16 agosto 2016

Tendências do futebol...


... pela visão da Liga Inglesa.

A English Premier League (EPL) 2017 presta-se a ser a melhor liga este ano. Não apenas pelos inúmeros craques que reúne, mas porque tem neste momento os melhores treinadores do planeta. Por isso mesmo, é importante olharmos para as suas equipas e perceber as ideias e as tendências que trazem para o jogo. É que elas não só são enriquecedoras para o nosso entendimento do jogo, como podem incentivar a nossa criatividade para com a modalidade. E, este fim-de-semana foi preponderante nesse aspecto.

Logo no sábado, o Manchester City transmitiu uma nova ideia de jogar dos laterais. Em vez de jogarem predominantemente como laterais ofensivos e colados às alas, Guardiola está a revolucionar a sua função, fazendo deles autênticos médio-centros, na primeira e segunda fase de construção de jogo. A exigência que isto requer de jogadores como Sagna e Clichy será brutal, sobretudo, ao nível da tomada de decisão e precisão no capítulo do passe. Por sua vez, a colocação de Joe Hart no banco em detrimento da utilização de Willy Caballero prende-se com o jogo de pés do argentino, fundamental na função de líbero no controlo do espaço atrás da defesa na transição ofensiva do adversário.


No domingo, o Manchester United venceu e convenceu. O regresso de José Mourinho à EPL não poderia ter corrido melhor. Mas, mais interessante do que ver um quarteto ofensivo, composto por Martial, Mata, Rooney e Ibrahimovic, começar a entrosar-se, foi bem interessante ver Daley Blind como central. A ideia de adoptar um médio-centro a central já não nova. Neste caso particular do Blind, até teve o patrocínio de Louis van Gaal. No entanto, a continuidade dada pelo "Special One" é sinal de que vê vantagens neste tipo de jogador naquela posição. E, não é para menos: estamos a falar de maior inteligência na ocupação de espaços e sobretudo com a bola nos pés. Em suma, a equipa ganha um novo construtor de jogo desde a fase mais recuada e isso é um garante de maior qualidade de jogo para os "red devils". Aliás, esta mesma ideia é aquela que tenho defendido à anos no Benfica, quer seja em colocar o Fejsa ou o Samaris naquela zona do terreno. Destacar que o Victor Lindelöf é um médio defensivo de formação que nos últimos anos foi adaptado ao centro do terreno. Os motivos são os mesmos. Da mesma forma que Guardiola também tem estado a adaptar o lateral esquerdo Kolarov a defesa central na turma dos "citizens".


Durante a hora de almoço domingueiro, o Arsenal vs Liverpool foi muito interessante. Tendo a primeira parte sido um autêntico manual de como fazer pressão, pressão-alta e contra-pressão, da parte dos "gunners" aos "reds". A forma como a pressão do Arsenal foi feita durante a primeira parte, foi excelente. levou a que o Liverpool tivesse muitíssimas dificuldades na primeira e segunda fase de construção. No entanto, requer muita concentração e uma frescura física que tem um impacto nesta fase da temporada, daí a quebra na segunda parte. De qualquer maneira, a forma como a pressão da equipa de Arsène Wenger é "by the book".


No entanto, o mais interessante foi ver a equipa de Wenger a fazer uma pressão-alta e uma contra-pressão sobre a equipa do alemão Jürgen Klopp. O Liverpool acabou por provar do seu próprio veneno durante a primeira parte: a transição ofensiva. Contudo, conforme já foi referido a fatura física neste estilo de jogo tem o seu impato, sobretudo nesta fase da temporada. Destaco para a colocação de 6 homens nos 7 corredores (alas direita e esquerda, corredor central e os dois meios-espaços), na contra-pressão. Isto não é para todas as equipas e revela trabalho de treino.


Sem comentários:

Enviar um comentário