Um verdadeiro hino ao futebol!
Mais do que a vitória do Manchester City, ontem à noite pudemos assistir à vitória do futebol de alta qualidade. E, por isso mesmo, nem sequer podemos dizer que o Mónaco saiu derrotado, pois a jogar como o fizeram, o resultado é o que menos importa. São noites assim que tornam a Champions na competição mais importante do mundo do futebol. Se duvidas houvessem, até pela duração do resumo do jogo (10 vezes maior que os resumos normais), se percebe que estivemos perante um excelente encontro. Fiquem então com os mais de 22 minutos de resumo deste grande encontro.
Este jogo, não foi apenas bem jogado a nível técnico. Foi um jogo que evidenciou a importância da questão física, mas também da inteligência táctica dos jogadores e da importância de prever e reagir perante a adversidade nos bancos de suplentes. Foi uma batalha táctica de alto nível aquela que vimos ontem à noite entre Guardiola e Leonardo Jardim. Sou-vos sincero, torci pelo Mónaco, muito por culpa do Bernardo Silva, mas também dos restantes portugueses que lá estão, pois merecem a época e os elogios que devemos fazer face à qualidade de jogo colocada em campo.
O técnico madeirense ao serviço dos monegascos, apesar da derrota, mostrou-se contente com o desempenho dos seus jogadores. Quanto a mim, não poderia ser de outra forma, pois estes deram tudo e foram impecáveis, apesar de alguns erros individuais, nomeadamente o frango do Subotic. De qualquer maneira, a meu ver o momento do jogo nem foi esse, nem foi o que o Jardim disse na conferência de imprensa depois do encontro, que podem ver no video acima, i.e., a grande penalidade falhada por Falcao, que daria o 1-3 para o Mónaco. Talvez fosse o momento do jogo para dar a machadada final à crença dos ingleses. No entanto, o Mónaco logo após o empate no erro de abordagem do número 1 do Mónaco no remate para o segundo golo do City, por parte do Agüero, chegou ao terceiro golo na partida, por intermédio de uma chapelada de enorme classe do Falcao (para mim o golo da semana europeia até ao momento). Em termos anímicos penso que isto foi pior que se o Falcao tivesse convertido a grande penalidade que o Leo comentava. A meu ver, o momento do jogo deveu-se à alteração táctica de Guardiola, que alterou a 1ª fase de construção do City da 1ª para a 2ª parte do encontro. É um pouco isso o que os comentadores ingleses falavam depois do encontro, conforme poderão ver de seguida.
Reparem como foi importante a alteração do posicionamento de Fernandinho na saída de bola do City aquando da 1ª fase de construção de jogo, da 1ª para a 2ª parte. O mais engraçado é que a ideia do Guardiola era excelente. Ele pretendia que o Fernandinho não só anulasse juntamente com o Otamendi o efeito do Bernardo Silva na construção de jogo do Mónaco, como também na construção de jogo do City fosse o homem, que em posse pudesse quebrar a primeira linha de pressão dos monegascos. Para além disso, com tendência para fugir para o corredor central (até porque o Bernardo também tem essa tendência) poderia arriscar num passe mais vertical para o Sané colado à linha no flanco esquerdo do ataque inglês, Mas, no primeiro tempo as coisas não funcionavam, porque os jogadores do City não são como os jogadores do Barcelona, não é Pep?! Tecnicamente são impecáveis, mas falta-lhes visão global do jogo. Falta-lhes aquilo que tenho falado muito quando abordo o tema da formação made in Benfica: princípios de jogo. É o entendimento destes princípios que torna os jogadores muito mais inteligentes. Por isso mesmo, por mais que o Guardiola colocasse o Fernandinho e o treinasse durante duas ou três semanas naquela posição, seria necessário que o jogador, mas também os restantes companheiros percebessem que tipo de comportamento precisavam de ter. Pois, do lado contrário estava uma equipa maquinada para aproveitar os erros deles.
O técnico catalão ao serviço dos citizens, também fala de dois momentos do jogo. O primeiro, concorda com o Jardim, na grande penalidade defensiva por Caballero. Quanto ao segundo, refere a defesa do guardião argentino a remate do avançado colombiano que daria o 4-5 e relançaria o jogo. Mas, a meu ver ele saberá melhor do que ninguém que o momento do jogo foi quando retirou o Fernandinho daquelas funções de lateral esquerdo e reformulou a saída de bola do City. Do lado do Jardim, o treinador português poderia e deveria ter feito mais a partir do banco. Com a passagem do Fernandinho para o meio-campo, a de Sagna para lateral esquerdo, jogando basicamente com uma defesa de 3, o Mónaco ainda criou alguns perigos. Mas, quando o médio brasileiro saiu para entrar o lateral direito Zabaleta, restabelecendo o quarteto defensivo do City, as coisas serenaram. Até porque o belga De Bruyne pegou mais na bola na 2ª fase de construção, criando muitas vezes superioridade numérica frente a Fabinho e Bakayoko. Não nos podemos esquecer que estávamos a entrar nos 60 minutos de um jogo super intenso. E, foi aqui que começaram a surgir de parte a parte sinais de cansaço. Bem, porque a conversa está boa convido-os a ver a 1ª parte do jogo...
Como estava a escrever... o cansaço nos atletas de ambas as partes erra evidente, assim como foi evidente o jogo a tornar-se partido entre parada e resposta consecutivamente. Era importante, alguém que assentasse mais o jogo do Mónaco. Até porque com centrais como Raggi e Glik os monegascos estariam em desvantagem nesse tipo de jogo. Sobretudo, perante avançados móveis e rápidos como Sané, Agüero (que modificou-se completamente depois do golo que marcou) e Sterling. O técnico português, não percebeu isso ou até percebeu, mas preferiu ver o copo meio cheio, uma vez que com Bernardo em campo, um Falcao onfire, um Lemar potente e um foguete chamado Mbappe (cuidado que este menino de 18 anos é craque!) quem poderia fazer estragos era o Mónaco. Esqueceu-se que a alteração táctica do Guardiola também tinha mexido com o posicionamento do Silva, que também tinha recuado para interior no tridente do meio-campo do City. E, para além disso, esqueceu-se que o Mbappe ainda é um menino e na chance que teve de poder dar o golo ao Falcao (que seria o 2-4) tentou rematar de ângulo impossível. Pouco depois, dá-se o empate através de um pontapé de canto. Aliás, a reviravolta no marcador dá-se por lances de bola parada através de pontapés de canto. E, não tanto por transições rápidas do City orquestradas pelo Silva, a não ser a estocada final no 5º golo do City. Caso para perguntar se foi mesmo uma questão física, ou se não foi mais uma questão de concentração dos jogadores franceses. A meu ver, foi um pouco de ambas. Mas, por esse motivo, o Leonardo Jardim deveria ter mexido mais cedo. Eu teria retirado o Mbappe e metido o Moutinho, só para nivelar um pouco o espaço e anular as transições do City. Posteriormente, consoante o que o jogo pedisse faria entrar primeiro o Dirar ou o Germain, embora estes dois entrariam de qualquer maneira. O timing aqui é que era fundamental... fiquem aqui com a 2ª parte deste grande jogo e façam as vossas análises.
Uma coisa é certa, no principado tenho a certeza que o Mónaco vencerá este City se estes não se puserem a pau. E, o Guardiola já mandou a mensagem para dentro do grupo. Ah! E falta ainda vermos o Bernardo a soltar-se definitivamente. Ontem já vimos umas luzes...
😍
Sem comentários:
Enviar um comentário