ele vai meter a bola - isto é de jogador; 3) já repararam na contrapressão feita pela nossa equipa mal perde a bola e consegue rapidamente anular a transição ofensiva do Paços, transformando-a numa transição ofensiva do Benfica? Isto com o antigo treinador não acontecia... é mais um dos "pormaiores" que o Rui Vitória e a sua equipa técnica têm trabalhado e que pouca gente fala.



4 comentários:

  1. Excelente post caro PP!
    Eu gosto do Eliseu, dá tudo o que tem em campo, manda uns estouros à baliza que já nos deram vitórias no passado, etc..
    Mas o teu post mostra um refinamento de análise que: 1º - dá um trabalhão; 2º - Demonstra que percebes de futebol.

    Bem hajas.

    Viva o Benfica!

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  2. Falta um dado importante na questão das perdas da bola: onde é que ela ocorreram. Digo-o sem ter ido rever o jogo, mas 5 perdas de bola em zona adiantada, com a equipa posicionada podem ser menos inócuas do que 1 só perda de bola em zona recuada, ou em zona adiantada mas com a equipa a adaptar-se, como normalmente acontece com o Sálvio (em indiscutível subida de forma, no entanto).

    A questão do lateral esquerdo é a questão do Dragão. Eliseu não dá jogo interior o que quer dizer que combinações maravilha com o Cervi vão logo para metade (foi assim com o Paços) e isso em Kiev foi fulcral para controlar o jogo.

    Agora penso que terá a ver com o que RV tem reservado para o jogo do Dragão, onde espero que o recorde de vitórias fora para o campeonato seja novamente elevado. Eliseu pode ser o patinho feio, mas a verdade é que qualquer um dos outros treinadores da liga gostava de ter de escolher entre um "Eliseu" e um "Grimaldo".

    Quanto a assistências, a "verdadeira" assistência é mesmo do Mitro (outro a subir de forma)... Aquele abrir de pernas destruiu a defesa toda. É ver a cara deles!

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    1. Isso é o que tu pensas R.B.... o problema das perdas de bola dos laterais do Benfica é que jogamos basicamente com 4 avançados mais um médio "8" que sobe. Logo, quando o lateral sobe estão quase sempre 6 jogadores nossos ao lado ou à frente dele. Por outras palavras, quando ele perde a bola o adversário enfrenta 4 (mais 1 guarda-redes) do Benfica. E, isto se o lateral do lado contrário também não estiver tão aberto, porque assim ficará uma espécie de 3 para 3 (+1 guarda-redes) com o adversário. Isto não acontece tanto com equipas como o Barcelona, por exemplo, porque há um tridente de meio-campo ao contrário do Benfica.

      Sobre as combinações com o Cervi acho que ainda é cedo para tecer considerações. O Eliseu só agora está a ganhar ritmo competitivo.

      E sim o Mitro foi muito inteligente nessa jogada. Aliás, para mim fez um jogão frente ao Paços de Ferreira, mesmo que não tenha marcado qualquer golo.

      😉

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