25 novembro 2013

Djuricic: vítima do sistema!


Quem viu o sérvio Fillip Djuricic ontem na Luz poderá ter ficado com a opinião de que é um mau jogador... Nada de mais errado! Querem saber porquê?
Continuem a ler as próximas linhas...



O sistema de Jesus
Jorge Jesus prefere jogar quase sempre com 2
avançados, como Lima e Rodrigo, num claro 4-4-2.
Para compreender a razão dos maus jogos do Djuricic, é preciso entender o sistema de jogo que os encarnados possuem. O Benfica joga preferencialmente em 4-4-2. É esse o seu plano A e é o plano que Jesus tem imposto praticamente em todos os jogos do campeonato no estádio da Luz. Depois há um plano B, mais defensivo, e baseado numa espécie de 4-3-3 que se desenvolve num 4-2-3-1, o qual gosta de adoptar nos jogos mais complicados, sobretudo, os europeus. Por fim, há um plano C, que é aplicado nos jogos em que o resultado parece estar difícil e é preciso colocar a "carne toda no assador", falo no 4-2-4, que mais não é uma variação natural do plano A. Já agora, ao longo destes 4 para 5 anos, também já observei uma espécie de 5-4-1, com a entrada de mais um central para o centro da defesa, particularmente nos jogos em que é preciso manter a vantagem mínima. Podemos dizer que é um plano D.

Fazendo esta retrospectiva de sistemas de jogo que o Jorge Jesus tem para o Benfica, há ainda algumas coisas que merecem ser referidas. Uma delas é que o técnico encarnado é um pouco rígido no seu sistema de jogo. Quero com isto dizer que são os jogadores que têm de se adaptar às posições do seu sistema e não o contrário. Por outras palavras, é o sistema que faz os jogadores e não o contrário.


As vítimas do sistema
Aimar foi talvez a primeira vítima do sistema de Jesus,
após a época de sonho de 2009-2010, quando muitas
vezes foi opção para jogar como segundo avançado.
Esta filosofia de ter um sistema e tentar enquadrar os jogadores no sistema pode ser muito boa em termos de metodologia de treino, pois estes acabam por seguir determinado tipo de padrões que facilita a vida do treinador e da restante equipa técnica. Contudo, pode acabar por negligênciar completamente alguns jogadores. Da mesma forma, também parece-me contribuir para uma má avaliação das características dos jogadores.

Os exemplos não são isolados. Já são muitos. Rodrigo é um deles. O próprio Lima é outro, pois apesar dos 30 golos na época passada, frente a equipas mais poderosas, a dupla Cardozo e Lima nunca convenceu. Muitos desses nomes eram consagrados, como por exemplo Aimar e o Saviola. Passo a explicar. Começo pelo antigo número 10 e astro consagrado do mundo do futebol, Pablo Aimar. O que se está a passar com Djuricic não é nada mais nada menos do que se passou com Pablo Aimar sempre que jogava a segundo avançado no 4-4-2 de Jesus. Este precisava de saber jogar de frente para trás neste sistema. Mas, onde e como o "Palhaçinho" era realmente fenomenal, era a jogar de trás para a frente!


O mito Saviola
A partir de 2010-2011, Saviola ficou preso nas
malhas das defesas adversárias e do sistema de Jesus.
Já o Saviola, depois da grande temporada de 2009-2010, onde parecia fazer a ligação meio-campo ofensivo e o ataque como ninguém no futebol nacional e até internacional, na época seguinte, descresceu imenso. Foi porque teve uma quebra física? Não! Então foi porquê? Embora o sistema de jogo fosse mais ou menos o mesmo, i.e. o 4-4-2, as novas caras dentro do onze os extremos Nico e Salvio tinham características bem distintas de Di Maria e Ramires, respectivamente.

O Ramires então foi talvez o que mais falta fez sentir à dinâmica do 4-4-2 na temporada de 2010-2011, apesar de no final dessa temporada todo o adepto encarnado ter ficado apaixonado pelo seu substituto, o argentino "Toto" Salvio. Reparem que o brasileiro não era um médio-ala/extremo/avançado direito como o Salvio. Era pois um todo-o-terreno, capaz de dar largura, mas acima de tudo com dinâmicas do centro do meio-campo. Assim sendo, ele acaba muitas vezes por ajudar o Javi Garcia nas tarefas defensivas, libertando com isso o Aimar para a posição de médio-ofensivo, aproximando-se então de Saviola, combinando com ele e estabelecendo aquele futebol rendelhado característico do Benfica de 2009-2010. Nota que Aimar no papel seria o segundo médio-cento do 4-4-2. Posição essa que é hoje ocupada por outro argentino: Enzo Pérez. Na época seguinte, sem Ramires a proteger as costas, Aimar acabou por arrebentar em termos físicos e o Saviola acabou por não ter ninguém que levasse a bola até lá. Com isso, passava ao lado do jogo. Perdeu a confiança, o público ficou impaciente, e o resto da história vocês já sabem... foi vendido/dado!


As equipas adversárias
A organização ofensiva do Benfica de Jesus, em 4-4-2,
torna-se cada vez mais fácil de anular.
Para além destes tiros nos pés de Jesus, os adversários do Benfica já perceberam como é que a equipa encarnada joga, pelo que também dificultam (e bem) a vida do segundo avançado encarnado. Se os laterais e extremos adversários já faziam 2 para 1 frente aos extremos encarnados, agora a zona do meio-campo defensiva do adversário está muito mais compacta, que noutras ocasiões, acabando por espremer literalmente o segundo avançado. Este antes de receber a bola já tem dois ou três em menos de metro e meio de distância. Ora, por mais tecnicista que ele seja a receber a bola, nunca terá grandes possibilidades de continuar com a jogada pois invariavelmente só a toca de costas para a baliza.

É pois necessário fazer algo para contrariar esta resposta táctica do adversário. Aqui existem vários tipos de soluções. Umas pressupõem a alteração de jogadores/ou contratações específicas para aquela posição. Outras são a nível de novo posicionamento e novas dinâmicas colectivas, trabalhando com o que se tem.



O que Jesus precisava era de um Rooney!
O inglês Wayne Rooney é talvez o jogador que melhor
poderia interpretar a posição de segundo avançado
no 4-4-2 do Benfica de Jorge Jesus.
Para jogar como o Jesus parece querer a equipa jogar, ou seja, em 4-4-2, com dois extremos a jogar pelas linhas (e a fechá-las quando descem para defender), e com um dos avançados a conseguir descer no terreno e fazer jogo, seria necessário termos um Wayne Rooney. Mas este é único no mundo a aliar uma capacidade física capaz de desempenhar a função como Jesus pretende, como também ter a técnica e a cultura táctica necessárias para tais exigências. Contratar um jogador deste perfil seria uma solução tipo "método da força bruta". Para além disso, seria bem dispendioso, devido à especificidade da posição e dos seus exigentes requisitos.


As mudanças do sistema
Efectuando as mudanças posicionais acima descritas,
mesmo com Gaitán na esquerda e Markovic na direita,
Djuricic terá muito mais jogo o que beneficiará a equipa.
Reparem que mesmo com um jogador bem mais musculado que Aimar como é o Enzo Pérez naquela posição do centro do meio-campo, e com dois extremos velozes e tecnicistas como Markovic e Nico Gaitán, face ao sistema de 2010-2011, não basta para a posição de segundo avançado ter técnica, cultura táctica, velocidade e alguma robustez física para aguentar o choque como tem o Djuricic. Ou seja, não era apenas um problema das características de Saviola nessa temporada 10/11. Se os adversários já estão atentos conforme já vimos atrás, é então preciso criar dinâmicas para libertar todas essas unidades ofensivas. Para criar essas dinâmicas é preciso primeiro entender e compreender as qualidades dos jogadores que temos à disposição.

Olhando para o quarteto ofensivo que jogou frente ao Sporting de Braga, verificamos que houve uma troca de funções em campo. Ela foi entre Djuricic e Markovic. Enquanto o "Marko" jogou encostado à linha direita (trocando por vezes de faixa com o Gaitán) e tinha como missão fazer parte da construção de jogo ofensivo, já o Djuricic estava mais à frente e ao centro, e tinha como função combinar com os extremos e/ou com o avançado Lima. Ora, é aqui que eu afirmo que as funções estão trocadas. Não digo as posições. Mas, sim as funções, o que é bem diferente! Se pensarmos nas características de um e de outro, pensamos logo no Djuricic a conduzir a bola e a descobrir uma linha de passe para desmarcar o Markovic num dos seus movimentos diagonais preferidos rumo à baliza adversária. Não pensamos em Markovic a criar para o Djuricic, a não ser em situações pontuais. É como se a ordem natural das coisas tivesse sido alterada e adulterada.

Sendo assim, e para reorganizar a ordem natural das funções, é necessário uma rectificação no posicionamento em campo dos jogadores. Com isto, não quero dizer que o Djuricic deva ir para a linha e o Markovic para o centro do ataque. Isso também não iria resultar. O que defendo é algo mais simples: o camisola 10 tem de jogar de trás para a frente e tem de estar mais perto do Enzo no centro do meio-campo. Por outro lado, deve ter à sua esquerda ou à direita, numa linha ligeiramente mais subida, o talentoso Nico Gaitán para o auxiliar em termos criativos. Estes deveriam ser os nossos principais cérebros das jogadas ofensivas. Markovic estaria numa linha mais à frente destes dois, com missão de explorar os espaços nas costas da defesa contrária com as suas diagonais da faixa (direita ou esquerda) para o centro. Um pouco mais à frente ou na mesma linha do "Marko" deveria estar posicionado Lima, sempre com muita mobilidade para aproximar do meio-campo jogando em apoios, ou explorar as costas e alas com diagonais de desmarcação. Estou convicto que face à classe e qualidade do Djuricic, este em pouco tempo faria desaparecer as críticas que tem vindo a ser sujeito, com excelentes exibições e até golos, pois de trás para a frente teria liberdade para ir lá à frente. Em suma, Jesus pode não ter um Rooney, mas poderá ter um Özil na equipa...


O Djuricic e as novas tendências
Johan Cruijff é ainda a referência na posição "9.5", um
bom exemplo para Djuricic seguir e Jesus projectar.
Uma nota final, sobre o debate do sérvio Djuricic, e a questão de saber se ele é um "10", ou um "9.5" (conforme Jesus já caracterizou-o). Essa caracterização tem muito a ver com o sistema táctico e o modelo de jogo com que as pessoas estão a ver o jogador. Na minha óptica, o Djuricic tem capacidade para jogar em todas as posições do meio-campo ofensivo para a frente, quer seja ao centro, na direita ou na esquerda. É óbvio que em cada uma dessas posições ele irá fazer uma interpretação das funções nessa posição consoante as suas caracterísitcas. Por exemplo, não podemos esperar dele um Ronaldo quando joga na faixa, pois prefere que lhe joguem a bola no pé, enquanto para o português tanto faz-lhe. Mas, isso não significa que não possa ser uma mais valia nessa posição. O mesmo poderei escrever de outras posições, inclusive a de avançado. Contudo, é preciso saber articular o jogador com os restantes jogadores e o caso exposto neste artigo acaba por espelhar isso mesmo.

O argentino Lionel Messi é hoje em dia a referência na
posição de "9.5" e é outro que o sérvio poderá seguir.
É aqui que entro com uma afirmação arriscada, mas que se houver trabalho com o sérvio (e com a restante equipa!), Jesus poderá descobrir nele uma espécie de Johan Cruijff, sobretudo se o Benfica adoptar por completo um 4-3-3 mais clássico. Na Holanda, o camisola 10 encarnado, jogava muitas vezes como o único avançado centro da equipa e apesar dela jogar em contra-ataque, ele tinha uma missão muito semelhante àquela que Lionel Messi tem no Barcelona. Ou seja, Djuricic seria um avançado que participaria muito na construção do jogo. No Benfica, penso que poderá fazer o mesmo. E, jogando entre-linhas até poderia contribuir para os encarnados passarem a ser uma equipa com um estilo de jogo mais em posse e não tanto em transições vertiginosas.

Mesut Özil é talvez a melhor referência para o Djuricic
e Jesus seguirem a curto prazo.
Reparem que hoje em dia, com o 4-4-2, o Benfica perde um homem no meio-campo, para ganhar mais um avançado. Perde segurança na posse de bola, para apostar num jogo de transições rápidas que aproveite a igualdade numérica na zona defensiva adversária, forçando o seu erro. O problema é que com defesas bem orientadas e de malha fina, dificulta a criação de espaços de penetração do quarteto ofensivo, conforme já foi referido atrás. Depois, mesmo que um dos avançados desça para entre-linhas, este nunca está de frente para o jogo, podendo ser anulado facilmente. Para esse jogador ter sucesso, teria de ter mais colegas de equipa perto dele e para onde ele estivesse voltado, ou seja, no meio-campo. Isso até poderia acontecer no 4-4-2, se a equipa encarnada conseguisse manter compacta durante todas as fases do jogo. O problema é que devido às características dos nossos centrais, estes tendem a descer para mais perto da área de grande penalidade, ao longo do jogo (evidência o maior desgaste físico que eles sofrem). O que acontece com o Benfica acontece com a maioria das equipas, uma vez que os centrais são geralmente os jogadores menos velozes e explosivos das equipas. Por isso mesmo, a nova tendência é adoptar o 4-3-3 (ou o 4-2-3-1). Mas, mesmo nesta táctica, há diferenças consideráveis relativamente aos habituais modelos de jogo com essa táctica. Normalmente, no 4-3-3 coloca-se um ponta-de-lança finalizador e são os três médios e os dois extremos que levam o jogo até ele. Hoje em dia, o 4-3-3 de Pep Guardiola e de Cruijff fazem escola. Nestes sistemas, a posição 9, de avançado centro é de facto a posição que mais se assemelha à de 10 latino, i.e., é ele quem acaba por distribuir e construir jogo com tabelas com os médios e/ou passes a rasgar para os extremos que se comportam muitas vezes como avançados. Já agora, por curiosidade, no jogo Dortmund - Bayern Munique, foi notória a diferença entre estes dois modelos de jogo e a dinâmica que a equipa da baviera conseguiu produzir. Na primeira parte, num claro 4-3-3 com Mandukic a ponta-de-lança, o Bayern Munique teve grandes dificuldades em chegar ao último terço do terreno. Já na segunda parte, com a entrada do pequeno Götze para o centro do ataque, as dinâmicas foram muito melhores e a qualidade de jogo subiu muito para a equipa de Guardiola. Daí o que escrevi no parágrafo anterior sobre o Djuricic.

O holandês van Persie é um excelente exemplo de como
um jogador pode evoluir posicionalmente em campo.
Mesmo assim, continuo a pensar que o sérvio Djuricic tem todas as condições para poder vingar-se no 4-4-2 do Benfica. Mas, precisa de primeiro adaptar-se à realidade encarnada e evoluir. Contudo, isto terá que ser por fases. Neste momento deverão colocar a jogar na posição que referi acima, como trequartista moderno. E, jogando de trás para a frente (e não ao contrário como muitas vezes faz), e com mobilidade para ir às faixas, na mesma linha do que faz Özil (outro com quem o Djuricic poderá aprender imenso a ver jogar). Depois paulatidamente introduzir outras componentes ao seu futebol, como por exemplo, maior intensidade, saber jogar em regiões de maior pressão, saber receber a bola de costas para a baliza e de forma orientada, utilizar melhor o seu corpo para proteger a bola,... componentes essenciais para tornar ele mais completo e capaz de jogar no último terço do terreno. Um pouco como aconteceu com a evolução técnica e táctica de Robin van Persie.

Uma coisa é certa: Jesus e o Benfica não podem desperdiçar este talento!

10 comentários:

  1. Concordo com o k dizes acerca de alterar o modelo de jogo em beneficio de certas individualidades. Porem tambem e certo para mim, que se estes foram os jogadores contratados antecipadamente ou para se inserirem num sistema de jogo ja feito, entao ouve um erro claro quanto a formacao do plantel. Ainda assim acho que contratar talento as carradas nos da uma maior amplitude tactica do que o porto por exemplo. Agora em relacao ao sistema em si uma equipa e feita no fio da navalha que separa as caracteristicas individuais de cada jogador e as necessidades da posicao que este ira ocupar no terreno. A menos que tenha havido um trabalho previo e exaustivo de scouting que penso todos reconhecemos nao existiu! Sendo assim e assumindo como bem referiste, que para facilitar ou ate possibilitar o trabalho da equipa tecnica sem estar contantemente a alterar o sistema de jogo tenha que haver a capacidade para efectuar troca por troca entre os atletas. com dois pre-defenidos para cada posicao talvez o meu modelo seria o 4-2-2-2 ou seja uma variante do classico 4-4-2 mas com uma outra dinamica. E preciso ter em atencao que existem jogadores como Cardozo por exemplo que nao se encaichariam nesse 4-3-3 de falso 9 como descreveste. Ja agora como resolverias esse assunto caso podessemos implementar o tal modelo de que falas?

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    1. Batigol,

      Para te ser franco comecei a escrever o artigo através das duas figuras que coloquei sobre a organização ofensiva. O assunto dá pano para mangas daí que tenha escrito abordando outros pontos de vista, como por exemplo o 4-3-3 à Cruijff. Acho que o Djuricic poderá vir a ser um jogador desse nível se tiver os treinadores certos...

      Mas, no Benfica, gostaria que apostassem nele como um Özil. Pelo menos nesta fase inicial. Acho que o sérvio deverá começar a ganhar calo num clube com as nossas responsabilidades, numa posição que ele se identifica. Após sentirmos que ele está devidamente adaptado à nossa realidade, com confiança para dar e vender, aí sim, poderemos começar a trabalhar mais na sua polivalência e noutro tipo de tarefas mais ofensivas e fora da sua zona de conforto.

      Por isso, eu resolveria o assunto da forma como podes ver no esquema de organização ofensiva em 4-2-3-1. Na realidade, aquilo não é bem um 4-2-3-1... também não é bem um 4-2-2-2 como penso que estejas a pensar... e também não um 4-4-2 tradicional... mas pode ser um pouco de tudo, com a dinâmica necessária. (Amanhã deverei lançar um artigo sobre qual o sistema que mais se adequa ao Benfica)

      Quanto à política de contratações, o Benfica pode ter um departamento de "Scouting" xpto, mas o que dá a entender é que na matéria de futebol profissional quem manda lá são os empresários e os fundos destes.

      Outra nota: o 4-4-2 tradicional está muito em desuso, dada a melhoria dos sistemas defensivos actuais, que conseguem adaptar-se melhor à suposta igualdade numérica na zona defensiva da equipa adversária, mas também à falta de jogadores que saibam interpretar bem certas posições devido ao crescente nível de intensidade no futebol mundial. Por isso, é que falei no Rooney... Não é fácil encontrar Rooney's todos os dias... talvez, na época passada, um Miguel Rosa pudesse fazer a posição, embora com perfil físico diferente do inglês, como é óbvio. Mesmo assim, advinho que teria os mesmos problemas do Djuricic e de outros que por lá passaram.

      O posicionamento ajuda e muito, mas não é tudo. É preciso que as funções em campo estejam bem definidas e treinadas.

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    2. O meu modelo seria :

      Artur

      A.Almeida Luisao Garay Siqueira

      Enzo Matic

      Djuricic Gaitan

      Cardozo Markovic

      Daqui a divisao na linha intermediaria seria entre elementos mais defensivos e ofensivos com com os dois ofensivos a fechar ao meio contra equipas fortes ataque organizado sobre o miolo e flectindo sobre os flancos com apoio dos laterais muito ofensivos que o SLB ja tem. Os dois avancados baixam a vez um fica mais central cortando a linha de passe entre os centrais e o outro pressao individual ao trinco do adversario. Contra Barcas e afins que usam e abusam a posse de bola seria isto!
      Ja em relacao as restantes equipas de portugal no seu contra-ataque baixando a linha defensiva e o meio campo defensivo compacto com os quatro elementos de frente a pressionar a bola seria dificil nao dominar penso eu. E claro que isto depende do treino mas a minha ideia e que so se nota maiores problemas em relacao a equipas em 4-3-3 quando estas se desdobram em 4-5-1 e com um quadrado compacto o miolo ficaria muito sobrecarregado para estas jogarem.
      Markovic e para mim o jogador que mais se assemelha a Rooney e tambem o mais talentoso e para mim ele e avancado ou segundo avancado.

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    3. Interessante a tua visão, Batigol.

      Mas, não achas que ao utilizares, Djuricic, Gaitán, Markovic e até o Cardozo para fechar pelo centro, quem é que vai conseguir estancar a subida dos laterais de uma equipa como o Barcelona, que tem Dani Alves e Jordi Alba? É que os teus laterais estarão a fechar por dentro, atentos aos espaços entre eles e os centrais...

      Quanto ao Markovic, acho que ele ficar no centro do terreno será mordaçá-lo um pouco. Aquilo que defendo para ele, não é ser um extremo à antiga, i.e., agarrado à linha. Penso que ele deve em termos defensivos ajudar a fechar o flanco. Mas, em termos ofensivos, a linha é apenas o seu ponto de partida. Depois terá criatividade para movimentar-se com ou sem bola por onde ele conseguir ver espaço.

      Já agora, o Rooney para mim é único em termos mundiais. Tem técnica, visão de jogo, excelente tomada de decisão e depois aguenta cargas como ninguém. É um jogador de classe mundial. Espero que o Markovic possa atingir esse patamar, embora com características diferentes.

      Neste momento, o Marko é a meu ver um avançado interior, ou por outras palavras, um falso extremo que gosta de aparecer nas zonas de finalização. Poderá vir a ser um avançado ou segundo avançado (o nosso Messi ;P), mas é preciso ele conseguir nivelar todo o seu futebol. Para isso acho que ele pode e deve aprender muito com essa posição de avançado interior.

      PS: Sabes um sistema, que se calhar iria mais de encontro à tua ideia? Seria o 4-1-2-1-2 com um dos médios interiores ser mais interior e o outro mais ala. E, com um dos avançados a procurar fugir do centro para a linha, enquanto outro ficaria mais interior. Esse seria nada mais nada menos que uma derivação do 4-2-3-1 que escrevi no artigo. Terias utilizando o teu onze:
      Guarda-redes: Artur
      Lateral direito: André Almeida
      Defesa central direito: Luisão
      Defesa central esquerdo: Garay
      Lateral esquerdo: Sílvio
      Médio centro/interior defensivo: Matic
      Médio interior/centro direito: Enzo Pérez
      Médio interior/ala esquerdo: Nico Gaitán
      Médio centro/interior ofensivo: Djuricic
      Avançado móvel/extremo: Markovic
      Avançado centro/ponta-de-lança: Cardozo

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  2. Para mim dizes tudo aqui : " introduzir outras componentes ao seu futebol, como por exemplo, maior intensidade, saber jogar em regiões de maior pressão, saber receber a bola de costas para a baliza e de forma orientada, utilizar melhor o seu corpo para proteger a bola,... componentes essenciais para tornar ele mais completo e capaz de jogar no último terço do terreno."
    No actual Benfica só Markovic (aparentemente) tem um talento que justifique colocar a equipa a jogar em função das suas características

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    1. JV,

      Eu ao colocar o Djuricic um pouco atrás do Markovic, acabo por matar dois coelhos com uma cajadada só. Djuricic toma a batuta e Markovic aproxima-se nas zonas de finalização, onde podemos aproveitar a sua mobilidade e poder de desmarcação em diagonais e assim rasgar completamente as defesas adversárias.

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  3. Sim acho que tens razao nisso e passou-me pela cabeca quando estava a escrever sobre bloquear o centro do terreno. No entanto acho que ainda assim os laterais seriam esquematicamente um para um com os laterais/alas do barca por exemplo e o que torna aquela equipa mais forte e no meu entender a capacidade de reciclar bola. Buskets acaba por ser mais nos ultimos dois anos mais decisivo na primeira fase de construca que Xavi por exemplo!

    Em questao do Markovic concordo que o Rooney e unico mas vejo o Markovic mais como um jovem Del Piero se me permites a comparacao. Ou seja um avancado criativo dada a sua excelecia tecnica! Alias digo isto porque como dizes ele nao e tanto de criar de tras para a frente excepto em contra-ataque penso eu. A razao de o por ao meio porque sendo um avancado livre como falas ao meio por exemplo em 4-2-2-1-1 faria mais sentido para essas funcoes do que ''agarrado'' a uma das linhas.

    De resto concordo que o 4-2-3-1 e o esquema mais facilmente implementado e aqule que melhor partido tiraria dos atletas que temos. O regresso do 4-4-2 losango poderia ser alternativa com talvez Enzo a fazer as vezes do Ramires.

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    1. O Benfica tem jogadores para jogar em qualquer sistema. Aliás, eu acho que até temos jogadores a mais - não se pode treinar com qualidade um plantel com cerca de 30 jogadores... um bom exemplo é a quantidade de soluções que temos para o ataque.

      Falaste do Enzo e bem, mas também tens o Rúben Amorim, por exemplo.

      A comparação entre Markovic e o Del Piero dos primórdios da sua carreira é muito boa. Para mim, o transpalpino era uma espécie de avançado interior, pois tinha alguma importância na criação, mas era fundamentalmente um jogador que adicionava qualidade ao último terço do terreno.

      Quanto ao Busquets, tens toda a razão, o que até dá para perceber um pouco a tendência no futebol mundial. Não é à toa que o Pirlo tem o sucesso que tem a jogar naquela zona do terreno, por exemplo.

      ;)

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  4. Excelente post! Partilho, em larga escala, com o referido pelo autor no texto.
    é evidente que Djuricic é uma vítima do sistema, tal como foi Aimar. Este jogador precisa, claramente, de jogar de frente para trás, de ter algum espaço para conduzir a bola e criar, pois só assim conseguirá demonstrar a grande qualidade que efectivamente tem. Da mesma forma, Markovic poderá ser melhor aproveitado noutra posição e/ou funções: um jogador como aqueles não pode estar confinado a jogar colado à linha; pode partir daí, mas tem que vaguear pelo campo, atrás do avançado, entre linhas, diagonais nas costas...enfim...na linha e como extremo puro é, na minha opinião, um desperdício!

    Saudações Benfiquistas

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    1. Verdade!

      O Marko tem muito mais futebol para dar se o colocarem a jogar onde ele se sente melhor.

      ;)


      PS: Eu se fosse treinador do Marko, evoluiria-o da mesma maneira que o Guardiola fez com o Messi (do flanco para o centro).

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