02 fevereiro 2017

Reflexões acerca da contratação do...


... para reforçar o nosso meio-campo.


Apesar de verificar alguma desilusão e preocupação em muitos adeptos Benfiquistas que, inclusive, já mereceram algumas piadinhas, uma vez que estariam à espera de uma contratação mais sonante para reforçar o meio-campo encarnado, tenho de tecer umas quantas considerações sobre isso.

Danilo foi emprestado ao
Standard de Liège, neste defeso.
Em primeiro lugar, devemos olhar para o que temos no plantel. Neste momento, Rui Vitória pode contar com 5 médios que podem jogar como médio "6" e "8" se for necessário. São eles: o Fejsa, o André Almeida, o Samaris, o Pizzi e o André Horta. Tanto Danilo como Celis saíram neste defeso de inverno, mas também temos de perceber que estamos neste momento envolvidos em menos competições. Estamos a falar de 5 jogadores para duas posições de campo. Estamos a falar de 4 jogadores consagrados e mais um projecto de jogador, o Horta. Estamos a falar de 5 jogadores que podem fazer mais do que duas posições em campo, e por isso são polivalentes. Penso que por aqui há uma certa redundância, que nos permite ter alguma segurança, no que respeita a situações substituição.

Já o Celis foi para o Vitória de Guimarães, também por
empréstimo.
Em segundo lugar, temos de perceber quais são os planos "A" e "B" de jogo do Benfica. Como plano principal, o Benfica irá na maioria dos jogos adoptar a configuração habitual de 2 médios. Um mais encarregue das funções defensivas e outro das ofensivas. Para as tarefas de "sapata" as opções regulares têm sido o Fejsa, o Samaris e até mesmo o André Almeida, por esta ordem, se bem, que este último tem sido utilizado ultimamente a lateral esquerdo. Contudo, as contratações de Pedro Pereira e de Hermes, mas também a recuperação de Eliseu, poderá mudar esta situação devolvendo o Almeida ao meio-campo. Já para as tarefas "criativas" as soluções são Pizzi e André Horta. Depois há ainda o grego Samaris que na selecção grega joga a "8" e até a "10". Ou seja, mesmo com Pizzi e André Horta lesionados, há alguém capaz de fazer a posição. Depois, para o plano secundário, o Benfica deverá jogar num 4-2-3-1, ou seja, deverá introduzir um trequartista no meio-campo. Foi assim que jogou contra o Besiktas e o Nápoles para a Champions no primeiro semestre desta temporada. Para essa posição as opções multiplicam-se para além das tradicionais Pizzi e André Horta: temos pois Rafa, Zivkovic e Cervi, que até jogou aí frente aos turcos na Luz. Já para não falar no recuo declarado do Jonas para fazer essa posição.

Samaris e Fejsa são as referências para a posição "6".
Em terceiro lugar, temos de alinhar pensamentos e verificar que Fejsa, Samaris e Pizzi são os jogadores referência da nossa equipa no meio-campo. Eles são os porta-estandartes do nosso meio-campo e da nossa carteira de investimentos, mas também, sendo 3 jogadores para duas posições (na maioria das vezes), não é sensato contratar mais um jogador de topo. Este significaria mais um forte investimento, significaria também um volumado vencimento, ou seja, aumentaria os nossos custos. E, isto é algo que não desejamos, sobretudo, face ao facto que a aposta que fizemos foi realmente naqueles 3. Agora, posso até aceitar os vossos argumentos que preferiam A, B ou C para o lugar que ocupa X, Y ou Z. Mas, não é isso que acontece e convém aceitarmos um pouco o que temos e construir sobre isso. Mas, em vez de um jogador consagrado fossem buscar um jovem com potencial? Duas coisas: já temos esse jovem com potencial (chama-se André Horta) e mais um projecto de jogador poderia ser insustentável nesta fase da época onde precisamos de apresentar resultados e não ensinar um miúdo em como se movimentar no meio-campo. Reparem, se enfrentarmos a direcção, esta vai-nos mandar à cara o seguinte: "Mas já olharam para o rendimento destes três? O Fejsa é o melhor médio defensivo em Portugal, o Pizzi o melhor médio box-to-box neste momento e o Samaris é um excelente jogador, o que querem mais? Não podemos entrar em mais loucuras. Para além disso, como querem ter espaço para miúdos como o André Horta poderem crescer, se vamos tapar com mais jogadores de topo? E, mais uma vez, quem paga isto tudo, se depois vocês criticam-nos por causa do aumento do passivo?"

Já Pizzi e André Horta são para a posição "8".
Mas, então onde é que o Filipe Augusto poderá ser visto como uma boa contratação? Aqui, começo por dizer que financeiramente vem, basicamente, a custo zero e isto é um ponto a favor muito importante. Qualquer outro jogador, desde o Mattheus que fiz referência à pouco tempo aqui, até ao Hernanes que eu sonhava no início da temporada, obrigaria o Benfica a abrir os cordões à bolsa, o que não estou a ver fazermos pelos motivos que já referi atrás. Nem acho muito sinceramente, face a esta hipótese de baixo custo, fosse muito sensato. Isto não invalida que o Rui Costa, não apalavre já o negócio Mattheus para o verão, porque realmente o miúdo vale a pena. Fica aqui o conselho.

Filipe Augusto é uma solução de baixo risco, mas
também de grande qualidade.
Depois, não é apenas a questão financeira. O Filipe Augusto é aquilo que os brasileiros chamam de segundo volante. Na prática é um médio "8" de sistemas como o 4-2-3-1, conforme podemos depois confirmar pela interpretação das palavras do seu ex-treinador Paulo Fonseca, que ainda faz uma comparação com o Pizzi: «É claramente um oito, tem grande qualidade técnica, um pé esquerdo fabuloso. Lida muito bem com situações de pressão, é muito forte ao nível do passe e inteligente do ponto de vista táctico. Pizzi é mais dinâmico, mais rápido, Filipe Augusto é mais posicional, um jogador mais de passe. O Benfica contrata um bom jogador e um homem muito responsável.» Ora, pode parecer que não, mas entramos numa fase delicada da temporada, onde iremos defrontar equipas de nível idêntico ao nosso, pelo que o mais provável será jogarmos mais vezes no tal plano B. E, é aqui que entra bem esta opção do Filipe Augusto. No entanto, ele poderá também ser uma alternativa para a posição "8", tal e qual como o Samaris poderá ser. Mas, para tal, o modelo de jogo do Benfica deve alterar ligeiramente para cobrir as diferenças de estilo destes dois, face aos de Pizzi e de André Horta. Aliás, eu até vejo que essas possíveis mudanças poderão contribuir para ultrapassar o mau momento do futebol encarnado, uma vez que mais do que ter capacidade de transportar a bola no meio-campo e criar algo com isso, talvez fosse mais importante, maior circulação e movimentação em espaços reduzidos para criar espaços e oportunidades de penetração para outros jogadores surgirem. Por exemplo, o Jonas, é um jogador que poderá ganhar outro dinamismo com um Filipe Augusto por trás dele.

É bom saberem que o Filipe Augusto é jogador que passou
praticamente por todas as selecções jovens do Brasil.
Por fim, temos de entender, que embora o Pizzi e o André Horta aparentemente estejam lesionados, estarão assim pouco tempo, logo as oportunidades para o Filipe Augusto serão limitadas, porque aqueles são as referências e as apostas do clube. De qualquer forma, isto dará o espaço e o tempo necessários para o jovem brasileiro entrosar e acabar por entrar na equipa. Trata-se pois de uma aposta de baixo custo, logo de baixo risco. Mas, também de enorme potencial (pois é um jovem internacional das camadas de base do Brasil), para uma posição que se o Benfica vender o Samaris e/ou o Fejsa no verão, poderá ter já uma solução com meia época de trabalho. Depois, pelo discurso vem com imensa vontade de trabalhar e aprender. E, quanto ao histórico de lesões? O baixo custo penso que valerá o risco, assim como a confiança do trabalho do Benfica Lab.



28 comentários:

  1. Viva, PP!
    Boa análise. Obrigado.

    Do pouco que conheço do Filipe Augusto gosto do passe, da forma como consegue dar velocidade ao jogo através de passes verticais ou diagonais. Se for forte na recuperação e na marcação poderá ser uma boa alternativa para 8.

    Que assim seja!

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    1. Boas Miguel!

      Esqueci-me de mencionar que ele também é muito forte nas bolas paradas, sobretudo nos pontapés de canto e nos livres indirectos. Tem um pé esquerdo com muita qualidade.

      Há um jogador que vejo na mesma linha dele: o Luiz Gustavo, também internacional brasileiro.

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  2. Oi PP

    O Filipe Augusto é um bom jogador com escola e muita qualidade técnica mas para mim falta-lhe capacidade de sair jogando queimando linhas como faz Renato , Enzo , Pizzi ou Witsel para mencionar os últimos que jogaram nessa posição e que me parece ser muito importante numa equipa como a nossa.Por isso acho uma contratação um pouco redundante a não ser que já esteja se antecipando a saída de Samaris no final de época

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    1. Fernando, tens o Pizzi e tens o André Horta para esse tipo de jogo. Já agora, e porque falas do Witsel, sempre achei o belga bem mais posicional que o Enzo ou o Renato e não é para menos. O Enzo era um extremo, tal como o Pizzi. Já o Renato era um "10" nos escalões jovens, um "10" que jogava atrás do avançado, num sistema de 4-2-3-1, o que é o mesmo com o André Horta e até mesmo o João Teixeira.

      Agora é preciso percebermos que se calhar não precisamos de um transportador para aquela posição. Este ao avançar poderá colidir e destruir o espaço onde apareceria o Jonas e onde agora poderá aparecer o Zivkovic e o Cervi. Isto para não falar que desta forma ficamos teoricamente mais robustos face às transições defensivas.

      Tentando comparar com o meio-campo de luxo do Barcelona de Guardiola, o Filipe Augusto irá ocupar a posição do Xavi. Também este embora móvel, não era um transportador. Essas tarefas deixava para o Iniesta e para o Messi. Repara como muitas vezes o Iniesta até jogava a falso extremo esquerdo. Este seria o nosso equivalente ao Zivkovic. Por outro lado, o Leo seria o nosso equivalente ao Jonas, por exemplo. Sei que os sistemas são diferentes, mas as funções dos jogadores poderão ser semelhantes.

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  3. Compreendo seu ponto mas temos que olhar a qualidade individual dos jogadores . Por exemplo Witsel era mais posicional mas tinha uma capacidade de condução de bola fantástica . E isso eu acho que é necessário , alguém que quando tudo está amarrado seja capaz de criar desequilíbrios entrando pelo centro.
    Entendo a comparação com o Barcelona mas as diferenças de qualidade individual são demasiado grandes.

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    1. Eu acho que estás a agarrar-te muito às qualidades dos jogadores, quando tens de olhar de forma mais global.

      Fizestes duas grandes apostas para a posição "8" esta temporada: o projecto de médio prazo com o miúdo André Horta e o investimento de 14M€ em Pizzi. Estes são os jogadores do plantel que têm essas características que defendes.

      Verdade que o Pizzi está agora com mazelas e o André Horta está a recuperar. No entanto, estamos a falar de dias para estarem em condições de jogar.

      Para contratar outro jogador com essas características, temos de recordar que o mercado de inverno é o mais inflacionado que existe, porque os alvos que nos são apetecíveis do ponto de vista desportivo, são aqueles cujas suas equipas não estarão muito disponíveis para abrir mão, pelo valor do atleta, mas sim por um valor extra.

      Depois, se fores aos jogadores menos utilizados nas suas equipas, mas que possuem as características que pretendes, eles vêm para cá sem qualquer ritmo de jogo. E, tu precisas deles para entrar e renderem logo.

      Por outro lado, se fores aos jogadores mais jovens, estes terão pouca experiência e tu já tens investido tempo de treino específico para o Horta e, não podes desmultiplicar-te mais para essa possível nova solução.

      Por isso, mesmo a solução teria que ser uma que apresentasse risco mínimo, mas que pudesse vir a ser uma boa solução no futuro.

      Outra possível solução seria um empréstimo de um jogador de créditos firmados e que por um motivo ou outro quisesse sair do seu clube e vir para a Luz. Mas, isso seria uma situação caso, por exemplo, o Samaris saísse. I.e., mesmo esse empréstimo seria um jogador caro, pelo que é necessário que a rentabilidade desse jogador o justificasse.

      Por isso é que acho que esta contratação do Filipe Augusto pode ser benéfica, porque ao que parece é de baixo custo e o jogador tem qualidade e potencial para desenvolver outras qualidades, logo acarretará um risco mínimo.

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    2. Globalmente não discordo da contratação . Quero dizer , é uma boa contratação a médio prazo . Mas no imediato o que nos servia era um cara tipo Hernanes ( CRAQUE ) e este título se ganha no final desta época.

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    3. E quem nos garante que o Hernanes chegava aqui e pegava de estaca?

      E, quanto nos iria custar? Ainda por cima por um jogador que não poderia jogar na Liga dos Campeões esta temporada (já tem dois jogos esta temporada na Champions, vê aqui: http://www.transfermarkt.pt/hernanes/profil/spieler/52897)?

      O problema era esse... eu acho que dentro das opções, não foi má.

      ;)

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    4. Agora vou trabalhar um pouco ajudando a dar à luz uns potros mas mais logo voltarei . No meu primeiro post no blog do JV referi que meus pais me impediram de vir para Portugal em 97/98 , no União da Madeira, jogar como zagueiro ( minha morfologia era tipo Luisão 196cm 79 kg - hoje peso 105) para ir fazer faculdade em Inglaterra e hoje lhes agradeço porque a veterinária é uma coisa maravilhosa. Abraço

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    5. Boa. Perdeu-se um central, para ganhar-se um veterinário.

      ;)

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  4. Infelizmente, o Filipe Augusto, jogador mediano - (que nem no Rio Ave se impôs!...) - é só mais mais um complemento a favor do amigo do Kadhaffi das Furnas, no negócio do Gonçalo Guedes.

    Oxalá esteja enganado !... Desportivamente !!!

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    1. O Filipe Augusto estava em último ano de contrato com o Rio Ave... acredito que tenha vindo parar à Luz por uma quantia simbólica. Face à qualidade do jogador e face a esse possível custo, penso ser uma boa solução, conforme já escrevi no artigo e aqui na caixa dos comentários.

      Sobre a ligação LFV-Mendes, não vejo qualquer problema. O Mendes tem conexões privilegiadas com os principais tubarões mundiais. Isso é muito importante, quando boa parte das tuas receitas dependem da venda de jogadores. E, mesmo que possas vender os jogadores um pouco abaixo do máximo que eles poderiam render num futuro a médio prazo.

      Através dessas vendas crias ligações com esses clubes. Ligações essas que atendendo à qualidade dos jogadores que são transferidos, e às suas performances nesses novos clubes, poderão abrir portas a futuros outros negócios. E, essa gente paga a tempo e a horas.

      É assim que o Benfica tenderá a ficar livre de encargos bancários e outras dívidas. É assim que iremos conquistar a nossa independência financeira e quiçá aumentar o nosso orçamento para o futebol para atingir outro nível internacional.

      Acredito que o objectivo não passará por sermos um clube exportador o resto da vida, mas sim chegarmos a um ponto, onde possamos investir no crescimento do nosso orçamento e assim seduzir os grandes jogadores e manter outros durante mais tempo, o suficiente para almejar a outros voos internacionais.

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    2. PP, meu caro,

      grato pela tua resposta. Nela sinto um jovem Benfiquista que pensa, sensato, interessado e inteligente. Porém, a tua justa argumentação é, quanto a mim, um produto da tua ilusão e credulidade,(na grande maioria, é pura crendice!) em quem e nomeadamente após as antecipadas de 2009 e a INSIDIOSA e orientada alteração dos Democráticos Estatutos, por 'meia-dúzia' de sócios, lanzudos e taxistas, se tornou 'dono e senhor', de TODO o Sport Lisboa e Benfica.
      A gestão, e o 'trabalho' contabilístico dos números, nesta navegação à vista, vai continuar como até aqui e até que o Khadafi das Furnas e seus amigos, - (muitos deles dragartos que o cumprir dos anteriores Estatutos deveria ter impedido de entrar) - entenda deixar de se 'sacrificar'!...
      O Sport Lisboa e Benfica, o Clube das eleições democráticas no 'anciénne regime', o Clube do Povo, o Clube dos Sócios, o meu, o teu, o NOSSO clube...ACABOU !!!

      Abraço Glorioso

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    3. artnis, mas ilusão do quê?

      Nem sequer estou a perceber essa tua crítica(?) para comigo. Nem entendo, o porquê de agora estarmos a falar do presidente ter vindo a tornar-se "dono e senhor" do Benfica.

      Depois, não entendo o que leva dizer-te porque é uma navegação à vista?

      Abraço

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    4. Eh pá... Com Vieira ao leme o teu último parágrafo é de rir.

      Remeto-te para as análises do Benfica Eagle no NGB para veres que a tendência é a de manter ou aumentar o que entra por via das vendas. Até porque os encargos não têm ido para baixo mesmo com os "milhões" a entrar...

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    5. RB, pergunto-te qual é a média de orçamentos dos clubes que estão na Champions, e sobretudo, dos clubes que estão nos oitavos-de-final e até mesmo nos quartos-de-final.

      Verificarás, que há uma correlação entre os maiores orçamentos e as equipas que conseguem chegar a essas etapas. E, isto explica-se porque os jogadores fazem-se pagar bem caros.

      Mas, podes fazer o seguinte raciocínio. Imagina-te que a partir de agora, ganhas 1M€/mês. Tens um Ferrari e continuas a utlizar o carro para ir para o trabalho. O carro que usas agora, gasta 3L/100, o Ferrari vai gastar 24L/100. As tuas contas vão: (a) diminuir, (b) manter-se, ou (c) aumentar?

      O Benfica é um clube que tem tecto salarial de cerca de 3M€ brutos (inclui os impostos) para 2 ou 3 jogadores do clube. Quando aparece um clube como o PSG que chega aqui e oferece aqueles 30M€ ao clube, e ao jogador oferece um vencimento anual superior ao teu tecto máximo, o que fazes como gestor do clube?

      Eu, entendo, que se fosse um gestor navegando à vista, renovava contrato com o Gonçalo Guedes e mandava para as urtigas o tecto salarial, oferecendo-lhe o mesmo ou um pouco mais que o PSG.

      Isso foi o que se fez quando o Futre veio para cá. E, vê tu o quanto já naquela altura, antes das Leis Bosmans e dos xeiques e dos chineses no mercado do futebol, o que aquela decisão não contribuiu para o desequilíbrio completo das nossas finanças.

      É preciso sermos um pouco mais racionais. Neste momento, o Benfica deve preocupar-se em desfazer-se o mais rapidamente da sua dívida. Para que daqui a uns tempos, os resultados dos exercícios, não terem a rubrica do pagamento das dívidas bancárias e até dívidas ao mercado, devido aos empréstimos. E, por isso, a estratégia deverá ser vender. Mas, não por tuta e meia e de forma aleatória.

      Já reparaste que o Benfica não vendeu o Lindelöf? E, poderia tê-lo feito. Também não vendeu o Samaris e poderia tê-lo feito. Então porque não vendeu se de acordo com a "vossa" visão, o que o Benfica quer é vender ao desbarato? Porque, enquanto vendendo o Guedes que tem Jonas, Rafa, Raúl, entre outros que podem fazer a sua posição, já com o Lindelöf, não tem neste momento mais nenhum central em boas condições (Luisão é o que se vê, o Lisandro acaba-se de lesionar e o Jardel, está sem ritmo). O mesmo raciocínio para o Samaris.

      Mesmo assim, não se podia perder a oportunidade de venda.

      Ah! E, já reparaste que o Lindelöf não ficou aqui com o mesmo contrato... foi lhe feito novo ocntrato e melhoria salarial para um vencimento de 2M€ brutos/ano, ou seja, um dos vencimentos a razar o tecto salarial encarnado. Portanto, houve aqui preocupação da direcção do Benfica em manter os melhores e o mais tempo possível, para assegurar transições desportivas harmoniosas.

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    6. Não estou a falar da situação actual, estou é a dizer que na conjuntura actual, e em especial à luz da amizade Vieira-Mendes, acreditar «que o objectivo não passará por sermos um clube exportador o resto da vida, mas sim chegarmos a um ponto, onde possamos investir no crescimento do nosso orçamento e assim seduzir os grandes jogadores e manter outros durante mais tempo, o suficiente para almejar a outros voos internacionais» é ilusório.

      E o que o BE explica, sobre as necessidades de equilibrar o orçamento, só sustenta essa chamada à realidade.

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    7. 100% de acordo com o artnis. O Benfica dos Benfiquistas, acabou de vez. Agora o Benfica é uma marca que tem como prioridade numero 1 fazer render o peixe. Quem defende que o Benfica deve ser do e para os benfiquistas é chamado de lirico. Afinal, se formos unicamente racionais e deixarmos a nossa paixão de lado, que sentido faz apoiar um clube que deixou de ser o teu clube para ser o clube das receitas, do marketing, e por aí diante?

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    8. RB, não, não é ilusório. Acredito piamente que o modelo não vai se perpetuar no tempo. Vivemos um período de enorme mudança no futebol mundial. A emergência de campeonatos como o chinês, tem vindo a abalar a forma como se faz negócio e vai com toda certeza abalar o futebol europeu. O próprio crescimento e organização na América Latina também é outro player, que vai agitar as águas. Já reparaste que a tendência é para comprares cada vez menos sul-americanos e, quando o fazes é por um maior custo? Por isso, o Benfica tenta ir apanhá-los quando estão basicamente a sair do secundário.

      Repara que há 15 anos, os jogadores saiam do Benfica por menos de 10M€, e grandes jogadores, como o Fernando Meira, por exemplo. Há 10 anos, saíam por 10M€ (caso do Tiago), há 7 anos, saíam por 15M€ jogadores consagrados no clube (Simão), há duas épocas, saíram por valores idênticos jogadores que tinham acabado de sair da equipa B (Bernardos e Cancelos) ou com pouca experiência ainda na equipa A (André Gomes e Cavaleiros), hoje saem por 30M€ (Guedes e Renato), ao ritmo que estes vão tendo sucesso, maior será o valor inflaccionado do nosso produto... mas esse valor terá um tecto máximo que tem a ver com quando atinges o topo dos clubes que realmente podem pagar avultadas somas.

      Enquanto o modelo tiver isto em consideração e não pensar que o céu é o limite, estaremos bem, porque do lado da despesa nunca entraremos em grandes loucuras.

      A, não ser, que o tal campeonato europeu de clubes seja estabelecido, como forma de poder equilibrar o mais que possível desnível financeiro dos chineses...

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    9. Anónimo, por uma questão de alinhamento, o que entendes por o clube ser dos e para os Benfiquistas? O que isso quer dizer?

      Mais, será que eu ao escrever este tipo de artigos e estar a esgrimir argumentos nesta caixa de respostas, não possa também apresentar este tipo de artigos:

      http://o-guerreiro-da-luz.blogspot.pt/2017/01/por-falar-em-50-milhoes.html

      A diferença está em ter uma estratégia para fazer as coisas. Saber avaliar os riscos e mediante isso saber capitalizar mais valor, para que possamos crescer desportiva e financeiramente.

      Já agora, sou-te franco, mantinha a minha ideia de ir resgatar o Bernardo Silva. Duvido é que o Mónaco aceitasse. E acredito vivamente, que o Benfica poderia dar um enorme pulo tanto a nível desportivo como financeiramente num curto espaço de tempo. Pois, o Bernardo é um "game changer".

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    10. Eu não escondo a cabeça na areia sobre a necessidade de vender, não é isso que me irrita nisto tudo. O que me irrita é um pouco o que tu apontas. Há uns anos as vendas que enchiam os nossos cofres era dos tipos consagrados, jogadores formados que depois iam brilhar para outros clubes.

      Neste momento não. Como demonstra o BE a necessidade de vender é de tal forma imperiosa que vai tudo o que mexe e até o presidente anda tipo vendedor porta-a-porta a impingir o que tem e o que nao tem. E isto irrita-me.

      E irrita-me porque a "amizade" do Presidente podia-lhe dar para:

      1)não irmos buscar refugo nas quantidades que vamos, assim poupando uns cobres para segurarmos a nossa formação mais uns anos e, em vez dos 15 do costume, poderem ir por 40/45. E isto numa era em que o milhao ate anda barato por Inglaterra;

      2)colocar os "consagrados" da equipa. Salvio ainda se arrasta por ali porquê mesmo? Ola John anda emprestado e ninguém lhe pega porquê? Celis veio fazer o quê à Luz? E o Benitez, já de volta à Argentina, vai tirar o lugar a quem mesmo? E o Jiménez, sem ser na China quem é que dá mais de 25 milhões por ele?

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    11. E acabo por nem abordar a questão Vieira. Quem era o presidente do Alverca no caso Ovchinikov, lembras-te?

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    12. Mas, que culpa tem a direcção, se os grandes clubes preferem investir nos nossos jovens? Repara bem, eles ao fazerem isso, não estão a investir apenas num jogador no topo da carreira. Estão a investir grandes quantias, num jogador que se necessitarem podem vendê-lo um ano mais tarde.

      Vê o exemplo do Di Maria no Utd. olhas para a sua venda para o PSG um ano depois de ter sido contratado, e se fores olhar para os valores, a primeira coisa que dirias era que o Utd tinha perdido dinheiro. Na realidade não perdeu e isso prende-se com uma coisa chamada amortização do passe do jogador. O Utd só conseguiu fazer isso, porque o jogador era ainda jovem e estava dentro da sua curva de valor.

      Isto explica o porquê do maior interesse de jogadores jovens pelos grandes clubes. E, quando tens um desses tubarões a assediar o teu jovem jogador com um contrato que vai ganhar o dobro do tecto salarial no Benfica, o que achas que ele vai fazer com a tua proposta de renovação pelo valor que possas dar mais? Ah! E, isso se tu tiveres oportunidade de dar mais a esse jogador... Imagina que tens, e o que acontecerá ao veterano da equipa que rende muito mais que o miúdo? Como achas que ele reagirá se souber que o puto já ganha tanto ou mais que ele? Vai querer puxar o tecto salarial para cima. Ora tu a partir daí podes arranjar um 31 para toda a equipa... e, o mais triste, é que até tinhas boa intenção. Estás a ver como as coisas acontecem RB?

      O LFV não acredito que anda porta-a-porta a vender os jogadores. Anda certamente a acertar pessoalmente os negócios. E, se queres que te diga, faz ele muito bem. Na mesa das negociações não podem só estar um dos clubes e o empresário do jogador, como na maioria das vezes acontece, estando o outro clube à distância de emails/faxes/telefone/telemóvel/skype.

      O tu cá, tu lá, quer gostem ou não, acabam por derrubar imensas barreiras e, mais, acabam por solidificar alianças.

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    13. Isso do refugo tem muito que se lhe diga... é muito difícil dizer que um jovem de 17 anos comparado com outro de 17, mas que o primeiro esteja a dar nas vistas, vai ser o melhor deles dois daqui a um ou dois ou até mesmo 5 anos.

      O exemplo do Bernardo Silva é sintomático disso. Se te disser que o Bernardo esteve para ser dispensado ainda na idade de júnior, acreditavas? Agora, vê onde ele está. E, porque se acreditou muito nele quando ele até não dava grandes sinais de ir lá.

      Por isso mesmo, o que chamas de refugo, são jovens jogadores, muitos ainda com essas tenras idades que vêm para o Benfica, com grande potencial, e que vêm para adicionar e complementar qualidade ao que já temos e conseguimos ter aqui em Portugal.

      Alguns são caros, porque a transferência acaba por abrir portas a preferências de futuros jogadores nesses mercados. O Benfica adquire o Cervi porque tinha preferência no mercado argentino.

      Não deveria acontecer isto? Talvez. Mas, como a estratégia de formação visa termos qualidade na nossa formação, esta é uma estratégia para assegurá-la, até porque a concorrência é cada vez maior, ou achas que clubes como o Milan, o Real Madrid, o Barcelona, os Manchesters, os Bayerns, não estão à procura de miúdos tal como nós?

      Olha o Celis, a mim ninguém tira-me da cabeça que a sua contratação é do mesmo tipo. Acredito que futuramente, quando aparecer novo Jackson Martinez ou James Rodriguez, esses virão para o Benfica. E, o próprio Celis parece ser mais jogador do que já demonstrou, veremos agora no Guimarães...

      Já o Ola John é um daqueles casos que o TPO não resulta. Acho que tanto o Benfica, como a terceira entidade envolvida estarão arrependidos. É verdade que essa entidade recebe o seu, mas muito provavelmente não fará mais negócios com o Benfica e até com outros, porque não souberam analisar bem o jogador que tinham e verificar se o miúdo iria evoluir bem ou não. Isso, é algo que o pessoal não entende e que tenho de elogiar o Mendes. Ele, sabe apostar nos cavalos certos, repara que mesmo que um jogador dele não renda bem num clube, vai render noutro. Não vês jogadores dele a não renderem em nenhum, como o Ola John. E, ele próprio quando as coisas não estão a resultar num clube, tenta arranjar soluções, que é o que todos querem. Por isso, o sucesso dele. E, quanto a isso, quer se goste dele ou não, quer se tenha inveja ou não, temos de tirar-lhe o chapéu.

      Eu vejo muita gente a diabolizá-lo. Acredito que seja por receio de começar haver muita promiscuidade entre o clube e ele. Sinceramente, com esta direcção não acredito. Acho que o que se passa é uma parceria e que todos têm a sua independência e a sua agenda. No entanto, isto não significa que perante alguns negócios não estejam alinhados.

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  5. Estava a gostar tanto de ler este post e os comentários falando de futebol... entretanto lá veio a conversa dos mendilhões para estragar tudo...

    Somos tricampeões, estamos a caminho do tetra, oitavos da champions e ainda na taça de Portugal depois de já esta época termos ganho a supertaça, por obra e graça do espírito santo? Não é esse do porto, é o outro. Ou foi graças aos jogadores que fomos comprando e vendendo? O Benfica tem acertado na maioria das compras e tem vendido cirurgicamente, ao contrário do que querem fazer querer alguns. O exemplo, recente, que dás do Lindelof é a prova provada que há um critério definido.

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    1. Pablito, não é apenas o Lindelöf. Também o Samaris recebeu uma excelente proposta para sair já em janeiro e recusaram. Os motivos parecem óbvios e espero poder escrever de forma clara sobre isso nos próximos dias.

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  6. Olá PP, sou o Jorge o colega da tua mãe. Gostei muito desta tua exposição.Vamos rumo ao tetra..

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    1. Olá Jorge! Tudo bem? Ainda bem que gostaste!
      E, sim! Rumo ao Tetr4!

      Abraço ;)

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