04 dezembro 2015

Em equipa que ganha...


Eis a grande questão para o jogo desta noite frente à Académica de Coimbra no estádio da Luz.



O embate caseiro desta noite, frente aos "estudantes" de Coimbra, colocará sobre a equipa de Rui Vitória a seguinte questão: manter a mesma equipa e sistema de jogo que actuaram tão eficazmente frente ao Sporting de Braga na segunda-feira passada, ou alterar para o formato original que tem apresentado nos jogos da Luz desde o início da temporada? Por outras palavras, apostar num 4-2-3-1 sem Jonas, mas como Gaitán a "10", ou fazer regressar o brasileiro ao onze e Gaitán à posição de extremo, num 4-4-2?

A análise fica um pouco mais complexa quando olhamos a médio prazo. De facto, na próxima terça-feira, o Benfica tem um importantíssimo encontro caseiro frente ao Atlético de Madrid. Encontro esse que decidirá não só a liderança do grupo - e a vantagem competitiva que trás para o sorteio dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, pois teoricamente quem fica em primeiro lugar irá jogar nos oitavos contra as equipas que ficam em segundo lugar, logo mais fracas - mas também, em caso de vitória são mais 1.5M€ nos cofres da Luz! Isto para não falar no prestígio que tal vitória traria para o clube e, porque não dizê-lo, para o próprio Rui Vitória. Atendendo que o Benfica vai realizar 3 jogos no espaço de 8 dias - Sporting de Braga na passada segunda-feira, Académica hoje e Atlético de Madrid na próxima terça-feira - e pensando que durante este período os atletas tenham tido direito a 2 dias de folgas, estamos a falar de 4 dias de treino efectivos, i.e., de 8 treinos (possivelmente mais dois ou três de activação nas manhãs dos encontros). Olhando desse prisma parece-me muito pouco tempo de treino para o Benfica mudar o seus sistema de jogo.

Parece não é? Mas, muitas vezes o que parece não é bem verdade. Um dos factores que tenho notado ao longo dos últimos 3 jogos encarnados, já efectuados após a paragem para as selecções nacionais, é que o Benfica não abandonou por completo o sistema 4-4-2, uma vez que estes jogos realizados tem de forma directa (Astana, com o Jonas e o Jiménez como dupla no ataque) e  indirecta (Sporting e Sporting de Braga, com o Gaitán a ser muitas vezes o segundo avançado ou a entrada de Jonas no segundo tempo, como em Braga) utilizado 2 avançados. Ou seja, a ideia não foi abandonada de todo. O que aconteceu foi uma adaptação da ideia face aos adversários nestes encontros. É como se tivessem trabalhado uma nuance táctica e não um sistema novo por completo. Ora isto faz cair a questão do tempo de treino. Outros factores para potenciar a mudança no onze e no sistema de jogo desta noite são os seguintes: (1) Jonas é o melhor avançado a actuar em Portugal, logo não pode ficar no banco; (2) a Académica joga em bloco baixo pelo que o Benfica precisa de jogar mais em ataque posicional o que privilegia o jogo de Jonas; (3) o Atlético de Madrid sem o seu melhor médio por lesão - o Português Tiago - acaba por ser uma equipa mais enfraquecida o que nivela o risco de jogar com dois avançados contra eles; (4) se o Benfica jogou em Madrid com dois avançados, sendo um deles o Jonas, e com o sucesso reconhecido, porque não haveria de fazê-lo em casa perante o seu público?

Realmente são argumentos fortes e é por eles que inclino-me a mexer na equipa que defrontará esta noite os "estudantes". Considero inclusive, uma grande oportunidade para fazer uns ajustamentos tácticos na equipa. A começar na defesa, penso que a inclusão de Lisandro no quarteto defensivo pode implicar maior agressividade da defesa no momento da perda de bola, evitando que a linha desça rapidamente. Com isto gostaria que o Lisandro marcasse em cima o Gonçalo Paciência, inclusive quando este recuasse para o seu meio-campo, logo no momento em que a Académica ganhe a posse de bola. Evitando que o filho do ex-craque do Porto e ex-treinador do Sporting - o Domingos Paciência - consiga rodar-se, o Benfica evitará cerca de 2/3 do perigo ofensivo da Académica. Neste contexto o controlo do espaço atrás da linha defensiva deve ser supervisionado tanto por Jardel como por Júlio César. Por falar em Jardel, este deverá estar também muito atento às dobras dos laterais, sobretudo ao Eliseu. Do lado do André Almeida estou mais descansado, porque este é um jogador tacticamente muito inteligente, ocupando bem os espaços com e sem bola durante os vários momentos de jogo.

Jogar com falsos extremos
é jogar com Pizzi
na ala esquerda...
... e com Gaitán
na ala direita.
É isto! 
O meio-campo é o sector onde mais mudanças faria. Em termos de caras E é aqui que reside a principal diferença: jogar com extremos falsos em vez de extremos clássicos. Sem um terceiro médio no centro do terreno (pois jogará o Jonas no ataque), se jogar com dois extremos clássicos não estou a conseguir concentrar jogadores no centro do terreno. E isso é fundamental conseguir fazê-lo, não só para poder trocar a bola nesses espaços, como também para recuperá-la rapidamente em caso de perdê-la. Por outras palavras, tendo mais homens no corredor central, acabaremos por prender a Académica e qualquer outra equipa no seu meio-campo defensivo, o que é óptimo para nós, pois estamos mais perto da baliza adversária. Mas, isso não quer dizer que tanto o Pizzi como o Nico joguem efectivamente atrás da dupla de avançados, numa espécie de 4-2-2-2. O que pretendo é que estes dois extremos partem da ala e ao fugirem para o corredor central, com ou sem bola, consigam criar desequilíbrios ofensivos. Quando sem bola e em momento defensivo puro, terão de recuperar a posição nas alas e assim criar duas linhas de 4 jogadores para suster o momento ofensivo puro do adversário. Relativamente ao jogo de transições, sobretudo defensivas, aquando da perda de bola, Gaitán e Pizzi devem pressionar imediatamente, assim como todo o resto da equipa a zona da bola, de forma a esta não conseguir sair daquela zona. Caso não seja possível, matar a jogada com uma falta técnica. Isto permite pura e simplesmente acabar com o jogo de transições do adversário.
novas, depois da conquista do lugar a "8" do Renato Sanches, daria a posição "11" a Pizzi. Notar que não dei a posição "7" (de extremo direito) ao internacional Português. Esta será do Nico.

Outra benesse a nível ofensivo desta dinâmica de extremos falsos, prende-se com o melhor aproveitamento dos nossos laterais ofensivos. Por exemplo, Eliseu e André Almeida podem com esta nuance táctica ter mais espaço nas alas para subirem e criarem desequilíbrios ofensivos nas alas. Por conseguinte, aumentarem as suas hipóteses de assistirem para golo a dupla de avançados encarnada. E por falar nesta dupla, eu apostaria em Jonas e em Mitroglou como titulares para este encontro. O brasileiro, na fase de construção deve descer entre-linhas ajudando o Gaitán e o Pizzi nessas acções quer com desmarcações, quer com combinações entre eles, enquanto o grego deve impor o físico sobre os centrais adversários. Por outro lado, deve-se ir alterando as funções entre esta dupla, criando continuas dificuldades de adaptação do sistema defensivo do adversário.

Depois a nível de gestão no banco de suplentes, há três jogadores que gostaria de ver actuar esta noite por diferentes motivos. O primeiro é o marroquino Carcela-González. Tendo em conta que Gaitán tem estado em decréscimo exibicional e até mesmo físico nos últimos encontros e com o aproximar do importante jogo frente ao Atlético de Madrid, a aposta no marroquino para o lugar do argentino, parece-me bastante plausível, para não dizer necessária. A adaptação de um modelo de jogo com falsos extremos visa também a fácil adaptação de Carcela ao jogo encarnado. Portanto, são só pontos positivos. Pelo menos 30 minutos teria comigo.

O segundo jogador a entrar na segunda-parte terá de ser um médio-centro. Existem três alternativas: Fejsa, Cristante e Talisca. Destes três eu apostaria - atenção, vem aí polémica - no Talisca. Quem sairia? Por mim sairia o Pizzi, indo o Renato ocupar a posição deste. Mas, porquê o Talisca e o Pizzi? Em primeiro lugar, pelo que vi na segunda-feira, Fejsa não precisa assim tanto de ritmo de jogo para poder estar a grande nível. Por outro lado, o Cristante é dos três médios aquele que está mais atrás uma vez que pouco ou nada tem jogado. Sendo assim, (a) porque não quero mandar o bom trabalho efectuado com o Talisca nos últimos meses para o lixo, (b) porque frente a um adversário como a Académica o baiano pode fazer a diferença no meio-campo a nível de passe e remate, (c) e porque jogará com o Samaris ao lado e o Sanches mais à frente sobre a esquerda, o Talisca é a minha aposta. Por outro lado, estou curioso para ver a reacção do baiano depois de ter sido ultrapassado pelo Sanches na titularidade no onze encarnado. Estou certo que irá querer mostrar algo ao treinador.

Para a terceira substituição pensei em reservá-la para Gonçalo Guedes, mas optaria para a entrada de Raúl Jiménez para o lugar do grego Mitroglou. Assim o jovem internacional Português poderia descansar este encontro e apresentar-se frente ao Atlético de Madrid a 110%, o que será fundamental dada a intensidade desse encontro. Por outro lado, jogando o Jiménez na segunda-parte tentaria que mesmo que o resultado já tivesse construído, que o mexicano procurasse ampliar ainda mais o marcador. Para o observador de Diego Simeone, isto só iria trazer mais dúvidas sobre quem jogaria de início no ataque encarnado, na próxima terça-feira, o que é bom para o Benfica.




P.S. 1: «Acho curioso porque, se calhar, nós aqui, contribuímos muito para essa parceria. Falámos tanta vez em nós, nós, nós que teve de ser a NOS a fazer este acordo.» foi com este cliché que Rui Vitória se prenunciou após perguntarem sobre o contrato de direitos televisivos. Pessoalmente, fiquei com um misto de sensações. Por um lado, gostei da indirecta que mandou a Jorge Jesus, dado que este aposta sempre no discurso do "eu". Contudo, acho que o Vitória deve tentar abster-se destas temáticas, pelo seguinte motivo: hoje o Benfica faz negócio com a NOS e amanhã poderá fazer com qualquer outra, e criando animosidades de qualquer espécie é fechar portas que possam ser muito interessantes. Sendo assim, acabou-se mais comentários sobre o negócio, pode ser Rui?

P.S. 2: Entretanto já saiu o onze titular encarnado para daqui a nada. Relativamente ao meu onze, surpresa na aposta na titularidade de Fejsa em detrimento do Samaris. Gosto, embora esteja curioso por ver como será a dinâmica da equipa.

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