Um ou dois avançados?

Provavelmente será necessário "um avançado e meio". Duvidam? Então continuem a ler as próximas linhas...

A imprensa desportiva fala da indecisão de Jorge Jesus sobre que sistema de jogo a utilizar este final de tarde frente ao Sporting de Braga. E, não é para menos! Com tanta fartura, o mais difícil é escolher a melhor opção. Analisemos então quais as soluções que Jorge Jesus terá à sua disposição para colmatar a ausência de Rúben Amorim.

Da esquerda para a direita: Lima, Ivan Cavaleiro e Rodrigo.

Jogar com dois avançados significa retornar à fórmula da época passada, o 4-4-2, que tão bons resultados trouxe. Muito embora, em vários jogos mais competitivos não tenha sido assim tão benéfico. Neste caso, as soluções que se apresentam ao técnico encarnado são três: Lima, Rodrigo e a passagem de Markovic ou Ivan Cavaleiro para avançado móvel, fazendo parelha com o ponta-de-lança Óscar Cardozo. Em termos dinâmicos, este 4-4-2 poderá oscilar entre um 4-4-1-1 mais defensivo, ou um 4-2-4 mais ofensivo.

Da esquerda para a direita: Fejsa e André Gomes.

Já jogando com um avançado declarado, sendo este o "Tacuara", pressupõe um Benfica deposto num 4-3-3 clássico com reforço do meio-campo. As soluções nesta situação, são: Fejsa - libertando Matic para "8" e o Enzo para "10" - e André Gomes - libertando o Enzo para "10", ou ser o próprio jovem luso o "10" da equipa. Notar que em termos de dinâmica, quer a inclusão de Fejsa como de André Gomes, poderá permitir uma transformação do 4-3-3 para uma espécie de 4-2-3-1, com o "10" a subir um pouco, tal como fazia o Rúben Amorim. Contudo, é importante ter presente que o Rúben era o homem do meio-campo com mais liberdade ofensiva, pois Jesus preferiu sempre manter o núcelo Matic-Enzo (M&E) mais atrás. Se incluir o Fejsa, este será o "6" o que levará a que a dupla M&E suba no terreno, o que poderá afectar a primeira fase de construção. Por outro lado, com André Gomes a "8" desfaz-se a dupla M&E. E, se considerarmos o André como "10" é muito provável que não tenha a mesma capacidade de resposta que o Rúben vinha a ter.

Da esquerda para a direita: Markovic, Djuricic e Gaitán.

Há então uma terceira solução que fica entre as outras duas. É ela a utilização de um "10" trequartista. Isto significa em o Benfica partir de um sistema baseado no 4-2-3-1. Na práctica, esse jogador terá que ter a capacidade para por vezes formar um trio a meio-campo, num 4-3-3 clássico, mas também conseguir chegar-se perto dos avançados quando necessário - trequartista clássico, ou libertar outro jogador, um extremo por exemplo, para juntar-se ao avançado centro - trequartista moderno, formando um 4-4-2. Neste caso as soluções são: Gaitán, Markovic e Djuricic. A vantagem dos dois primeiros nomes, é que significaria que Jesus poderia incorporar Ivan Cavaleiro no onze titular, o que até é uma vantagem dado o bom momento de forma do jovem português e do facto deste já levar uma série de jogos consecutivos. Por outro lado, Djuricic deverá estar com fome de bola e isso poderá ser muito importante num jogo que se advinha competitivo. Uma coisa é certa, comigo este jogador iria jogar hoje. Poderia não ser a titular, mas que iria aproveitar para utilizá-lo lá isso iria.

O que fariam no lugar de Jesus Raul José?

Com o castigo de Jesus, devido às cenas no final do jogo em Guimarães, será o seu
assistente Raul José a liderar a equipa do banco de suplentes.

No lugar de Jorge Jesus Raul José, optaria por esta solução intermédia. Começaria o jogo com Cardozo lá na frente a ser alimentado por um trio dinâmico formado por Cavaleiro à esquerda, Gaitán ao centro e Markovic à direita. As trocas posicionais que permitiria nesse tridente eram apenas duas: Cavaleiro com Markovic e Markovic com Gaitán, deixando sempre o Ivan perto das linhas, para poder fugir para o centro, encontrando Cardozo. Seria o segundo avançado. Por outro lado, Gaitán e Markovic a ficarem mais no centro permitiriam melhorar a criação de jogadas e também as transições ofensivas. Seriam o terceiro homem no meio-campo. Depois, daria minutos a Djuricic tirando ou o Gaitán ou o Markovic. Com isto queria consolidar o sistema de jogo.

Mais tarde, outras substituições poderia efectuar. Por exemplo, dar minutos de jogo a Fejsa ou André Gomes e fazer descansar Matic ou Enzo Pérez, e retirar o Cardozo e colocar o Lima ou o Rodrigo. Jogar com dois avançados declarados só o faria perante três situações. A primeira, se houvesse necessidade de dar a volta ao marcador. A segunda, se houvesse necessidade de marcar nos últimos minutos de jogo. A terceira, se houvesse uma expulsão de um jogador da equipa adversária.

Olhando um pouco para o nosso adversário de hoje, o Sporting de Braga (joga em 4-3-3 que se transforma em 4-2-3-1), a sua maior fraqueza encontra-se no tridente de meio-campo. Luiz Carlos, Rúben Micael e Rafa Silva não formam um trio com boas dinâmicas. Este é um ponto no qual o Benfica deve saber explorar bem. Depois, lá atrás, na defesa arsenalista, o lateral direito Baiano não convence apesar da boa imprensa que possui no nosso país. Ivan Cavaleiro, Markovic e até Nico Gaitán, poderão saber aproveitar esse ponto fraco. Os centrais são altos e lentos. Lá na frente, o Alan já não é o mesmo em termos físicos, mas é um "artista" na manha e no "xururu", portanto, muita atenção por parte do nosso lateral esquerdo e direito. Talvez a utilização de Sílvio, que o conhece de ginja, seria o mais aconselhável... Depois Éder, embora não estando em grande forma, é um internacional que tem qualidade. Mas, quem pode causar mais problemas à nossa defesa é o Hugo Vieira se jogar. Mesmo com pouco ritmo de jogo, o Hugo deverá querer mostrar a todos os técnicos encarnados o quão errados estavam em deixá-lo sair da Luz sem ter uma real chance... e talento tem ele a potes. Em termos estratégicos, o Sporting de Braga opta por um bloco baixo e depois tenta lançar transições rápidas. O problema é que Alan já não tem a frescura física, Éder ajuda pouco na construção e o Mauro ou Fellipe Pardo acabam por ser mais um segundo avançado que um criativo que conduza e defina bem as jogadas de contra-ataque.

É uma pena um talento com o Hugo Vieira tenha tido tão poucas (ou nenhumas) chances
na equipa encarnada. Penso que poderia ir muito mais longe. Terá sido só culpa dele?

Será que a equipa vai sentir a ausência de Jesus no banco?