... para termos consumado a cambalhota do marcador?
A eficácia
A verdade é que o Benfica não começou o jogo a jogar tão mal como muitos fizeram crer. Logo aos onze minutos o Benfica poderia ter chegado à vantagem no marcador num lance de contra-ataque rápido lançado por Pizzi, conduzido por Rafa e (mal) finalizado por Gonçalo Guedes, conforme podemos ver pelo vídeo seguinte.
Como é óbvio, tivesse esta bola entrado na baliza dos axadrezados e com toda a certeza que a história do jogo teria sido outra. Mas, também este lance demonstra que sentimos-nos bem em jogar em transições ofensivas. Por outro lado, este lance demonstra bem que a equipa de Miguel Leal não veio à Luz jogar 90 minutos em bloco baixo. Aliás, pelas imagens percebemos bem como os boavisteiros foram à Luz jogar de forma muito bem organizada, mantendo sempre a equipa compacta e delgada. Reparem quando a bola é recuperada, praticamente os onze jogadores axadrezados ocupavam a zona onde estava a bola, ou seja, a meia-direita do campo, deixando a meia-esquerda completamente vazia. Esta era a maneira que o Boavista tinha para dificultar ao máximo a construção de jogo do Benfica, sobretudo pelo lado mais forte dos encarnados: o direito, com Nélson Semedo.
A construção de jogo
Frente a equipas compactas e delgadas como este Boavista é preciso jogar rápido e com precisão. Rápido para que se consiga aproveitar os espaços livres do campo. Por exemplo, se a bola está no lado direito é preciso variar rapidamente para o lado esquerdo. O passe longo seria o ideal, mas é sempre o menos preciso. Por outro lado, a equipa axadrezada soube sempre jogar atrás da linha da bola para dificultar ao máximo esse tipo de passes. Contudo, o Benfica ao variar pelos seus centrais, demorava mais tempo, até porque estes estavam posicionados muito atrás, para que os passes fossem mais rápidos. Para além destes aspectos, mesmo os passes mais simples não foram precisos, conforme podemos ver pelo video seguinte. Aqui há uma imprecisão do passe de Lindelöf para o André Almeida, uma vez que o passe vai para as costas do lateral e não imediatamente para a sua frente. Isto obriga a que o jogador na altura da recepção fique de costas voltadas para o seu objectivo principal: a baliza adversária. O resultado, é devido à imprecisão do passe, tem que se reiniciar a jogada. Agora reparem, não é apenas o André Almeida e o Lindelöf que se desgastam, é todo o nosso ataque que sofre, como podem ver pelos movimentos dos jogadores do meio-campo e do ataque. O Lindelöf até é reconhecido pela sua precisão e qualidade de passe, mas neste jogo tal como muitos outros dos seus colegas (Pizzi então...) não esteve bem.
Notar também para o facto da linha de passe que o sueco tinha para o Rafa. Verdade que é sempre preferível um passe vertical em diagonal do que um passe vertical. Aliás, se virmos depois o que acontece mais à frente no vídeo quando o Nélson Semedo tenta solicitar o Salvio com um passe vertical, facilmente percebemos o motivo de tal afirmação. No entanto, neste caso, era mais importante o camisola 14 ter testado a zona central. É que o Boavista vinha basculando para do lado direito para o esquerdo do ataque encarnado, como tal, era importante, mantê-los um pouco mais concentrados no centro, para o André Almeida ter tempo para movimentar-se para uma melhor posição onde pudesse criar mais desequilíbrios. Um passe vertical, ligeiramente para a frente do Rafa, iria atrair a atenção do lateral direito axadrezado, assim como uma desorientação na passada do extremo direito deles. O Rafa sem oposição e com adversários a chegarem atrasados, poderia de primeira dar para o espaço livre na ala esquerda onde o Almeida se desmarcava, ou com uma recepção orientada criar algo para a zona central do terreno. É por esse motivo que o lateral se projecta colado à linha e o extremo vem para os meios-espaços. O lateral serve apenas para criar largura, funcionando como um engodo para o lateral e o extremo contrário. É na procura dos meios-espaços pelos nossos extremos que devemos procurar a ligação para a 2ª fase de construção de jogo. Por outro ponto de vista, o Lindelöf também poderia e deveria ter progredido com a bola controlada e quando fixasse o adversário passaria ao colega melhor colocado. Este é talvez o princípio mais básico e mais importante no futebol (princípio específico da penetração/progressão), que todos os jogadores em todas as posições, com a bola nos pés, devem executá-lo.
A verticalidade
Como referi atrás, é preferível quase sempre um passe vertical na diagonal do que um passe vertical puro (paralelo à linha lateral). Isso é algo que não acontece muito na equipa do Benfica. E, não acontece pela má identificação dos espaços que os jogadores devem ocupar nas várias fases de construção de jogo, ou se preferirem e para ser mais completo, nos vários momentos de jogo (que não incluem só a construção). O caso mais flagrante e recorrente é a parceria entre Nélson Semedo e Salvio. Embora para muitos esta é a melhor ala direita a funcionar em Portugal (o que não deixa de ser verdade), ela está muito longe de ser aquela máquina efectiva que todos nós pensamos ser. E, não a é porque pura e simplesmente os talentosos Nelsinho e Toto não são inteligentes na ocupação dos espaços, quer seja com e sem bola. O video seguinte demonstra precisamente isso, como poderão constatar por vós próprios.
Aqui vê-se uma tentativa de construção de jogo ofensivo pela lateral direita. Após passe de Samaris para o Semedo, este procura o Salvio à sua frente no mesmo corredor do que o lateral. O que está aqui mal com este passe? Tudo! Em primeiro lugar, se o corredor em que o Nélson está já tem uma marcação do extremo esquerdo adversário, ao endereçar a bola para o Salvio, vai atrair ainda mais adversários para esse corredor, congestionando ainda mais. Em segundo lugar, o Salvio sendo destro e a fazer a diagonal do meio-espaço para a direita vai ficar de costas para a baliza e no máximo terá que receber a bola de costas para os adversários o que é sempre mau. Logo, por aí é uma má ideia insistir no passe para o Salvio. Uma situação diferente seria o Nélson fazer um passe vertical mais largo para as costas da defesa esquerdo do Boavista, numa situação em que o Gonçalo Guedes solicitava esse passe com uma desmarcação para essa zona, ficando o Salvio fixo no meio-espaço. Mas, não é esse o caso. A intenção da desmarcação do Salvio para o flanco é abrir espaço para o Gonçalo Guedes no meio-espaço. Mas, este está bem coberto pelo médio-defensivo axadrezado. Fazendo esta leitura, o que o Nélson tem de fazer é jogar para o Luisão. Ou melhor, tem de passar para o Lindelöf, num passe médio e em lob para não ser interceptado pelo avançado adversário e assim fugir à armadilha táctica montada para quando o passe for endereçado para o Luisão. Para além dessas linhas de passe seguras, têm ainda a mais segura delas disponível: para o Ederson. Em suma, é fundamental não se precipitarem com a bola nos pés e jogar com calma e paciência para que os movimentos dos colegas entrem em sintonia com as dinâmicas de jogo e aí sim, arriscar-se mais no passe. Ao fazer isso não perderia a bola como acabámos por perdê-la de forma displicente. Isto aconteceu n vezes durante a partida e não apenas com Salvio e Semedo como protagonistas. Na segunda parte, com Cervi e Zivkovic aconteceu o mesmo, o que significa que o trabalho de treino não está a ser o suficiente ou o mais eficaz para os jogadores entenderem o que devem fazer. Neste contexto, recordo das palavras de Rui Vitória há menos de uma semana, aquando da antevisão do encontro frente ao Vitória de Guimarães, em que gostava que a equipa estivesse em várias frentes porque os jogadores gostam é de jogar. Pois bem, mas para além do ciclo recuperar-jogar, é preciso adicionar o treinar entre esses dois, ou seja: recuperar-treinar-jogar.
A linha defensiva
Analisando agora o comportamento sem bola da equipa, o que realça desde cedo nesta partida é o posicionamento da nossa linha defensiva. Seja por fadiga competitiva (cansaço e mental), seja por falta de concentração, a verdade é que a nossa linha defensiva esteve sempre muito desconexa do resto da equipa e muito atrasada relativamente aos movimentos do meio-campo e ataque. Frente a equipas compactas e delgadas como este Boavista, após a abertura de espaços (quando os jogadores fazem aquilo que na gíria se denomina de campo grande, tentando fazer um envelope que estique as linhas do adversário), quando a bola entra na segunda fase de construção (já dentro do nosso meio-campo), a nossa linha defensiva, não pode ficar tão atrás, e tem de subir rapidamente. Jogadores como o Lindelöf, que têm tendência para usar do princípio da penetração, i.e., subir com a bola controlada e queimar linhas na primeira fase de construção, de uma forma natural fazem subir a linha defensiva. O problema são os outros defesas que estão habituados a jogar na contenção, como é o caso do Luisão. Para estes o conselho que deixo é subirem tendo como referência o ponta-de-lança adversário, pois normalmente, se houver uma recuperação de bola do adversário, um dos primeiros passes do adversário será para este, pois funcionará como ponto de apoio (o chamado pivô ofensivo). Uma situação que espelha bem o que não pode acontecer, pode ser visualizada no video a seguir.
Neste lance, o Semedo sai à pressão sobre o extremo esquerdo do Boavista que joga com o seu interior, que por sua vez, vendo o seu ponta-de-lança entre-linhas e sem marcação, endereça-lhe rapidamente a bola para ele. A cobertura do Samaris poderia ser melhor, nomeadamente, cortar a linha de passe. No entanto, o erro maior aqui - e que aconteceu durante toda a partida - está na reacção da nossa linha defensiva. Ou melhor, está na sua inércia para reagir. Quando Semedo sai à pressão a linha tem de seguir esse movimento. De referir que se a linha já estivesse próxima do avançado, ao fazer esse acompanhamento com o movimento de Semedo, o mais certo era os dois avançados do Boavista caírem em fora-de-jogo. E, com isso anularia o ataque boavisteiro, para além de recuperar a posse de bola a meio-campo. Por outro lado, mesmo que o Boavista tentasse depois explorar as costas da defesa encarnada, elas estariam bem protegidas pelo Ederson e pela velocidade de Lindelöf.
A fadiga competitiva
Neste encontro também senti sinais de vários jogadores com fadiga competitiva. Não digo que estejam cansados fisicamente. Mas, mentalmente parece-me claramente que estão um pouco sobrecarregados. E, são três os nomes que aponto: Nélson Semedo, Victor Lindelöf e Pizzi. E, não é para menos. Nada mais, nada menos que mais de 2000 minutos jogados esta temporada. Só o Nelsinho tem mais de 2500 minutos, seguindo-se Pizzi já na casa dos 2400 minutos e depois vem o Victor perto dos 2300 minutos. Só para contextualizarmos um pouco estes números, o Messi tem até ao momento pouco mais de 2000 minutos de jogo e o Cristiano Ronaldo tem menos de 1900 minutos de jogo esta temporada. Estes dois costumam ser os jogadores mais utilizados todas as épocas, se bem que este ano tem havido uma gestão mais criteriosa com os mesmos. De qualquer maneira, dá para percebermos bem a diferença de utilização. A consequência, nem será tanto a nível físico, uma vez que o calendário nacional permite tempo mais do que suficiente para recuperar. O problema tem mais a ver com o que podemos ver no video seguinte.
Aqui vemos o Pizzi a tentar executar rápido e bem e a falhar um gesto técnico que ele faz com relativa facilidade. Ele teve inúmeros passes do mesmo género em toda a partida, assim como o Semedo e o Lindelöf, conforme vimos em vídeos anteriores. Não é que os jogadores sejam maus tecnicamente, não é isso. O problema é que a mente precisa também de descanso. Executar os mesmos gestos repetidas vezes durante vários jogos consecutivos leva a alguma saturação mental, que depois ressente-se nos erros. Por isso, é que embora muitas vezes o jogador parece estar bem fisicamente, ele está fadigado. Cabe à equipa técnica do Benfica gerir muito bem isto. Pessoalmente acredito, que o Pizzi e talvez o Semedo tivessem sido substituídos durante a segunda parte, caso o desenrolar do jogo tivesse sido diferente (ai se a bola do Guedes tivesse entrado...). Na antevisão a este encontro, tinha já feito referência a esta situação, nomeadamente, na gestão de esforço do camisola 50. Olhando para a forma como este termina o jogo de ontem, não tenho dúvidas que teria sido o mais sensato. Quanto ao Pizzi, é importante que o Rui proporcione mais tempo de jogo ao André Horta nos próximos tempos. Será importante para o camisola 21.
A inteligência emocional
Saber lidar com a adversidade está também relacionado com a inteligência emocional das pessoas. No futebol, como no resto da vida, tal não é diferente. Assim sendo, a melhor resposta dos jogadores encarnados ao antijogo do Boavista seria permanecerem calmos e jogar de forma paciente. Ao invés, parecia que mal tinham a bola, queriam que a mesma chegasse o mais rapidamente possível lá à frente, em passes sem nexo e que invariavelmente eram interceptados pelos boavisteiros. Ou então optavam sempre pelos caminhos mais complicados. E, isto para não falar na anarquia de movimentações que muitos já apresentavam em campo. Tudo isto, porque não conseguiram gerir bem o estado emocional em que se encontravam. Também porque a fadiga física de um jogo intenso estava a causar-lhes impacto. Por isso, nos minutos finais aconteceram coisas como o video exemplifica.
Muitas vezes depressa e bem não há quem é bem verdade. O Benfica até teve vários períodos em que foi paciente com Samaris e Pizzi a procurar as melhores soluções. No entanto, também houve muita precipitação destes. Ou quando não eram estes, eram os defesas. E, quando não eram os defesas eram os atacantes. Enfim, a sensação que se teve é que todos eles andaram dessintonizados desde o primeiro minuto de jogo. Contudo, a situação agravou-se precisamente quando toda a gente pensava que iriam sintonizarem-se, i.e., depois do golo do empate. Este foi ao minuto 67. Havia ainda muito tempo para o Benfica poder chegar à vitória. Faltou gerir o esforço. Faltou a equipa respirar fundo para um último fôlego de grande intensidade. Faltou acima de tudo discernimento mental para tal. Mas, faltou também muito treino. Senti a equipa despreparada. Que este jogo, tal como o jogo frente ao Marítimo sirvam de lição para melhorarmos o nosso jogo. Há ainda muito para melhorar.
A construção de jogo
Frente a equipas compactas e delgadas como este Boavista é preciso jogar rápido e com precisão. Rápido para que se consiga aproveitar os espaços livres do campo. Por exemplo, se a bola está no lado direito é preciso variar rapidamente para o lado esquerdo. O passe longo seria o ideal, mas é sempre o menos preciso. Por outro lado, a equipa axadrezada soube sempre jogar atrás da linha da bola para dificultar ao máximo esse tipo de passes. Contudo, o Benfica ao variar pelos seus centrais, demorava mais tempo, até porque estes estavam posicionados muito atrás, para que os passes fossem mais rápidos. Para além destes aspectos, mesmo os passes mais simples não foram precisos, conforme podemos ver pelo video seguinte. Aqui há uma imprecisão do passe de Lindelöf para o André Almeida, uma vez que o passe vai para as costas do lateral e não imediatamente para a sua frente. Isto obriga a que o jogador na altura da recepção fique de costas voltadas para o seu objectivo principal: a baliza adversária. O resultado, é devido à imprecisão do passe, tem que se reiniciar a jogada. Agora reparem, não é apenas o André Almeida e o Lindelöf que se desgastam, é todo o nosso ataque que sofre, como podem ver pelos movimentos dos jogadores do meio-campo e do ataque. O Lindelöf até é reconhecido pela sua precisão e qualidade de passe, mas neste jogo tal como muitos outros dos seus colegas (Pizzi então...) não esteve bem.
Notar também para o facto da linha de passe que o sueco tinha para o Rafa. Verdade que é sempre preferível um passe vertical em diagonal do que um passe vertical. Aliás, se virmos depois o que acontece mais à frente no vídeo quando o Nélson Semedo tenta solicitar o Salvio com um passe vertical, facilmente percebemos o motivo de tal afirmação. No entanto, neste caso, era mais importante o camisola 14 ter testado a zona central. É que o Boavista vinha basculando para do lado direito para o esquerdo do ataque encarnado, como tal, era importante, mantê-los um pouco mais concentrados no centro, para o André Almeida ter tempo para movimentar-se para uma melhor posição onde pudesse criar mais desequilíbrios. Um passe vertical, ligeiramente para a frente do Rafa, iria atrair a atenção do lateral direito axadrezado, assim como uma desorientação na passada do extremo direito deles. O Rafa sem oposição e com adversários a chegarem atrasados, poderia de primeira dar para o espaço livre na ala esquerda onde o Almeida se desmarcava, ou com uma recepção orientada criar algo para a zona central do terreno. É por esse motivo que o lateral se projecta colado à linha e o extremo vem para os meios-espaços. O lateral serve apenas para criar largura, funcionando como um engodo para o lateral e o extremo contrário. É na procura dos meios-espaços pelos nossos extremos que devemos procurar a ligação para a 2ª fase de construção de jogo. Por outro ponto de vista, o Lindelöf também poderia e deveria ter progredido com a bola controlada e quando fixasse o adversário passaria ao colega melhor colocado. Este é talvez o princípio mais básico e mais importante no futebol (princípio específico da penetração/progressão), que todos os jogadores em todas as posições, com a bola nos pés, devem executá-lo.
A verticalidade
Como referi atrás, é preferível quase sempre um passe vertical na diagonal do que um passe vertical puro (paralelo à linha lateral). Isso é algo que não acontece muito na equipa do Benfica. E, não acontece pela má identificação dos espaços que os jogadores devem ocupar nas várias fases de construção de jogo, ou se preferirem e para ser mais completo, nos vários momentos de jogo (que não incluem só a construção). O caso mais flagrante e recorrente é a parceria entre Nélson Semedo e Salvio. Embora para muitos esta é a melhor ala direita a funcionar em Portugal (o que não deixa de ser verdade), ela está muito longe de ser aquela máquina efectiva que todos nós pensamos ser. E, não a é porque pura e simplesmente os talentosos Nelsinho e Toto não são inteligentes na ocupação dos espaços, quer seja com e sem bola. O video seguinte demonstra precisamente isso, como poderão constatar por vós próprios.
Aqui vê-se uma tentativa de construção de jogo ofensivo pela lateral direita. Após passe de Samaris para o Semedo, este procura o Salvio à sua frente no mesmo corredor do que o lateral. O que está aqui mal com este passe? Tudo! Em primeiro lugar, se o corredor em que o Nélson está já tem uma marcação do extremo esquerdo adversário, ao endereçar a bola para o Salvio, vai atrair ainda mais adversários para esse corredor, congestionando ainda mais. Em segundo lugar, o Salvio sendo destro e a fazer a diagonal do meio-espaço para a direita vai ficar de costas para a baliza e no máximo terá que receber a bola de costas para os adversários o que é sempre mau. Logo, por aí é uma má ideia insistir no passe para o Salvio. Uma situação diferente seria o Nélson fazer um passe vertical mais largo para as costas da defesa esquerdo do Boavista, numa situação em que o Gonçalo Guedes solicitava esse passe com uma desmarcação para essa zona, ficando o Salvio fixo no meio-espaço. Mas, não é esse o caso. A intenção da desmarcação do Salvio para o flanco é abrir espaço para o Gonçalo Guedes no meio-espaço. Mas, este está bem coberto pelo médio-defensivo axadrezado. Fazendo esta leitura, o que o Nélson tem de fazer é jogar para o Luisão. Ou melhor, tem de passar para o Lindelöf, num passe médio e em lob para não ser interceptado pelo avançado adversário e assim fugir à armadilha táctica montada para quando o passe for endereçado para o Luisão. Para além dessas linhas de passe seguras, têm ainda a mais segura delas disponível: para o Ederson. Em suma, é fundamental não se precipitarem com a bola nos pés e jogar com calma e paciência para que os movimentos dos colegas entrem em sintonia com as dinâmicas de jogo e aí sim, arriscar-se mais no passe. Ao fazer isso não perderia a bola como acabámos por perdê-la de forma displicente. Isto aconteceu n vezes durante a partida e não apenas com Salvio e Semedo como protagonistas. Na segunda parte, com Cervi e Zivkovic aconteceu o mesmo, o que significa que o trabalho de treino não está a ser o suficiente ou o mais eficaz para os jogadores entenderem o que devem fazer. Neste contexto, recordo das palavras de Rui Vitória há menos de uma semana, aquando da antevisão do encontro frente ao Vitória de Guimarães, em que gostava que a equipa estivesse em várias frentes porque os jogadores gostam é de jogar. Pois bem, mas para além do ciclo recuperar-jogar, é preciso adicionar o treinar entre esses dois, ou seja: recuperar-treinar-jogar.
A linha defensiva
Analisando agora o comportamento sem bola da equipa, o que realça desde cedo nesta partida é o posicionamento da nossa linha defensiva. Seja por fadiga competitiva (cansaço e mental), seja por falta de concentração, a verdade é que a nossa linha defensiva esteve sempre muito desconexa do resto da equipa e muito atrasada relativamente aos movimentos do meio-campo e ataque. Frente a equipas compactas e delgadas como este Boavista, após a abertura de espaços (quando os jogadores fazem aquilo que na gíria se denomina de campo grande, tentando fazer um envelope que estique as linhas do adversário), quando a bola entra na segunda fase de construção (já dentro do nosso meio-campo), a nossa linha defensiva, não pode ficar tão atrás, e tem de subir rapidamente. Jogadores como o Lindelöf, que têm tendência para usar do princípio da penetração, i.e., subir com a bola controlada e queimar linhas na primeira fase de construção, de uma forma natural fazem subir a linha defensiva. O problema são os outros defesas que estão habituados a jogar na contenção, como é o caso do Luisão. Para estes o conselho que deixo é subirem tendo como referência o ponta-de-lança adversário, pois normalmente, se houver uma recuperação de bola do adversário, um dos primeiros passes do adversário será para este, pois funcionará como ponto de apoio (o chamado pivô ofensivo). Uma situação que espelha bem o que não pode acontecer, pode ser visualizada no video a seguir.
Neste lance, o Semedo sai à pressão sobre o extremo esquerdo do Boavista que joga com o seu interior, que por sua vez, vendo o seu ponta-de-lança entre-linhas e sem marcação, endereça-lhe rapidamente a bola para ele. A cobertura do Samaris poderia ser melhor, nomeadamente, cortar a linha de passe. No entanto, o erro maior aqui - e que aconteceu durante toda a partida - está na reacção da nossa linha defensiva. Ou melhor, está na sua inércia para reagir. Quando Semedo sai à pressão a linha tem de seguir esse movimento. De referir que se a linha já estivesse próxima do avançado, ao fazer esse acompanhamento com o movimento de Semedo, o mais certo era os dois avançados do Boavista caírem em fora-de-jogo. E, com isso anularia o ataque boavisteiro, para além de recuperar a posse de bola a meio-campo. Por outro lado, mesmo que o Boavista tentasse depois explorar as costas da defesa encarnada, elas estariam bem protegidas pelo Ederson e pela velocidade de Lindelöf.
A fadiga competitiva
Neste encontro também senti sinais de vários jogadores com fadiga competitiva. Não digo que estejam cansados fisicamente. Mas, mentalmente parece-me claramente que estão um pouco sobrecarregados. E, são três os nomes que aponto: Nélson Semedo, Victor Lindelöf e Pizzi. E, não é para menos. Nada mais, nada menos que mais de 2000 minutos jogados esta temporada. Só o Nelsinho tem mais de 2500 minutos, seguindo-se Pizzi já na casa dos 2400 minutos e depois vem o Victor perto dos 2300 minutos. Só para contextualizarmos um pouco estes números, o Messi tem até ao momento pouco mais de 2000 minutos de jogo e o Cristiano Ronaldo tem menos de 1900 minutos de jogo esta temporada. Estes dois costumam ser os jogadores mais utilizados todas as épocas, se bem que este ano tem havido uma gestão mais criteriosa com os mesmos. De qualquer maneira, dá para percebermos bem a diferença de utilização. A consequência, nem será tanto a nível físico, uma vez que o calendário nacional permite tempo mais do que suficiente para recuperar. O problema tem mais a ver com o que podemos ver no video seguinte.
Aqui vemos o Pizzi a tentar executar rápido e bem e a falhar um gesto técnico que ele faz com relativa facilidade. Ele teve inúmeros passes do mesmo género em toda a partida, assim como o Semedo e o Lindelöf, conforme vimos em vídeos anteriores. Não é que os jogadores sejam maus tecnicamente, não é isso. O problema é que a mente precisa também de descanso. Executar os mesmos gestos repetidas vezes durante vários jogos consecutivos leva a alguma saturação mental, que depois ressente-se nos erros. Por isso, é que embora muitas vezes o jogador parece estar bem fisicamente, ele está fadigado. Cabe à equipa técnica do Benfica gerir muito bem isto. Pessoalmente acredito, que o Pizzi e talvez o Semedo tivessem sido substituídos durante a segunda parte, caso o desenrolar do jogo tivesse sido diferente (ai se a bola do Guedes tivesse entrado...). Na antevisão a este encontro, tinha já feito referência a esta situação, nomeadamente, na gestão de esforço do camisola 50. Olhando para a forma como este termina o jogo de ontem, não tenho dúvidas que teria sido o mais sensato. Quanto ao Pizzi, é importante que o Rui proporcione mais tempo de jogo ao André Horta nos próximos tempos. Será importante para o camisola 21.
A inteligência emocional
Saber lidar com a adversidade está também relacionado com a inteligência emocional das pessoas. No futebol, como no resto da vida, tal não é diferente. Assim sendo, a melhor resposta dos jogadores encarnados ao antijogo do Boavista seria permanecerem calmos e jogar de forma paciente. Ao invés, parecia que mal tinham a bola, queriam que a mesma chegasse o mais rapidamente possível lá à frente, em passes sem nexo e que invariavelmente eram interceptados pelos boavisteiros. Ou então optavam sempre pelos caminhos mais complicados. E, isto para não falar na anarquia de movimentações que muitos já apresentavam em campo. Tudo isto, porque não conseguiram gerir bem o estado emocional em que se encontravam. Também porque a fadiga física de um jogo intenso estava a causar-lhes impacto. Por isso, nos minutos finais aconteceram coisas como o video exemplifica.
Muitas vezes depressa e bem não há quem é bem verdade. O Benfica até teve vários períodos em que foi paciente com Samaris e Pizzi a procurar as melhores soluções. No entanto, também houve muita precipitação destes. Ou quando não eram estes, eram os defesas. E, quando não eram os defesas eram os atacantes. Enfim, a sensação que se teve é que todos eles andaram dessintonizados desde o primeiro minuto de jogo. Contudo, a situação agravou-se precisamente quando toda a gente pensava que iriam sintonizarem-se, i.e., depois do golo do empate. Este foi ao minuto 67. Havia ainda muito tempo para o Benfica poder chegar à vitória. Faltou gerir o esforço. Faltou a equipa respirar fundo para um último fôlego de grande intensidade. Faltou acima de tudo discernimento mental para tal. Mas, faltou também muito treino. Senti a equipa despreparada. Que este jogo, tal como o jogo frente ao Marítimo sirvam de lição para melhorarmos o nosso jogo. Há ainda muito para melhorar.
E o número de vezes que os jogadores correm e chutam sem levantar os olhos do chão!
ResponderEliminarTantas vezes com companheiros mais bem colocados...
Não nos podemos queixar tanto disso neste jogo. Eu fiquei surpreendido pela assistência do Salvio para o Mitroglou no primeiro golo. Normalmente o argentino remataria directamente à baliza dos axadrezados naquela posição. Mas, ainda bem qje passou. É assim que manda as regras.
Eliminar😉
É curioso como ficas surpreendido com a decisão correcta de não rematar de um ângulo fechado com adversários pela frente que é o que o Sálvio e outros normalmente fazem.
EliminarAs oportunidades desperdiçadas e faltas de eficácia em alguns jogos, são muitas vezes devidas a decisões de olhos no chão, como agora aconteceu com o Gonçalo e com o André.
Talvez porque normalmente eles fazem o que o Almeida fez num lance em que se isolou frente ao guarda-redes do Boavista. 😉
EliminarNão vou tanto com os "olhos no chão". Acontece que há muita imaturidade na frente de ataque. Depois há também uma tendência para a individualidade por causa da concorrência que existe. Mas, já está melhor...
"recordo das palavras de Rui Vitória à menos de uma semana" falta h
ResponderEliminar"que depois recente-se nos erros" é com dois ss
Obrigado "grammar nazi". Já está corrigido. ;)
EliminarA culpa foi minha que não pude ver o jogo para depois vir aqui falar. Mil desculpas! ;)
ResponderEliminarShame on you! Vê lá se não perdes o próximo jogo, ok? ;)
EliminarBem, que tratado de futebol! Sempre a aprender contigo - obrigado.
ResponderEliminarDa minha perspectiva de leigo, parece-me que este teu texto vai de encontro a uma impressão que tenho e já manifestei na blogosfera benfiquista: dos quatro momentos do jogo, o nosso ataque organizado é, de longe, o momento que mais limitações tem e mais precisa de melhorar...o que, lá está, implica muito treino táctico e menos dependência das grandes individualidades que temos...
Não será também por isso (ataque organizado pobre para a bitola do Benfica) que, dos seis jogos que começámos a perder este ano, não conseguimos ganhar nenhum? É que nesse contexto, o nosso futebol de transição rápida tem menos probabilidades de sucesso, uma vez que os adversários se fecham mais e descem o bloco.
Carreguem Benficas!! ;)
Penso que o problema tem a ver com a imaturidade da maioria dos nossos jogadores de ataque.
EliminarNeste primeiro semestre só pudemos contar praticamente com o Salvio, que vinha de paragem prolongada. Jonas esteve no estaleiro e é somente apenas o jogador mais inteligente do campeonato nacional. Nem mesmo Mitroglou e o Raúl pudemos contar por mais do que três jogos seguidos. Ou seja, tivémos que recorrer a miúdos como o Gonçalo Guedes que está a aprender um novo ofício, e o recém chegado Cervi que apesar da boa adaptação defensiva, ainda não conseguiu dar consistência ao seu futebol ofensivo, tendo imensas dificuldades em entender o que deve fazer quando se joga em ataque posicional.
Já o Rafa e o Zivkovic quando começaram a dar nas vistas tiveram logo lesões. Por outro lado, Carrillo também tem estado muito tímido. É uma questão de ganhar confiança, mas com tanta qualidade à disposição de Rui Vitória tem sido preterido, e quanto a mim bem.
Depois a lesão dos nossos dois laterais esquerdos dificulta um pouco a consolidação dos processos de saída para o ataque, segundo o actual modelo (daí que defenda também uma variante - a do 3-4-3).
Tendo em conta o trabalho já feito com estes miúdos que percebem bem o trabalho defensivo que têm de efectuar, penso que estamos preparados para a próxima fase.
A partir de agora, para mim o treino da equipa deveria passar por maior foco em dois momentos do jogo: o ataque planeado (jogo de posição ou momento ofensivo puro) e a transição defensiva. Podendo fazer algumas variações consoante os adversários.
Acho que se a nossa linha defensiva for muito atenta e jogar ainda mais próxima do nosso meio-campo, conseguimos anular 90% dos contra-ataques adversários. Temos jogadores para isso. E, para mais, temos um Ederson (e até Júlio César) que poderão funcionar como varredores (tradução de "sweepers") defensivos, nas costas da linha defensiva.
;)
Ora aí está! Concordo com tudo.
EliminarSó o 3-4-3 é que me inspira algumas reservas...por um lado, quase nunca se viu em Portugal ou no Benfica - e aqui é puro 'preconceito' da minha parte, ou se quiseres, resistência à mudança; por outro, e pressupondo que os alas do 4 do meio-campo seriam, estando disponíveis e em condições, Nelson Semedo e Grimaldo, o 3-4-3 iria deixar demasiados talentos ofensivos de fora do onze - de um grupo com Jonas, Mitroglou, Jimenez, Guedes, Salvio, Rafa, Zivkovic, Cervi e Carrillo, só 3 poderiam jogar. Como para mim Jonas e Mitroglou são obrigatórios, sobra um lugar vago para todos os outros...
;)
Neste momento, nenhum dos dois são obrigatórios, porque não estão verdadeiramente a 100%. O problema do Benfica não está na linha da frente. Está na construção de jogo.
EliminarSe reparares bem, o Boavista teve muito bem em colocar as nossas dificuldades na 1ª fase de construção. Algo é preciso mudar. Para mim, um tridente defensivo composto por Lindelöf, Lisandro e André Almeida, por exemplo, poderia impulsionar a qualidade nessa fase.
Melhorando essa fase, a bola conseguirá chegar à segunda fase de construção em melhor qualidade, o que fará a diferença na terceira fase, a finalização.
Mesmo no 3-4-3, continuo a ver 4 posições para o qual esses jogadores poderão contribuir. Por exemplo, penso que para o Salvio e o Cervi seria positivo jogarem colados à linha, assim como o Carrillo. Já Rafa, Guedes e Zivkovic teriam enorme vantagem, porque poderiam ter bola nos meios-espaços onde são verdadeiramente perigosos (Guedes pela aceleração, Zivkovic pela decisão e Rafa por ter potencial em ambas). Aqui poderia jogar com dois ou apenas com um dependendo de jogar com Mitroglou, ou Raúl juntos com o Jonas.
Na realidade, é um pouco como o António Conte faz no Chelsea, com o Mosés à direita (Salvio poderia ser a solução), e com Hazard (Rafa) e Pedro (Guedes). Para Diego Costa preferia o Raúl, mas também temos o Jonas.
Depois, não te podes esquecer que tens Samaris em campo e não o Fejsa. O tridente defensivo é também para compensar isso.
;)
Ok, já percebi o 'equívoco' - tu estás centrado no momento presente e respectivas indisponibilidades; eu, um idealista incorrigível ;), estou a pensar num contexto em que temos todos disponíveis.
EliminarMesmo assim, não concordo que Mitroglou não esteja a 100% - acho que só precisa de jogar consistentemente com Jonas no onze inicial para ser o Mitrogolo do ano passado. E relativamente a Jonas, acho que não está a 100%, mas está perto e chega lá num instante se estabilizar a dupla com Mitro no onze inicial. Portanto, e porque não vejo em nenhum dos extremos perfil para fazer a ala do meio-campo (com a possível excepção de Cervi, e não para todos os jogos...), do 'meu' tridente ofensivo deste 3-4-3, sobra só um lugar para Zivkovic, Rafa, Cervi, Guedes, Salvio, Jimenez e Carrillo (por ordem decrescente de preferência)...e também implicaria 'desviar' o Jonas da zona de criação de jogo interior e de finalização pelo centro para uma das alas do tridente ofensivo, o que não me agradaria, mesmo sabendo que Jonas seria sempre um 'falso ala'...
Regardless: debate estimulante e interessante aqui, como sempre ;) obrigado por essa oportunidade!
Abraço ;)
Só uma adenda: também defendo a saída a 3 no nosso ataque organizado. Só que a partir de um 4-1-3-2 (maioria dos jogos) ou 4-3-3/4-4-2 losango (Champions, clássico, derby). Como aliás fazemos em muitos jogos, embora não tão consistentemente nem tão bem como nos tempos de JJ - na minha opinião.
EliminarRepara quem tinhas na altura e quem realmente tens actualmente. E, quando digo actualmente, digo aqueles que estão disponíveis.
EliminarO Cervi, por exemplo, ainda não é um Di Maria a jogar pela esquerda. Faz o seu trabalho sem bola, mas com bola, as suas decisões são no mínimo esforçadas. E, eu gosto dele. Só que é ainda muito menino a ver o jogo. Depois, agora tens o Samaris que é um médio "10" de raiz e que está adaptado a médio "6" no Benfica, muito devido às suas características físicas. Para mim é injustamente criticado pelos seus maus passes, mas a verdade é que a equipa no modelo de Jesus acaba por ficar demasiado previsível se a construção de jogo for sempre dos mesmos.
Por fim, quero fazer uma chamada de atenção. Hoje em dia, a bem da verdade, já não podemos falar em sistemas únicos. Se repararmos bem, a saída de bola do Benfica na sua zona defensiva, é baseada no 3-4-3, aliás, o próprio Sporting do Jesus e o Porto do NES apresentam essa estrutura. Depois consoante os outros momentos eles vão adaptando estruturas diferentes. É aquilo que eu denomino de sistemas híbridos.
Claro, referia-me só à saída a três no início da construção.
EliminarCervi obviamente (ainda) está muito longe de ser um Di Maria, mas faz-me lembrar dele, como Zivkovic me lembra Nico Gaitán.
Finalmente, claro que os sistemas hoje não são únicos - até aí ainda chego ;). Por isso, disse 'a partir de um 4-1-3-2'.
O Ziv e o Rafa vai ser só chocolate daqui a um ano. São jogadores de qualidade mundial.
EliminarAinda sobre o 3-4-3 e outros sistemas. O que interessa são os princípios de jogo e não tanto o sistema. Nós é que temos muita tendência para ver o 3-4-3, como laterais adaptados a alas, mas o mesmo pode acontecer com extremos adaptados a alas. O que interessa são as características dos jogadores. É aqui que enquadro o Salvio e o Cervi, pois aliam a uma disponibilidade física invejável, uma verticalidade interessante nos seus jogos. Ambos parecem-me mais imaturos na definição, daí que essa posição seria a ideal para estes, pois a única decisão que teriam de fazer seria a do cruzamento na linha, ao contrário de jogarem nos meios-espaços. Não quer dizer que possam evoluir para jogarem nessa zona do terreno. Mas, tendo em conta as opções e necessidades da equipa, era aí que os testava neste momento.
No fundo, também podemos ver esse 3-4-3, como um 3-2-5 ou um 3-3-4, em ataque posicional. O terceiro elemento no meio-campo poderia ser completado ou por um Jonas a combinar com o Pizzi, ou por um Rafa ou Zivkovic.
Numa variante ainda mais ofensiva, seria introduzir Semedo ou Grimaldo como um dos homens do tridente defensivo, um pouco à imagem do que o Guardiola fez com Lahm e Alaba no Bayern Munique. Mas, tendo em conta o potencial do Lindelöf e de André Almeida na construção de jogo não vejo haver assim tanta necessidade.
Outra coisa que gostava de partilhar contigo, é que não vejo a equipa como algo estanque, i.e., que tenha de haver um onze titular. Penso que essa perceção foi criada por décadas em que não havia possibilidade de substituição dos jogadores em campo, por um lado, e por outro porque até à bem pouco tempo, era impossível um plantel ser tão homogéneo em termos de qualidade como agora existe (por outras palavras, o fosso entre os grandes e os pequenos em termos de qualidade é cada vez maior - só não se manifesta muito mais, porque o conhecimento do jogo e do treino está muito mais democratizado).
Por fim, sobre o Mitroglou. Acho-o muito passivo no jogo e muito perdulário. Também acho que não tem sido servido com a regularidade que deveria estar a ser servido (Cervi, Salvio e Guedes têm poucas assistências para o grego). Acho também que a parceria entre ele e o Guedes tem muito para dar ainda, uma vez que o miúdo também ele está a evoluir naquela posição. Com o Jonas, já existe uma química e conhecimento. Mas, há outras parcerias que penso que poderão funcionar. A já abordada com Guedes, mas também uma que deverá ser o futuro a médio prazo, caso ambos continuem por cá: Rafa e Mitro.
Já agora, entre o Mitro e o Raúl prefiro o mexicano.
=P
Ok agora vou espreitar o programa de humor involuntário que começa às 20h15 ;) depois voltamos a estas coisas sérias :D
EliminarCarrega Chaves!!
=D
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