04 fevereiro 2013

Benfica - Vitória de Setúbal: O pós-jogo


O Benfica conseguiu este domingo mais uma vitória para a 1ª Liga Zon Sagres, frente ao Vitória de Setúbal. Embora os encarnados tenham averbado uma vitória esclarecedora, com os três golos marcados, fica na retina uma pálida exibição da equipa da Luz. Falemos então um pouco mais da exibição dos pupilos de Jorge Jesus.

A equipa titular
Onze titular encarnado frente aos sadinos.
"Jota-Jota" fez alinhar de início o seguinte onze encarnado: Artur na baliza; Maxi, Luisão, Garay e Luisinho como quarteto defensivo; André Gomes e Enzo Pérez no centro do terreno; Salvio e Ola John nas alas; e Rodrigo e Lima lá na frente.

Tacticamente, após dois encontros a jogar em 4-2-3-1, o Benfica retornava ao seu esquema habitual de 4-4-2, com a particularidade de André Gomes ter alinhado na posição do ausente Matic (por castigo resultante da acumulação de cartões amarelos), e de Rodrigo a fazer o papel de Lima noutros encontros, com este a fazer o papel que cabia ao Cardozo.

Estrategicamente, este 4-4-2 para além de visar a construção de jogadas ofensivas pelas alas, também tenta através da dinâmica de alguns jogadores do centro do terreno, fazer a construção por essa zona. Nas alas, os talentosos extremos encarnados são ajudados não só pelos apoios nas alas dos laterais, como também em apoios dos médios e avançados quando necessário. Pelo centro, o médio "8", neste caso, o Enzo, é o jogador que tem mais responsabilidades de construção das jogadas, a par de Rodrigo, o avançado que desce para entre-linhas, tentando assim baralhar movimentações e dar uma ajuda ao Enzo na construção. Por vezes, junta-se a estes dois ou o médio mais defensivo, o André Gomes neste encontro, ou um dos extremos, tentando preservar a bola, mas também criar linhas para triangulações que criem espaços na defesa adversária.


O momento do jogo
Onde a coruja dorme... golo da jornada!
Indiscutivelmente o momento do jogo foi logo aos 3-4 minutos, com aquele golaço do Enzo Pérez a culminar por uma boa jogada da equipa pelo lado direito do ataque. Foi um momento marcante, pois a partir daí o jogo não foi mais o mesmo. Isto poderia ser positivo para o Benfica, mas verificou-se exactamente o contrário.

A equipa continua a confundir baixar o ritmo de jogo com o baixar o nível de concentração. Continua a confundir o manter a posse de bola com o ficar estático à espera dela. E, enquanto assim for, a equipa encarnada irá sempre manchar um pouco as suas exibições.


A falta de mecanismos
Os mecanismos entre o Lima e Rodrigo podem e devem ser
melhorados. Têm potencial para muito mais...
Em termos defensivos, eu penso que o Jorge Jesus tem de estar de parabéns tal era o comportamento da nossa defesa nas transições defensivas, com o que é hoje. Melhorámos imenso e é notório o trabalho do técnico encarnado. Contudo, pelo que tenho visto na imprensa e nas suas entrevistas, é um técnico que deixa muita margem de manobra para os jogadores criativos poderem decidir lá na frente.

Na minha óptica, eu penso que o treinador do Benfica tem de impor mais regras ofensivas. Vejo que faltam claras rotinas de alguns movimentos colectivos ofensivos. Vejo muitos jogadores a fazerem desmarcações para os mesmos espaços. Vejo outros a correrem com a bola e passarem a dois e três metros. Vejo outros a forçarem jogadas individuais, quando poderiam facilmente transpor o adversário com simples triangulações. Enfim, vejo muitos erros de movimentação que podem e devem ser corrigidos com treinos específicos. Por exemplo, o Barcelona tem pelo menos umas 5 jogadas típicas para criarem espaços para jogadores como Dani Alves e Jordi Alba aparecerem em zonas de cruzamento e de remate, como também Xavi, Iniesta, Fabregas aparecerem dentro da área, e muitas outras, que eles fazem já com um grau de automatismo muito acima de qualquer equipa.

Reparar que, em cima dessas jogadas tipo poderão ser criadas variantes e é aí que deverá aparecer o talento, a criatividade, a qualidade dos jogadores. É como se fossem actores. Têm de decorar o papel na peça (as jogadas tipo), mas depois no palco podem ter sempre liberdade para o improviso e a interpretação própria (o cunho pessoal: a finta magistral, o passe de letra, a finalização de bicleta, etc).

Já agora, seria importante o Jesus começar por trabalhar mais as duplas de avançados com que normalmente joga. Quando vemos Lima e Rodrigo a desmarcarem-se para o mesmo local onde pensam que o Salvio irá centrar, diz muito de como eles ainda estão a pensar o jogo ofensivo encarnado. Isto é, continuam a pensar como se fossem o avançado de referência da equipa. Contudo, têm de pensar que estão a jogar em dupla, pelo que é fundamental que um não invada o espaço do outro e que saibam combinar entre si e com os colegas. Para mim, este foi talvez o aspecto mais negativo durante todo o encontro. Mais até do que as falhas de André Gomes.

Sobre o jovem português, devemos dar-lhe o desconto e recordar que está a realizar a sua primeira temporada como sénior na 1ª liga. Ainda por cima a aprender uma nova posição. Aliás, eu sou a favor desta adaptação do Jesus. Até acho que esta aprendizagem será benéfica para o André poder crescer e afirmar-se como jogador profissional. Mais, actualmente a posição "6" do Benfica não tem nada haver com a posição "6" nas mais comuns tácticas em Portugal, baseadas no 4-3-3, onde o "6" apenas tem como função defensiva. O "6" no Benfica, e talvez induzido pelo último Super Bowl ontem, é basicamente uma espécie de "quarterback" do futebol encarnado. Mas, sobre este tema do André Gomes, gostaria de desenvolvê-lo mais num futuro artigo.


O plano B
O plano B passa por jogar com um "10" declarado, num
4-2-3-1. Daí a importância do Aimar voltar à boa forma.
Com as substituições efectuadas na segunda parte, claramente, que o "Jota-Jota" quis aproveitar par dar minutos a um Aimar e cimentar a sua táctica secundária: o 4-2-3-1. Primeiro, jogou com o astro argentino a "10" atrás do Lima e entre linhas, após a saída do Rodrigo. O que não resultou, pois encaixou que nem uma luva à marcação do médio-defensivo do Vitória. Para além disso, o Aimar está muito mal fisicamente para uma posição que se requer execuções rápidas.

Depois, e numa altura que o Urreta entrou para o lugar do Enzo, e já com Nico Gaitán em campo por troca com o Salvio, reposicionou o Aimar para a posição "8" do meio-campo, ao lado de André Gomes, mas com maiores liberdades ofensivas.

Isto deu para perceber quais as posições que Jorge Jesus acredita que o Aimar possa ser-nos útil. Para além disso, pessoalmente, deu para perceber que arriscar o Aimar num 4-4-2 a meio-campo, conforme tinha pensado antes do jogo, não seria lá muito abonatório, muito por causa da sua ainda débil condição física. É um jogador que está claramente sem ritmo de jogo. Contudo, neste mês de Fevereiro a entrar em todos os jogos, fazendo 15-20-30 minutos por encontro, e afastando por completo as lesões, tenho muito optimismo que em Março estará a discutir a titularidade, ora com Enzo, ora com Lima/Rodrigo, no 4-4-2, ora com Enzo, ora com Nico Gaitán, no 4-2-3-1.


Um a um
Luisinho, quanto a mim um dos melhores em campo frente
aos sadinos. Já merecia a titularidade na lateral esquerda,
não acham?
  • Artur: Teve uma noite tranquila, não sofreu golos o que é sempre positivo e significa um bom trabalho. No entanto, na reposição de bola nem parece brasileiro. Eu estava à espera de mais. Até porque ele é capaz de mais e melhor.
  • Maxi: Igual a si próprio. Ontem até esteve muito certinho a defender e a anular o Miguel Pedro e o Cristiano. No ataque, esteve excelente. Salvio só não combina mais com o uruguaio ou porque não quer, ou porque não vê. Mas, Maxi está sempre no lugar certo em termos ofensivos. Esteve bem no primeiro golo ao deixar passar a bola para o Enzo, mas, pode e deve melhorar a qualidade e eficácia do seu cruzamento. Ora demora muito tempo a tirar o cruzamento, ora fá-lo de forma desastrosa.
  • Luisão: Está cada vez mais em forma. Reparem que o Luisão regressou no início deste ano e só após um mês é que começamos a vê-lo estar no seu melhor... por isso, é bom que tenhamos paciência com o Aimar. Bem, mas continuando sobre o gigante brasileiro... esteve imperial frente aos avançados do Vitória de Setúbal, mesmo com o irrequieto Pedro Santos. Tem de melhorar as movimentações e cabeceamentos nos lances de bola parada ofensivos... No entanto, gostei muito da sua assistência para o golo do Lima. Excelente capitão!
  • Garay: Muito certinho, nem se deu por ele... Acho que poderia muitas vezes subir um pouco mais no terreno quebrando as primeiras linhas de pressão, um pouco ao estilo do David Luiz e do Piqué. Por outro lado, tem de melhorar no capítulo do remate nas bolas paradas. Veio rotulado de bom cobrador, mas não recordo de nenhum golo marcado por ele dessa forma no Benfica... Defensivamente, não mexe! Continuar assim.
  • Luisinho: Mais uma belíssima performance. Teve um ou outro erro, mas devemos ter a noção de que o português esteve lesionado durante o mês de Janeiro... Tanto a defender, como a atacar é um jogador muito completo. A meu ver, seria o titular. No entanto, o Jesus parece estar decidido em levar o seu projecto Melga avante... De uma coisa é certa, o Luisinho já teve oportunidades para esmorecer, com a falta de oportunidades (desculpem-me a redundância) em campo, mas, continua a aproveitar os poucos minutos e jogos como se fossem os últimos. E isso agrada-me bastante. Frente ao Nacional deverá ser o titular...
  • André Gomes: Já tive oportunidade de escrever um pouco sobre ele ali em cima. Houve no jogo, uma jogada, na segunda parte, em que numa reposição de bola lateral ele arranca pelo lado esquerdo e consegue driblar dois ou três sadinos, para depois desferir um remate algo torto. Fiquei com a sensação de que queria passar a mensagem ao Jesus de que queria soltar-se mais daquela posição "6". Espero que ele com o tempo perceba, que essa posição não é a mesma que as baseadas no 4-3-3 puro. Espero que o jovem luso perceba que terá essa liberdade para fazer o que ele por vezes sente necessidade de fazer nessa posição, ou seja, romper uma linha através do transporte de bola. Cada vez mais vejo vantagens dele jogar naquela posição... muito bem o Jorge Jesus. O Benfica acaba por ganhar com isso, pois tem um jogador com um trato de bola muito acima da média numa zona onde cada vez mais é feita a construção de jogadas.
  • Enzo Pérez: É o motor da equipa. Desde que Jesus optou por ele no centro do terreno, já o baptizei de motor Ferrari, tal a rotatividade com que joga e também com o partilhar do primeiro nome do fundador da marca italiana. Gostei imenso do facto dele ter procurado imensas vezes as zonas de remate. Então e aquela obra prima... não é que a bola entrou mesmo na gaveta?!
  • Salvio: Tem tudo para ser um extremo de eleição mundial. Só lhe falta maior maturidade. Insiste muitas vezes em jogadas individuais, quando tem ao seu lado o Maxi com o qual pode combinar facilmente, deixando o defesa pregado no chão. Ele é o rei das assistências no Benfica, mas neste jogo esteve bastante apagado. Aliás, mesmo sendo o líder da equipa nesse capítulo, tem muito que melhorar. Jogando com dois avançados é preciso fazer bem mais do que uns 5 cruzamentos por jogo!
  • Ola John: O extremo holandês é um jogador de contradições. Quem olha para ele em termos físicos vê um jovem atleta, capaz de sprintar como o Bolt, com capacidade de choque de um jogador do futebol americano,... Nada de mais errado. É um tecnicista. A forma como o pé dele envolve a bola, como uma colher envolve o gelado, para lhe dar o "spin" correcto no cruzamento, ou a forma como para e arranca com pézinhos de lã, deixando os adversário pregados ao chão, ou ainda como finta como se tivesse a dar uns passinhos de samba, desequilibrando os defesas, são disso esclarecedores. É preciso saber entender as suas características. Assumo que não é fácil gostar-se de um jogador que é algo mole nos duelos defensivos ou até nas disputas de bola... ainda por cima com aquele corpanzil. Para mais, olhando para aquilo que nos custou... acho que há claramente uma inflacção entre a sua qualidade e o seu preço. Contudo, são poucos que pensam o jogo "fora-da-caixa" como ele faz. E essa é talvez das características que mais aprecio nele. Agora, veremos se ele agarra as oportunidades e trabalha no sentido de melhorar não só o seu talento, mas também os seus pontos fracos... Defensivamente, é um "nhaca" (como diria o Scolari) e como podemos ver na única jogada de perigo dos sadinos na primeira parte, onde o Ola que estava a dobrar o seu lateral esquerdo, foi comido pelo extremo esquerdo adversário. Precisa de ser um leão nessas jogadas.
  • Rodrigo: O hispano-brasileiro tem imenso potencial, mas tem de perceber quais as suas verdadeiras funções quando joga com outro avançado ao lado. Está demasiado formatado para os esquemas de um avançado (4-3-3 e 4-2-3-1). Isso é notório quando o vemos jogar. Raramente procura combinar com o outro avançado, preferindo quase sempre ou dar para trás, para o médio de apoio, ou para as alas, para os extremos. Depois, no cruzamento procura quase sempre o segundo poste ou o espaço perto do guarda-redes. Não o vejo procurar o primeiro poste. Talvez porque nos esquemas de um avançado isso é o espaço onde um dos médios-centro aparecem para tentar a conclusão. De qualquer das formas, lá marcou o seu golo e aprecio como não vira a cara à luta. Falta ser bem trabalhado e tal como André Gomes, penso que poderá vir a beneficiar imenso da aprendizagem que fizer.
  • Lima: Para mim o melhor jogador em campo. Notou-se claramente que estava algo desgastado. Notou-se também que estava algo desaparecido na primeira parte. Isto porque ninguém o alimentava lá na frente. No entanto, a sua experiência e qualidade, transformaram o que estava a ser um resultado inquietante, num resultado contundente com dois movimentos de avançado completo. O primeiro a fazer uma diagonal da esquerda para a direita aproveitando um passe majestral do Luisão. O segundo com uma arrancada pela meia-esquerda do ataque e o cruzamento para o Rodrigo finalizar. Neste segundo golo, não entendo porque é que o Rodrigo sendo canhoto não tenta fazer mais vezes este tipo de movimentos que o Lima fez para ele...
  • Aimar: O mago argentino ainda parece um peixe fora de água nesta equipa encarnada. Sem ritmo de jogo, nota-se claramente que sente imensas dificuldades em executar rápido e bem em zonas de terreno mais adiantadas. Mais atrás, acaba por ter mais tempo para pensar e ter bola. No entanto, em tarefas defensivas, parece-lhe faltar o fôlego necessário. De uma coisa é certa: só lá vai com minutos jogados. Algo que Jesus deverá tentar conceder-lhe ao longo desde mês.
  • Gaitán: Entrou primeiro para extremo esquerdo, mas entrou mal no jogo. O corpo dele estava lá, mas a mente não. Sinceramente, estava à espera de mais. Algo que um jogador de equipa de topo deve sempre, mas sempre ter, é atitude. O Nico é um talento futebolístico. Tem arte e engenho no seu pé esquerdo. Mas, para entrar na elite dos melhores jogadores do mundo tem de ter outro carácter e atitude dentro de campo. Nós já vimos que ele a tem quando quer (vide jogo em Braga e frente ao Porto), tem é de a manter mesmo quando joga com os amigos do bairro!
  • Urreta: Gosto muito deste uruguaio. Sempre que o vi jogar com o manto sagrado, nunca me desiludiu. É claro que tem jogos menos vistosos. É também óbvio que está ainda sem ritmo de jogo. No entanto, vejo atitude e carácter dentro de campo. Tem sido até ao momento opção para a extrema esquerda. Contudo, gostaria de vê-lo na direita numa futura oportunidade.

Os últimos 15 minutos
Ola John não se pode amedrontar tanto nos lances de bola
dividida. Precisa de crescer nesse aspecto e de gerir
melhor o seu esforço físico para durar 90 minutos.
Sinceramente, o que mais me desiludiu neste encontro foram os últimos 15 minutos, sensivelmente pouco tempo depois do terceiro golo encarnado. É um facto que as substituições contribuíram para isso. Sobretudo, a entrada de Aimar que tinha dificuldades em ligar o meio-campo e o ataque. Mas, com a entrada de Nico Gaitán e o recuo de Aimar, teoricamente as coisas iriam melhorar imenso. Não podia estar mais enganado. Nico entrou, conforme já mencionei, mal no encontro. Contudo, também outros jogadores desligaram-se completamente do jogo. Ola John, não sei se já estava a pensar na sua selecção, conforme disse um jornalista, mas parece-me mais que ainda não aguenta 90 minutos de jogo. Já não arrancava, nem sequer desequilibrava na sua ala direita. Aimar mesmo mais atrás tinha o complicómetro ligado, mas pronto, este ainda tem a benesse da sua situação física. O Urreta, na esquerda ainda tentou, mas falta-lhe ritmo e algum entrosamento. Luisão e Garay também já não pressionavam mais acima e ficavam algo passivos na defesa. Maxi ainda tentava manter um certo nível assim como Luisinho e Lima. Porém, o brasileiro já dava sinais de fadiga de um mês de Janeiro sempre em alta rotação e é talvez de todos o que mais desculpas merece ter, ainda para mais quando já tinha feito a sua parte em estar em dois golos...

Não é que o adversário estivesse melhor fisicamente que os encarnados... acontece que o pior inimigo do Benfica nesses últimos 15 minutos foi achar que 3 a 0 estava óptimo. Isso entristeceu-me de certa forma, pois não vi aquela expressão competitiva da nossa equipa. Para além do jogo frente ao adversário que tínhamos à nossa frente, também devemos ter sempre a noção dos nossos objectivos primários, o de ser campeão nacional, o de querermos ser sempre primeiros. E para sermos primeiros no final dessa jornada, necessitávamos de marcar pelo menos 7 golos. O jogo e o adversário eram propícios para um desfecho desse género. Mesmo que não tivessem conseguido esse resultado, se tivessem ao menos lutado para o concretizar, tenho a certeza que toda a gente que deslocou-se à Luz ou que viu o jogo em casa, teria ficado de barriga cheia. É que assim, ficamos claramente com a sensação que eles não deram tudo o que tinham no jogo... e como é que podemos ambicionar ser campeões se não temos espírito de sacrifício?


O MVP
Lima, cada vez mais o guerreiro da Luz! Claramente MVP.
O jogador mais valioso ("most valuable player") durante os 90 minutos frente ao Vitória de Setúbal foi claramente o Lima. O guerreiro da Luz está numa forma fantástica e teve um mês de Janeiro ao nível dos melhores dos melhores da Europa e do mundo. Espero que dê continuidade a esse grande momento no mês de Fevereiro, conforme tudo parece indicar.

Menções honrosas para mais dois jogadores: Luisinho e Luisão. O capitão encarnado, pela sua performance defensiva, mas também pela aquela assistência num passe longo e rasteiro para a desmarcação de Lima. Gostava de vê-lo a repetir esse tipo de jogadas mais vezes. O Benfica precisa de centrais que não saibam apenas defender, mas que eles próprios possam assumir a construção de jogo mais vezes. Já o lateral esquerdo português, impressionou-me pela disponibilidade física e o à vontade com que atacava e defendia na ala esquerda. Ainda para mais, quando sabemos que esteve um mês sem jogar. Claramente um profissional que durante o tempo que esteve parado soube tratar-se. Um exemplo para outros.

Ah! E não esquecer do jogão do Enzo a meio-campo. Não só pelo golaço que marcou, mas pela garra e espírito de sacrifício com que jogou. Sobretudo, depois de ter partido a cabeça...


A comunicação
É preciso que o Benfica tenha atenção à imagem de um
jogador violento, que a comunicação social está a tentar
passar do jovem jogador André Gomes.
Se a meio da semana elogiei imenso a postura de Jesus nas entrevistas rápidas e nas conferências de imprensa, desta feita não gostei lá muito. Desculpabilizou-se dos últimos 15 minutos com o facto dos atletas já terem a cabeça nas suas selecções. Ok! Até posso aceitar que eles tenham a tendência para fazer isso, mas o Jesus não está lá para mandar os berros para isso não acontecer?

Outra desculpa que a meu ver soa muito mal a este nível: o relvado tinha muita areia. Até pode ser verdade, mas o Benfica já vem jogando na Luz, a par da equipa B, desde o início da temporada, e só agora é que se lembra desta situação para tentar desculpar uma exibição menos garrida da sua equipa? Já agora, o campo é para as duas equipas... e como tal, continuo a não entender porque raio é que só os jogadores tecnicistas é que se atrapalham mais nestas condições? Será que um jogador que tenha melhor toque de bola não terá sempre melhor toque de bola em qualquer campo, quando comparado com outro com pior toque de bola? Eu pensava que sim... Aliás, se um jogador precisa de dois toques para receber a bola num campo normal, num campo pesado, precisará do dobro dos toques, ou seja, 4. Já um tecnicista, se num campo normal precisa de apenas um toque, e num campo em piores condições precisa do dobro, esse dobro será 2, valor sempre inferior a 4. Logo quem tem mais vantagem em controlar o esférico? É por isso que não entendo o porquê de se dizer que os tecnicistas têm mais dificuldades nos campos pesados...

Também não gostei da pressão e sede da comunicação social em transformar o jovem André Gomes num jogador violento. Primeiro que tudo, nenhuma daquelas jogadas do André é para vermelho. O máximo poderia ser para amarelo. É que se fosse para vermelho, então haveria outros jogadores em campo, do adversário que teriam igualmente sido expulsos. Por seu turno, não se pode sacrificar um jovem jogador por defender com a mesma impetuosidade com que outros jogadores elogiados fazem, como o Fernando do Porto. Dois pesos e duas medidas?! Não! Obrigado! O Benfica que esteja atento a isto e que saiba defender-se.

Mais ainda, é a comunicação social que mais ruído acaba por causar. Se por um lado dizem que as arbitragens deveriam ter um critério largo, à inglesa, por outro lado, durante o encontro são os primeiros a verem faltas em qualquer toque. Assim não vamos longe e tende a confundir o espectador. Mais que informar, hoje em dia penso que desinformam mais. Chega a ser algo esquizofrénico...

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