... quando se planeia e trabalha-se com pragmatismo e qualidade, a vitória é quase segura!
Parece que finalmente os meus conselhos e as minhas críticas foram ouvidas pela equipa técnica encarnada. A começar pela aposta no trabalho executado durante aquelas duas semanas de interregno devido a compromissos das selecções nacionais, com o trabalho da equipa em 4-2-3-1. Continuando com a aposta de jogadores menos utilizados nas suas melhores posições. Tudo isto numa lógica de continuidade que eu já defendia à muito.
Ontem o Benfica foi pragmático. Rui Vitória deu continuidade ao trabalho que veio realizando com a equipa durante as últimas três semanas e fê-lo muito bem. Haverá muita gente que critica a postura defensiva do Benfica durante a partida. Uma postura muito mais expectante e controladora dos espaços defensivos do que controladora da posse de bola. Aliás, a estatística nesse capítulo é por si só reveladora disso mesmo. Contudo, quer dizer que o Benfica jogou mal?
O Benfica fez na última semana dois importantes jogos: primeiro frente ao Sporting para a Taça de Portugal e segundo frente ao Astana no Cazaquistão. Ou seja, jogou frente a um adversário forte e outro adversário que mesmo não sendo forte, as condicionantes da maior viagem nas competições europeias até ao momento, trazem sempre alterações no que respeita o normal trabalho de treino da equipa. E, não esquecer a importância das lesões de jogadores importantes como Luisão e Gaitán na equipa principal e também da importância do jogo, pois em caso de vitória nos classificaríamos directamente para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões.
Foi portanto, em termos operacionais, uma semana muito complicada no que consta ao trabalho de treino da equipa encarnada. Algo que parece passar ao lado das críticas que ontem ouvimos ao estilo de jogo do Benfica. Por outro lado, continuamos a ouvir os "peritos da bola", quer sejam os comentadores dos media, quer sejam os adeptos treinadores de bancada, a pensarem que tirar Samaris e meter Fejsa é o mesmo, ou que tirar o Luisão e meter o Lisandro é o mesmo e assim sucessivamente. Esquecem-se que no último mês o Benfica foi obrigado a jogar praticamente todos os jogos com alterações ao seu onze titular e pior: alterações no seu meio-campo.
No curto prazo isto provoca uma menor qualidade de jogo por parte do Benfica. Contudo, a médio e longo prazo poderá se tornar um importante trunfo, pois os jogadores estarão muito mais entrosados e com ritmos de jogo equiparáveis. Por todos estes factores, a afirmação de Rui Vitória no final do jogo da pedreira faz todo o sentido:
«Os jogadores, duma forma geral, tiveram um desempenho muito bom. Alguns com ritmo diferentes, mas há aqui muita alternância do passado recente em relação à intensidade. Há jogadores que têm jogado mais, há jogadores que têm jogado menos. Outros que vêm de lesões. Às vezes não é fácil pôr esta gente toda a render duma forma equilibrada. Ganhámos também mais jogadores com isso e a equipa está preparada para o que aí vem.»
por Rui Vitória
Ainda sobre o jogo, o treinador bracarense, Paulo Fonseca no final da partida, puxando um pouco a brasa à sua sardinha, diz que a diferença do resultado está na eficácia. No fundo ele está a dizer que criou tantas oportunidades claras de golo como o Benfica, o que não é verdade. Mesmo jogando numa toada de contra-ataque, o Benfica teve mais chances claras de golo do que o Sporting de Braga e se ambas as equipas fossem 100% eficazes, o encontro teria o mesmo vencedor: o Benfica.
Relativamente aos jogadores encarnados, eis a minha avaliação:
- Júlio César: esteve muito bem dentro dos postes, mas com a bola nos pés precisa de trabalhar muito mais. Na primeira parte, cada pontapé de baliza parecia custar a chegar ao meio-campo. Será que está a jogar com algum problema muscular na perna?
- André Almeida: muito certinho a defender e muito acutilante a atacar. Não é nenhum Dani Alves, mas parece-me daqueles jogadores que raramente consegue jogar mal. A sua polivalência tem sido uma mais valia para o Benfica esta temporada.
- Lisandro López: eu sou um fan deste jogador. Gosto da sua agressividade defensiva e ofensiva. Muitas vezes é criticado por isso, mas quando devidamente bem aplicada é uma arma brutal. O facto de já ir no segundo jogo consecutivo, faz notar o crescimento a nível físico e de ritmo de jogo do jogador. E, o faro de golo que o Lisandro tem... antevejo um regresso complicado do Luisão.
- Jardel: numa palavra... imperial!
- Eliseu: muitas vezes complica aquilo que é fácil. Muitas vezes retarda aquilo que poderia fazer mais cedo. Muitas vezes desconcentra-se quando deveria estar concentrado. Fico sempre com a clara sensação que poderá dar mais e melhor à equipa. Talvez o jogador mais desgastado fisicamente do Benfica, neste momento.
- Fejsa: pessoalmente, não seria titular neste encontro. Preferia apostar no Cristante no lugar dele. E para vos ser sincero, aquelas perdas de bola no primeiro tempo pareciam dar-me uma certa razão. Contudo, para ser honesto, o sérvio fez um excelente jogo no meio-campo encarnado. A capacidade de pressão da equipa encarnada a muito deveu-se a ele.
- Renato Sanches: este miúdo terá um enorme futuro pela frente. Será o melhor médio Português dentro em breve, seguindo as pisadas de João Moutinho nesse título e quanto a mim, vai superá-lo em termos mundiais. O nosso mini "Gullit", ou mini "Davids" ou até mini "Seedorf",... epá! não! É o nosso Renato Sanches! Ele é um verdadeiro prodígio que alia a técnica, a força e a inteligência táctica num só jogador. Nasceu para isto! Eu no lugar do Rui Vitória não o teria metido em campo. Tinha receio que a equipa não estaria preparada para o receber. Mas, o que vi em campo foi ele a receber a equipa como a dele e não o contrário. Por outras palavras, a personalidade com que ele joga o jogo, ele acabou por transmitir a toda a equipa. Fantástico! Nada mal para estreia na 1ª Liga nacional!
- Pizzi: até que enfim! Finalmente, vejo o Pizzi a jogar da forma como eu estava a pedir que jogasse. Aqui sente-se como peixe na água. Talvez o melhor jogador encarnado em campo na pedreira!
- Gaitán: para mim o pior jogador do Benfica em campo. Tem de simplificar e trocar a bola muito mais rapidamente com os colegas. Congela demasiado a bola nos seus pés e quando a resolve passar, já o adversário está preparado. É mais fácil jogar na ala para ele, mas é continuar a insistir nele nesta posição, pois as vantagens são imensas.
- Gonçalo Guedes: a intensidade de jogo deste miúdo é fenomenal. Gostei imenso de ver as combinações que ele e o Sanches muitas vezes faziam entre si. É este tipo de química que existe destes miúdos que vêm da formação que bem enquadrados poderão ser uma mais valia para qualquer equipa técnica encarnada, pois é trabalho de anos pronta para ser aproveitado. Penso que quando o jogo encarnado se assentar, este miúdo irá evoluir ainda mais.
- Mitroglou: aquele toque de calcanhar que isola o Pizzi para o primeiro golo encarnado, diz tudo da qualidade de jogo deste grego.
Já aqui elogiei a abordagem para o jogo de Rui Vitória, mas também quero elogiar a preparação dos 90 minutos de jogo por parte do treinador encarnado. Acho que o desenvolvimento da equipa do 4-2-3-1 para o 4-4-2 com as consequentes substituições foram bem pensadas. Parecendo que não, soube tirar proveito das vantagens que essas mudanças acarretaram para a equipa nos respectivos momentos do encontro. Gostei também de ver a insistência em falsos extremos quando em 4-4-2, com o Gaitán e o Sanches, respectivamente nos flancos direito e esquerdo. Parecendo que não contribuíram imenso para os perigosos lances de ataque encarnado na segunda parte.
Por fim, sobre o Renato Sanches, é claramente um jovem com potencial para ser um futebolista de nível mundial. Tem a potência física de um atleta de altíssima competição, tem a técnica de um predestinado e tem a inteligência de jogo mais do que suficiente para aliar os seus atributos às várias fases de jogo da equipa. O meu receio nem é se ele se vai perder ou não. O meu receio é se não irão saber lapidar correctamente este diamante em bruto. Escrevo isto, porque vejo muita gente a falar que finalmente temos um "8" que saiba transportar a bola. Não digo que o transporte, o drible seja importante. Se calhar a nível nacional é suficiente e basta para quebrar linhas defensivas fracas em organização e qualidade. Contudo, a nível europeu e internacional a forma mais correcta de quebrar linhas é com o passe e jogo posicional. Basta ver a forma como o Thiago Alcantara ou Iniesta jogam. Estes também são uns predestinados do transporte de bola, mas que invariavelmente recorrem ao passe. São esses princípios que espero que a equipa técnica encarnada saiba trabalhar na equipa e em particular com o Renato, pois estou certo que a evolução deste será ainda mais meteórica!
P.S.: «Felizmente a grande penalidade não foi necessária.» excelente Rui Vitória. A partir deste momento é apertar com eles e não deixar escapar nada.
Excelente análise. Quanto a mim o Benfica não esteve bem, na segunda parte, nas transições ofensivas. E isso deveu-se na minha opinião ao baixo rendimento neste jogo do Gaitan e do Guedes, talvez por cansaço. Está na hora de Vitória começar apostar no Carcela.
ResponderEliminarF.L., concordo contigo quando referes que o Vitória tem de começar a apostar no Carcela.
EliminarNo entanto, neste encontro, eu percebi o porquê da aposta em Jonas e do Jiménez. Com estes dois em campo, a defesa do Sporting de Braga nunca conseguiu verdadeiramente colar-se ao seu meio-campo que estava a pressionar a equipa do Benfica. Ou seja, criava um espaço entre a linha defensiva e o meio-campo do Sporting de Braga que mesmo assim originou alguns contra-ataques interessantes do Benfica. Apesar de tal como tu, também achar que têm de trabalhar mais as transições ofensivas.
Excelente análise. Quanto a mim o Benfica não esteve bem, na segunda parte, nas transições ofensivas. E isso deveu-se na minha opinião ao baixo rendimento neste jogo do Gaitan e do Guedes, talvez por cansaço. Está na hora de Vitória começar apostar no Carcela.
ResponderEliminarSobre o Gaitán, eu acho que lhe falta rotinas naquela posição. É preciso ser mais trabalhado ali, pois não pode ter os mesmos comportamentos que tem na linha, ou seja, reter demasiado a bola. Naquela posição tem de saber jogar simples, rápido e eficazmente.
EliminarDepois, pessoalmente olhando para as características dos jogadores, com o meio-campo com o Renato Sanches que também gosta de ter a bola no pé, penso que isso retira um pouco de jogo a Gaitán. Mas, tudo isto pode e deve ser trabalhado.
O Guedes precisa quanto a mim fazer apenas 60 minutos nos próximos dois a três jogos. Carcela é o substituto natural tanto para ele como até mesmo para o Gaitán (quando este joga na faixa). Já agora, com o Pizzi a retornar às origens, quiçá se já não encontrámos os dois extremos suplentes de Gaitán e de Guedes no 4-4-2 e até mesmo o extremo e o 10 no 4-2-3-1?
;)
fez-lo?
ResponderEliminarAgradeço-te "grammar nazi" ;)
EliminarVamos ver nos próximos jogos se Jonas continuará no banco ou se Guedes ou Pizzi sairão para a sua entrada e deslocação de Gaitan para a faixa . É a minha maior curiosidade . Eliseu é neste momento o elo mais fraco da equipa. Sem lesões Fejsa é um sério concorrente de Samaris. Sanches é um portento .
ResponderEliminarJonas será titular na Luz frente à Académica, é quase certo. Nesse contexto, gostava de ver um 4-4-2 com Pizzi na esquerda e Gaitán na direita. Isso iria proteger imenso o nosso jogo interior e melhoraria-o. É uma solução que já desde o defeso que venho pedindo.
EliminarSobre o Eliseu, é verdade que poderia ser melhor. Talvez com mais concorrência possa ouvir mais e não fazer apenas as coisas à sua maneira. Contudo, é importante notar que é um dos elemento da equipa com mais jogos nas pernas no último mês de trabalho. Penso que uma certa rotação poderia beneficiá-lo. Mas, quem?
Tentaria apostar no jovem Pedro Rebocho, por enquanto.