O lado B do...

O excelente trabalho da equipa de Hélder Cristóvão!

O resultado desta tarde da equipa B do Benfica frente ao Freamunde no Caixa Futebol Campus, em Seixal, é mais um facto que atesta o excelente trabalho efectuado pela equipa técnica de Hélder Cristóvão com os jovens da formação encarnada e que estão a dar os primeiros passos no futebol sénior. Mas, não é apenas a integração neste escalão e numa liga profissional. O que esta equipa técnica tem feito é muito para além disso. Eles, têm trabalhado de tal maneira os jogadores que hoje vimos miúdos de 17 anos, como o Florentino, a dominarem o meio-campo com veteranos de 30 anos. O ensinamento e enraizamento dos princípios de jogo a estes jovens, tornam-os inteligentes na forma como sabem o que devem fazer e que espaços devem ocupar em cada fase de jogo, que permite competir de igual para igual e até de forma superior com outras equipas deste campeonato.

E, depois, a preocupação maior desta equipa não é de todo o resultado. Basta vermos que fomos hoje a jogo com uma equipa que é basicamente a reserva da equipa B encarnada. Por aqui percebe-se o projecto de formação encarnado. Não é um projecto para fazer fogo de vista aos sócios e adeptos, daí que talvez por isso, muito injustamente o próprio Hélder tem sido fustigado com críticas. O projecto envolve um processo de médio prazo para a maturação dos seus jogadores e isso obriga a que estes possam passar por algumas dificuldades, como aconteceu na época passada. Contudo, ao contrário de outros clubes, como o Sporting, que ainda esta semana despediu o seu técnico da equipa B, e até mesmo o Porto, este projecto encarnado tomará cada vez maior qualidade com o tempo. A própria equipa técnica vai enriquecendo com a experimentação das melhores metodologias de treino para encurtar tempos e distâncias entre os jogadores, e daí sairá conhecimento que a médio e longo prazo trará ainda maior excelência à qualidade dos nossos jovens formados. É este o caminho.

Daí que, neste encontro, tenhamos assistido a dois ensaios: o lateral interior e o extremo interior. Falo de Pedro Amaral, jovem lateral esquerdo que jogou adaptado a lateral direito e falo do jovem extremo direito Heriberto, o aniversariante do dia e que marcou um golaço. Mas, vamos por partes. No primeiro golo do Benfica B desta tarde e que origina a remontada, podemos verificar a importância de: (1) termos um central que se sinta à vontade de avançar e penetrar em zonas atacantes, criando superioridades numéricas, (2) jogo de apoios frontais, (3) bola numa zona exterior, (4) verificação do lateral de superioridade numérica num zona dentro da grande área, (5) cruzamento para essa zona nas costas da defesa adversária (para o espaço livre), (6) novo cruzamento para um colega mais bem posicionado poder finalizar e (7) finalização. Ou seja, uma jogada perfeita, conforme poderão verificar no resumo seguinte. Neste golo, para além dos pontos mencionados, o que achei considerável foi a qualidade do cruzamento do Pedro Amaral. O cruzamento é quase um passe em diagonal para o lado contrário, a chamada abertura. Mas, como ele faz sem oposição a qualidade é muito elevada. Isto demonstra que possivelmente no futuro, um lateral direito poderá ser um canhoto adaptado a esse flanco, para explorar esse espaço livre e esse tipo de movimentações. Se adicionarmos o facto de cada vez mais vermos equipas a jogarem com laterais a fazerem movimentos interiores, mais facilmente poderão perceber que jogadores com estas características, i.e., de jogarem com o pé trocado ao flanco onde estão posicionados, poderão atacar o espaço central e assim criar mais perigo. Uma excelente ideia, que apesar de já não ser totalmente nova, é contudo muito fora do comum. Assim de repente, só me recordo de um lateral esquerdo pelo flanco direito nos últimos tempos: o Ansaldi (que até já foi referenciado para o Benfica).

Quanto ao golo da vitória, pelo aniversariante Heriberto, destaque pelo posicionamento deste jovem jogador e do passe de primeira por parte do Luka Jovic. Este gesto técnico do sérvio foi fundamental para o jovem luso-cabo-verdiano ter vantagem posicional em direcção à grande área. O resto é potência física, controlo de bola e técnica de remate para colocar a bola no poste mais distante do Freamunde. Os princípios estão todos lá, fazendo um último destaque para a movimentação do lateral direito que inicializa a jogada e aparece numa zona que caso o Heri perdesse poderia ganhar rapidamente a bola. Isto é também trabalho do treino, meus amigos.