Quem é quem?

Um olhar sobre como escolheria os meus 23 convocados para a selecção nacional.

Eu penso que mais do que escolher jogador A ou B, por afinidade, idade, qualidade, cor de pele, religião, jogar em equipa X ou Y, ser representado por fulano ou sicrano,... acho que um seleccionador nacional deve pensar primeiro no modelo de jogo que deve querer implementar na sua selecção. Longe vai o tempo em que o conhecimento desportivo estava concentrado em cada país e como tal, cada nação apresentava um estilo único e distinto. Em particular, longe vai o tempo em que Portugal jogava em contra-ataque e num estilo de futebol curto, sempre com a bola na relva e colada nos pés dos jogadores. Hoje em dia, "o que está a dar" é ou tentar um futebol de transições rápidas com um bloco compacto e com as linhas recuadas no seu meio-campo, ou então um futebol de posse onde o primeiro defesa é o ponta-de-lança e onde a linha defensiva muitas vezes se confunde com a linha de meio-campo. Mas, a ambição de todo o treinador é o... futebol total! E, isso é possível quando se tem acesso a jogadores de qualidade, como nós temos.

Ao contrário de muita gente, eu penso que Portugal pode ter uma grande selecção, daquelas que nos podem encher de orgulho, se libertar-se de algumas amarras que o prendem a determinado tipo de convocatórias. Ou seja, e que tal convocar-se com critérios de necessidade, condição de apto, qualidade, momento de forma, visão de grupo e de passado, presente e futuro? Penso que é possível!

Joguemos então ao "Quem é quem" da selecção nacional:

Os 3 melhores guarda-redes portugueses entre os postes, nas bolas aéreas, nas saídas e com os pés, que melhor sabem interpretar a função de guarda-redes líbero...

Beto, Rui Patrício e Anthony Lopes.

Os 4 centrais portugueses que melhor sabem construir jogo e interpretar um estilo de jogo de posse de bola e de pressão intensa sobre o adversário, com capacidade de recuperação e tecnicistas, sendo que um deles seja canhoto*... 

Pepe, José Fonte, Luis Neto e Miguel Veloso.

Os 2 melhores laterais portugueses a defender, que sejam exímios nos aspectos defensivos - como por exemplo, saberem não conceder espaços entre o lateral e o central mais próximo - mas, que também saibam aproveitar o corredor para ajudarem no ataque...

André Almeida e Antunes.

... e os 2 melhores laterais ofensivos nacionais, que possam jogar em posições mais adiantadas se tal for necessário - por exemplo como médios-ala num esquema de três centrais - mas que sejam bons a defender...

Sílvio e Eliseu.

Os 2 melhores médios defensivos/centro nacionais, com grande capacidade física - capazes de em poucos passos engolir o meio-campo todo, com enorme capacidade de pressão sobre o adversário/portador da bola - mas, também com um nível técnico acima da média -  capazes de interpretar um futebol de passe misto ao primeiro/segundo toque e intenso - e com capacidade de transporte de bola se tal for necessário...

William Carvalho e Tiago.

Os 2 melhores médios centro/ofensivos nacionais, capazes de comandar os ritmos de jogo a meio-campo, organizando-o, os verdadeiros cérebros da equipa...

Manuel Fernandes e André Gomes.

Os 2 melhores médios interiores capazes de equilibrar a equipa tanto em termos defensivos como ofensivos e que possam jogar de quando em vez sobre uma das faixas dando largura ao meio-campo, ou seja, as formiguinhas da equipa...

João Moutinho e Duda.

Os 2 melhores médios-ala/extremos puros nacionais, com capacidade técnica e criatividade para tanto atacarem zonas laterais como zonas internas, para além de pressionarem o adversário e ajudarem os laterais nas tarefas defensivas, e exímios nos movimentos com (desequilíbrios nas jogadas individuais) e sem bola (desmarcações)... 

 Nani e Fábio Coentrão.

Os 2 melhores 2ºs avançados/médios ofensivos "10"** nacionais, que tenham enorme capacidade para jogarem entre-linhas, atrás do avançado referência ou em parelha com este, capazes de criarem passes de ruptura e de golo, com enorme qualidade técnica, e que apresentem níveis de concretização consideráveis...

Danny e Bernardo Silva.

O melhor ponta-de-lança completo*** nacional com capacidade física acima da média, com enorme poder de choque, uma técnica prodigiosa, inventiva, desconcertante, velocidade e potência...

 Tiago (Bébé).

... e, por fim, o melhor jogador do mundo...

Cristiano Ronaldo.

*    - Há quem não dê muita importância à necessidade de um central canhoto, contudo, se queremos uma selecção que utilize um estilo de futebol pressionante sobre o adversário, tecnicista, de posse de bola, mas ao mesmo tempo capaz de utilizar a transição rápida, é necessário, ter um canhoto lá atrás para que facilmente num passe longo para a extrema direita consiga achar um jogador solto. E, tendo em contra que a selecção que apresentei, mais a quantidade de extremos que poderão servir o núcleo que coloquei acima, penso que faz todo o sentido, pois a sua maioria são jogadores destros e que jogam a extremo direito.

**   - Considero que neste momento, o Danny está num excelente momento de forma e na posse de todas as suas capacidades. Os problemas físicos que o afectavam parecem estar completamente ultrapassados, o que lhe permite ter continuidade de jogos nas pernas e com isso a sua confiança está no topo. Por sua vez, penso que o Bernardo Silva tem progredido imenso no Mónaco de Leonardo Jardim ao ponto de o considerar como opção para esta posição. Dificilmente iremos arranjar melhor em Portugal. De salientar que para esta posição também considerei o Rony Lopes e caso ele possa e queira actuar pela nossa selecção, acho que deve ser aposta. Sobretudo, se o Danny voltar a um nível mais baixo.

*** - Para mim, o futuro imediato da posição de avançado referência da selecção será o Ronaldo. Logo aí, eliminaria as outras opções "consagradas" para essa posição, sobretudo pela falta de qualidade, tais como Éder, Postiga e Almeida. Não considero que Portugal deva jogar com um avançado ponta-de-lança à antiga, fixo entre os centrais, mas sim um avançado referência móvel, que goste de pressionar os centrais adversários e que goste de trocar posições com outros jogadores, tornando o ataque mais móvel e desconcertante em termos de marcações do adversário. É por isso, que aposto em jogadores como Bernardo Silva, Danny, Nani e Fábio Coentrão um pouco mais atrás deste avançado. Tudo jogadores que têm capacidade para atacarem as zonas onde supostamente o avançado deve estar. Sendo assim, esta posição de avançado e de suplente de Ronaldo, deve ser concedida a jovens avançados, como por exemplo Rui Fonte, Nélson Oliveira e o Tiago (Bébé). A minha escolha recaiu sobre o Tiago, porque vejo nele muito potencial em termos físicos para poder ser um bom complemento para o Ronaldo, em jogos mais fechados e que requerem maior presença física na grande área adversária.


Nota - Outros jogadores que quando em forma têm potencial para jogarem na selecção nacional:

• Guarda-redes: Mika, o agora guarda-redes do Boavista tem dado bons sinais de que quer agarrar uma carrira profissional que muitos agoiravam de excelente após o mundial sub20 na Colômbia. A meu ver vai muito a tempo e tem o perfil físico, técnico e táctico que eu procuro para a equipa. Idealmente, num grupo de 23 para uma fase final de uma competição como o Europeu, convoca-se dois guarda-redes habituais titulares e o terceiro posto é para um jovem. Mika poderá muito bem ocupar esse terceiro lugar.
• Defesas centrais: Daniel Carriço, Paulo Oliveira, Tiago Ilori, Rúben Vezo e Rúben Fernandes são nomes a ter em conta. O jogador do Sevilha tem sido um esteiro para aquela equipa, sobretudo como médio defensivo. Está com ritmo de campeonato espanhol e tem estado em bom plano. O jogador do Sporting como ainda esta semana pode-se ver está bem e recomenda-se. É um dos bons valores nacionais para a posição de central. O jogador do Liverpool tem um potencial tremendo, ou seja, fisicamente é invejável, pois alia altura a velocidade e alguma potência física. Falta é jogar com regularidade ao mais alto nível, mas deve ficar no nosso radar. Algo, que o ex-vitória de Setúbal não se pode queixar no Valência. Quanto ao jogador do Estoril é um canhoto polivalente, capaz de jogar tanto a central como defesa esquerdo. Um jogador que não complica e um dos poucos centrais canhotos que temos. Não inclui o Ricardo Carvalho, pois penso que este não tem exibido em grande plano no Mónaco. Notar que esta equipa tem uma defesa que compromete muito e o "Kaizer" Português, não está totalmente isento de responsabilidades nesse capítulo.
• Laterais: Cédric Soares, João Cancelo, Rúben Ferreira e Luís Martins, tudo jovens com margem de progressão e capacidade para atingirem outros patamares. Veremos como a evolução de João Cancelo e Luis Martins no campeonato espanhol se prossegue.
• Médios centro: Rúben Amorim, David Simão, Adrien, João Mário, Josué e Danilo Pereira. O camisola "6" encarnado é um jogador que em condições físicas tem lugar na selecção nacional de caras. O agora jogador do Arouca, embora muitas vezes criticado como pouco intenso, penso que será um jogador que poderá ter futuro em zonas mais recuadas no meio-campo, através da sua visão de jogo e capacidade de passe a curta, média e longa distância. Quanto aos dois jogadores leoninos, o facto de jogarem em conjunto, trará dinâmicas e rotinas já trabalhadas que poderá beneficiar a selecção. Já o ex-portista, se ele conseguir crescer a nível mental, deixar de ser tão quezilento dentro de campo e aproveitar a sua intensidade e o seu pé esquerdo, poderá ser uma alternativa de qualidade ao espaço de Duda, por exemplo. O Danilo Pereira é o jogador mais parecido com o William Carvalho que temos neste momento. É um jogador que bem aproveitado pelos grandes terá um grande futuro e que como tal deve ser tido em conta pelo seleccionador nacional.
• Extremos: Vieirinha, Bruma, Ricardo Horta, Pizzi, Ivan Cavaleiro e Hélder Costa. Penso que os primeiros são consensuais. Vieirinha tem experiência do campeonato alemão. Ricardo Horta do campeonato espanhol. O Bruma tem sido referência na Turquia. Pizzi quando restabelecer da lesão será um reforço de peso para o Benfica. Quanto a Ivan Cavaleiro, tem tido oportunidades em Espanha. Já, quanto ao jovem benfiquista Hélder Costa, coloco-o nesta lista, porque falta-nos extremos canhotos de raiz na selecção nacional e pelo que tenho visto, o jovem prodígio bem que pode ser uma das soluções para esse problema.
• Médios ofensivos: Miguel Rosa e Rony Lopes. O capitão do Belenenses é um dos melhores jogadores portugueses do nosso campeonato nacional. Joga em toda a largura do ataque. É muito intenso e revela uma capacidade goleadora fora do normal. Já o jovem do Lille, já teci o meu comentário acima.
• Avançados: Nélson Oliveira e Rui Fonte. Sobretudo pela juventude e potencial que ainda apresentam, que faz com que tenhamos esperança que eles possam evoluir e serem melhores avançados que um Hélder Postiga, um Hugo Almeida ou um Éder.

O meu onze da selecção nacional rumo ao Europeu 2016.
Uma equipa de futebol total. Na baliza, Beto confere controlo
do espaço das costas da defesa e segurança entre os postes.
Na defesa, Miguel Veloso seria o central líbero, enquanto o
William Carvalho seria o central de marcação. Ambos seriam
fundamentais na construção de jogo de trás. Nas laterais,
Sílvio seria uma espécie de Lahm português, enquanto o
Antunes em movimentos interiores poderia aproveitar o seu
remate poderoso. André Gomes seria o médio mais recuado,
que seria ajudado pelo interior direito João Moutinho. Como
ala esquerdo puro, a sair do interior para a ala e ir à linha de
fundo, estaria o Fábio Coentrão. No centro, a camisola "10"
seria do jovem Bernardo Silva, e na ala direita, como avançado
interior estaria o Nani. Por fim, a estrela da companhia, que
deambularia lá na frente, seria o Cristiano Ronaldo.