29 novembro 2015

Até que enfim!


Já não era sem tempo que jogadores menos utilizados na equipa principal começassem a ganhar ritmo de jogo na equipa B!


A titularidade do internacional marroquino, Taarabt, na equipa B encarnada no jogo desta tarde, peca quanto a mim por tardia. Já há muito tempo que defendo esta abordagem e esta articulação entre as equipas A e a B do Benfica. Para ser justo, considero que a articulação entre estas duas equipas até é a melhor que existe em Portugal. Contudo, acho que pode melhorar muito mais, pois são mais as vantagens do que as desvantagens. Se não vejamos...

«Os jogadores da equipa A poderão considerar uma humilhação terem que jogar na equipa B?»
O tanas! Jamais aqueles que poderiam sequer poderem sentir-se humilhados, chegariam a esse nível competitivo. Depois, a passagem por uma equipa B nunca deve ser considerada como uma passagem definitiva, mas sim um espaço mais seguro e resguardado para os jogadores de equipa A poderem recuperar ritmo de jogo. Um exemplo, são os jogadores de equipa A que vêem de prolongadas lesões. O que será mais humilhante? Arrastar-se em campo na equipa A ou construir confiança e ritmo de jogo na equipa B? Eu penso que a resposta é óbvia.

Na forma como vejo as equipas Bs, cujo principal objectivo delas tem de continuar a ser o de completar a formação de jovens jogadores, ajudando-os na passagem ao futebol sénior, estas também têm de ser o espaço para dar aos reservas da equipa A tempo de jogo. Se considerarmos que um plantel é formado por 23 a 25 jogadores, se dividirmos um onze em guarda-redes, centrais, laterais, médios, extremos e avançados, verificamos que para cada dois titulares nesses sectores, o treinador terá pelo menos mais um jogador por sector no banco de suplentes. Em suma, teoricamente haverá sempre um núcleo de 15 a 18 jogadores da equipa principal que estarão com ritmo de jogo. Ora, isto significa que os restantes 5 ou 7 jogadores do plantel A terão pouco tempo de jogo, pelo que se houver uma lesão grave, um impedimento de última hora, uma suspensão,... não haverá um suplente preparado para cobrir o suplente que estará a cobrir o habitual titular. E, ao ritmo que os jogos vão surgindo (3 por semana) torna-se difícil ter tempo para preparar os jogadores suplentes dos suplentes para o jogo. É aqui que as equipas Bs podem fazer maravilhas. E, de facto têm-no feito no Benfica. Basta ver os casos de Jardel em épocas passadas, ou de Fejsa mais recentemente. No entanto, eu acho que pode ser feito muito mais e de forma mais regular. Como por exemplo, com o Taarabt, o Djuricic, o João Teixeira, o Cristante, o Lindelöf e muitos outros.

«Mas, se assim for como os miúdos poderão ter as suas oportunidades?»
Isso quanto a mim é uma falsa questão. Primeiro, porque fazer com que os habituais reservas da equipa principal tenham de jogar na equipa B não significa que tenham de jogar os 90 minutos ou a titular. Apenas significa que têm de jogar o suficiente para poderem ganhar ritmo de jogo. Segundo, não estou a exigir que joguem os 5 ou 7 dos reservas da equipa A. Apenas gostaria que pudessem jogar uns 3. Terceiro, temos de entender que a incorporação de jogadores mais maduros na equipa B, mesmo que de forma pontual, poderá ser uma vantagem para a formação e aquisição de competências dos jovens jogadores encarnados, uma vez que poderão mais facilmente passar a mensagem aos jovens jogadores. Afinal de contas, evolui-se muito mais quando existe uma certa heterogeneidade de experiências numa equipa, do que numa equipa B que mais não seja do que uma equipa de júniores versão 2.0.

Por exemplo, jogadores como Fejsa, Taarabt, Djuricic e outros, poderão não só ganharem ritmo de jogo, como também servirem de exemplos e até mesmo de referências de estilo de jogo para os nossos miúdos. Por outro lado, poderão ajudar a que a equipa B não seja tão vítima da inexperiência dos seus jogadores. Permitindo alguma segurança a nível de resultados desportivos que permita que o projecto continue no bom caminho. Por outras palavras, para que o projecto seja positivo à vista de todos e que os jogadores acreditem nele, é preciso vencer jogos, não todos, pois o objectivo não é esse, mas sim os suficientes para que o próprio grupo acredite no trabalho que estão a desenvolver com eles. Na realidade, ninguém gosta de jogar em equipas perdedoras... Ora, o atingir desse tipo de dinâmicas é onde o Benfica poderá retirar mais dividendos das suas equipas profissionais de futebol: a equipa A e a B. Caberá então a Rui Vitória e a Hélder Cristóvão conseguirem articularem esses equilíbrios, que nem sempre serão assim tão fáceis de ser gerido. Mas, se fosse fácil, acho que não teria o mesmo gozo, não acham?




P.S.: Quanto à exibição do craque marroquino na equipa B no jogo desta tarde frente ao Famalicão, foi positiva tendo em conta que ele não tem ritmo nenhum de jogo. Nota-se claramente os seus pés de veludo, mas existem muitos factores físicos que o impedem de elevar o seu jogo em alguns momentos, como por exemplo, nas transições defensivas e até ofensivas. Gostaria de vê-lo a jogar como falso extremo esquerdo... talvez quando tiver mais "pulmão".

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