Num país com enormes tradições piscatórias, penso que é sempre importante recordar algumas histórias carregadas de moralidade. Um delas é a história dos caranguejos num balde.
Havia um homem numa praia que vendia caranguejos enquanto pescava. À medida que os ia apanhando, colocava-os dentro de um balde sem tampa. Ora isso causava algum mistério a muitos que passavam e viam o balde aberto. Interrogavam-se porque é que o pescador não o fechava para evitar possíveis fugas dos caranguejos que tentavam escapar.
Certo dia, uma dessas pessoas aproximou-se do pescador e perguntou:
- Olá amigo! Estou curioso... não tem medo que os caranguejos fujam do balde sem tampa?
- Claro que não, chefe! - respondeu ele - Não vê que são caranguejos...?! Quando um começa a subir, os outros tratam logo de o puxar para baixo!
Esta é a "mentalidade de caranguejo", expressão muito comum nas Filipinas. Ela expressa o pensamento de "se eu não posso tê-lo, mais ninguém o poderá". É pois uma metáfora que descreve bem um determinado comportamento tipicamente humano, onde elementos de um grupo irão tentar "puxar para baixo" (negar ou diminuir a importância de) qualquer outro membro que alcance maior sucesso que eles, quer seja por sentimentos de inveja, de conspiração ou de competição. É por tudo isso uma metáfora que assenta que nem uma luva àquilo que o capitão da selecção nacional vive diariamente.
Ontem, ao ver as imagens da chegada do Cristiano Ronaldo ao estágio da selecção nacional, lembrei-me logo desta história. De facto, o jovem que gritou "Messi! Messi!", muito provavelmente queria dar nas vistas - talvez para impressionar os colegas, ou até fê-lo mesmo com malícia. No fundo, comportou-se como um dos caranguejos que não conseguem chegar à borda do balde. Contudo, faz-me mais impressão os jornalistas, que continuam semana após semana a dar relevo a esta espécie de notícias e alimentar este tipo de comportamentos. Não acho saudável.
O mais interessante disto tudo, é que fui sempre muito crítico e exigente com a conduta do Ronaldo. Achava-o um mimado de primeira, um tipo demasiado cheio de si mesmo e até algo malcriado. Aliás, aquele encontro em 2005-2006 frente ao Manchester United na Luz, em que ele mostrou o "passarinho" aos adeptos encarnados, pois estava super irritado com os assobios e a sua exibição, só me dava ainda mais razão para pensar daquela maneira. Mas, ele nessa altura ainda era um "puto rebelde". De certa forma, continua a sê-lo, mas claramente já amadureceu. Conquistou o meu respeito e admiração com o seu trabalho, a sua arte nos pés e com a sua procura pela perfeição. Conquistou, também, por ambicionar ser o melhor do mundo, sem nunca o esconder em falsas humildades, mas sempre a trabalhar no duro para o atingir. Ele é realmente o caranguejo que está prestes a saltar fora do balde.
Sendo assim, que tal se o ajudássemos em vez de o "puxar para baixo"? Se calhar ao ajudarmo-lo a saltar, talvez o balde caia para o lado e safemos-nos todos... ou então, que a sua fuga seja motivação para começarmos a organizarmos e conseguir escaparmos todos. Afinal se um de nós consegue, porque é que nós todos não haveremos de conseguir?
Ao Cristiano Ronaldo, apenas gostaria que ele interiorizasse estas palavras: "Só a mediocridade é segura. Prepara-te para ser atacado, e seres o melhor."
Parabéns Campeão!
Ronaldo merece todo o nosso apoio e admiração. |
mal criado, não...!
ResponderEliminarmalcriado
(mal- + criado)
adj. s. m.
Que ou quem não respeita as regras de educação ou de vida em sociedade. = MAL-EDUCADO
Claro artnis,
EliminarAgradeço-lhe a correcção, já efectuada!
Espero que essa procura pela sintaxe perfeita, não lhe faça perder o foco no que realmente interessa neste artigo: a sua semântica.
;)
patriarca disse:
ResponderEliminarNão lhe desejo mal algum, mas que ELE perdeu de vez a humildade e o respeito que é devido a quem o idolatrava, disso não tenho dúvidas.
O Messi não tem sequelas mentais.
Caro patriarca,
EliminarEstás a falar de que situação? No estádio da Luz?
É que se for essa, o rapaz foi espicaçado o tempo todo... e a verdade é que ele sentiu isso dentro de campo, com uma exibição abaixo das suas capacidades, e a própria reacção demonstrou isso mesmo.
É preciso não radicalizarmos as coisas. De certeza que o rapaz depois deve ter feito "mea culpa". Já agora crucificar o rapaz por essa conduta com pouco mais de 20 anos... acho um exagero. Sobretudo, quando tem vindo a demonstrar sinais de maior maturidade.
nao o messizinho nao tem sequelas mentais.. culpa o pai de fuga ao fisco e tá na lista do panama papers.. não anda para ai a pagar operaçoes e cursos a quem não condiçoes de pagar.. coisa k o ronaldo faz e nem se gaba,,, ah mas o messi deu um helicoptero ao Maradona.. deve lhe fazer falta como pao pra boca.... Grande Ronando.. subiu a pulso e com muitas lágrimas pelo caminho...
EliminarNão gosto do Ronaldo como pessoa. Nunca vou esquecer nem perdoar as suas atitudes no nosso estádio!
ResponderEliminarMas caramba, ali e numa ocasião daquelas, se eu lá estivesse, garanto que o energúmeno não escapava a um valente par de estalos!
Além de que me pareceu pelo sotaque que o indígena não é português... Mandava-o gritar "Messi" para a terra dele. Se quer ofender, ofenda os seus.
E depois temos os mentecaptos e imbecis jornalistas que não se cansam de ser ridículos... Aí, na resposta,, Ronaldo esteve bem. Chegou para eles e se eles tivessem alguma inteligência, sentir-se-iam envergonhados!
Eu não o quero desculpabilizá-lo naquele jogo da Luz, mas também sei ver as coisas com um certo distanciamento e perceber algumas das suas atitudes. Isso, no entanto, não significa que concorde com elas... ;)
EliminarDe resto estou plenamente de acordo contigo. Aliás, o que mais me chateia nesta história é precisamente o papel dos media, que em vez de tentar passar uma mensagem de mais tolerância, parece passar a vida a incentivar o despique.
Esta constante comparação entre Ronaldo e Messi chega a ser doentia. Se nem no ténis existe uma comparação tão obcessiva entre os dois ou três melhores tenistas mundiais, porque fazem com dois jogadores de um desporto tão colectivo como o futebol?!
E sim, o Ronaldo esteve à altura, o que demonstra a sua maturidade.
"Se calhar ao ajudarmos-lo a saltar" escreve-se "ajudarmo-lo"
ResponderEliminarCaro Carlos,
EliminarAgradeço-lhe a correcção. De facto, os pronomes o, os, a, as assumem formas especiais depois de certas terminações verbais.
Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é suprimida.
Já agora o que achou do artigo?
Mas nao se pode comparar Messi a Ronaldo. Um e humano, o outro um extra-terrestre.
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