... na UEFA Youth League.
Custou, mas foi, a qualificação dos jovens encarnados para os oitavos-de-final da UEFA Youth League. O Benfica ontem à tarde bem que começou melhor o jogo que os jovens dinamarqueses do Midtjylland. No entanto, imediatamente após a entrada do jovem Diogo Mendes (18 anos), para reforçar o meio-campo, aconteceu a expulsão do jovem Florentino (17 anos), por acumulação de cartões amarelos, devido a uma indecisão sobre quem ia ao encalço do jogador dinamarquês que transportava a bola no corredor central. Posso imaginar o que deve ter passado pela cabeça do técnico João Tralhão quando viu isto acontecer. Mas, pronto. Temos de dar um valente desconto, porque isto é futebol jovem.
É importante referir que a equipa do Benfica que qualifica-se para estes oitavos pela quarta vez consecutiva, tantas como aquelas em que a prova existe, é uma equipa muito, mas mesmo muito jovem. Neste momento, não existe nenhum jogador com mais de 19 anos. E, só para termos noção o central que jogou ao lado do capitão Rúben Dias (este é um enormíssimo jogador e tem a centelha dos que irão chegar longe) é um miúdo de 16 anos, o Pedro Álvaro, o único a falhar uma grande penalidade pelo Benfica ontem no final da partida. Ah! Pois é! Já me esquecia. O Benfica venceu os dinamarqueses por pontapés na marca de grande penalidade 6-5. Mas, isto não invalida o nosso bom trabalho.
Quem viu o jogo percebe o que estou a escrever. O Benfica teve imensas oportunidades de golo e não fosse a má tomada de decisão dos miúdos lá na frente e um ou outro pormenor técnico nos momentos de decisão, o Benfica teria vencido o jogo de forma mais confortável. Os nossos jogadores foram tecnicamente superiores aos dinamarqueses. E, tacticamente pareceram-me mais evoluídos. No entanto, fisicamente fiquei um pouco defraudado. Sobretudo, com o Diogo Gonçalves e o José Gomes. O Zé a partir dos 70 minutos já era menos um em campo. Já não pressionava e na altura da recuperação de bola, tentava jogar ao primeiro toque quando deveria segurar um pouco o esférico e temporizar um pouco mais, para a defesa recuperar posições, até porque jogávamos com menos um. Da mesma forma, o Diogo apesar do golo na primeira parte, perdeu todo o gás na segunda. E, com isso, piorou também a sua tomada de decisão. Houve imensos contra-ataques, que mesmo com a equipa reduzida a 10 elementos, com uma melhor decisão teria contribuído para sentenciar o jogo.
E aqui vai a minha crítica construtiva para o Diogo: precisa de se tornar num jogador de 90 minutos. Reparem, se ele não aguenta 90 minutos numa competição cuja maioria dos jogadores tem uma idade idêntica, se não inferior a ele, como pensa que vai conseguir vingar no principal escalão sénior? E, isso faz-se não apenas em passar mais horas no ginásio, mas sobretudo em pensar melhor o jogo. Saber o que fazer em cada momento do jogo, ajuda a poupar energia e assim gerir o esforço para que aguente 90 minutos. Isto, quando não se tem a genética de um Gonçalo Guedes ou de um Renato Sanches, cuja resistência física é notável. Mas, mesmo esta trabalha-se. E é nestes dois factores que o Diogo deve procurar trabalhar para não correr o risco de perder o comboio de uma carreira desportiva de enorme sucesso.
Neste momento, entre os jovens com 19 anos, i.e., o Rúben Dias, o Buta e o Diogo Gonçalves, os primeiros dois estão num nível superior ao terceiro, se bem que é o terceiro que aparece nas capas de jornais, pelos golos e assistências. Ah! E, o facto de terem jogado no sábado não é desculpa. Basta vermos o jogão que o Rúben e o Buta fizeram ontem e que, também eles, jogaram no sábado. De qualquer maneira, parabéns Diogo Gonçalves pelo seguinte:
👏 Diogo Gonçalves is the ninth player to reach double figures in #UYL goals.— UEFA Youth League (@UEFAYouthLeague) 7 de fevereiro de 2017
o diogo gonçalves ouve se falar bastante, mas eu sempre achei melhor o joao carvalho por exemplo e mesmo o pepe, nas idades jovens e normal ter o problema que o reconheces, honestamente nao consigo ver o perfil de extremo que ele e, se e que ele sera extremo em seniores mas a capacidade de finalizaçao ajuda bastante. ja reparaste que depois da geraçao do renato (diogo joao ruben,etc) que ja era bastante boa, temos a seguir pelo menos 6 jogadores que me parecem com imenso potencial jose gomes pedro alvaro florentino gedson (gosto bues deste XD) joao felix e ainda o jp. nao e nada facil teres assim tantos jogadores com tanto potencial de um ano para o outro
ResponderEliminarEu acho é que eles têm apenas e só potencial. Estão tirando o Dias e o Buta muito longe de terem nível para competirem por um lugar na equipa principal. E estes dois estão melhor porque simplesmente aguentam fisicamente os 90 minutos e uma intensidade de jogo maior.
EliminarHá malta que depois de verem o Barcelona jogar com anões, tem vindo a reclamar para apostar cegamente no talento. O problema é que para jogar a um nível bastante elevado não é necessário apenas talento. É fundamental, mas está longe de ser o melhor critério. Para mim, um jogador que com 17, 18 ou 19 anos consegue jogar mais de 90 minutos está mais próximo de uma enorme carreira que outros que igualmente tecnicamente evoluídos, ou até um pouco melhores, não aguentam os 90 minutos em campo. Esses dificilmente aguentarão ritmos elevados. E, depois temos de entender outra coisa. Um miúdo dificilmente por melhor que seja da sua geração terá sempre lacunas ao nível de decisão porque é ainda um miúdo a ver o jogo. Logo, a única forma de equilibrar os erros com bola será a energia que colocas à disposição da equipa para conseguirem recuperá-la. Daí a importância da robustez e resistência física, para que estes miúdos possam chegar rapidamente ao nível superior. Depois com o tempo e trabalho dos treinadores nesse nível competitivo poderão trabalhar sobre as lacunas do seu jogo. Basta vermos os exemplos do Gonçalo Guedes e do Renato Sanches.
O potencial destes jogadores deve-se muito ao trabalho dos treinadores de base do Benfica. Vejo muitos miúdos com bons princípios de jogo já enraizados. E, isso é meio caminho para o sucesso.
Agora, é preciso ter atenção à ânsia que se possa ter para queimar etapas em certos jogadores. Falo de miúdos que já estão a competir num nível superior ao do seu escalão. Isso não deve ser a regra, porque às tantas é como se fossem todos grandes craques, quando na verdade não o são completamente. Por outro lado, também compreendo o elevado número de jovens jogadores a jogarem um ou dois escalões acima. O motivo é simples: a qualidade da formação do Benfica é incomparável a nível nacional e está no top das melhores a nível mundial.
Estou ansioso para avaliar isso nesta UEFA Youth League quando competirmos com equipas como o PSG, Barcelona, Real Madrid e Chelsea, que são das melhores neste nível. Mas, também o são porque têm muitos jogadores de escalões acima do nosso...
como dizes aqui no nosso campeonato tem de ser regra por causa da qualidade de formaçao do benfica mas tambem por causa dos 3 grandes secarem os talentos a nivel nacional o que disvirtua por completo. se fores ver o facto de alguns ja jogarem pela equipa b aos 17 18 19 significa que ja conseguem jogar ao alto nivel pois a segunda liga penso que e proffissional a questao do aguentar os 90 min tb tem a haver com as decisoes deles neste caso gestao do ritmo de jogo, na premier league nisto eles sao pessimos fora algumas equipas. ate agora temos dado bem contra essas equipas fortes na youth league mesmo tendo em conta as varias desvantagens o que sempre desvirtua o caso de analise, o meu problema e que penso que tens jogadores no benfica que aos 18 19 anos ja podiam estar numa primeira liga como rotaçao num clube pequeno e se calhar vao estragar o crescimento ao estar na 2 liga
ResponderEliminarPara te ser franco e para o que conheço da modalidade no nosso país e do que conheço de outras modalidades, há muito profissional de futebol em Portugal que não o deveria ser. E, com isto não estou a falar apenas de jogadores. Estou a falar de treinadores e outros dirigentes. Há muita carolice, mas também há muito amadorismo.
EliminarÉ por isso, que o projeto de formação do Benfica é também um sucesso. Não é apenas porque eles são como eucaliptos que secam o talento em todo o lado. Há muito jovem jogador que não apresenta o mesmo nível que outros que são captados por serem muito talentosos, porque começam a jogar mais tarde, ou porque pura e simplesmente não têm a retaguarda necessária por detrás deles (família, treinadores, equipas,... perto da zona onde eles vivem).
A Federação Portuguesa de Futebol, em vez de seguir o exemplo da sua congénere alemã, que financiou por completo a formação e a empregabilidade de treinadores nos escalões jovens de todas as equipas germânicas, não faz o mesmo em Portugal, preferindo usar o dinheiro das receitas de sermos campeões da Europa, sabe lá Deus onde... talvez na ampliação do complexo da cidade do futebol... mas, espera, Oeiras duou terrenos, portanto, seria mais barato... mas, shiu! Não digam nada, que quando a obra aparecer feita vamos dizer que foi com esse dinheiro, embora na realidade só tenha sido utilizado 1/10...
E, enquanto isso acontecer, o futebol português vai continuar a viver da carolice e da visão de alguns, em vez de um plano mais global e que todos pudessem beneficiar.
Sobre a questão da Premier League, vou deixar-te um video da entrevista do Guardiola feita pelo Henry em que ele aborda um pouco o tema da falta de controlo do jogo na EPL. Tens de entender que a EPL é uma liga cujo o Hull City, um dos últimos classificados tem jogadores com a classe de um Ranocchia e de um Markovic e são treinados por um Marco Silva. Agora multiplica esse tipo de visão pelas restantes outras equipas. Ou seja, é uma liga recheada de grandes jogadores e muita, mas mesmo muita qualidade. E, quando isso acontece, o ritmo de jogo é sempre muito superior, pois segundo a equação da velocidade, para ser-se mais veloz a percorrer um determinado espaço, tens de ser o fazer mais rápido que os outros. E, se os outros são mais rápidos, ainda mais rápido tens de ser. E, é isso que leva à perda de controlo, porque os jogadores têm limites e cometem erros. Mas, são erros porque jogam a outra velocidade e não porque são preguiçosos, ou não sabem dominar uma bola, ou pura e simplesmente não sabem o jogo.
É muito comum as pessoas pensarem que a EPL é má porque as equipas não conseguem controlar ritmos de jogo. Mas, isso acontece porque o nível é muito acima. O Barcelona ou o Real Madrid teriam graves dificuldades em competir naquela Liga, por causa dessa exigência.
Depois, temos de ter muito cuidado a quem pensamos em emprestar os nossos jogadores. Há equipas na 1ª Liga que não têm princípios de jogo dos que queremos que os nossos jogadores desenvolvam para depois virem para a nossa equipa principal. Essa é que é essa.
Há outros jogadores na equipa B que têm idade e até têm a pinta, mas não têm ainda o necessário para outro nível noutra equipa. Depois, há questões como, por estarmos a falar de pessoas, e cada uma ter a sua curva de evolução, muitos só conseguirão progredir quando se virem fora da órbita do Benfica. Aí perceberão o que é o futebol profissional e, o quanto custa chegar à elite, de tal forma que encararão de forma mais madura a sua profissão.
Há aqui uma certa arte na forma de fazer evoluir os miúdos. E, podes ter dois jogadores de classe mundial a serem formados pelo clube, mas depois geridos de maneira diferente para conseguirem atingir esse patamar.
Bem, mas fica aqui o video que te falava:
https://www.youtube.com/watch?v=9eajVUNs_Wo
nessa parte do futebol portugues e que sou mais inocente pois nao estou ligado ao futebol quer amador ou profissional dai tb nao perceber nem da historia a metade so do que leio por ai. realmente e pena pk estamos a deitar uma oportunidade ao lixo de ter uma liga ao nivel da espanha ou frança e podiamos atrair maior investimento nao so da venda de jogadores como tb do futebol praticado ca caso acontecessem menos. eu adoro a epl mas e bastante comum veres reviravoltas a resultados por causa de situaçoes de alguma inocencia ou mesmo maus posicionamentos (lembro me de 2 golos que o arsenal sofreu contra o chelsea, no do hazard deviam ter feito falta logo no meio campo e no anterior os defesas nao estavam em linha e podiam ter sacado um fora de jogo caso isso acontecesse.) quanto a formaçao pergunto mesmo e por isso, raras vezes se fala sobre o assunto de modo a perceber todos os conceitos a ter em conta e realmente nem pensei muito nisso de onde emprestar e das dificuldades em conseguir de modo a aproveitar o maior numero possivel
EliminarExcelente análise, bem como os comentários, PP.
ResponderEliminarSão poucos os sítios onde se aprende realmente algo sobre futebol, como aqui no Guerreiro da Luz.
Obrigado pelo elogio António! ;)
EliminarE, está à vontade para adicionares mais perspectivas aos debates e aos artigos.
"duou terrenos"? Verbo doar e não duar|
ResponderEliminarVerdade! My bad, grammar nazi Tim!
EliminarObrigado. ;p