29 julho 2016

O Benfica não esquece...


... homenagem ao grande Torino.

Ter esta capacidade de homenagear um clube amigo como o Torino, numa taça que já por si é uma homenagem ao Rei Eusébio, não está ao nível de todos os clubes. Somente àqueles com esta dimensão universal como a do Benfica. A taça não ficou na Luz, mas para vos ser sincero estou convicto que o próprio Eusébio teria muito gosto em que o Torino, por toda a história que nos liga, levasse uma recordação positiva de Lisboa.

Quanto ao jogo, o empate no final dos 90 minutos, foi benéfico para o clube transalpino. Não é que o Benfica tenha sido avassalador. Isso não foi. Mas, também não foi uma equipa que não tivesse criado jogadas de finalização. A meu ver, tivemos problemas de 3 tipos: um de ordem táctica e outros dois de ordem técnica. A questão táctica, prende-se com o apoio que o duo de meio-campo tem de ter de outros jogadores da equipa, perante adversários organizados e talentosos. Muitas vezes falta apoio a André Horta, tanto no ataque, como a Fejsa quando a equipa está em transição defensiva. A principal crítica aqui que faço prende-se com a inflexibilidade que os jogadores dos corredores têm em momentos defensivos e ofensivos. Muitas vezes, ao invés de manterem-se no corredor deveriam posicionarem-se nos meios-espaços, isso permitiria que a equipa ficasse mais delgada e protegesse mais facilmente o corredor central.

Os dois problemas técnicos que verifiquei neste encontro foram a tomada de decisão e a eficácia da finalização. A primeira, é fácil de perceber. Muitas vezes os jogadores estão bem posicionados, e fazem bem as desmarcações e movimentos, mas o portador da bola perde o momento de passe. Isto implica três situações: o passe já é feito em esforço, pelo que a qualidade é muito menor e dificulta a finalização ou o desenrolar da jogada, o passe é interceptado pelo adversário, ou o próprio portador da bola é desarmado pelo adversário. O segundo problema técnico prende-se com a perda de eficácia de certos jogadores em frente à baliza.

Há uma coisa que não podemos desprezar, a questão física. E, ela poderá ser responsável pela exponenciação dos problemas mencionados. O Benfica jogou com Luisão no centro da defesa. Já aqui falei sobre as dificuldades do gigante brasileiro ganhar a melhor condição física nas pré-épocas encarnadas, mas também é verdade que a sua condição física está a melhorar. No entanto, é diferente jogar com o Lisandro e o Jardel ao lado do que jogar o Luisão com um destes dois. Os tempos de reacção são diferentes, a energia para reposicionar-se não é a mesma, o discernimento a partir de certos níveis de fadiga física não são os mesmos, etc. Mas, isto não é apenas do Luisão. Reparem quem errou mais da parte do Benfica: o Lindelöf, o Carrillo, o Raúl, e até mesmo o próprio Jonas, tudo jogadores que regressaram à pouco tempo, ou com historial de prolongados períodos de inactividade na época passada.

Por tudo isto, penso que mais do que necessitarmos de mais reforços, o que o Benfica precisa neste momento é de trabalhar a equipa. Aliás, um pouco na linha disto foram as declarações do técnico Rui Vitória no final da partida: «Devido às entradas e saídas no plantel, devemos ter algumas cautelas. Ou seja, neste momento estamos a tentar criar mini-ligações entre os jogadores, dando minutos a alguns para percebermos quem faz o quêAo mesmo tempo, estas declarações deixam-me preocupado, porque confirmam as minhas preocupações no início da pré-época. Para mim, não é assim que se prepara uma pré-época e isto deveria ser revisto por toda a estrutura encarnada. Os jogadores têm de ser contratados com critérios rigorosos, de tal forma que chegam à Luz e a nossa equipa técnica já saiba perfeitamente as características deles e como poderão ser útil à equipa. Falta enquadramento e parece-me que não é por uma questão de falta de meios para o fazer, mas sim sobretudo a questões que vêm da cúpula directiva do clube.


7 comentários:

  1. Concordo com tudo que escreveste, excepto o último parágrafo, as pré-épocas servem exactamente o que disse o RV, senão não seria pré-época, e se tivéssemos certezas quando se contrata novos jogadores teríamos um Mundo Maravilhoso. Os jogadores já vêm formatados pelas escolas, treinadores, campeonatos de onde vêm, uns adaptam-se mais rápido a nova formatação outros não, e ainda, uns nunca se adaptam.
    Águia Vermelha

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    1. Águia Vermelha,

      Nos grandes campeonatos europeus, como a liga espanhola e a inglesa e a italiana, devido ao ritmo do calendário das competições os clubes não conseguem durante a época treinar em condições os modelos de jogo. Por isso concentram essa aprendizagem de raiz nesta altura da temporada. Ou seja, na pré-época. O conhecimento de jogadores já está mais do que batido. Por isso é que eles contratam aquele jogador e não outro. É como se o jogador fosse a peça certa para a máquina. Aliás, as últimas declarações do Mourinho quanto à derrota frente ao Dortmund foi que quando chegasse aquele médio (Pogba) tudo iria fazer sentido.

      O nosso calendário e o desnível competitivo permite ao Benfica fazer estas brincadeiras que mais parecem treinos de captação para adultos. Eu só gostava é que fizessem como os outros, só para eles perceberem que com isso conseguiriam melhorar os resultados desportivos e financeiros via Champions, pois uma equipa mais bem oleada, mesmo sem grandes vedetas consegue ir mais longe que a maioria das que têm bons jogadores mas menos recursos.

      Mais, com o nível de profissionalismo das observações que temos hoje nos grandes clubes só não sabemos como o jogador é se não quisermos.

      Agora acredito que hajam muitos favorzinhos para uns entrarem no plantel e outros nem por isso.

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  2. Apesar do respeito pela opinião evidenciada na publicação, sinto que Rui Vitória aproveitou os jogos de preparação para rodar os reforços e as reservas com jogadores que serão os titulares, sendo que tal situação terá impacto óbvio no desenvolvimento do futebol praticado pelo Benfica.

    Sem menosprezar o facto de os jogadores titulares estarem a chegar a conta gotas, devido aos compromissos das selecções nas provas internacionais de ocorreram no fim da época desportiva, que se traduz num inconveniente grave para o treinador e clube na preparação da pré-época. Este inconveniente atrasa a composição do onze titular, revela-se complicada na questão física dos diferentes atletas, que se apresentam com ritmos competitivos díspares e provoca análises muitas vezes desvirtuadas do valor da equipa ou equipas e do seu plantel.

    A versão do Benfica 2016/2017 apresenta sinais positivos e animadores - quanto ao potencial de determinados jogadores e o que podem oferecer no futuro ao Benfica, mas ao mesmo tempo observamos que para o onze titular carburar a cem por cento teremos que ultrapassar de forma rápida e em competição as dores de crescimento que precisam de tempo para se consolidarem. As vagas de Renato e Gaitán não são fáceis de colmatar. Gaitán era um titular com seis anos de casa, jogador experiente e de uma qualidade ímpar. E a entrada de Renato foi bem acolhida pelo onze titular que se adaptou e potenciou as suas características únicas e singulares. Mais do que substituir esses dois jogadores, hoje o Benfica precisa de encontrar uma nova identidade e uma dinâmica que compense e supere a ausência de dois dos mais carismáticos jogadores que já pisaram o relvado da Luz.

    Vamos ver que Benfica nos surge na primeira competição oficial! Conto com Júlio Cesar, André Almeida, Jardel, Lindelof, Grimaldo, Fejsa, André Horta( ou Danilo), Pizzi, Carrillo ( ou Cervi), Jonas e Mitroglou como primeiro onze titular.

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    1. Atenção que até parece que as debilidades do meio-campo terminaram com a entrada do Renato Sanches no ano passado... Não foi uma solução 100% eficiente. O Renato tinha (e tem) ainda muito para aprender. Chegámos a ter jogos que apesar da energia do Renato não conseguíamos controlar o ritmo de jogo a meio-campo, muito porque o miúdo estava sempre a querer embalar o jogo, quando se pedia uma temporização. Depois a nível defensivo...

      Tudo isto se trabalha. E com um miúdo mais maduro como o Horta, torna-se mais fácil. De qualquer maneira leva o seu tempo.

      Colocar o Lindelöf a titular não, o mesmo para o Carrillo e para o Jonas. Não têm nem terão à data da Supertaça ritmo para aguentar sequer 60 minutos. Mais isso é mandar um sinal de incompetência aos restantes jogadores que os estiveram a substituir durante muito tempo: Lisandro, Cervi e Gonçalo Guedes.

      Por mim esses que mencionaste só jogariam na segunda parte.

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    2. Aceito os argumentos que indica. No entanto, a questão é que Lindelof e Jonas possuem mais qualidade que os outros a quem indica que se dá um sinal de incompetência. O onze titular deve ser composto pelos melhores, e não porque o jogador A ou B ser um jogador esforçado e corresponderem. Se daqui a duas semanas Jonas e Lindelof - pelo menos estes, já que Carrillo é um caso diverso, porque a ausência competitiva durante um ano paga-se muito mais cara do que ausência por período de férias - não estiverem em forma e capazes de aguentarem 60 minutos, então enfrentaremos um problema grave no início do campeonato. Para mim Guedes e Lisandro ficam aquém da qualidade de Lindelof e Jonas. Aceito quem adora o estilo do Lisandro, agressivo, rápido, lutador, mas muitas vezes o estilo voluntarioso dele coloca a equipa muitas vezes em contrapé. Prefiro Lindelof que muitas vezes é o primeiro construtor do jogo do Benfica, mais inteligente e com melhor tomada de decisão. Quanto a Jonas em comparação com Guedes, entendo que não é necessário explicar as diferenças, correcto?

      Por último, Cervi agrada-me. Mas sinto que ainda está longe de ser uma opção válida para o onze titular, por falta de adaptação a um futebol mais rápido, mais intenso, mais fechado e assumamos, mais faltoso. Gostava de o ver a progredir de forma gradual na equipa. Mas isto são apenas opções de adepto de bancada. Quem treina os jogadores todos os dias, saberá melhor do que eu o que cada um oferece e quem se encontra melhor para fazer parte do onze!

      P.S.: os jogadores indicados para o onze titular, no meu entender, não transmitem um sinal de incompetência aos restantes. O Plantel é composto por 25/26 jogadores e só podem jogar 11. Julgo que todos os jogadores nos treinos conseguem avaliar a sua qualidade e as dos demais. Se todos querem singrar em termos individuais, também não podem esquecer que são profissionais de um clube que vive de vitórias, onde o colectivo deve estar acima do individual.

      Um abraço e saudações benfiquistas

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    3. O futebol é um desporto que requer um nível fisico elevado. Eles são atletas. Enquanto não se atingir esse nível o jogador até pode ser o melhor do mundo mas vai ter sempre dificuldades em campo porque vai reagir mais lentamente.

      Não pode, ou melhor, não deve entrar de início se houver outros em melhor forma e que no computo geral estejam melhores (o que acontece no Benfica onde o nível é muito elevado e equilibrado), tão simples quanto isso.

      O que se faz é olhar a nomes. E isso é próprio da mentalidade de clubes menores onde a diferença entre o habitual titular e o suplente é abismal.

      Não devemos ver esta mentalidade que defendo como um risco mas sim uma oportunidade. Uma oportunidade para outros demonstrarem serviço e isto assim aumentar a competitividade interna.

      😉

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  3. Eu gostei bastante da homenagem á equipa do Torino. Tiveram o ato nobre de entragar-lhes a taça que vencemos a eles em 1948 antes do trágico acidente.

    O jogo teve muita intensidade ao contrário do que se diz por ai. Foi lento, mas teve muita luta entre as 4 linhas. Já vão 4 seguidas, mas o Milano merece ficar com a Taça do Rei Eusébio.

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