14 outubro 2014

Algumas ideias para Fernando Santos


Uma interpretação pessoal dos sistemas que a selecção nacional poderá apresentar na 3ª feira frente à Dinamarca.


O meu plano A
O meu plano A para a selecção nacional frente à Dinamarca.
O plano de jogo inicial.
Apostaria na continuidade do sistema que Fernando Santos propôs no jogo frente à França no passado sábado. Ou seja, um 4-3-3 com um falso 9 e com um falso 6. No entanto, faria duas alterações ao onze que iniciou o jogo no Stade de France: Ricardo Carvalho por Bruno Alves e William Carvalho por João Moutinho.

Relativamente ao defesa central, preferi a performance do "kaizer" português à exibição do camisola 2 das quinas. Com Ricardo Carvalho, a defesa ganha outro controlo da profundidade, mas também capacidade de pressão e antecipação. Tal é o ideal se pretendemos jogar numa toada de jogo ofensivo e em posse de bola.

A saída de João Moutinho da equipa deve-se ao facto de este não estar a passar por um bom momento de forma. Em termos físicos, parece estar bem, pois corre e luta como sempre fez. No entanto, parece-me um jogador cansado mentalmente, pois é muito previsível no seu jogo e tem tido tendência a mastigar muito com a bola nos pés. Depois há a questão física. Sendo um jogador de baixa estatura e tendo colocado o Ricardo Carvalho, que não é um central muito alto, convém ter gente com estatura e robustez física para aguentar com os "calmeirões" nórdicos. O William Carvalho, jogando como falso 6, i.e. falso médio-centro, irá poder ser uma espécie de 3º central sempre que a equipa necessitar. Para além disso, irá libertar Tiago e André Gomes para funções mais criativas e ofensivas. Estes deverão orbitar à volta do William, conforme o momento do jogo.

Danny será o falso 9 da equipa e terá como missão recuar no campo, para procurar fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque. Libertando Ronaldo e Nani para movimentos mais ofensivos. De qualquer modo, deste tridente ofensivo, só o Ronaldo terá maiores liberdades ofensivas e menores responsabilidades defensivas. Tendo em conta a forma como ele mais aprecia jogar, ou seja, de um corredor para o centro, a equipa deverá reajustar-se em conformidade, de forma a manter-se compacta no processo ofensivo, defensivo e nas respectivas transições. Por exemplo, se o Ronaldo estiver sobre o flanco esquerdo do ataque, o Eliseu terá que estar mais próximo dele, pois é o jogador que dará profundidade ao corredor esquerdo. Essa projecção ofensiva do lateral esquerdo terá que ser colmatada pelo ajustamento posicional dos restantes jogadores da equipa. O mesmo, caso o Ronaldo esteja sobre o lado direito com a projecção ofensiva de Cédric. Do lado contrário ao do Ronaldo estará o Nani (ou até mesmo o Danny) que deverá ter uma preocupação mais defensiva, nomeadamente ajudar a fechar o seu flanco.


O meu plano B
O meu plano B para a selecção nacional frente à Dinamarca.
O plano de jogo mais ofensivo.
O plano B é uma espécie de 4-4-2. Mais concretamente é um 4-2-3-1. Trata-se de um plano de jogo mais ofensivo e de maior risco. O Ronaldo acabará por ser o avançado referência embora com dinâmicas diferentes dos habituais pontas-de-lança, uma vez que terá liberdade para percorrer toda a frente de ataque e recuar para entre-linhas. Por seu turno, o Danny que em papel estará atrás do ponta-de-lança, como "10", estará na realidade em parelha com o Ronaldo entre-linhas.

Nas alas ofensivas, como extremos puros, podendo baixando para o meio-campo - funcionando assim como médios-ala - estarão o Eliseu e o Nani, na esquerda e na direita, respectivamente. No entanto, como são jogadores polivalentes, até poderão trocar de posições, i.e. de flanco, conferindo assim uma versão ainda mais ofensiva e própria de uma equipa que queira furar defesas organizadas. Notar que tanto a dupla atacante, como esta dupla de alas é muito polivalente, pois todos eles poderão fazer qualquer posição do ataque (o Eliseu no Málaga já jogou a extremo direito e inclusive a avançado centro, por exemplo).

Atrás deste quarteto, estará uma duplo pivot formado por William Carvalho e Tiago. Penso que o jogador do Atlético de Madrid não terá dificuldades em interpretar com o William este esquema, uma vez que o faz com o espanhol Gabi em Madrid.

Atrás desta dupla, estará o quarteto defensivo formado por Cédric, Pepe, Ricardo Carvalho e agora o Antunes. Penso que o jogador do Málaga poderá inclusive formar uma excelente ala esquerda com o seu ex-companheiro e agora jogador do Benfica, Eliseu. Da mesma forma, Cédric e Nani poderão reeditar a ala direita leonina desta temporada.

Este esquema de 4-2-3-1 é o esquema mais em voga na actualidade. É de fácil interpretação e implementação, uma vez que o sistema de compensações é quase linear (pois deriva do 4-4-2), mas oferece em termos ofensivos mais um jogador. Por outro lado, para aplicar este plano B, basta fazer uma substituição (saída de André Gomes para a entrada de Antunes). Engraçado verificar que se Portugal utilizar este esquema, está na prática a utilizar um esquema patenteado pelos Dinamarqueses no europeu de 92. Nessa altura o sistema era algo assimétrico, uma vez que um dos alas era mais um médio-ala/terceiro médio, que propriamente um extremo puro/avançado interior.


O meu plano C
O meu plano C para a selecção nacional frente à Dinamarca.
O plano de jogo mais defensivo.
O plano de jogo mais defensivo é o que eu denomino de plano C. Este poderia ser aplicado numa situação de vantagem, ou inclusive de segurar um empate na casa do adversário, se os condicionalismos de jogo assim o requerer. É um plano baseado no sistema de 4-3-1-2, que facilmente se desdobra num 4-1-2-1-2 com um meio-campo condensado no centro, fruto da utilização de médios interiores em detrimento de médios-ala.

A verticalização do jogo ofensivo seria efectuada pela projecção dos laterais ofensivos (Eliseu na esquerda e Cédric na direita), mas também pelas desmarcações da dupla atacante bastante móvel (formada por Ronaldo e Nani). Este sistema teoricamente confere maior segurança defensiva pelo aglomerado de jogadores no sector central do campo. Mesmo que o adversário conseguisse uma situação de cruzamento, a probabilidade deste ter sucesso seria sempre reduzida, dado o número e falta de espaço no centro do terreno.

Para além disso, a incorporação de jogadores com fisionomia atlética acima da média no meio-campo, casos de William Carvalho, João Mário, Tiago e André Gomes, poderá ser ideal para ganhar os duelos a meio-campo frente aos dinamarqueses. O William confere o equilíbrio defensivo ao meio-campo. O João Mário, como interior direito, acabaria por se relacionar mais com os seus companheiros de clube (Cédric na lateral direita, Nani como avançado direito e William como pivot defensivo), o que seria uma solução a explorar. Até porque o João Moutinho não tem convencido nas suas últimas exibições... Por outro lado, no lado contrário, Tiago estará devidamente habituado à posição de interior esquerdo, posição que joga muitas vezes no Atlético de Madrid. Com esta disposição, o André Gomes poderá funcionar um pouco como funciona no Valência, ou seja, entre-linhas atrás da dupla de avançados (embora no clube "ché" ele actue atrás de um ponta-de-lança mais fixo). Este posicionamento dará-lhe liberdade ofensiva para criar jogadas e passes para golo para a dupla atacante. A polivalência entre os jogadores deste quarteto de meio-campo, sobretudo entre André Gomes, João Mário e Tiago, permite que eles possam revezando um pouco entre posições, se o treinador assim o entender.


As minhas opções do banco
Para além de Antunes, que utilizaria sem hesitar para um plano B, apenas consigo confiar em mais três ou quatro jogadores, sendo que um deles de forma muito condicional. São eles, o Rui Fonte, o João Mário, o Vieirinha e o João Moutinho. Este último, dado o mau momento, não sei se arriscaria...

Quem não arriscaria de todo seria em Bruno Alves, em Ricardo Quaresma e em Éder. Para mim, os dois primeiros já não têm o necessário para envergar a camisola das Quinas. Quanto ao último, penso que nunca teve a qualidade necessária para ser o ponta-de-lança, e já teve imensas oportunidades de se mostrar. Como no estilo de jogo que ele pensa jogar bem, ele não é de todo um supra-sumos, penso que não deveria entrar, mesmo que fosse para o chuveirinho. No último encontro frente aos franceses, não ganhou uma única bola de cabeça aos centrais gauleses. E, aquelas recepções a 2 e 3 metros... enfim!

Quanto ao Ivo Pinto e ao Adrien, penso que só num amigável é que agora poderão entrar... Beto e Anthony Lopes dão-me confiança na baliza. Já agora, não sei até que ponto se um destes dois não dará maior confiança do que o Rui Patrício. É que o guarda-redes leonino com a bola nos pés é um terror.

Apesar do golo de grande penalidade que o Ricardo Quaresma marcou no passado sábado
no Stade de France, a verdade é que não consigo confiar nele para um jogo intenso e
competitivo como o da próxima terça-feira, frente à Dinamarca. Talento não é tudo!

2 comentários:

  1. Fernando Santos acabou por optar por substituir Bruno Alves por Ricardo Carvalho e André Gomes por William.Parece-me que o melhor esquema é o que corresponde ao teu plano A.Um falso 9 , seja ele Danny ou Ronaldo é o que melhor se adequa às características dos nossos atletas , Percebo a manutenção de Moutinho e parece-me que Gomes e Tiago irão discutir um lugar no onze. Na minha opinião João Mário entraria bem no teu plano B na posição 10,nesse caso colocaria Danny na posição 11 .
    Apesar de nem ter estado mal continuo a pensar que Cedric não serve para lateral direito. Eliseu também não será brilhante mas está apenas em comissão de serviço até ao regresso de Coentrão.
    Parece-me que nas próximas convocatórias deveriam constar os nomes de Bernardo Silva e Marcos Lopes

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    1. O Nani também poderia jogar nessa posição de falso 9, embora penso que ele seria melhor como um "10" mais puro.

      Também percebo a utilização de Moutinho, embora penso que a tua ideia de lateralizá-lo está muito bem vista. Gostava de ver o Gomes a jogar como interior direito e o Tiago a jogar como duplo pivot, com outro jogador ao seu lado, por exemplo, um Veloso, ou um Manuel Fernandes.

      Quanto ao João Mário, por acaso preferia vê-lo mais atrás do número "10". Como interior direito.

      Sobre o Bernardo e o Marcos, completamente de acordo. Aliás, convido-te a ler o meu novo artigo sobre o jogo frente à Dinamarca e veres o esboço da selecção nacional que lá coloquei.

      ;)

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