07 outubro 2016

Temos de jogar depressa...


Por isso mesmo a titularidade de Pizzi deve ser equacionada hoje frente à Andorra.


O selecionador nacional fez bem a análise que antecede o jogo da seleção nacional frente à congénere de Andorra, a caminho da qualificação para o mundial de 2018 na Rússia. Frente a seleções mais defensivas, que defendem com muitos jogadores e perto da sua grande área, é necessário jogadores inteligentes para poder conseguir furar a malha defensiva do adversário. Mais do que apostar em jogadores que normalmente são vistos pela generalidade como os que possuem maior capacidade técnica no um contra um, é necessário apostar em jogadores mais colectivos.

Menciono isso, porque considero que em Portugal temos a tendência para definir um grande jogador apenas pela sua capacidade técnica ao nível do drible e da intervenção individual. Aliás, é por esse motivo que Nani e Quaresma normalmente são titulares na equipa das quinas. O problema é que se formos a ver bem, estes quando têm a bola nos pés têm a tendência para forçar a jogada individual. Quer estejam numa situação que se justifique, i.e., um contra um contra um adversário, quer não estejam nesa situação, como por exemplo, um contra dois ou três, eles tendem sempre a fazer o mesmo, ou seja, "ir para cima deles". Ora isso faz com que percamos mais vezes a bola, o que permite maior número de transições defensivas, que por sua vez faz-nos gastar mais energia nos processos defensivos, retirando frescura física e discernimento para os movimentos ofensivos, resultando na perda de controlo do jogo.

É por isso que defendo a inclusão de mais jogadores inteligentes na seleção. Por inteligentes significa jogadores com capacidade de análise e de interpretação dos vários momentos de jogo e que actuem em concordância com os mesmos. Por outra palavras, e contextualizando melhor, são aquele tipo de jogadores que sabem o momento em que devem realmente forçar a jogada individual, da jogada mais colectiva. Parece ser simples, mas se observarem em maior detalhe este tipo de situação nos jogadores, perceberão o quanto estes jogadores inteligentes acabam por adicionar à equipa, apesar de muitas vezes não terem atributos físicos e técnicos superiores aos outros.

Nesta óptica, penso que a entrada de Pizzi no 4-4-2 de Fernando Santos se justifica claramente. Olhando para o modelo que o selecionador tem vindo a implementar na seleção das quinas, a manutenção e o controlo da posse de bola será essencial (mas, sem perder a característica de transição rápida que tanto nos caracterizou durante muito tempo), vemos que a dinâmica do meio-campo será fundamental. Sendo assim, defendo que haja qualidade técnica, física e tática nesse sector. Daí que defenda a inclusão de André Gomes e João Mário no corredor central, pois é nesse corredor que ambos poderão dar muito mais à equipa. Por outro lado, jogando com dois avançados declarados, é importante que um dos alas possa funcionar como terceiro médio, sobretudo, nas acções sem bola. Ora nesse contexto, Bernardo Silva acaba por se enquadrar bem nessa forma de jogar, assim como o Pizzi. Ao jogarem como falsos extremos, permitem não só de uma forma natural apresentarem-se como o tal terceiro médio, que aparecerá entre-linhas, como também criarem espaço para os laterais ofensivos subirem no terreno e serem solicitados, mas também serem dois potenciais municiadores dos nossos avançados.

Só com o Pizzi e o Bernardo Silva isto poderá funcionar correctamente nas alas e neste modelo, dada a inteligência de jogo destes. No europeu, o Fernando Santos testou nas alas o João Mário e o André Gomes, mas estes dois nunca convenceram. Havia razões para isso acontecer, uma vez que por mais que sejam excelentes jogadores, a inteligência de jogo que possuem para ocupar aquelas posições não era a melhor. De referir, que Fernando Santos poderá alterar um pouco a forma como o meio-campo deve funcionar, mas isso dependerá da forma como quererá que o outros dois sectores (defesa e ataque) passarão a jogar. Por exemplo, se sair o André Silva e entrar o Éder no ataque, e se um dos laterais mudar o seu estilo de jogo procurando as zonas mais centrais, em vez da profundidade, um jogador como o Quaresma ou o Gelson Martins poderão entrar na alas do meio-campo, pois as suas características estarão mais de acordo com aquilo que o jogo pede (maior lateralização e procura pelo jogo dentro da grande área através de cruzamento aproveitando vantagens numéricas em certas zonas da defesa adversária). É este tipo de raciocínio que permite jogar o jogo de forma inteligente do banco. Isto é importante, porque permite uma utilização mais racional dos activos que Fernando Santos tem à sua disposição.


15 comentários:

  1. Andorra? Até o Cabeça Gorda, ou o Passarinhos da Ribeira lhe dão uma "coça"....

    Viva o Benfica!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. hehehe ;)

      adorei o seu comentario... top

      Eliminar
    2. A quem esses dão uma coça?

      Eliminar
    3. ...aos mancos do Andorra...

      Viva o Benfica!

      Eliminar
    4. Também as Ilhas Faroé também eram e noutro dia conseguiram arrancar um empate conta a Hungria...

      Eliminar
  2. Entretanto, mais um que vem aleijado da merda das selessões...O Grimaldo!
    É pra isso que isso serve..
    A minha selecção é o BENFICA!

    Viva o Benfica!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E nem sequer jogou... caso para dizer que não são as seleções. A questão aqui é que o Grimaldo foi para lá, mas já com mazelas.

      Eliminar
    2. Caro PP
      Se é como dizes, então a situação é gravìssima!
      Como é que o Benfica deixa um jogador SEU, ir lesionado para as selecções?????

      Viva o Benfica!

      Eliminar
    3. O Benfica tem nos seus quadros uma corja de incompetentes que nem benfiquistas são e que apenas querem receber os ordenados chorudos.

      O resultado é este tipo de coisas...

      Eliminar
    4. Ppimenta 6,

      O mais provável é o Grimaldo ter tido uma micro-ruptura durante o jogo, que foi agravado num treino da seleção sub21 espanhola e, por isso mesmo eles não o esforçaram. E bem.

      Eliminar
    5. Você acredita mesmo no que escreve Anónimo?

      Eliminar
    6. Carissimo, se não acreditasse nunca o escreveria.

      Convém que os benfiquistas começem a abrir os olhos. Não me agrada nada ver que agora por sermos tricampeões a direção pode fazer o que quer... não é assim, valores mais altos se levantam.

      O que se passa hoje com o Vieira era o que se passava com o Vale e Azevedo nos anos 90: ai de quem lhe chamasse aldrabão e no entanto agora está mais que provado. Pergunto-lhe a si: você acredita na honestidade de algum dirigente seja ele de que clube for?

      Eliminar
    7. O Vieira até pode ter todos os interesses, mas o que vejo ele fazer no Benfica, impondo transparência quando mais nenhum dirigente faz em Portugal e até mesmo na maior parte do mundo, não se pode ter esse tipo de discurso.

      Eu próprio no lugar dele teria feito muita coisa diferente, em vários momentos na sua carreira no Benfica. Contudo, não posso ficar indiferente ao que ele já construiu e montou no clube, e no clima em que o fez.

      Podemos todos criticá-lo, mas é preciso muito mais argumentos, que referências a antigos dirigentes como opiniões pessoais.

      Eliminar
    8. Muito bem respondido caro PP. O Anónimo esticou o assunto para um contexto irrealista (para não lhe chamar outra coisa)...

      Viva o Benfica!

      Eliminar
  3. Entretanto, a pouco menos de uma hora para o encontro, já temos XI para a seleção nacional: Rui Patrício na baliza; João Cancelo, Pepe, José Fonte e Raphäel Guerreiro no quarteto defensivo; Bernardo Silva, João Moutinho, André Gomes e Ricardo Quaresma no meio-campo; Cristiano Ronaldo e André Silva no ataque.

    Destaque para a estrutura do meio-campo, que segue um pouco a lógica explicada neste artigo. O João Moutinho é como escrevi teoricamente o médio mais completo da nossa seleção nacional. Em boa forma tira o lugar a muitos outros que por lá andam. Não sei é se ele está realmente bem, mas não é por aí que estou contra a sua entrada no onze titular. A entrada de Bernardo Silva na direita era mais que óbvia. Já a de André Gomes no seio do meio-campo é arrojada face ao que a maioria exige (William Carvalho). Muito bem o FS aqui. Quanto ao Ricardo Quaresma, percebo o porquê de apostar nele, embora eu teria metido o Pizzi.

    Com este onze, já acredito na qualidade de jogo da equipa. Vamos lá ver se eles conseguem reproduzir isso.

    ;)

    ResponderEliminar