Preocupante a influência da...

...  dragartariana.

Sinceramente, já começamos a ficar um pouquinho fartos desta comunicação social que é claramente dragarta. Ainda têm dúvidas? Então vejam as opções que a maioria dos comentadores - qualquer que seja o canal de televisão - tem vindo a exigir para a selecção nacional nos jogos deste mundial: desde Adrien Silva a substituir o João Moutinho, a Bruno Fernandes por trás do Cristiano Ronaldo, João Mário na esquerda e André Silva ao lado do capitão. Advinhem quem é que eles querem ver fora do onze da selecção? Sobretudo, o Bernardo Silva e o Gonçalo Guedes... O pior disto tudo, é que nem sequer ouvem a eles próprios. Preferem mudar tudo para meter os "seus queridos", do que apenas fazer uma (no máximo duas) mudança(s): Manuel Fernandes como interior/ala esquerdo e Rúben Dias no centro da defesa. Se sobre o Manelélé já falei anteriormente, sobre o jovem central encarnado falo agora porque ao ver a exibição de Portugal frente à Espanha senti a falta da nossa linha defensiva não ter conseguido manter as distâncias curtas para com os outros sectores da equipa. Para além disso, faltou-nos maior agressividade defensiva.

Como não acredito em coincidências, é brutal a influência que o Porto e o Sporting têm hoje não apenas na comunicação social, como também dentro da selecção. A pressão de fazer dinheiro com vendas de jogadores é de tal forma tão grande que é preciso valorizar de qualquer maneira e feitio os seus jogadores. Por isso, é fundamental dominar o market placement, seja ele em qualquer dos inúmeros programas desportivos, ou na própria selecção nacional. Obviamente, que o seleccionador nacional jamais irá admitir que sofre dessa pressão, até porque quem pressiona faz-lo de forma camuflada e manipulável, tal como vos fazem todos os dias quando olham para os programas e ouvem estes opinion makers a lentamente fazer-vos moldar as vossas opiniões. Querem um exemplo?

Peguem no Bruno Fernandes. É um excelente jogador, mas ainda é um miúdo. Facilmente, ficamos seduzidos com os golos dele de meia distância, ou as combinações com os colegas atacantes, ou então com os toques de bola de grande perfume futebolístico. No entanto, sabiam que é dos jogadores que mais perdas de bola possui a meio-campo? Sabiam que é dos jogadores que no passe curto não tem assim tanta qualidade de execução, como por exemplo, um Kroos. E já agora, já repararam que apenas o vêem em clips de vídeo com a bola nos pés? Sabendo que a maioria do tempo ele passa sem a bola nos pés, não seria interessante ver uma análise do jogador sem bola? Não! Porque o Bruno Fernandes não é nada bom a defender. Nem sequer sabe fazer pressão ou cortar linhas de passe. Isso foi notório no jogo contra a Espanha.

No entanto, a crucificação foi feita apenas sobre o Gonçalo Guedes e o Bernardo Silva. Esquecem-se estes dragartos da comunicação social, que uma equipa constrói-se de trás para a frente. Quero com isto dizer o seguinte: se a bola emperra no Bruno Fernandes que é uma espécie de terceiro médio escondido na ala esquerda do 4-4-2 de Fernando Santos, é óbvio que a qualidade de jogo que chega a Gonçalo Guedes e Bernardo Silva não seja a mesma. Por outro lado, estas perdas de bola, para a saída do nosso ataque, pelo Bruno Fernandes acabam por influenciar negativamente o posicionamento e o desgaste energético do nosso ataque (Guedes e Bernardo), ainda para mais quando do outro lado está uma Espanha que te faz correr e de que maneira, quando perdes a bola.

O pior disto tudo, é olhar para os 23 seleccionados e ver ali escarrapachada a solução que nos daria uma outra dimensão futebolística nesta fase final do campeonato do mundo de 2018: o Manuel Fernandes. A continuar assim, se vencermos o mundial, tiro o meu chapéu ao Ronaldo, porque será única e exclusivamente graças a ele que lá chegaremos. Não será com certeza pelas ideias de jogo,  que por mais brilhantes que sejam do Sr. Eng.º, a verdade é que não há cunha que os salve do mal futebol. Mas tenho a certeza, que em qualquer dos casos, todos estes envolvidos vão se dar bem, pois a obrigatoriedade de ganhar é só para o discurso do jantar com o presidente, porque de resto, sigamos com o sonho que a malta fica contente na mesma.

P.S.: O Adrien Silva, o João Mário e o André Silva foram autênticos fiascos nos seus clubes esta temporada, por motivos diversos e muitos deles por razões externas. No entanto, apesar de podermos nutrir alguma simpatia pelos atletas, tem de valer a meritocracia e não o factor "C". Por isso, não faz sentido esta tentativa de influenciar as decisões do seleccionador nacional.