11 fevereiro 2014

Qual será o sistema de jogo que o...


... o Sporting vai apresentar hoje?


Jardim vai jogar com dois avançados?
Quando olhamos para o onze que os verde-e-brancos iriam apresentar na tarde de domingo, verificamos os nomes dos seus dois pontas-de-lança, o colombiano Montero e o argelino Slimani. Isto por si só levará a muita gente pensar que o técnico leonino iria apostar numa estratégia de dois avançados declarados, i.e., em 4-4-2 puro. Eu não estou tão certo disso... e passo a explicar.

O Sporting tem mais a ganhar jogando de forma híbrida com o Benfica. O que quero dizer com jogar de forma híbrida? Quero dizer que deve adaptar o seu sistema de jogo, aliás, o posicionamento dos seus jogadores em campo, conforme o que o jogo estiver a pedir. Por outras palavras, Jardim deve fazer com que a sua equipa consiga passar de um 4-3-3 para um 4-2-3-1 e depois para um 4-4-2, seguida de um 4-3-3,... o que o jogo pedir. Isto porque mediante essas transformações, que mais não são reposicionamentos de certos jogadores, o Sporting pode encontrar os requilíbrios necessários para as suas manobras defensivas, mas também os desequílibrios que fazem parte dos movimentos atacantes.

Por isso, é que não acho que o Sporting vai jogar com dois avançados declarados, a fazer parelha com a nossa dupla de centrais. Aliás, tendo em conta as estatísticas dos seus jogadores, o Sporting até apresenta-se na Luz com 3 avançados: o Slimani, o Montero e o recém contratado Héldon.


Jogando em 4-3-3...
Essa até poderá ser a solução que Jardim tem prevista quando o Sporting jogar em 4-3-3. Adrien e André Martins são bons jogadores a lançar o jogo, sobretudo o primeiro, pois o segundo prefere mais transportar a bola. Já o atacante argelino gosta (e sente-se muito confortável) em jogar de costas para a baliza, recebendo a bola, protegendo-a, esperar pelo apoio e dar a bola a esse apoio. Ora se aliarmos a estas duas qualidades da equipa do Sporting e se adicionarmos as características dos jogadores como Héldon e Montero, facilmente conseguimos juntar os pontos e perceber que quando a bola sai dos pés do Slimani para o apoio frontal, esta já terá como destinatário um dos outros dois avançados leoninos, escondidos como falsos extremos.

Possível 4-3-3 do Sporting. Notar para as movimentações
do tridente atacante, das linhas de passe dos inteiores e
dos equilíbrios defensivos dos dois centrais, do médio
defensivo e do defesa esquerdo (falso).

Em que situações pode isto acontecer?
Na saída de bola do Benfica para o ataque, se o Sporting souber recolher-se para o seu meio-campo, ou não recuando tanto, compactar a sua equipa em 30 a 40 metros, tentando anular linhas de passe ao Benfica, poderá  interceptar um desses passes e lançar rapidamente um contra-ataque conforme referi acima. Nesse caso, e porque o Benfica normalmente faz subir os seus laterais, quase como médios-ala, fica descompensado lá atrás - mesmo com a descida do médio "6" para entre os centrais. Fica descompensado, porque tanto Luisão como Garay não são jogadores tão explosivos e ágeis como Héldon e Montero que receberão uma possível bola já em corrida. Por outro lado, ficam expostos, porque Slimani nessa situação possivelmente receberá sem a bola de costas e sem marcação, pois a primeira coisa que o Luisão e o Garay fazem quando há uma perda de bola num passe a meio-campo é recuarem logo.

Como contrariar esses lances?
Primeiro é preciso ter muita concentração e precisão no passe. Por isso é que no domingo defendia a utilização do Rúben Amorim nessa posição "6". Segundo, é necessário também nós jogarmos de forma compacta. Ou seja, os nossos laterais poderão ir avançando imperceptíveis nas alas adversárias, mas os nossos extremos, avançados e médios ofensivos, têm que descer. Mas, descer mesmo! Para que mesmo que haja uma perda de bola num passe consigam logo recuperá-la ou fazer uma falta cirúrgica. Terceiro, e na consequência do que acabei de escrever, deve haver intensidade e agressividade, aliada a muita astúcia. Não só desses médios e avançados encarnados, mas também dos nossos centrais. Estar sempre a dificultar a movimentação do Slimani, cortando-lhe o caminho quando sem bola é uma manha para deixar o jogador leonino sempre desfocado do seu jogo. Por outro lado, ao fazer isso, o central encarnado está sempre perto dele evitando que o Sporting utilize o argelino como primeiro apoio no contra-ataque, o que facilita imenso o trabalho defensivo encarnado.


Jogando em 4-2-3-1...
Voltando à linha de raciocínio do ponto de vista do que o Leonardo Jardim poderá estar a pensar... em caso do Benfica anular esse tal 4-3-3, o treinador leonino deverá pedir à sua equipa que evite tantas transições. Até pelo desgaste que isso depois acarreta a nível físico. Sendo assim, deverá pedir para que André Martins transporte um pouco mais a bola antes de enviar constantemente para o Slimani. Com isso até poderão explorar uma transição ofensiva, mas de forma diferente, tentando atrair uma marcação de um dos defesas encarnados ao "10" leonino, para depois este passar rapidamente a quem estiver melhor colocado para avançar com o ataque. A forma como o Benfica terá de contrariar esse tipo de jogadas, passará pelo que escrevi acima... Por outro lado, essa disposição táctica em 4-2-3-1, poderá também permitir ao Sporting jogar mais em posse e controlar um pouco o "tempo" do jogo. O posicionamento do André Martins entre linhas, o encosto do Slimani no meio dos centrais, o apoio do Adrien, a subida do lateral Cedric, as costas para o Héldon, e o Montero a atacar o espaço entre o central e o lateral, através das suas diagonais, poderá levar ao "10" leonino (o Martins e não o Héldon!) a tentar solicitar o colombiano através de um passe em diagonal para o espaço onde o "cafetero" irá aparecer... por outro lado, se não o conseguir tem todas as outras hipóteses de passe, para conservar a posse de bola e reiniciar o ataque. Atenção que na posição "10", para além do André Martins, poderá aparecer o Héldon e até o próprio Montero. Sobretudo, se o Sporting conseguir ter alguma circulação de bola.

Possível 4-2-3-1 do Sporting. Atenção ao trabalho de
André Martins e Héldon a descobrirem linhas de passe
para Slimani e Montero, mas também para Adrien atrás
e as subidas de Cédric. Equilíbrio defensivo com o Piris,
o Rojo e o Maurício, com o Dier à espreita.


Em que situações pode isto acontecer?
Conforme já escrevi, para gerir o esforço, para reorganizar e jogar em posse e não tanto em transições - no caso do Sporting. No caso do Benfica, isto pode acontecer, na nossa fase de construção, quando o Sporting recupera uma posse de bola. Ou então quando não estamos a conseguir impor transições ofensivas.

Como contrariar esses lances?
A receita é quase sempre a mesma: concentração, equipa unida, disposta num bloco compacto, intensidade, agressividade (enorme reacção à perda!), astúcia, mas acima de tudo paciência. O Benfica tem de ser paciente e anular todos os caminhos. É fundamental proteger muito bem os espaços entre os laterais e os centrais. Não é à toa que defendi no domingo a entrada do lateral Sílvio em ver do Siqueira. Foi exactamente para resolver este possível problema, conferindo maior equilíbrio defensivo. Continuando... não podemos cometer faltas infantis. Recuperando a bola e com a equipa do Sporting mais avançada no terreno teremos tempo e espaço para efectuar algo que gostamos muito de fazer: transição ofensiva! Ou seja, tornar uma situação adversa, numa oportunidade vantajosa! Caso não estejamos a conseguir fazer a transição ofensiva, porque o Sporting está bem posicionado e consegue cortar-nos sempre a bola, é levar o jogo para uma situação de posse de bola.


Jogando em 4-4-2...
Eu penso que o possível 4-4-2 leonino, será quase sempre conjectural e não tanto uma aposta clara. Conjectural de uma situação do 4-2-3-1, pois tal como escrevi acima, se o André Martins não conseguir fazer o passe à desmarcação do Montero entre o central e o lateral do Benfica, o colombiano irá ficar mais perto do Slimani, como uma espécie de 2º avançado e o André Martins irá procurar a linha. Da mesma forma, que na saída de um 4-3-3, o André Martins poderá em vez de procurar os espaços interiores, ir para fora, por oposição de um jogador encarnado, por exemplo, levando a que o Montero saia da ala para o centro, ficando novamente o Sporting numa espécie de 4-4-2. Contudo, penso que o 4-4-2 poderá deixar de ser conjectural se o tempo estiver mesmo péssimo, não permitindo uma troca de bola a meio-campo. Isso significa que o jogo vai ficar partido, e aí sim, penso que um claro 4-4-2 declarado do Sporting poderá acontecer. Até lá, Leonardo Jardim irá sempre esconder o segundo avançado numa das alas: Montero ou Héldon!

Possível 4-4-2 do Sporting. Adrien é que controlará o
jogo todo nesse esquema, lançando Héldon, Slimani,
Montero e Cédric. Montero tenderá a recuar mais e o
André Martins terá tendência para fugir à linha. Dier
protegerá as costas. Mais uma vez o equilíbrio
defensivo com Piris, Rojo e Maurício.


Em que situações pode isto acontecer?
Caso o Sporting opte por um estilo de futebol mais directo, quer por obrigação do estado do campo/meteorologia, quer por chuveirinho nos instantes finais. Já vimos isto acontecer no último derby na Luz. Por outro lado, o Sporting poderá tentar esta estratégia para ganhar segundas bolas e tentar descompactar a equipa encarnada. Sobretudo, se esta estiver a jogar no meio-campo adversário. Ou então numa situação em que o jogo esteja partido para ambas as equipas, ou para aproveitar uma situação pontual em que os nossos médios-centro subiram e deixaram os dois centrais sozinhos. Neste caso o quarteto defensivo deve funcionar mesmo como uma linha defensiva, para ir atrasando o ataque leonino. Ou seja, os nossos laterais devem estar conscientes dos movimentos dos nossos médios, para saberem fazer o respectivo equilíbrio.

Como contrariar esses lances?
Eu penso que neste aspecto estou particularmente tranquilo com a defesa do Benfica. Do ponto de vista aéreo, mesmo com o Slimani, acho que o Benfica ganha nas alturas. Poderá é ter dificuldades se a bola for metida de primeira nas costas da defesa e esta estiver bem subida no terreno. Mais uma vez a concentração é fundamental. Ter o controlo do jogo, através da posse é outra arma a ter em conta. E, se houver inteligência emocional e de jogo, estas situações de ataque leonino poderão servir de contra-ataque. Já agora, se no exemplo anterior, a missão do lateral era fundamental para dar equilíbrio à equipa. Aqui nesta, a função do "6" também o é. Com os dois centrais a ter dois jogadores a marcar, o terceiro elemento para muitas vezes ser uma espécie de líbero para as segundas bolas terá que ser o médio mais defensivo. Se este tiver qualidade técnica, poderá mesmo explorar melhor as saídas para o ataque. Daí, novamente, ter escolhido o Rúben Amorim para essa posição.

2 comentários:

  1. Zé da Mouraria11/02/14, 01:14

    vai entrar em 4-2-3-1, a maior parte do tempo em 4-5-1, enquanto o jogo estiver 0-0.

    por isso depois de se conseguir marcar, temos de 'matar' o jogo fazendo o 2º e o 3º. Vai ser o resultado ao fim do primeiro tempo, fazem o 3-1 e o JJ berra que não é a Taça, e no final os lagartos levam 5-1.

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    1. Sofrer um golo será um amargo do caraças... ;)

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