A análise à 4ª vitória consecutiva no campeonato do Benfica.
4ª vitória consecutiva no campeonato, 4 golos marcados, 15 minutos à Benfica, Talisca isolado na lista de melhores marcadores do campeonato com 6 golos, Derley a estrear a marcar golos em jogos do campeonato e logo no seu primeiro encontro a titular, Jonas a estreia-se de águia ao peito e logo com um golo, Salvio com mais uma assistência e um golo, Ola John com duas enormes jogadas e duas grandes assistências e Artur a ser muito interventivo na manutenção de uma ficha limpa de golos sofridos, com um punhado de grandes defesas. Este poderia ser o resumo do encontro encarnado frente ao Arouca.
No entanto, o resumo estaria muito incompleto. A verdade é que a primeira parte foi do Arouca. Não em termos de posse de bola, pois a equipa de Pedro Emanuel jogou sempre com um bloco baixo, atrás da linha da bola, e a espreitar o "contra-golpe". Foram várias as transições rápidas, envolvendo 3 e até 4 e 5 jogadores que o Arouca foi causando calafrios na defesa encarnada. Foi nesse espaço que Artur esteve ao seu melhor nível, defendendo tudo o que havia para defender. Realmente, à muito que o guardião brasileiro não se apresentava tão seguro entre os postes. Será que o problema dele era não ter concorrência?
Podem dizer-me que os problemas do Benfica encontram-se na defesa e no centro do meio-campo. Em parte é verdade, mas o ataque também é demasiado previsível e pouco agressivo. Por exemplo, o Arouca na maior parte das vezes conseguia sair a jogar sem grande pressão. Com jogadores como Lima, Derley, Salvio e Gaitán, tudo jogadores velozes, a estratégia do Benfica poderia muito bem ter passado por pressão intensa sobre a equipa do Arouca. Só para contextualizar, um dos ataques mais comprometedores dos canarinhos, foi protagonizado pelo seu lateral direito. A reacção à perda de bola por parte do Benfica é quase inexistente. Só quando a bola entra no último terço da defesa encarnada é que esta se torna mais activa. Nessa altura já a equipa desceu uns 60 metros no terreno, pelo que ao final de 30 minutos a ir e vir, o desgaste nos jogadores começa a surtir efeito. Para mim, este é o maior problema do Benfica.
É óbvio que o centro do meio-campo não está a funcionar bem, mas também é algo normal, visto que neste encontro jogaram o Talisca e o Samaris no meio-campo, dois jogadores que acabaram de chegar à Luz esta temporada. Contudo, apesar de serem algo lentos e mau posicionados quando a equipa perdia a bola, gostei de alguns pormenores de ambos. Por exemplo, gostei mais quando jogaram lado-a-lado, do que um-à-frente-do-outro. Quando estavam lado-a-lado, conseguiam fazer uma barreira ao meio-campo do Arouca. Mas quando a equipa de Pedro Emanuel apanhava-os um-à-frente-do-outro, pareciam pinos no campo, tal era a facilidade com que facilmente em triangulações passavam por eles. Em termos físicos, penso que lhes falta alguma resistência e poder de reacção. Depois, têm de pensar o jogo de forma mais rápida. Eu acho que o Talisca vai ser um caso sério no futebol mundial quando souber jogar à velocidade europeia, algo que ainda só consegue fazer a espaços. Saber jogar a um e dois toques é talvez a maior prova de perícia técnica e táctica que um jogador de futebol pode fazer nos tempos modernos. E é isso que muitas vezes falta aos nossos meio-campistas. Muitas vezes continuo a vê-los correr com a bola nos pés para depois entregarem a um ou dois metros aos companheiros. Os chamados passes à queima. Isto tem de ser corrigido. Não digo que de quando em vez devam fazer transporte de bola, mas quase sempre é que não.
Quanto aos problemas da defesa, começam logo pelas referências dos laterais e centrais. Estes não devem nunca deixarem que os médios, extremos e avançados adversários consigam receber a bola e rodarem-se para o ataque. Vejam bem a exibição de Wendell frente ao Salvio, no encontro frente ao Bayer Leverkusen. É assim que um lateral deve-se comportar. Fizessem isso e Pintassilgo, mas também André Claro, não teriam metade das chances que tiveram.
Nota importante: o ataque encarnado ao não pressionar quando perde a bola, não dá tempo para a defesa e meio-campo encarnado se organizar rapidamente para pressionar alto também. Sendo assim, o que eles fazem é recuar fazendo contenção, até conseguir reorganizarem-se. Normalmente, o Benfica consegue esse nível de reorganização quando chega perto da sua grande área. Acontece, que mesmo que recupere a bola nesse momento, porque os atacantes ainda estão a recuar, cria-se uns bons 30 a 40 metros de fosso entre o ataque e o resto da equipa. Fosso esse que tende-se a agravar quanto mais o tempo passa, pois maior o desgaste que os jogadores vão sofrendo.
O cansaço de um jogo a meio da semana tão desgastante como o frente ao Leverkusen pode explicar muita coisa, assim como o novo meio-campo e a renovação de parte dos centros da defesa e do ataque (Lisandro e Derley, respectivamente). Contudo, teria lógica se a equipa fosse perdendo o fulgor ao longo da partida e não o contrário. Assim sendo, acredito que há é falta de mais e maior trabalho de treino na Luz. Estes problemas só se vão resolver com treino. Muito treino!
O Talisca surpreendeu-me muito pela positiva e quando veio para a Luz estava mesmo muito desconfiado. Mas enganei-me e o nosso scouting está a funcionar bem, o que é óptimo. Apesar disso, mesmo com o Enzo o nosso meio-campo tem estado frouxo na manobra defensiva e a recuperar a bola. Mas também tivemos o azar com a lesão do Amorim e com o Fejsa no estaleiro. Veremos de o Samaris consegue interpretar o nosso modelo táctico...
ResponderEliminarEu penso que a resposta a esses problemas passará não só pela adaptação do Samaris, mas também pela adaptação/evolução do modelo táctico do Benfica de Jesus.
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