08 agosto 2016

Supercampeões!


Grande orgulho e alegria! Parabéns Glorioso!

Jogaram os melhores...
Onze titular do Benfica frente ao Sporting de Braga na
Supertaça Cândido de Oliveira 2016, da esquerda para
a direita, fila de cima: Júlio César, Mitroglou, Fejsa,
Lindelöf e Luisão; fila de baixo: Nélson Semedo,
André Horta, Jonas, Cervi, Grimaldo e Pizzi.
 
... mas, não jogaram os melhores fisicamente e foi devido a isso mesmo que o Benfica não conseguiu controlar o jogo a partir dos 30 minutos até ao golo do Jonas. As razões são simples e foram já antevistas por aqui. Não era nada do que já não estaria à espera. Mas, a dificuldade de entender os motivos continuam. Parece que continua a existir uma resistência em entender que no futebol actual, desde que em finais dos anos 60 começaram a serem permitidas substituições nas partidas, que o conceito de equipa titular deixou de fazer sentido. Ainda para mais em equipas com planteis tão uniformes e homogéneos como este Benfica. Com cerca de 1.5 vezes mais jogos que as equipas do meio e do fim da tabela do campeonato nacional, o Benfica necessita de ter um leque de jogadores que consiga dar resposta em todas essas frentes de batalha ao longo da temporada. Para tal, é preciso que os jogadores estejam todos, ou na sua maioria, com ritmo de jogo. Isso, ganha-se com treino e jogos nas pernas. Só por aqui deveria ser entendido que o conceito de "titular" de uma equipa acaba por ficar desvanecido desse sentido quase de posse e vaidade que existia para certos jogadores. Há adeptos que isso ainda lhes custa a entrar nas suas cabeças.

E, exactamente, por cada vez termos calendários mais apertados de competição, com jogadores a retornarem de férias já com pré-épocas a decorrer, que devemos entender que nem sempre os melhores podem jogar. Notar que o nível de treino está com maior qualidade e mais uniforme entre as equipas, o que faz com que todas elas estejam mais bem preparadas, por menor que sejam os seus níveis técnicos (veja-se por exemplo o caso da selecção olímpica nacional, comandada pelo Rui Jorge e o sucesso que tem tido no Rio de Janeiro). Ou seja, cada vez menos à vantagens físicas... pelo menos, a meio da temporada. Agora, no início de temporada, quando as equipas estão ainda a serem preparadas tacticamente, é a questão física e por conseguinte técnica, pois esta desenvolve-se melhor se a base física do atleta lhe corresponder, que resolvem muitos dos problemas que as equipas possam ainda ter.

A pressão descompacta é um problema
muito comum quando o nível físico não é
o melhor. É um problema muito comum
em Inglaterra devido ao desgaste físico
do calendário competitivo intenso.
Por isso, mesmo é que o Benfica, e o Sporting de Braga (é importante referir isto), ressentiram imenso disso ontem à noite. Olhando para o lado da turma da Luz, que é o que me interessa mais, não fiquei surpreendido, por ver que no final do primeiro tempo as unidades de menor rendimento do Benfica tinham sido exactamente aquelas que tinha referido anteriormente, ou seja, Lindelöf, Jonas e Mitroglou. Não só estavam pouco soltos com a bola nos pés (lá está a questão da importância de se estar bem fisicamente para tecnicamente conseguir corresponder em campo), como também em termos defensivos estavam com reacções muito lentas e pouco vigorosas. Do ponto de vista táctico, o Benfica não estava a conseguir fazer aquilo que chamamos de pressão compacta. Ou seja, estávamos a ter problemas de pressão descompacta. Sem bola, Jonas e Mitroglou não pressionavam o adversário, e quando a bola passava por eles, não desciam rapidamente para recuperar, vindo ambos a passo. Já Lindelöf, sempre que o Grimaldo saia à pressão ao extremo direito arsenalista, ficava um pouco atrasado relativamente ao posicionamento que deveria ter para fazer a respectiva cobertura defensiva ao espanhol. Resultado: esta falta de frescura física distanciou as linhas da equipa encarnada, criando zonas, onde os arsenalistas poderiam criar com mais perigo, para além de colocar em enorme desgaste físico os restantes jogadores encarnados que passavam a vida a compensar a falta de energia daqueles três jogadores.

De salientar, que isto foi realmente chocante, quando o José Peseiro passou o Rafa para avançado, mudando o sistema do Braga de um 4-1-4-1 para um 4-4-2, uma vez que retirou a capacidade para Lindelöf respirar na defesa (a partir desse momento, o Benfica sentiu imensas dificuldades em construir jogo da defesa, acentuando ainda mais as distâncias das linhas encarnadas). Não deixa de ser curioso que ele fez isso, porque o Rafa, pelos mesmos motivos que os outros três encarnados - má condição física por ter iniciado a pré-temporada muito depois dos seus colegas - acaba por não conseguir acompanhar a pedalada de Nélson Semedo e companhia que meteram o Braga "a ver se te avias". A propósito do Rafa, tenho para mim que a falta de eficácia dele nas oportunidades que teve para finalizar foi também muito por culpa de ter apenas uma semana de treino de pré-época.

Apesar de todas estas possíveis injustiças relativamente
a quem deve ser o titular, destaco o enorme espírito de
grupo que se vive na família Benfiquista. Espectacular!
As sensações que tenho são as seguintes. Tivéssemos jogado numa primeira fase do jogo com jogadores como o Lisandro, o Gonçalo Guedes e o Raúl, conforme tinha defendido, e penso que teríamos conseguido dominar o jogo todo do princípio ao fim, porque em termos energéticos estaríamos sempre acima do adversário. Para além disso, fico com clara sensação de que há outra razão de ordem comercial para certos jogadores terem que jogar. Por exemplo, o caso mais gritante é o Rafa que tem uma semana de trabalho e praticamente 0 minutos de jogo de pré-época e é logo titular na supertaça, fazendo com que o Ricardo Horta, a recente contratação nem tenha sequer ficado no banco de suplentes?! E, o próprio Lindelöf também penso que seja algo semelhante, pois estamos a falar de um ativo que se pretende ser o próximo encaixe milionário no final da temporada. Acredito que isto aconteça e por isso deixa-me preocupado. É quase como quererem intervir na ordem natural das coisas e isso cria na sua maioria das vezes perturbações nefastas. Basta vermos o que aconteceu na supertaça da época passada com a insistência de apostar num onze com Ola John e Talisca, ambos em muito baixo de forma.




Sobre os melhores...
Pizzi e Jonas formam uma parceria impecável. Mas, foi o
jovem argentino Cervi o MVP do encontro.
... de referir que Júlio César foi igual a si próprio, ou seja, imperial. Apesar de saber que muitos irão apontar dedo, por eu preferir ter usado o Paulo Lopes neste encontro, confesso que fiquei muito agradado com a prestação do internacional brasileiro. Está definitivamente recuperado. No entanto, continuo a pensar que perante a equipa que gostaria de ter colocado em campo, o Paulo Lopes dava-me mais do que confiança para o encontro e seria uma justa oportunidade para ele conquistar em pleno direito um título com o Benfica. Na defesa Luisão foi enormíssimo. Foi o nosso melhor defesa. Valeu o puxão de orelhas que lhe dei à umas semanas atrás. Está a recuperar rapidamente a forma física e já tem um ritmo competitivo bastante interessante. Vejamos como irá adaptar-se à exigência de ser um central que constrói jogo. Esse para mim, vai ser o seu desafio seguinte, caso queira manter a titularidade. No meio-campo, tenho de destacar todos eles por vários motivos. Começo pelo autêntico motor a dois tempos que temos no centro do terreno: Fejsa e André Horta. Estou completamente rendido aos dois. Adorei ver o Fejsa a cobrir o meio-campo todo, mas amei mais ver o André Horta a fazer uma compensação defensiva brutal ao Fejsa, após este não ter conseguido interceptar um passe para o ataque do Braga. Simplesmente fantástico. Depois, o que dizer da irreverência de Cervi? Até o Ricardinho já diz que o miúdo argentino não ficará cá mais do que um ano... Por fim, a segunda parte de Pizzi, aliás, a ponta final de Pizzi, foi qualquer coisa como fenomenal. O passe para o Jonas é 3/4 do golo do brasileiro (adorei o facto do Jonas ter apontado o dedo para o internacional português após o golo, a reconhecer isso mesmo). E, aquele chapéu.. foi de se lhe tirar o chapéu (peço desculpa pela redundância). No ataque, o destaque vai para o Jonas, que apesar de não ter feito mais nada senão o golo, a importância dele é mesmo essa, consegue decidir com meia oportunidade. Isto é classe. Mas, continuo a pensar no desperdício de vê-lo a sofrer em campo com a língua de fora, com outros miúdos a sofrerem de fora por não jogarem, quando se poderia ter uma solução muito mais benéfica para todos. Lamentei que não tivesse sido o Raúl a marcar o terceiro golo. Seria muito importante para ele esse golo.

Cervi, Pizzi e Rafa os melhores ontem à noite.
Do lado da equipa bracarense, penso que já toda a gente percebeu que sou um adepto do futebol do Rafa Silva. Quanto a mim, está aqui o próximo grande jogador português. Muita gente critica que ele por ter falhado aqueles golos, jamais poderá custar 20M€, mas eu penso que os 20M€ até vai ser barato. Caso vier para o Benfica, só o teremos por uma temporada, é o mais certo, pois é jogador para dar o tetra e sair por um valor recorde. A forma como ele conduz a bola naquele drible curto, mas energético, a forma como acelera o ritmo do drible, como desmarca-se, como joga e faz jogar para a equipa, como defende (em boa forma é ver o que ele fez nos jogos contra os grandes na época passada a nível defensivo), enfim, está lá tudo. Falta-lhe outro tipo de companheiros para ele dar outro salto qualitativo. De referir o enormíssimo jogo de Pedro Santos, talvez actualmente o melhor canhoto nacional a actuar em Portugal. É um jogador de enorme qualidade técnica, que não se limita a atacar ou a fazer malabarismos com a bola nos pés. É fundamental na ajuda aos laterais. Aliás, vou ser um pouco polémico, mas aqui vai: o Benfica até poderia vender neste momento sem preocupação nenhuma os seus extremos titulares pelas cláusulas de rescisão, pois no dia seguinte iria buscar estes dois ao Braga e, continuaria confiante na revalidação do título e consequente tetra. E, eles ainda têm o irmão do André Hota, o Ricardo Horta, que será um caso sério no futebol nacional esta temporada se confirmar-se a saída do Rafa.



O melhor...
Que ano espectacular para Rui Vitória, que consegue ser
o mais jovem treinador português a conseguir ganhar todas
as competições nacionais (Campeonato, Taça de Portugal,
Taça da Liga e Supertaça Cândido de Oliveira). Um
exemplo como profissional e pessoa. E, um líder ao
distribuir o mérito das suas conquistas por aqueles que
o acompanham, sejam eles jogadores, directores,
equipa técnica, familiares e adeptos.
... foi, irremediavelmente, o Rui Vitória. O treinador do Benfica aos 46 anos já conquistou todos os títulos nacionais. Caberá agora pensar em títulos europeus e penso que tem aqui a base para uma equipa que possa ambicionar a lutar por esses títulos, com um pouco de cabeça e estratégia. Acima de tudo, merece todo o sucesso que está a ter. Pessoalmente, sinto bastante contente por apesar de não ter sido a minha primeira opção para substituir o antigo técnico encarnado, sempre acreditei no seu valor. Depois, é um ser humano impecável. A declaração final de que este título é um tributo também para os jogadores que já não estão no Benfica é sublime e reflecte bem o espírito de grupo desta autêntica família Benfiquista. E, por falar em família, reparem na mensagem do capitão...



6 comentários:

  1. Já aqui tinha dito qual seria a equipa inicial face ao que tinha sido a Pré-Época!!! E acertei em cheio...

    Estou de acordo com aquele 11? Não..

    Luisão já não tem pernas para continuar no clube, bom sentido posicional, comandante da equipa mas quando toca a fechar face a jogadores rápidos perde quase sempre. O titular deveria ser o Lisandro e estou para ver o desfecho do Luisão!!!

    Semedo fecha mal o lado direito também, mas dá mais ao ataque, assim como Grimaldo.

    Horta não é o 8, e quanto a esta posição espero que Danilo seja melhor porque senão vai ser complicado.

    Jonas não estava no melhor ritmo mas sem dúvida é um grande jogador e tem detalhes que resolvem um jogo!!!

    Estou curioso em ver os próximos jogos para ver como vai ser resolvido a questão do Luisão e a prestação do Danilo!!!



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    1. porque a insistencia de o horta nao ser 8? ele e perfeito para aquela posiçao boa criatividade, visao de jogo, controlo de bola, qualidade de passe, conduz bem a bola tb. ele tem tudo para ser um 8 de alto nivel, o facto de nao ser um bicho como o danilo ou renato nao significa muito porque ele compensa com estes atributos

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    2. Benfica Sempre, por acaso achei bem mais lento a reagir o Lindelöf do que o Luisão. O estereotipo da idade começa a pairar como explicação para tudo de mal do brasileiro. Mas, neste caso acho que o problema é de estarmos ainda no início da temporada. Neste momento, o capitão está melhor que o sueco. O Lisandro devia ter jogado, mas no lugar do sueco.

      Hoje veio a notícia de que o Chelsea vai avançar para comprar o Victor. Não sei até que ponto a sua utilização não foi a pensar na sua valorização... isso é preocupante.

      As questões defensivas de Semedo e de Grimaldo são falsas questões e devem-se à pressão descompacta devido à má forma de alguns jogadores. Devem-se a isso e à mudança táctica de Peseiro que ao colocar o Rafa a avançado acentuou essa descompactação.

      Sobre o Horta, há um lance que tenho ver se coloco aqui que demonstra bem que ele está a desempenhar bem as funções de 8. Ele está a crescer e que continue a ser aposta. Dito isto, penso que a contratação de Hernanes até poderia ser benéfico para a evolução mais rápida dele.

      Também estou curioso como o Danilo se vai integrar...

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    3. Concordo contigo alexanderson.

      Há um lance do Horta que ele compensa um erro defensivo do Fejsa com uma categoria do caraças. Temos "8" e a evoluir assim, não teremos por muito tempo.

      😉

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  2. Compreendo a tua ideia de colocar os melhores fisicamente. Só não percebo como sabes quem são os mais aptos em termos de capacidade física... tens acesso aos testes físicos dos jogadores do Benfica?
    Mas ainda há mais: RV usou este jogo como uma espécie de ensaio geral para Tondela. Por isso colocou o mesmo 11 em que está a pensar para jogar daqui a uma semana.

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    1. António, há coisas que não são necessários grandes testes, até porque atletas em boa forma física têm perfis bioquímicos diferentes. O ideal será ter sempre na base de dados de cada atleta o perfil bioquímico dele na sua melhor forma e ir testando e verificando se ele está com valores idênticos. Nem sempre isso é possível, pois são contratados jogadores novos, sobre os quais ainda não foram criados. No entanto, nem sei se este tipo de exames são feitos no Benfica...

      De qualquer maneira, um olhar atento, experiente e cuidado, permite comparar as performances de um Lindelöf agora e do Lindelöf a meio da época passada. Actualmente, o sueco deve estar a 40% se tanto. Isso, percebe-se pela quantidade de erros que comete com a bola nos pés e nos posicionamentos.

      Sobre a ideia de usar a supertaça como ensaio geral para a estreia no campeonato frente ao Tondela, a minha questão é a seguinte: quando é que os aspirantes a melhores jogadores da equipa podem ter uma oportunidade para demonstrar que realmente o são, se nem quando são os jogadores mais aptos fisicamente, têm oportunidade?

      Mais, não seria até um incentivo maior para os que eram habituais titulares quererem adquirir a melhor forma ainda mais rapidamente para não perderem a titularidade para os que começaram mais cedo?

      Tem de existir bom senso, é verdade. Mas, tem de existir meritocracia nas decisões e que estas sejam desprovidas de estereótipos. Caso contrário, jogadores como Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Nélson Semedo, Lindelöf e outros só poderiam ser descobertos quando houvessem ondas de lesões nos titulares...

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