30 maio 2016

Assim vão te querer agarrar Jonas!


E, com isso, mais difícil será manteres-te na Luz...


Sou um acérrimo adepto do futebol do Jonas. É um futebol arte, mas ao mesmo tempo inteligente e emocionante. Sou daqueles que acreditei até ao último jogo que o brasileiro conseguiria marcar uns 9 golos e sagrar-se o bota de ouro da Europa deixando o Suárez, o Higuaín e o Ronaldo atrás dele. Sei que na Luz, quer se queira quer não, um jogador veterano fica escondido e muito bem escondido dos holofotes do futebol mundial. Sei também que aqueles que vêem o nosso futebol, tentarão sempre colocar alguma água na fervura, proferindo banalidades como "o futebol português é pouco competitivo" e por isso a razão dos números estratosféricos do camisola 17 encarnado. "Melhor para nós!" não é caros Benfiquistas?! Pois, o problema é quando ele vai ao escrete e faz o que faz melhor: jogar bom futebol e marcar golos. Aposto que muitos dirão que é da dorsal #9 canarinha, mas o que é certo é que as desculpas começam a faltar e o cerco está aí a ser criado. O mais certo é prepararmos-nos para o pior...

Nesse contexto de pensarmos já na próxima temporada, ao ver esta selecção brasileira a jogar, destaco dois jogadores que poderiam interessar muito. Escrevo do médio camisa 10 Lucas Lima e do avançado camisa 11 Gabriel "Gabigol" Barbosa do elenco do Dunga que vai disputar a Copa América Centenário nos EUA durante o próximo mês de Junho. Ambos jogam no mesmo clube, o Santos e possuem uma cumplicidade muito grande. O ideal seria pensar-se numa dupla aquisição. No entanto, e porque estamos a falar de jogadores cobiçados, confesso que se um já era fenomenal, dois então, diria que era quase impossível. Sobretudo, para o nível de investimento que estamos disponível fazer. Mas, se forem adquiridos em modo TPO (Third Party Ownership), i.e., em regime de co-propriedade, tal como foi adquirido o Ola John por exemplo, penso que o caso muda de figura. Por curiosidade, neste momento, os passes de Lucas Lima e de Gabriel Barbosa estão avaliados em 9M€ e 15M€, respectivamente.

A saída de Renato Sanches, deixa um vazio futebolístico em termos criativos no nosso meio-campo. O leitor mais assíduo deste espaço, sabe que eu defendo a entrada de um jogador que seja intenso na disputa da bola a meio-campo, não tendo problemas de fazer o trabalho defensivo quando é necessário, mas que com bola saiba o que fazer com ela ao nível do passe, do transporte e da tomada de decisão. A par de tudo isto, dou preferência por um jogador canhoto, uma vez que assim equilibra a variabilidade no meio-campo a dois como o Benfica joga. Recordar que tanto Fejsa, como o Samaris - os habituais números 6 da equipa - são ambos destros, o que reforça a necessidade de esquerdinos nessa zona do terreno. Parece ser um capricho, pois não é uma condição necessária e suficiente, mas que torna as dinâmicas a meio-campo muito mais fáceis, isso torna. Por tudo isso, o Lucas Lima aparece como um excelente candidato a essa posição. Mais, embora num estilo não tão atlético, ele é capaz de ter a mesma amplitude de mobilidade no terreno que o Renato Sanches, o que vai muito de encontro com as preferências características que Rui Vitória tem para o jogador naquela posição "8". Consigo perfeitamente imaginar este e o Jonas a combinarem no corredor central e a qualidade de jogo encarnado a meio-campo subir ainda mais do que esta temporada.

Já o Gabigol seria uma contratação que equacionaria caso o "Pistolas" saísse neste defeso de verão. É um avançado diferente do craque encarnado, não só pela diferença de características futebolísticas, como também ao nível da maturação em campo. No entanto, são várias as forma de chegar ao golo e estou convencido que este miúdo iria triunfar no médio prazo na Luz. Tem características que complementam tanto o Mitroglou como o Raúl, passando também pelo Gonçalo Guedes e, até mesmo, pelo próprio Jonas. É um jogador veloz com excelentes recursos técnicos (gosta de usar a trivela). Faz da sua capacidade de aceleração uma arma. Mas, é a sua inteligência de jogo, ao nível da procura dos espaços nas costas da defesa adversária - sobretudo entre os centrais e os laterais - que está o ouro deste miúdo. Aliás, tal como vejo acontecer com o Gonçalo Guedes jogando nessa posição no futuro, ou quando vejo jogar um Antoine Griezmann. Se aliarmos a essa qualidade de movimentação, a sua mobilidade e a sua apetência para servir colegas como também para assumir a finalização, temos grande jogador. Ah! E ainda por cima é canhoto, equilibrando os números de esquerdinos face aos destros que compõem o nosso ataque, nesta hipotética situação - Mitroglou e Gabriel Barbosa esquerdinos contra Raúl e Gonçalo Guedes destros.

Enquanto Lucas Lima poderia substituir o Renato Sanches no meio-campo encarnado, já o
Gabriel Barbosa poderia ser uma excelente solução caso o Jonas saia da Luz. Ambos têm
vantagem de já se conhecerem e jogarem juntos à muito tempo no Santos.

4 comentários:

  1. Conheço ambos os jogadores, e se tudo der certo, sairão para grandes clubes da Europa, este Verão.
    Lucas Lima é o clássico 10. É o organizador de jogo da equipa do Santos, e invariavelmente, é por ele que a bola passa. Tecnicamente é muito bom, não só a nível de drible, mas também na facilidade com que faz o último passe. Tem muito futebol, e só não está, neste momento, no Dragão porque a proposta do Porto não lhe agradou.
    Gabriel é o denominado avançado completo. Não é posicional, gosta de jogar a toda a largura do terreno de jogo, e tem uma velocidade e aceleração estonteante. Complementa tais atributos, com uma boa eficácia à frente da baliza. Tem golo, o que não é fácil de encontrar em jogadores que costumam perder-se em campo com uma certa facilidade.

    .....

    Lucas Lima para o lugar do Renato, não seria o encaixe perfeito. A saída seria muito boa, mas Lucas Lima não é jogador de pressão. É um 10 do estilo do Riquelme, em que com a bola, rola tudo sobre ele, mas sem ela, é como contar com menos um.

    O Gabriel não tem a técnica, classe, leveza do Jonas e penso que nem em 100 anos a terá. São jogadores que se destacam, um mais pelo físico, e outro mais pelo mental. Gabriel podia fazer no Benfica, aquilo que Rodrigo ou Lima faziam.

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    1. Não acho que o Renato Sanches tenha sido tudo aquilo que tenho lido e ouvido no Benfica. O Renato tinha coisas muito boas, mas durante os jogos vi-lhe péssimas reacções à perda, não por falta de querer, mas por falta de poder. O mais engraçado é que olhamos para ele e sentia-se que ele podia. A bem da verdade, o Renato é um jogador em estado selvagem e joga ainda muito numa forma emocional. Tem uma potência brutal, mas não tem muito controlo sobre ela, o que acaba por esgotá-la rapidamente. Os exemplos mais concretos disto era quando ele levava a bola para o ataque, transportando-a cheio de energia e potência e depois ao perdê-la já não ter fôlego para recuperar. Depois, a nível de decisão o Renato tem ainda muitas falhas. Falta-lhe experiência e maturidade.

      Ora, na prática o Benfica jogou com um "8" que embora transpirasse o potencial brutal para aquela posição, tinha muitas deficiências. Deficiências que acabavam por prejudicar a equipa em certos momentos. Como por exemplo, conseguir gerir o ritmo de jogo com a bola nos pés.

      Por isso, vejo o Lucas Lima uma excelente solução para essa zona do campo. Ele pode ser um típico 10, o quer que seja que isso signifique ao certo, mas trará naquela zona de terreno extrema qualidade ao nível da decisão que só por si só será uma vantagem enorme face à solução que tínhamos esta temporada. Penso que a melhor estratégia defensiva do futebol é a seguinte: ter a bola e não a perder facilmente.

      O Iniesta (ou o Xavi) é um grande jogador, com a bola nos pés. Quando era mais jovem a última característica que lhes viam era intensidade de jogo, ou algo parecido com isso. No entanto, desenvolveram-se dentro do modelo de jogo da equipa, capacidades como uma reacção à perda fortes que permitem-nos dizer que são bons defensivamente.

      O Lucas Lima é algo parecido. Aliás, ele joga num meio-campo a 3 e como uma espécie de interior com maior liberdade atacante. Ele já tem rotinas defensivas e sempre que perde a bola tem logo tendência para pressionar logo. Isto é sinal que tem potencial para desenvolver mais a reacção à perda.

      O próprio Riquelme foi muito estereotipado pelos media. Foi muito injustiçado pela imagem que lhe deram que era um jogador pouco intenso. Ele era acima de tudo um jogador cerebral. Um maestro no meio-campo. E, ao contrário do que muito se fala, ajudava no seu trabalho defensivo, até porque jogava num meio-campo com apenas dois jogadores no corredor central no "submarino amarelo". Agora, pode não ser daqueles jogadores que entram com tudo ou que mordem a língua quando em tarefas defensivas. Mas, será que essa é a única imagem de marca para um defesa?

      Quanto ao Gabriel, completamente de acordo. Aliás, no artigo fiz referência para as suas diferenças com o Jonas, e inclusive para as suas complementaridades com o "Pistolas".

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  2. Lucas Lima, falta-lhe intensidade que é um problema recorrente de jogadores da América do Sul. Não é intensidade na execução, mas intensidade na procura pela redonda. São jogadores especiais.

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    1. Na América do Sul, há pouca intensidade, porque o nível competitivo e as condições ambientais não permitem muito mais.

      Agora, este tipo de jogadores com um nível técnico elevadíssimo e se tiverem a mentalidade certa para ouvir e evoluir, são um caso sério quando vêm para a Europa.

      Não acho que o Lucas Lima seja um "nhaca" a defender. Muito pelo contrário, como já referi acima.

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