04 junho 2017

A mina de ouro do...


Como aproveitar o talento da equipa B?


O jornal espanhol Marca fez esta semana alusão à mina de ouro que existe no Benfica. Não fez-lo tanto para retratar o filão de ouro que existe nas camadas jovens do clube da Luz, mas sim para demonstrar que no futebol actual, dificilmente existirá clube que mais dinheiro faz em transferências de jogadores. É por isso que quero com este artigo fazer uma ponte para estes dois grandes temas: as transferências e os novos talentos. Posteriormente, continuarei a fazer uma descrição de quais são os actuais verdadeiros talentos que se encontram na equipa B. Começando com as transferências, nós adeptos somos mais emocionais quanto a este capítulo. Conforme já tive oportunidade de escrever noutro artigo, queremos sempre preservar os melhores e ir indo rodando os piores para assim conseguirmos construir o plantel mais forte que existe no planeta e arredores. Contudo, a lógica do mercado não nos permite. Assumindo esta condição, torna mais fácil entender que os jogadores jovens e com mercado estarão na Luz em ciclos que não deverão ultrapassar entre 1 a 3 anos. Essa limitação temporal e a exigência de resultados desportivos que um clube como a nossa grandeza pressupõe, leva-nos a um planeamento quase germânico a médio e longo prazo. É por isso que a maioria dos investimentos é feita em jovens jogadores, na sua maioria para entrarem na equipa B e verificar as suas evoluções. É nesta equipa B que se criam as condições necessárias para que os atletas possam desenvolver os seus talentos de uma forma muito mais rápida e enquadrada com o ADN de campeão do Benfica.



Contudo, planear a médio e longo prazo também tem as suas lacunas. A maior delas é que nem sempre as coisas resultam como planeadas. Por exemplo, investe-se num jovem talentoso jogador, na sua formação e depois por factores diversos ele na transição para o futebol sénior perde-se. Como resolver este problema? Como reduzir-lo? A resposta mais simples é a seguinte: quantidade. Já alguma vez perguntaram porque é que o Benfica está sempre a contratar jovens jogadores, muitas vezes para posições em que aparentemente já têm talento vindo das camadas mais jovens? Como por exemplo, porque é que se contrata um avançado sérvio, quando já existe um fora-de-série nos júniores? A resposta é semelhante à encontrada em muitos exemplos da mãe natureza. Por exemplo, as tartarugas colocam milhares de ovos, porque sabem que desde o estar dentro do ovo até às jovens tartarugas chegarem à água, inúmeras serão devoradas pelos predadores. O paralelismo que se faz aqui é com o inúmero desaproveitamento de talento que acontece com situações que fogem ao controlo de um clube, como por exemplo, lesões graves (caso do Guga), mentalidade, maturidade, etc. Mas, o espectáculo tem de continuar. O clube não pode parar e é necessário haver sempre planos de contingência.



Explicado o porquê de tantas contratações de jovens, está na altura de também debruçarmos sobre outro problema que poderá acontecer, como aquele que antevejo ocorrer já neste defeso. Temos neste momento 5 jovens jogadores prontos para poderem incorporar a equipa principal do Benfica. São eles o Rúben Dias, o Pêpê, o Diogo Gonçalves, o João Carvalho e o Heriberto Tavares. O Hélder Cristóvão como poderão ver pela entrevista que concedeu a semana passada à BTV, adiciona ainda outros jogadores a este lote, como é o caso do Yuri Ribeiro, mas não vou tão longe. No entanto, olhando para a equipa principal percebemos que se não houver lesionados e transferências de última hora, será muito difícil estes miúdos conseguirem conquistar o seu lugar ao sol. Face ao talento que possuem, caberá à estrutura do Benfica saber fazer o enquadramento necessário para que estes talentos não se percam de todo, pois são os que estão melhor posicionados para substituir aqueles que daqui a 1 a 3 anos provavelmente já não estarão na Luz.



O jovem central Rúben Dias é um líder nato. Vejo nele o carácter e garra de um Sérgio Ramos. Tecnicamente, penso que está uns furos abaixo do central espanhol. Mas, a auto-confiança que possui e estando devidamente enquadrado num ambiente que permita ele errar, poderá-nos surpreender pela positiva. Por outras palavras, há ali mais sumo técnico que possamos espremer dele. O maior problema que antevejo, prende-se com a concorrência com o jovem Kalaica. Com a possível saída de Lindelöf neste defeso de verão, sobrarão o Luisão, o Jardel e o Lisandro. Logo, a vaga para 4º central será disputada entre o capitão da equipa B e o jovem croata. Pergunta que se coloca à estrutura do Benfica é: qual deles deve ficar? Ou se devem ficar os dois? Argumentos a favor e contra, para um e outro, podem ser esgrimidos e todos eles válidos. O mais certo será o jovem capitão ser emprestado, tendo em conta o final de época de Kalaica, mas a pré-temporada poderá alterar tudo isto. Pessoalmente, eu preferia apostar no Rúben. Contudo, também vejo que este estaria muito mais bem preparado para ser emprestado que o croata. É também por aqui que o departamento de futebol deverá equacionar muito bem a opção que tomar.



O jovem médio Pedro Rodrigues, mais conhecido por Pêpê, é daqueles jogadores que alia o talento a um perfil físico que lhe permite augurar um grande futuro. Faltará saber jogar mais rápido. Aliás, faltará saber pensar mais rápido o jogo e não mastigar tanto, como ele tem tendência para o fazer. Por vezes, dá um ou dois toques a mais na bola, pois é durante esse momento que está a efectuar a tomada de decisão. Na equipa principal cedo irá perceber que a tomada de decisão na posição "6" e "8" em campo, terá que ser efectuada quase sempre imediatamente antes a que a bola lhe chegue ao pé. Conseguir adaptar-se a isso, já na pré-temporada, será determinante para ser solução no curto e médio prazo. Se houver uma saída de um dos jogadores do meio-campo, como por exemplo o Samaris, ele terá que demonstrar estar pronto para o embate. É que se não tiver, o mais certo será entrar numa espiral tipo João Teixeira. Ah! Para aumentar a suas hipóteses de sucesso, deverá apostar num trabalho específico na pré-época. Se há defeso em que deve trabalhar um pouco mais, é este. E, este conselho serve para todos os que aqui refiro.



O Diogo Gonçalves é um craque. Se dúvidas houvessem, o golaço que marcou ao Uruguai no mundial de sub20, dissiparam completamente. A meu ver, é como 2º avançado que ele vingará no Benfica e não tanto a extremo esquerdo ou direito, posições que ele também consegue desempenhar. Tem golo, mas também tem ainda muita imaturidade, sobretudo a jogar de costas para a baliza. E, como é um jogador que gosta da jogada individual, acaba por jogando mais atrás não ter as melhores tomadas de decisão. Aliás, é por esse motivo que o rendimento dele cresce quando ocupa posições mais dianteiras. Face à concorrência que actualmente existe no plantel principal encarnado, eu optaria por emprestá-lo a uma equipa da primeira liga. Poderia fazer a pré-época na Luz, até porque poderá haver uma lesão de algum dos jogadores da frente de ataque. Contudo, finalizando esse período o melhor seria ele ser emprestado a um clube da primeira liga que o utilizasse como titular. Neste momento, ele precisa de jogar apenas. O seu estilo de jogo não precisa de grandes exigências de contexto como por exemplo o Pêpê, que é um médio fino. A minha recomendação seria colocá-lo num Vitória de Setúbal. Uma coisa é certa, lembram-se da minha recomendação pelo Diogo Jota à uns tempos? Muito provavelmente, se o Diogo Gonçalves não se perder, não será necessária essa possível contratação do Jota.



Em sentido inverso, estaria o João Carvalho. Mas, somente se um destes jogadores saísse do plantel principal encarnado: Carrillo, Salvio e Jonas. Se o Carrillo saisse era substituição directa pelo João Carvalho. Mesmo não sendo um extremo esquerdo puro, penso que é nessa posição que o João poderá render mais na equipa principal do Benfica, pois é aí que ele poderá aplicar o seu virtuosismo e excelente tomada de decisão de frente para o adversário. Funcionaria como o Zivkovic do lado direito, i.e., um falso extremo mais cerebral, que poderia ajudar a dupla de meio-campo na criação de jogadas para a dupla atacante e devidamente apoiada pelo lateral esquerdo. Se o Salvio saisse, o Carrillo muito provavelmente jogaria como extremo direito puro, o que libertaria a posição na ala esquerda para o João Carvalho. Se o Jonas sair, antevejo a consolidação do Rafa como 2º avançado, abrindo uma vaga para falso extremo esquerdo. Se, for para ser o 5º extremo/avançado/médio-ofensivo, prefiro ver o Joãozinho a brilhar noutros campos nesta fase tão importante na sua carreira, onde o que deve fazer é simplesmente jogar. Mantendo-se no Vitória de Setúbal e com a possibilidade de contar com o seu amigo Diogo Gonçalves, poderão ambos fomentar desde já uma micro-estrutura que poderá servir de base daqui a uma época, quando o ciclo de um ou dois dos elementos mais ofensivos estiver terminado e serem alvo de transferências. Aí, o espaço libertado poderá ser preenchido por estes dois que terão já inúmeros minutos acumulados juntos. Esta é também uma forma que o Benfica deve pensar as suas cedências por empréstimo.



Por fim, gostaria de fazer referência aquele que considero realmente a pérola da formação da equipa B desta época transacta: o Heriberto Tavares. Vejo neste miúdo o talento e a capacidade física para ser um Ousmane Dembélé. Talvez seja porque ambos são ambidestros, se bem que o Heri seja mais canhoto. Talvez seja exactamente por ser um canhoto-ambidestro e não um destro-ambidestro, algo pouco comum, e que por isso me atraia ainda mais. O que eu sei é que o Heri quando chegou não conseguia jogar sequer 60 minutos, mas no final da temporada, já dava 90 ou mais minutos e tinha uma confiança tal que marcava livres com o pé esquerdo e grandes penalidades com o pé direito, tudo isto frente à equipa B do Porto. Este é talvez o jogador que eu tentaria manter-lo no plantel principal, porque é o jogador que mais necessidade do contexto certo precisa de ter à sua volta para dar-lhe o verdadeiro clique e atingir o seu verdadeiro potencial. Lembram-se de eu ter falado do interesse no Gil Dias? Pois bem, o Heri é a verdadeira razão para eu não o achar que seja uma necessidade preeminente. Com o Raúl, o Mitroglou e, agora, o Seferovic, a chegarem mais tarde de férias à pré-época, devido aos compromissos com as respectivas selecções, penso que o Heri poderá ter uma boa oportunidade de se mostrar a Rui Vitória nos primeiros jogos da pré-época. Aliás, tal como todos os outros já referidos.



Conclusão: este tema do enquadramento destes jovens deve ser algo de preocupação por parte da estrutura do futebol profissional encarnado. Está aqui muito talento que valerá ouro, não apenas em títulos desportivos, como em capital financeiro. Está aqui o futuro a médio prazo do Benfica. Portanto, é necessário saber acolher e protegê-lo.




P.S.: Já me ia esquecendo de vos mostrar o golaço do Diogo Gonçalves esta manhã no jogo do mundial de sub20 frente ao Uruguai... infelizmente, a jovem selecção das quinas não continuou em prova, mas ficou vários grandes apontamentos, como este.


16 comentários:

  1. António Madeira05/06/17, 01:04

    Bem, tu hoje estás com a mão quente! :D
    Ainda mal deu para assimilar os últimos dois artigos e já vens com este? "Tem lá calma, Xico!" Há aqui muita coisa para absorver e isso leva o seu tempo. ;)

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    1. Foi para compensar os dias que estive ausente. ;)

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  2. Espero que o Vitória esteja atento ao Heri, não percebo como raramente se falou nele durante esta temporada, de todos parece-me quem está mais preparado para integrar a equipa principal, é rápido e é forte fisicamente, não vai ao chão facilmente.

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    1. Concordo Mouse. Ele tem um equilíbrio com a bola fenomenal. É daqueles jogadores que pode chegar muito, mas mesmo muito longe. Mas, tem de estar próximo de Rui Vitória porque acho que se não tiver a pessoa certa ao lado, poderá ser mais um talento desaproveitado.

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  3. Bom tópico. Qd tiver tempo para ler com calma, dar-te-ei a minha opinião.

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    1. Penso que ela vai sempre depender da forma como imaginas a construção do plantel, incluindo quem da equipa principal abririas mão para os miúdos poderem entrar.

      ;)

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  4. Boa análise, PP.

    Pelas entrevistas do Rui Vitória e do Hélder, fiquei com a impressão que este ano vamos ter várias subidas da equipa B, talvez 5 ou 6. O que pode indiciar que também vamos assistir a mais saídas do que as 2 ou 3 habituais nas últimas épocas. O que também é consistente com o plano já anunciado de realizarmos uma amortização substancial da dívida.

    Será uma espécie de novo ciclo, com uma renovação mais acentuada da equipa do que tem sido hábito?

    Para o sucesso desta medida, além da qualidade e potencial dos novos craques, precisamos de continuar a contar com o enquadramento dado pelos veteranos que tem sido fundamental.

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    1. Não acho que vá acontecer tantas subidas efectivas assim. Irem fazer a pré-época, penso que é um dado adquirido. Mas, dos 5, creio que apenas no máximo 2 ou 3 conseguem manter-se. E, desses 3 penso mesmo que em janeiro de 2018 um será emprestado a uma equipa de primeira liga.

      Relativamente ao ciclo de valorização de activos, penso que este será um ano de renovação da defesa. O Ederson já foi. O Lindelöf penso que está mais do que encaminhado. Falta apenas a saída do Nélson Semedo. O Grimaldo deverá ficar porque ainda não atingiu o ponto rebuçado, devido ao longo período de lesão esta temporada.

      Da mesma forma, penso que Rafa, Carrillo, Cervi e Zivkovic estão a 1 ou 2 anos de valorizarem ao máximo.

      Sobra-nos Salvio, Mitroglou, Jonas e Jiménez. Este último penso que para render os tais 50M€ tem de ficar mais uma época e ser titular. O Mitroglou tem mercado, mas também o Seferovic já veio para suprir uma eventual saída do grego. Quanto ao Salvio, vejo mais ele manter-se por cá e ser referência do clube do que sair neste momento - será uma espécie de Gaitán? E, quanto ao Jonas... é o nosso Messi e Ronaldo, portanto, a sair só porque não havia outra hipótese.

      Na próxima temporada, os jogadores a valorizarem serão do meio-campo ofensivo (André Horta e extremos) e o Raúl.

      Sobre os veteranos, temos começar a pensar nas suas substituições... daqui a uma, no máximo duas épocas.

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  5. o caso do heriberto e bastante interessante, pelo menos o helder disse que ele ainda tinha algumas arestas a limar por isso nao sei se fica no plantel principal, pelo que ouvi de ambas entrevistas serao o ruben dias, o joao carvalho quase certos, o pepe e o diogo ou ficam ou sao emprestados na 1 liga. eles mencionaram a fasquia dos 80 jogos (2 a 3 epocas na segunda liga ate estarem preparados para a equipa a). entretanto na pre epoca poderao ir mais, alias ao que parece o rui vitoria tem la miudos da b que trabalham de forma constante com a equipa a. O que achas que se passa com o jovic e saponjic? sera que serao emprestados com vista a serem apostas? ambos pareceram me com bom potencial. Bom trabalho, continua assim ;)

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    1. O que se passa com o Jovic e Saponjic? Numa palavra: competitividade! Penso que pensavam vir para o Benfica e porque já tinham experiência de primeira liga na sérvia seria fácil entrarem na equipa principal. Então na equipa B, nem se falaria. Acho que essa mentalidade os lixou.

      Mas, também há outro factor. Eles chegaram a época passada e nela a maturidade da maioria dos nossos jogadores da equipa B que hoje parecem craques, não era nem de perto nem de longe o que vemos agora. Não podemos esquecer que a certa altura quase que lutámos para não descer de divisão. E, por causa disso, verdade seja dita, a bola também não chegava redondinha lá na frente.

      Enquanto o Jovic trabalhava na equipa principal, na sombra do Jonas, pois o brasileiro era o modelo/mentor do sérvio. O Saponjic que é mais finalizador do que um avançado completo, sentia dificuldades porque a bola não chegava lá.

      Para além da imaturidade dos miúdos nessa altura, também confesso que houve alguns lapsos tácticos do Hélder Cristóvão. Um deles foi jogar com o João Carvalho como um segundo avançado e o Diogo Gonçalves como um falso extremo esquerdo. Deveria ter trocado, pois a melhor tomada de decisão do Carvalho numa posição entre o meio-campo e o ataque faria mais mossa que a irreverência, improviso e individualismo do Diogo. O resultado era o fio de jogo terminar por aí e o Saponjic parecer sempre um jogador a menos, ou à parte, em campo.

      O Jovic já foi emprestado por dois anos ao Eintracht Frankfurt por dois anos. Penso que o Saponjic deveria seguir o mesmo exemplo. Mas, espero que tenham sido emprestados com opção de trazer de volta ao fim de um ano, mas também com opção de compra do clube onde estão emprestados por um valor que cubra o dinheiro investido neles e que dê lucro, pois muita coisa pode acontecer.

      Quanto ao Heri, eu não o emprestava pelo menos durante o primeiro semestre da próxima temporada. É preciso fazer um trabalho individualizado com ele e com quem lhe rodeia. Acredito muito no potencial dele, mas temo que se for tentar descobrir por ele próprio, irá pelo caminho mais complicado e tortuoso para o sucesso, quando com os mentores certos, poderá ter uma enorme carreira. Acho que o miúdo tem tudo para dar certo. Fisicamente, tecnicamente, tacticamente e falta verificar a sua mentalidade. Até agora, tem tido um crescimento meteórico. Por outro lado, não podemos esquecer que precisa de jogar.

      Se chovesse na Luz uma proposta irrecusável por um Cervi, um Zivkovic, um Salvio, um Rafa, um Carrillo ou até mesmo um Jonas, eu faria do Heri o meu projecto para a próxima temporada.

      Há ainda depois outra hipótese: o mercado da segunda liga inglês. Gostava de colocá-lo a jogar com o Hildeberto Pereira. Penso que os dois poderiam fazer uma futura ala direita poderosa do Benfica. Fica aqui a sugestão.

      ;)

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  6. O Pedro Rodrigues tem que ser mais agressivo sem bola. Parece-me demasiado apático e um pouco pesado;

    O Rafa se for para avançado num esquema como o do Benfica vai-se perder porque não sabe jogar de costas, nem tem futebol para pequenos espaços; É um jogador de transição

    O Diogo Gonçalves é um extremo muito esguio e repentino. Vejo-o com perfil de avançado interior, a descair duma ala. O futebol dele é incisivo. Sabe o que quer em campo.

    O Dias, falta saber como assume o futebol de alto nível. É sempre complicado prever centrais. Mas o Kalaica não me parece melhor que ele, neste altura.

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    1. O Pêpê não é pesado. Ele é um jogador cerebral. Ele parece ser mais lento porque está a ler o jogo. Ele gosta de analisar qual a tomada de decisão que potencia melhor o nosso futebol. Mas, ainda não percebeu que a maioria das vezes o que se deve fazer como médio-centro é optar-se pela opção mais simples e executá-la bem, pois naquela zona do terreno, o médio é mais um acelerador do jogo através do passe do que propriamente um condutor ou um regista.

      O Benfica é uma equipa que joga 80 ou 90% do tempo útil do seu jogo, dentro do meio-campo adversário. Logo, o médio-centro, mais do que transportar a bola, deve acelerar o jogo através da rápida e precisa circulação da bola. Ao utilizar a sua capacidade de passe a média e longa distância nas variações de flanco poderá emular um pouco o tal espírito de regista, sem ter que o ser, porque a equipa não joga em bloco baixo e com avançados a explorar o espaço nas costas da defesa adversária.

      Em termos defensivos, é apenas e só o seguinte que precisa de trabalhar: concentração e leitura do jogo sem bola (para adoptar o melhor posicionamento).


      Quanto ao Rafa, o facto de dizer que vai jogar como 2º avançado, não estou a dizer que deva fazer da mesma forma que o Jonas faz. Nada disso. O Messi também não sabe jogar de costas para a baliza, mas é no corredor central que o homem desmonta as defesas com uma pintarola. E quanto a esse argumento de ser um "jogador de transição", não há isso no futebol. Posso concordar se me disseres que o Rafa está habituado a um jogo de transições. Aliás, se for a ver bem, no top 10 de jogadores mundiais que joguem lá na frente, 9 em 10 diria que são jogadores de transição (assim de repente só não estou a colocar o Ibrahimovic nesse lote, talvez pela sua velocidade, apesar de ele ter sempre jogado em equipas de transição, e quando jogou numa de jogo posicional, foi preterido...) Até por aqui podemos perceber que essa afirmação pura e simplesmente não existe. O que existe é que o contexto genérico do futebol actual é de equipas com estilo de jogo de transição, talvez fruto da cultura de resultados rápidos que se exige aos treinadores profissionais. Mas, qualquer jogador tem potencial para aprender o jogo posicional de um futebol mais apoiado. Basta tem mente aberta, querer, e trabalhar para isso. O Rafa no corredor central vai distribuir muito chocolate. Aliás, ele e o Ronaldo lá na frente no mundial da Rússia... mais o Bernardo Silva... Ui! Ui!

      Quanto ao Diogo Gonçalves ele é isso actualmente. Mas, se quer entrar na equipa principal, das duas uma, ou vai querer trabalhar a tomada de decisão e jogar como médio-ala esquerdo, ou então vai querer aprimorar os seus posicionamentos sem bola, para conseguir jogar em espaços mais apertados. Jogar no corredor central é quase sempre uma questão de "timings", i.e., estar na posição certa na hora certa para receber o passe do colega e antes que este lhe chegue aos pés, já saber o que vai fazer de seguida. É essa particularidade que eu gosto no Diogo, o pensar rápido. No entanto, é ainda um pouco ele e a bola.

      O Rúben só perde para o Kalaica numa coisa... altura. Chega a ser caricato este comentário, pois estamos a falar de um tipo com 1,87m de altura. A questão é que o croata tem 1,95m de altura, o que faz dele uma arma táctica brutal. Agora, a separar estes dois não estão somente os centímetros a mais do Kalaica. Estão também os 2 anos de diferença e de experiência que são muito importantes nesta fase. Contudo, acho que o Rúben teria mais anticorpos para lutar dentro de um empréstimo que o croata...

      ;)

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  7. contacta o mendes

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    1. estava-te a responder a pergunta como aproveitar o talento que temos na equipa b.......contacta o mendes a tentar convence-lo disso

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    2. Só se for para ele colocar um da equipa principal num tubarão e por uma quantia acima dos 40M€, criando espaço para a aposta do talento da equipa B...

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