14 julho 2016

Pré-época...


Um olhar crítico quanto ao modo como o Benfica prepara as suas pré-épocas.


Nos últimos anos temos assistido a pré-épocas da equipa futebol profissional do Benfica em que se começa com inúmeros jogadores. Desde os habituais titulares aos emprestados dos anos transactos, passando pelas novas contratações e subidas da formação. Ao todo, neste momento, são mais de 30 jogadores a efectuar a pré-época com Rui Vitória. E é aqui que a porca torce o rabo!

Não deve ser fácil para Rui Vitória trabalhar com grupos de trabalho com mais de 25 jogadores. Como se consegue dar atenção a todos os jogadores nestas situações? Sabendo que a temporada deseja-se longa e intensa, quando se poderá trabalhar em qualidade se não for agora na pré-época?

É comum ouvirmos os treinadores especializados que um grupo de trabalho - leia-se plantel - deve ter num máximo uns 25 jogadores, para se trabalhar com qualidade. Por outro lado, os mesmos técnicos de topo assumem que o momento mais importante da época, onde preparam o modelo de jogo que a equipa deve prosseguir durante a temporada é na pré-época. Ora, o Benfica acaba por ser um caso paradoxal, uma vez que não faz nada disso.

Na baliza o problema de muitos jogadores até parece não se viver, ainda por cima com a lesão de Ederson.

A meu ver não o faz por vários motivos. O primeiro, porque é um clube vendedor e como tal está até ao último dia do mercado com os seus jogadores na vitrina. Sobretudo, os titulares das épocas transactas. Segundo, e por causa disso, para que quando chegar o dia 31 de Agosto e o Rui Vitória fique sem um ou dois extremos, por exemplo, seja importante que se tenha prevenido essas saídas levando para a pré-época jogadores que na "pior" das hipóteses serão eles a subirem à condição de titulares na equipa. Terceiro, e porque normalmente as alternativas que são arranjadas para colmatarem as saídas são de baixo de custo e de várias proveniências, tenta-se verificar o real valor dessas alternativas, criando-se uma espécie de ambiente competitivo na pré-época, onde novas contratações competem com jogadores emprestados de outros anos, mas também com jogadores que eram segundas opções e até jogadores que vieram da formação.

A defesa é outro dos sectores onde há um número certo de jogadores (2 por cada posição), tendo sido aproveitado para levar dois jovens o Reinildo e o Kalaica, respectivamente para colmatarem as ausências para férias de Eliseu e de Lindelöf, que estiveram no Europeu, e de Marçal que entretanto se lesionou.

A ideia, até parece não ser má de todo. No entanto, como se trabalha com qualidade no modelo de jogo nestas condições? Quando se começa a fazer um trabalho de evolução individual do jogador? Aparentemente, só em Setembro ou Outubro, já dentro da competição. Sendo assim, quantos pontos poderão custar-nos este tipo de gestão desportiva? Na época passada, foi fácil criticarmos o começo da temporada com a digressão aos Estados Unidos, mas reparem que Mitroglou e o Raúl Jiménez, dois dos mais importantes avançados da época passada, chegaram somente em finais de Agosto. E que tanta falta fizeram na Supertaça frente ao Sporting, não acham?

No meio-campo, é onde há o maior número de jogadores. Sobretudo, para as alas. São nada mais, nada menos que 8 jogadores para 2 posições. É certo que alguns destes poderão jogar mais à frente, mas mesmo assim, penso que é gente a mais. Será que a SAD vai vender 4 jogadores nessas posições? E no centro do meio-campo, a situação não é muito melhor: são 7 opções para duas posições neste momento. Também é verdade que alguns deles podem jogar mais atrás no terreno, mas continua a ser um número demasiado excessivo para se trabalhar com qualidade.

Pessoalmente, acho que este tipo de gestão tem tudo para descambar, apesar de reconhecer algumas vantagens, conforme referi anteriormente. Ela pode ser propícia para fomentar ainda mais contratações sem critério, criando depois enormes entropias ao nível da avaliação dos jogadores. É impensável que um treinador utilize a pré-época para avaliar esta quantidade enorme de jogadores com o rigor necessário e de forma séria. Depois em termos financeiros, não sei se não acabará por se transformar num caso de "o barato sai caro".

No ataque, actualmente, temos 4 jogadores para 2 posições. Parece-me equilibrado, mas se Rui Vitória quiser avaliar jogadores do meio-campo nestas posições o caso poderá mudar de figura.

4 comentários:

  1. o pior da epoca passada nao foi o termos feito as digressoes, ate aposto que o rui vitoria conseguisse fazer um bom trabalho de pre epoca com elas, o problema e quando aparecem 47 jogadores para avaliar e arranjar colocaçao. infelizmente a direcçao nao parece entender isso. o benitez era totalmente escusado pk nao so ja tinhamos carcela carrillo zivkovic pizzi para no caso do salvio sair, como tb o diogo gonçalves ficava com a vaga visto ser um jogador com bastante potencial

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    1. Completamente de acordo. É impensável estar a aperfeiçoar um modelo de jogo com mais de 25 jogadores.

      O próprio treinador nem tem tempo para despender com os jogadores.

      E a avaliação é baseada no momento. Basta um dos jogadores vir já preparado fisicamente das férias para ter vantagem sobre qualquer outro... Lembras-te do Karyaka?

      ;)

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  2. Que o Benfica contrata jogadores a mais, concordo em absoluto.
    Também não entendo a chapa 5. Porque é que toda a gente tem de fazer contratos de 5 anos? Assim acumulam-se tantos flops, que já ninguém sabe o que lhes há-de fazer...

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    1. A chapa 5 tem muito a ver com as exigências dos jovens jogadores que são contratados. Para além disso tem a ver com o tempo para verificarem se eles conseguem atingir o potencial ou não.

      O problema para mim nem é tanto as contratações. É sim o seguimento que eles dão a elas. Depois da pré-época a maioria é colocada segundo critérios meramente economicistas (equipas que podem pagar o vencimento e prémios) quando se deveria fazer um encontro entre a evolução desportiva e a capacidade financeira.

      Por exemplo, na época passada contratámos o Mukhtar que também podia jogar a "8". Onde está ele?

      É um desaproveitar que... enfim!

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