26 julho 2015

Empate no segundo jogo...


... da pré-época, mas com sabor a derrota.

Bem, se calhar o sabor a derrota é talvez exagerado. Como é óbvio, não gosto a perder nem a feijões, mas a verdade é que gostei da nossa exibição. Não é que tenha sido uma exibição de encher o olho, mas para pré-temporada e atendendo que é apenas o nosso segundo teste, gostei imenso do que vi.

A equipa de Rui Vitória entrou em campo com o Júlio César na baliza; André Almeida, Luisão, Jardel e Eliseu a formarem o quarteto defensivo (penso mesmo que estes deverão ser os titulares neste início de temporada); Fejsa e Samaris no miolo do meio-campo (uma das surpresas do onze titular); Gaitán e Talisca como falsos alas; e lá na frente Jonas e Jonathan Rodriguez (a outra surpresa do onze titular). Ao todo foram três alterações relativamente ao onze titular do primeiro encontro.

Onze titular do Benfica frente à Fiorentina no 2º encontro de pré-época 15/16, da direita
para a esquerda: Talisca, Gaitán, Jardel, André Almeida, Jonas, Luisão, Júlio César,
Samaris, Eliseu, Jonathan Rodriguez e Fejsa.

Inicialmente, o Benfica entrou no encontro com um posicionamento em campo idêntico ao do encontro frente ao PSG, ou seja, num 4-1-3-2 (4-4-2). Vitória quis ver como Fejsa e Samaris se entendiam no meio-campo, muito provavelmente para testar uma situação que poderá utilizar futuramente. Teoricamente, esta dupla no meio-campo é uma dupla muito mais imponente do ponto de vista físico, o que poderá conferir outra estabilidade na equipa nas transições, sobretudo nas defensivas. A questão que provavelmente ecoará em Rui Vitória é saber se esta dupla dá conta do recado em termos ofensivos. Apesar das dificuldades iniciais e da adaptação ao adversário, passagem do 4-1-3-2 para um 4-2-2-2, eu penso que a resposta é afirmativa. Gostei muito da forma como ambos foram muito importantes na primeira fase de construção de jogo, sobretudo, quando jogavam mais em perfil um para o outro, ao invés do tradicional posicionamento um à frente do outro.

Ao jogarem mais em parelha, sendo o Samaris o "8" e o Fejsa o "6", o grego acaba por dar mais liberdade para Gaitán e Talisca partirem das faixas para o centro do terreno. Para além destes, o movimento favorito de Jonas a recuar entre-linhas é também muito beneficiado com tal posicionamento do duo de meio-campo. Outra vantagem que esta disposição do duo de meio-campo confere à equipa, e que infelizmente só a espaços conseguimos ver durante este encontro, é a liberdade e segurança que dão para os laterais subirem no terreno. Os dois centrais e os dois médios fazem uma espécie de quadrado central que impede uma transição eficiente por parte do adversário.

Mas, nem tudo são rosas. Fisicamente, é preciso melhorar muito, pois continuamos em alguns momentos do jogo a ser uma equipa demasiado estendida no terreno, quando deveríamos ser muito mais compacta. Por outro lado, o processo ofensivo vai depender muito da subida dos laterais e também de um dos médios lá à frente. Por exemplo, há um lance na primeira parte, que após centro do Gaitán para o Jonas, este fica à espera do apoio de trás, tanto na lateral direita, como na entrada da grande área, mas ninguém acompanhou... mas, isso são daqueles problemas que acho que vão sendo resolvidos naturalmente com o aumento da condição física dos atletas, por isso não estou tão preocupado com isso. Aliás, achei mesmo que o André Almeida até já tem índices físicos bem interessantes.

Disposição táctica e substituições no encontro
do Benfica frente à Fiorentina.

Por falar em questões físicas, quem parece ter feito o trabalho de casa e querer agarrar um lugar no plantel, é o uruguaio Jonathan Rodriguez. Gostei muito da sua exibição e acho que aproveitou muito bem a oportunidade que lhe deram para substituir Lima. Foi sempre muito pressionante sobre os centrais adversários e isso é uma característica muito típica do Luis Suarez, com quem o Rodriguez é muitas vezes comparado. Tecnicamente, parece ser um jogador evoluído, não sendo um super-dotado. Gosto especialmente da forma como ele sabe utilizar o corpo para ganhar posição tanto no um-contra-um, como também sob marcação cerrada. Contudo, ainda revela pouco entrosamento com os restantes colegas. Mas, a tendência com esta disposição é para evoluir. Agora, um pequeno parêntesis, gostava muito de ver no próximo encontro o Nelson Oliveira num contexto idêntico ao do Jonathan, ou seja, sendo titular ao lado do Jonas, na equipa titular, só para poder avaliar o que o internacional Português poderá dar já no momento à equipa. Estou certo que teremos uma agradável surpresa se isso acontecer.

Outro pormenor que me agradou imenso, foi a melhoria do controlo da posse de bola. Então na primeira fase de construção penso que a equipa passou ao exame com distinção. Na primeira parte e mesmo na segunda com menos um jogador em campo, soube sair quase sempre a jogar. Gostei também da incorporação do Júlio César na saída de bola da equipa. Agora, quando a bola chega a Gaitán e Talisca as coisas mudam um pouco de figura. O baiano sente mais dificuldades e isto porque (ainda) não sabe ler o jogo, nomeadamente, saber ler o jogo antes da bola chegar aos seus pés. O camisola 30 continua a só decidir o que fazer à bola não depois desta chegar-lhe aos pés (o que já de si é tarde para um nível de Champions League ou de clássicos), mas sim só depois da bola estar orientada para onde ele quer ir (o que é tarde para a maioria das equipas da 1ª Liga nacional). Entre mim e o leitor, isto é típico de avançado que só está habituado a fazer uma coisa: ir em direcção à baliza e fintar um ou dois adversários e desferir o remate. O problema é que se o Talisca quer ser mesmo um craque no futuro, terá que largar estes vícios antigos e aprender a ler o jogo antes de todos os outros. No futebol como em tudo na vida, o segredo do sucesso está na preparação e não (apenas) no improviso. Penso que o futebol atacante do Benfica perde ainda muito com o Talisca e isso recente-se a qualidade de jogo que chega aos pés de Gaitán e Jonas. Mas, há potencial e apoio a ideia do técnico encarnado. De qualquer maneira, gostaria de testar no próximo encontro o Pizzi no seu lugar (derivando o Português para a esquerda e o Nico para a direita).

Uma nota à parte sobre o Talisca. Leio muita gente a dizer que ele só rende como segundo avançado ou no ataque, e não na faixa ou no meio-campo. A questão que coloco é a seguinte: acham mesmo que o baiano a ter estas tomadas de decisão e, mais ainda, a demorar todo aquele tempo para tomar uma decisão, poderá competir a um nível de Liga dos Campeões? É claro que não! Todas as defesas vão chamar-lhe um "Figo" (e não estarão a referir-se ao ex-Bola de Ouro Português). Jogando como falso ala direito, só vejo pontos positivos que poderão acelerar a sua evolução/formação, dando-lhe todas as ferramentas necessárias para o tal futuro brilhante que toda a gente lhe afigura. Daquela posição, pode fazer passes de longa distância como gosta de fazer. Pode também transportar a bola em slalom e desferir um remate frontal à baliza adversária. Pode também incorporar o ataque e penetrar na área adversária. Pode ainda ser elemento fulcral na criação de jogadas e até mesmo no equilíbrio da equipa em posse e em momento defensivo. Por fim, notar que há uma grande diferença de posicionamento do Talisca a ala direito aquando com Jorge Jesus e agora com o Rui Vitória. Agora, o camisola 30 joga muito mais por dentro do que quando jogava com Jesus.



Na segunda parte, apostou-se na entrada de Sílvio, Ola John e Pizzi, com uma mudança do sistema de jogo do 4-2-2-2 para o 4-4-2. Aqui a ideia era boa. Verificar e testar o comportamento com uma defesa a 4 mais fixa lá atrás (Sílvio mais defensivo que Eliseu), com as despesas de ataque pelas alas feita por dois extremos clássicos (Gaitán na esquerda e Ola John na direita) e tendo no meio-campo um elemento com maior liberdade para avançar no terreno (Pizzi). Foi pena a expulsão do Luisão por acumulação de amarelos. Mas, esta até serviu para dizer ao treinador que a linha de fora-de-jogo tem de ser melhor trabalhada, e que os níveis de concentração também têm de estar sempre no máximo. Por falar em faltas de concentrações, o que dizer da forma amorfa como o Ola John entra neste encontro. Se o treinador pensasse que ele poderia ser uma solução como extremo direito puro, deve já ter decidido que nem aí o holandês pode ser solução. Para mim é o fim da "macacada" para o camisola 15. Percebo que o Benfica queira colocá-lo na "vitrina" para ver se alguém lhe pega, mas assim está a perder dinheiro. Cada vez que ele joga desvaloriza-se e pior, não permite que outros valorizem. É uma perda ao quadrado. A partir de agora, se o Rui Vitória quiser apostar num extremo direito mais clássico, que aposte num Gonçalo Guedes ou até mesmo no Jonathan Rodriguez.

Outro menino que merece um puxão de orelhas devido à (falta de) concentração apresentada na marcação das grandes penalidades é o marroquino Carcela. Então aquilo é penaltie que se marque?! Bem, se calhar estou a ser demasiado duro com este, até porque foi dos que melhor entraram no segundo tempo. Em cerca de 5 a 7 minutos que teve em campo, conseguiu levar perigo à área adversária umas quantas vezes. Vê-se que gosta de ter a bola nos pés e que quando mete a 4ª a fundo será problemático travá-lo se não com recurso à falta. Continuo a não perceber porque é que o Rui Vitória coloca este menino a 5 minutos do fim?! E, não foi apenas ele. Foram também o Lisandro López e o Nelson Oliveira. Isto é que é dar oportunidades ao jovem Português?




P.S.: Este seria o onze titular que na próxima madrugada colocaria frente aos americanos do New York Red Bulls. As principais alterações relativas ao onze titular seria a incorporação de Nelson Semedo a lateral direito, testar André Almeida como solução no meio-campo defensivo, Pizzi como falso ala esquerdo e Nelson Oliveira ao lado de Jonas no ataque. Estou convicto que este onze não me desfraldaria.

Possível onze titular do Benfica frente ao New York Red Bulls.

6 comentários:

  1. para começar é preciso mandar embora o treinador

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    1. Lol! Tem calma. Nem tudo vai mal... mas, confesso que tenho algumas questões para fazer ao treinador.

      A ver se escrevo sobre o jogo nos próximos dias...

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    2. E que tal mandar embora quem escolheu o treinador!?:-o

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    3. És tu Brunalgas?? Já tiveste no Banco? Qual foi o rombo que deste ao Tio Flor de Sal, ou foi ao Sobrinho? BES...T(i)AL...

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  2. Gosto muito dos teus artigos, gostava era que fosses mais rápido na criação deles, pois este jogo já foi há algum tempo, ehehhe.
    Fiz um esforço e vi este jogo e o Benfica na primeira parte a posse de bola e passes estavam mesmo no ponto, só conseguiam tirar a bola ao Benfica só com faltas.
    Não gosto desta tática, não precisamos de dois nº6 mas sim de um atrás dos pontas de lança, 4-1-2-1-2, acredito que teríamos mais oportunidades de golo.

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    1. Lol! Obrigado pelo elogio! Este artigo era para ser escrito no sábado, mas tive que fazer... fim-de-semana, e como sabia que iria ser um pouco extenso. Depois, sempre que perdemos gosto de pousar um pouco as ideias antes de colocar no papel.

      Quanto à táctica, não são dois nºs 6... Relativamente ao 4-1-2-1-2 precisas de ter dois interiores ou um deles. Aliás, a beleza do onze é que dá para isso, pois tens jogadores com imensa polivalência.

      Por fim, uma informação: hoje em dia, já não há um sistema de jogo no qual a equipa joga os 90 minutos com a mesma. A própria equipa vai mudando de sistema, devido aos posicionamentos nos diversos momentos de jogo.

      ;)

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