O fair play financeiro é...

Um olhar sobre a "mão leve" da UEFA ao Porto.

Imaginem-se como empresários numa indústria. Imaginem-se que vocês para chegarem ao sucesso que atingiram, seguiram o caminho correcto, sem atalhos, com sacrifícios e muito suor e trabalho. Imaginem-se que fizeram os investimentos necessários como manda o figurino. Já entraram na pele desse empresário? Muito bem! Agora, imaginem que aparece um empresário concorrente no mesmo mercado que para atalhar o crescimento, faz tudo ultrapassando as margens da lei. E, faz isso porque o sentido ético que possui é muito baixo e, sabe também que a punição é inferior aos dividendos que poderá daí retirar. O que é que acham que isso irá provocar na tal indústria?! Irá provocar igualdades? Os futuros empresários irão percorrer que caminho? O caminho do bom samaritano? Ou o caminho do corrupto?

Sim! Chamo de corrupto ao empresário que tenta atalhar passando por cima da lei, porque sabe que não sairá assim tão prejudicado. É corrupto, porque acaba por corromper todo o sistema. Muitos desses corruptos, virão com a falácia que o sistema é que está mal e que a punição deveria ser maior. Mas, toda esta falácia esconde o verdadeiro problema deles: o defeito de carácter. O Porto, esta semana foi beneficiado na decisão da UEFA. Uma decisão que eles há muito sabiam que iria ser aquela, tais os casos recentes com o PSG e o Manchester City. O que são uns míseros 700k€ para um Porto que com a venda de um júnior conseguirá muito provavelmente cobrir isso e muito mais?

Onde está a igualdade na indústria que a UEFA deveria promover. É que o Porto pela sua história e nome, muito provavelmente conseguirá encontrar investidores que permitam investir no clube e este acabar por nuns primeiros anos sair fora do tal fair play financeiro. Mas, um clube mais modesto que tente crescer de forma sustentável e sem a alavancagem destes fundos e grupos, como fica no meio da indústria? As condições não deveriam ser iguais para todos?

O que é certo é que a UEFA até tem um regulamento que permite decisões mais pesadas, mas tem tido sempre uma atitude muito branda com os clubes que entram neste tipo de incumprimento. Isto dá a clara sensação que a organização está muito permissiva perante este tipo de gestão, o que quanto a mim é um erro. Sobretudo, quando se trata deste tipo de modelos de gestão num país tão periférico como Portugal e em que se permite ainda a entrada de fundos na indústria do futebol. Seria importante, a UEFA começar a pensar melhor este tema e ser mais inflexível perante isto, pois está em causa, conforme escrevi acima a estabilidade da indústria.