Tivemos ou não sorte no sorteio dos grupos da fase final do Campeonato Europeu de 2016 em França?
Olhando para os grupos e tendo em conta o potencial e os pergaminhos de cada selecção nacional presente nesta fase final, claramente podemos sair contentes deste sorteio. No entanto, atenção pois embora as selecções da Islândia, da Áustria e da Hungria possam parecer que ficariam em segundo ou terceiro lugar num grupo numa fase de qualificação, a verdade é que não ficaram. Veja-se o caso da Islândia que eliminou a Holanda. Ou o caso da Áustria que foi a segunda selecção a fazer mais pontos na fase de qualificação. Ou até a Hungria que já não estava presente numa fase final à 44 anos! Tudo pontos, que foram bem alertados pelo seleccionador nacional, conforme poderão ouvir no video abaixo. Aliás, eu penso que ele fez muito bem em colocar alguma água na fervura e colocar o seu semblante mais fechado quando colocaram uma toada de possível facilitismo no nosso grupo em França 2016.
Pessoalmente, olhando para as características destas equipas - tudo equipas de transição rápida e de bloco relativamente baixo - penso que teremos algumas dificuldades se não soubermos evoluir em termos de modelo de jogo da selecção nacional. É que estamos também habituados a jogar dessa forma. E, tendo em conta o nosso maior talento individual seremos, teoricamente, a equipa que terá mais posse de bola do nosso grupo e de forma natural. O problema é que isso irá levar-nos para um tipo de jogo que não estamos habituados se não prepararmos-nos a tempo. Aliás, é por esse motivo que tenho grande esperança que até à partida para França, o engenheiro possa projectar um Portugal muito mais dominador e controlador de todos os momentos de jogo e não apenas nas transições.
Uma possível ideia para o onze da selecção nacional para o Euro 2016 apontando a sua versatilidade e polivalência para os vários sistemas de jogo, apoiados num modelo de jogo de futebol total. |
Depois, há a questão de motivação dos jogadores, pois quer queiramos quer não, uma coisa é jogar frente a uma Inglaterra e Alemanha, como no Euro 2000, outra é com uma Islândia ou Áustria, mesmo que seja numa fase final de um campeonato europeu. É por isso necessário ter um trabalho de mentalização dos jogadores muito forte. Mas, quanto a isso, pelo discurso do Fernando Santos estou tranquilo. O que desejo é que sejamos campeões europeus e acredito que tal seja perfeitamente possível em França no próximo Verão. Temos o melhor jogador do Mundo (e que continuará a ser pelo menos o melhor jogador da Europa tendo em conta os candidatos à Bola de Ouro deste ano - o Cristiano Ronaldo é o único europeu no trio finalista) e uma mão cheia de jogadores de classe mundial como Ricardo Carvalho, Pepe, Fábio Coentrão, João Moutinho e Nani, assim como outra mão cheia de jovens jogadores talentosos que estão a despontar tais como Nélson Semedo, Rúben Neves, João Mário, Bernardo Silva, Gonçalo Guedes e, mais recentemente Renato Sanches (que poderá muito em breve chegar à selecção nacional), isto para não falar em valores seguros como Rui Patrício, Pizzi, Vieirinha, José Fonte,... entre outros que poderão surpreender, como Nélson Oliveira. Ou seja, temos um naipe de jogadores muito jeitoso para fazer um plantel de 23 jogadores de enorme qualidade para levar a França.
Para terminar, houve um aspecto que gostei imenso deste sorteio: iremos jogar em Paris e em Lyon, duas localidades com elevado número de imigrantes nacionais, principalmente nos arredores de Paris (veja aqui o calendário do Euro 2016).
Tivemos muita sorte, se não passamos em 1° lugar é uma vergonha.
ResponderEliminarEm relação aos onzes que colocaste, também gostava de ver o Fábio Coentrão a médio interior e a extremo, onde rende muito mais do que a lateral-esquerdo pelas qualidades técnicas que tem.
Mas não gosto nada de ver o Ronaldo como ponta-de-lança isolado, no Real jogou muitas vezes assim esta época na ausência de Benzema e foi um desastre, só voltou a jogar como sabe e a marcar desde que regressou àquele papel de extremo/avançado. Ronaldo sozinho na frente é um desperdício, não sabe jogar de costas para a baliza e é muito melhor quando parte de uma ala ou pelo menos quando vem de trás.
Também é verdade que não temos nenhum ponta-de-lança português de jeito actualmente, mas a verdade é que se queremos ter hipóteses de vencer o Euro temos de colocar o melhor jogador do mundo onde rende mais.
Acho que era uma boa ideia testar o sistema utilizado pelo Ancelotti quando ganhou a Liga dos Campeões pelo Real Madrid, que alterava entre o 4-3-3 e o 4-4-2, na nossa Selecção dava isto :
------------???------------
CR7--------------------Nani
------FábioC.---João.M-----
------------A.Gomes--------
-----------------???---------
----------CR7----------------
FábioC.------------------Nani
--------A.Gomes---JoãoM.-----
A.Gomes e Moutinho a fazerem de Alonso e Modric, respectivamente, Nani a fazer de Bale (menos rápido, mas muito mais forte tecnicamente, no 1x1 e na inteligência de jogo), Coentrão a fazer de Di Maria, CR7 com a liberdade de jogar como extremo e como avançado centro, e depois é a incógnita do ponta-de-lança...
O Bernardo Silva como falso 9 é bem pensado mas eu gostava mais de um 9 de raiz nessa posição, um jogador capaz de segurar a bola de costas para a baliza e assim abrir espaço para as entradas explosivas do CR7 com a bola no pé vindo de trás.
E também espero que o Guedes consiga ganhar algum espaço nesta Selecção até ao Euro.
Já agora, pensando bem o Nélson Oliveira podia ser uma excelente solução para o centro do ataque : rápido, móvel, forte fisicamente e tecnicamente. Mas já há muito tempo que não o vejo jogar e não sei como é que tem jogado esta época.
EliminarExactamente! O Nélson Oliveira é o mais parecido com o Benzema que temos. Mas, vamos lá ver como corre a temporada ao Nélson. Pelo menos, até agora, está a correr muito bem.
EliminarJá agora, o Nélson Oliveira é também o que mais próximo temos parecido com o Cristiano Ronaldo, pois também ele é um jogador que joga bem da faixa para o centro. Aliás, como fazia muitas vezes na formação e nas primeiras épocas de sénior. Mais, assim como o próprio Benzema fazia ainda quando estava no Lyon.
;)
Goleador SLB,
EliminarO ficar como "9" no desenho, não significa ter que jogar como um ponta-de-lança clássico. Aliás, olho cada vez mais para os melhores avançados do mundo, aqueles que são mais prolíficos e não vejo nenhum que seja da mesma estirpe futebolística de um Mário Jardel, por exemplo. Todos eles são jogadores que se enquadram mais na vertente de avançado móvel.
Depois de duas décadas, o Barcelona volta a apresentar um jogador baixinho e de aspecto frágil, capaz de jogar entre-linhas desfazendo aquela ideia pré-concebida de ter-se que jogar de costas para a baliza. Quase a ter que segurar o defesa central com o corpo para poder fazer uma recepção de costas para a baliza. O Cristiano se quiser até pode fazer isso e com enorme sucesso. Mas, o que defendo é um tridente muito móvel, quase sem posições fixas, onde todos eles podem deambular entre posições, apenas mantendo uma estrutura coesa no momento defensivo.
Gosto muito de dois modelos. Um deles tu já referiste que é o do Real Madrid do Carlo Ancelloti com a utilização do Fábio Coentrão como uma espécie de Di Maria no meio-campo. O outro modelo, é apoiado na forma de jogar do tridente do Barcelona.
É bem possível que o Fernando Santos possa querer seguir o caminho mais curto tentando adoptar o mesmo modelo do Real Madrid. No entanto, neste modelo faltará quem faça de Benzema. O Nélson Oliveira é uma opção, mas e depois o que fazer ao Bernardo Silva que tem tido uma evolução notável?
Este onze foi para colocar o que eu acho os melhores artistas nacionais, num onze equilibrado e para um modelo de posse de bola e pressão muito em cima do adversário (daí a presença de um médio-defensivo como central - Danilo Pereira).
Aliás, para este europeu apenas levaria dois centrais de raiz e dois avançados-centro de raiz, Danilo Pereira e William Carvalho, e Cristiano Ronaldo e Nélson Oliveira, respectivamente.