08 novembro 2013

A literacia de um povo

Este artigo vai muito além do espectro temático do blog, mas que como cidadão tenho o dever de fazê-lo. Não escrevo-o apenas por ser Benfiquista, mas escrevo-o por ser Português e sentir enorme preocupação com o futuro da nossa nação e sociedade.
Um dos maiores problemas correntes do português é a literacia. Literacia era sinónimo de alfabetismo, mas que nos tempos mais recentes começou a significar um pouco mais do que isso. Por alfabetismo entende-se a capacidade de uma pessoa saber ler e escrever. Mas, e saber pensar sobre o que se lê e escreve? Ora aí entra o novo conceito de literacia, pois abrange não só o alfabetismo, como também essa capacidade racional de criar e expôr ideias a partir do veículo da leitura e escrita.

Ora o que vemos diariamente são pessoas a deixar que sejam outras a pensarem por elas. São como "carneirinhas de um senhor maior". O termo carneirada pode não ser novo, e até pode ser algo ácido da minha parte estar a referir aqui. Para aqueles que se sintam mais melindrados, desde já o meu sincero pedido de desculpas. Contudo, num país a viver uma das suas mais graves crises de sempre, a minha paciência para com estas coisas é diminuta. Bem, focando-me no tema em questão, as pessoas são hoje em dia instrumentalizadas. Concerteza já ouviram esta expressão, não já? A verdade é que as pessoas são realmente induzidas por outras. E, isto leva-me ao segundo problema do português: o de negar que não é influenciável.

Se perguntar a qualquer um de vós que leu as notícias acerca da crítica que fizeram à vitória para a construção da estátua de Cosme Damião, tentando colar a imagem de um custo supérfluo numa altura de grave crise financeira do país, decerto que a maioria colocou-se do lado da crítica. Porque não? Era fácil. Contudo, muitos poucos tiveram atenção ao facto de que cada órgão noticioso dava um número diferente ao custo da estátua. Desde uns valentes milhares de euros até vários milhões, escreveram de tudo. Enfim... ninguém, ou muito pouca gente teve cabeça e vontade para primeiro sabendo da incoerência entre grupos noticiosos, ficarem a pensar, se a notícia era realmente verdadeira?! Segundo, nem sequer debruçaram-se um pouco mais sobre o assunto, tentando elas próprias procurar mais informações sobre o tema. E, isto leva-me ao terceiro problema do português: o desinteresse pelo conhecimento.

Já agora, a vitória no concurso da estátua, enquadra-se num programa de orçamento participativo, que a Câmara de Lisboa tem e no qual fazem parte outras candidaturas. Quem for ao seu sítio na internet, verificará que a estátua de Cosme Damião está orçamentada em 50 mil euros. Se tiver mais atenção, perceberá que há outra estátua que a Câmara vai colocar e que custa o dobro... Mesmo assim, esse facto nem deve merecer críticas por parte do público, pois isto é um orçamento participativo. Ou seja, as próprias pessoas são convidadas a participar, não só com os projectos, mas também com as votações. Haverá maior exemplo de democracia e cidadania que essa? Então porquê tantas críticas? Bem essas eu até entendo. Neste caso em concreto e porque foram levantadas por outro clube, só tem uma leitura possível: desestabilizar o Benfica e criar ruído, para esviar atenções sobre o que se passa nesse clube.

No entanto, não é só neste assunto da estátua de Cosme Damião que vi essa falta de interesse generalizado dos portugueses. Também uma notícia a meio da semana sobre o marketing com linguagem enganadora por parte das operadoras de telecomunicações fez sobressair essa faceta do português. Para essas companhias o "ilimatado" afinal tem "limites" que o consumidor nem sabia... será que não sabia, mesmo? É claro que não! Porque ninguém lê um contrato até ao fim (mesmo com as letras miudinhas). Se calhar deveriam fazê-lo, digo eu?! Ou seja, esta falta de literacia por parte de grande número da população acaba por servir que nem ginjas àqueles que vão mexendo nos cordelinhos. Também uma notícia desta semana, deu-se conta que o número de milionários em Portugal aumentou consideravelmente, mas, aí o ruído não foi o mesmo... porquê? Por causa do 4º poder, a comunicação social que é controlada por essa gente. Enquanto continuarmos assim, as pessoas nem reparam que lhes estão a roubar o dinheiro, a dignidade, os seus direitos e futuro. Para não falar do futuro dos nossos...

4 comentários:

  1. Falar em literacia e escrever influênciável?

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  2. Agradeço o reparo que já mereceu a respectiva correcção.

    Agora, preocupa-me é que se tenha o trabalho de corrigir um erro ortográfico deste tipo e nem uma única palavra sobre o assunto...

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  3. À "morte" das ideologias parece seguir-e a "morte" do espírito crítico... e o desepero de notares, quando defendes posições que resultam de reflexão, os teus opositores limitam-se a debitar "opiniões" pré-fabricadas e que a recusa da reflexão não é mal-intencionada, é sim resultado dos problemas que enunciaste... reacender o espírito crítico deverá ser a missão chave de todos os apostados no desenvolvimento da Humanidade

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    1. Exacto! Este texto é mesmo para isso: desenvolver espírito crítico.

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