08 dezembro 2015

Será que o Renato Sanches é...


Sim e Não!


Na verdade, a pergunta correcta nem passa por saber se saber se jogador A ou B é melhor naquela posição, uma vez que todos os que temos à disposição apresentam vantagens e desvantagens do ponto de vista técnico. O que precisamos a meio-campo é de melhores princípios de jogo, rotinas mais bem trabalhadas e jogadores a entenderem perfeitamente quais as suas funções no decorrer das várias fases do jogo. O leitor está céptico quanto a isto? Então convido-o a ler as próximas linhas.

Ponto prévio: o Renato Sanches pode ajudar a resolver os problemas de meio-campo, porque simplesmente é um fora-de-série. A nível nacional, ele até poderá ser mais do que suficiente para fazer a diferença. Mas, num contexto mais exigente, com adversários de maior qualidade, como aqueles que o Benfica encontra a nível europeu na Liga dos Campeões, será necessário algo mais. E, esse mais não nos poderá ser dado por nenhum jogador que possamos ter ou vir a contratar, mas somente pelo o árduo trabalho de qualidade de treino e de preparação que a nossa equipa técnica possa dar.

Eu vejo e oiço muita gente, desde simples adeptos até ex-jogadores internacionais, passando por conceituados jornalistas desportivos, todos eles a defenderem a tese de que o Benfica precisa de um jogador a meio-campo que transporta a bola no pé para o ataque. E, dada as características para tal tarefa revêem-se no Renato Sanches, como seria de esperar. Mas, será que a solução mais correcta para o nosso problema na construção de jogo é essa?

Eu penso que não! Ter um jogador que se sinta confortável com a bola nos pés e que saiba transportar a bola é sempre uma vantagem para a equipa que o possua. Isto é um facto! Agora, fazer disso uma estratégia de jogo da equipa, acho demasiado perigoso e desaconselhável. Passo a explicar porquê. Primeiro, a equipa fica refém do jogador. O que acontece ao nosso jogo quando o jogador está num dia não? Ou quando se lesiona? Ou quando está impedido de jogar por critérios de indisciplina? Ou ainda, quando a equipa adversária consegue anular esse jogador? Pois é... lá se vai o nosso jogo! E depois, já alguém pensou bem nas consequências que tal tentativa de desequilíbrio ofensivo do nosso médio "8", ao transportar a bola nos pés para o ataque pode acarretar para a nossa defesa? Não? Então vejam a seguinte animação:

Consequências do transporte e perda de bola
por parte do médio "8".

Observação: uma das grandes críticas na primeira parte por parte dos comentadores do jogo entre o Benfica e a Académica na passada sexta-feira foi exactamente o porquê de Renato Sanches não transportar a bola para o ataque e de ficar constantemente de perfil com o Fejsa. A resposta está na animação. É que ao comportarem-se assim, estão a impossibilitar um possível desequilíbrio defensivo encarnado.

Conclusão: é necessário outro tipo de solução... uma solução mais colectiva!

6 comentários:

  1. Vai depender de onde estiverem os laterais e os extremos na altura em que se perde a bola. Uma boa equipa que se posiciona bem ofensivamente, não terá dificuldades em recuperar defensivamente. Uma coisa está relacionada com a outra.

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    1. Daí que tenha terminado com "uma solução mais colectiva". ;)

      A ideia deste artigo foi transmitir que há razões para que o médio "8" não seja sempre um médio de transporte de bola.

      Depois há que respeitar os vários momentos do jogo.

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  2. Neste momento o Lindelof parece-me ser o médio com maior capacidade de apoiar eficazmente um processo destes pela capacidade de física (força e velocidade) quer pela precisão na entrega de bola a curtas e médias distâncias. No entanto colocar os dois assim de chofre é irresponsável e impensável. Em jogos ganhos colocar os dois seria no mínimo interessante. Creio que Lindelof é um misto de Fejsa e Samaris nos seus melhores atributos.

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    1. O LLindelöf quanto a mim vai dar um excelente central. Mas, precisa de jogar para evoluir e no Benfica...

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  3. O Renato tem que jogar mais à frente, pressionando a saida de bola do adversário e não em linha com o Samaris / Fesja. Nessa pressão de bola, deve ser um dos médios / extremos que devem recuar, por exemplo o Pizzi. O Renato a pressionar alto (apoiado pelos avançados) vai implicar na maior parte das vezes que o adversário saia com a bola em progressão. Foi isso que o Koke / Gabi e Saul fizeram ao Benfica na terça feira.

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    1. No curto prazo e nestes jogos com adversários difíceis, concordo com a tua análise João Marques. Aliás, ele está habituado a jogar como "10" no 4-2-3-1 dos escalões mais jovens do Benfica.

      No final da primeira parte ontem, tinha tirado tanto a ele como ao Gonçalo Guedes de campo e entrariam, respectivamente o Samaris e o Mitroglou. No entanto, a meio da segunda parte, dei por mim a pensar que com aquela potência física toda que ele tem, seria ideal para jogar na posição do Pizzi ou até mesmo na do Gaitán, quando apostámos em 2 avançados declarados.

      Será que no onze titular em vez de ter jogado o Guedes tivesse jogado o Renato e, consequentemente, o Samaris no meio-campo as coisas teriam sido diferentes? Se calhar valia o teste... ;)

      Mas, o Renato precisa no médio prazo de fazer outras coisas em campo. A meu ver está demasiado formatado para jogar em transição (aquela forma de pegar na bola e ir para a frente é sintomático disso). Ele peca muitas vezes na forma como passa, para quem passa e o momento em que passa. E, isto tem de ser corrigido.

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