05 fevereiro 2017

Bluff ou All-In?


... mas deverá ou não entrar em campo esta tarde?



A pergunta é pertinente. Devemos ou não esforçar um jogador importante nesta fase do campeonato? Aqui a questão prende-se com a importância que damos a esta situação. Por outras palavras, tudo isto prende-se com aquilo que tecnicamente em engenharia chamamos de análise de risco. No fundo, as verdadeiras questões são duas: (1) é importante levar a jogo o Pizzi, porque ele é insubstituível para termos hipóteses de vencer o jogo? ou (2) é mais importante poupá-lo para não correr o risco de agravar uma possível lesão e porque temos todo o resto de uma época em que ele será muito importante? Em linguagem de poker, resume-se a fazermos um all-in ou um bluff, com esta convocatória?

A meu ver, já ontem deixei aqui umas ideias sobre como podemos e devemos reformular sem receios o nosso meio-campo, tanto com o Samaris como com o Filipe Augusto. Eles até poderiam ser essenciais para que o rendimento de jogadores como Zivkovic, Cervi e Jonas possa crescer em influência no nosso jogo, permitindo a sua maior variabilidade e imprevisibilidade. Assim tornaremos uma equipa muito mais completa e perigosa. Acredito que com Mitroglou a fixar os centrais adversários, e com uma dupla de meio-campo mais posicional, temos condições para criar o espaço para que aqueles criativos possam explorar, tal como o Eden e o Bernardo fazem no Chelsea e Mónaco respectivamente, ou como o nosso Rafa fazia no Sporting de Braga. Face a isto, penso que o Rui Vitória deve fazer um bluff... ou pelo menos um semi-bluff e passo a explicar porquê.

Primeiro, vamos ver como prepararia a equipa, nomeadamente o nosso meio-campo esta tarde. Apostaria numa dupla de meio-campistas mais posicional. Sendo assim, a questão agora será em quem deverá jogar ao lado do Fejsa: o grego Samaris ou o reforço de inverno Filipe Augusto? No início desta semana, após o jogo do Bonfim e ainda sem saber ao certo sobre a condição da lesão do Pizzi, referia sobre a utilização do grego no eixo defensivo (saindo o Luisão do onze). Essa visão não abandonei e, como jogamos em casa frente a um Nacional em zona de despromoção, cujos processos defensivos e ofensivos apresentam lacunas, penso que é a ocasião perfeita para colocar em prática essa ideia. Por este motivo, apostaria na colocação do camisola 7 no centro da defesa. Da mesma forma que apostaria no Filipe Augusto no meio-campo (no lugar de Pizzi). Se há jogo em que não se deve ter receio de apostar num jogador recém chegado será neste, até porque o estádio da Luz vai estar cheio para apoiar a equipa do princípio ao fim. Será uma forma de dar as boas vindas ao jovem jogador que estou certo que irá retribuir com o seu melhor futebol. Os restantes jogadores seriam os mesmos que jogaram frente ao Setúbal na passada 2ª feira, ou seja: Ederson na baliza, Semedo a lateral direito, Lindelöf a central, André Almeida a lateral esquerdo, Fejsa a médio-centro defensivo, Zivkovic na ala direita, Cervi na ala esquerda e, a dupla atacante formada por Jonas e Mitroglou.

Até agora, a entrada de Pizz seria um bluff, mas não por muito tempo. Na segunda-parte do jogo e, porque tenho muita confiança na nossa equipa, de tal forma que tenho quase a certeza que já estaremos com uma vantagem confortável no marcador, faria entrar o Pizzi em campo por troca com o Filipe Augusto, para este receber o calor humano que os Benfiquistas lhe dariam como boas vindas ao clube. Mas, o Pizzi entraria com uma missão pré-determinada. Fazer uma falta e. nesse lance mandar um recado à arbitragem, mostrando-lhes o escudo de campeão e a proferir bem alto «Respeito!». Obviamente, que o árbitro iria sentir-se insultado e iria advertir o jogador com um cartão amarelo. Mas, também é isso que queremos. Assim, de uma só cajadada, mataríamos não dois, mas três coelhos: (1) o Pizzi limpava os cartões não correndo o risco de não jogar frente ao Sporting de Braga e podendo folgar uma semana antes do jogo frente ao Dortmund, (2) mandar um claro recado à arbitragem que deveria ser procedida de uma reflexão na conferência de imprensa no final do jogo e, (3) incendiar o jogo e chamar ainda mais o público para apoiar a equipa, pois estou certo que o público iria atrás do jogador. É importante o Benfica fazer isso e usar a sua força humana, para combater este estado em que está o futebol português, que o prejudica de forma gratuita e descarada. Escusado será dizer que logo de seguida o camisola 21 seria substituído para entrar o Eliseu, daí o semi-bluff. Quem depois acompanharia o sérvio no meio-campo seria o Samaris, com o André Almeida a derivar para o centro da defesa. A última substituição estaria reservada para o Rafa distribuir chocolate pelo terceiro anel, substituindo o argentino Cervi.


O meu onze para esta tarde. Embora pareça um 4-4-2,
gostava que durante várias fases do jogo ele se transformasse
num 3-4-3, sobretudo, enquanto o André Almeida fosse
lateral-esquerdo. Destaque para a entrada e saída de Pizzi.

7 comentários:

  1. Pois...mas oh surpresa, o Salvio joga e o Luisão também!!

    Ah e o Cervi nem no banco?!?

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  2. Perdi a conta às vezes que o Salvio assassinou jogadas de ataque promissoras. Foram tantas...e consecutivas! Safam-se as diagonais para a área e a raça...mas a balança pende claramente para o outro lado...mesmo que o lugar dele não fosse aquele em que Zivkovic joga melhor, se os critérios fossem puramente futebolísticos, o lugar dele seria no banco.

    E por falar em Zivkovic, já me faltam palavras! É um bocadinho o inverso do Salvio actual: 95% das decisões são as melhores para aquele momento do jogo, 95% dos posicionamentos idem idem aspas aspas. Em ataque organizado, está sempre dentro do bloco adversário, rigorosamente entre-linhas; sempre a dar linhas de passe aos colegas e a passar ao melhor colocado quando recebe; joga bem por dentro e por fora; cruza como ninguém em Portugal. Em contra-ataque, perfeito seja na condução com bola, no drible curto ou no passe de primeira, sempre no timing certo e para o melhor espaço. Nas bolas paradas, o Pizzi devia pedir para ir à casa-de-banho. E sem bola, ainda defende muito e bem - pelas mesmas razões que ataca tão bem: técnica, inteligência táctica e rapidez de pensamento e de execução...

    Jonas resolve. Mitroglou também. Que a dupla se mantenha estável, a coberto de lesões e de decisões técnicas de gestão de egos e/ou mercado...

    Carregaaaaa!

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    1. Se queres que te diga, para mim o mal nem esteve no Salvio, mas sim no Semedo. Durante o primeiro tempo, não fez nenhum movimento interior de jeito, à saída da bola controlada. Só quando a bola estava na 2ª fase é que ele fazia esse movimento interno. Resultado, sempre que saía pelo lado direito, a bola ia para o Salvio e este tinha de receber de costas para a baliza adversária e ainda por cima com o pé dominante dele mais próximo do adversário, deixando-o a descoberto para uma perda de bola.

      A malta vai crucificar o Salvio. Eu não o crucificaria por causa disso. Pois podia crucificar o Semedo que vendo que o colega ficaria coberto, escusaria de passar-lhe à queima. Aqui teria duas opções: ou voltar atrás e reiniciar a 1ª fase de construção, ou ele tentar penetrar pelas linhas adversárias. Isto iria atrair as marcações para ele, que depois de fixar o adversário, poderia abrir ou para o Salvio à direita, ou para o Pizzi no corredor central. O Lahm no Bayern Munique de Guardiola fazia isto às mil maravilhas...

      ;)

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    2. Essa explicação faz sentido teoricamente, mas não é aplicável porque o Salvio é assim em todos os jogos, não foi só ontem.

      ;)

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    3. Talvez porque esse é um dos problemas crónicos do Benfica. E sabes que mais, não é um problema de ser uma má ideia. É sim um problema de execução da nossa linha defensiva.

      Acabaste de me dar uma excelente ideia de tema para escrever um artigo.

      😉👍

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    4. Ok fico à espera...do artigo e da comissãozinha ;)

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