02 fevereiro 2019

Ainda não estou...


... com o nosso jogo.


Este artigo tem por base algumas ideias sobre uma crónica que era para ter escrito logo após o encontro com o Boavista, misturado com algumas ideias que fui recolhendo ao longo dos últimos jogos do Benfica já com o Bruno Lage ao seu comando. Feita esta pequena introdução, vou directo ao assunto: há muitos aspectos positivos do nosso jogo, mas há outros que ainda não estou contente.


Começo por referir os aspectos positivos que a equipa de Bruno Lage tem introduzido na equipa, como por exemplo uma atitude mais proactiva dos nossos avançados. Hoje, tanto o Seferovic como o João Félix são os nossos primeiros defesas, pressionando alto para condicionar a primeira fase de construção do adversário. Frente ao Boavista foi bem notório esta característica, tal como já tinha sido frente ao Porto na meia-final da Taça Allianz(a). Igualmente, Pizzi e Rafa (mas também Zivkovic), tentam fazer o seu papel na pressão. Há claramente um trabalho feito com os jogadores ofensivos na forma como devem fazer a pressão cobrindo eventuais linhas de passe adversários. Contudo, há jogadores encarnados que ainda têm dificuldades de executarem essas instruções, porque requer da parte deles máxima atenção durante 90 minutos. A meu ver, é uma questão de hábito e se cada unidade de treino tiver o nível de exigência certo, daqui a pouco tempo veremos jogadores como o Pizzi, o Zivkovic e o Rafa a cobrirem bem as linhas de passe e a montarem armadilhas tácticas, para apanharem o adversário em contrapé. Perante uma liga portuguesa com cada vez mais treinadores a querem assumir uma maior qualidade de construção de jogo, logo detrás, acho muito inteligente da parte do Bruno Lage introduzir esta ideia de jogo defensivo: a de pressão alta e de contra-pressão. Isto porque quer se aceite ou não, para se construir detrás é preciso ter jogadores de qualidade e muito treino em conjunto, algo que num campeonato português, em que a maioria dos clubes faz e refaz plantéis todas as épocas (senão mesmo todos os defesos), é difícil de implementar com enorme eficácia.



Outra ideia de jogo que acho correcta é a de exigir uma linha defensiva sempre muito subida no terreno. Se bem que, aqui está a ter problemas pois o Jardel perde a concentração porque não aguenta estar constantemente dentro do jogo, como o próprio Rúben Dias também tem alguns sinais de perda de concentração, fruto da sua maior imaturidade competitiva. Mas, isto consegue-se errando e treinando arduamente até passar a ser um hábito. Quero fazer um parêntesis para dizer que este processo pode ser acelerado se o Lage conseguir adaptar um médio-defensivo a esse sector. Outrora defendi a incorporação do Samaris nesse sector, mas como este tem sido uma agradável surpresa no meio-campo com o Gabriel, estou agora mais inclinado para defender o Fejsa para essa posição de defesa central. A ideia por detrás deste princípio de jogo é conseguir manter uma distância curta entre a linha defensiva e a linha de meio-campo, sobretudo, o quarteto formado pelos dois centrais e os dois médios-centro. Este quadrado é fundamental para anular ou dificultar as transições ofensivas dos adversários. Falta apenas verificar o comportamento do Odysseas quando a linha defensiva conseguir manter-se realmente subida no terreno, pois será fundamental que o guarda-redes se sinta confortável para jogar fora dos postes e ajudar a controlar a profundidade.


Gosto também da ideia de jogarmos com dois médios box-to-box, que partilham momentos ofensivos e defensivos à vez, ajudando a gerirem o próprio esforço físico e os ritmos de jogo da equipa. Desta maneira, acabamos por equilibrar melhor nos momentos de transição defensiva e na nossa fase de construção. Depois, em combinação com os nossos médios-ala que fazem muito do transporte de bola para o ataque na 2ª para a 3ª fase de construção acabam por haver uma articulação interessante. Se bem que... convido o leitor a continuar a ler as próximas linhas. Outra ideia de jogo que gosto prende-se com a mobilidade dos nossos avançados. Tanto o Seferovic como o João Félix conseguem jogar entre-linhas, atacar a profundidade, desmarcarem-se entre canais e procurarem por vezes a faixa para ajudar na construção de jogo. Isto acaba por arrastar marcações e desgastar defesas, desequilibrando o adversário.


Mas, há muita coisa que ainda não gosto. Começo por mencionar a simetria exagerada da equipa, nomeadamente nas alas: os laterais dão largura na primeira fase de construção e os médios-ala ficam mais interiores. Se na direita com o André Almeida e o Pizzi as coisas resultam minimamente, no lado esquerdo não. Qualquer que seja o ala-esquerdo escolhido por Lage, ou seja, desde a opção Cervi até Zivkovic, passando por Rafa e até mesmo o Pizzi, nenhum deles consegue exibir-se a bom plano. Isto acontece porque invariavelmente a construção de jogo da 1ª para a 2ª fase passa por uma lateralização do central descaído na esquerda (Jardel) para o seu lateral esquerdo (Grimaldo). O lateral espanhol opta quase sempre por receber a bola no pé e depois tentar fugir para o corredor central. A questão é que dessa maneira acaba por ir de encontro ao médio-ala que é estrategicamente posicionado nessa posição, para dar o corredor ao lateral. Por isso é que depois o Grimaldo e o ala esquerdo são sempre os jogadores com maior número de perdas de bola e turnovers dos encarnados. Uma vez que a bola ou é perdida quando o Grimaldo falha a combinação com o colega, ou é perdida nos pés do colega que recebe quase sempre de costas para a baliza adversária (e pior, quando a posição é ocupada por Cervi e Zivkovic, dois canhotos, estes têm tendência para rodar de dentro para fora, ou seja, perdendo ainda mais linhas de passe). A única opção de passe por Grimaldo que tem alguma eficácia, nesse momento, é a opção para o médio-centro (Gabriel ou Samaris) que depois endereça-a rapidamente para o Pizzi, abrindo por fim o leque de opções ofensivas, quer para o Félix e Seferovic, como abrir ainda mais à direita para a cavalgada atacante de André Almeida.


Depois, será que colocar ambos os médios-ala nos meios-espaços aquando da 1ª e 2ª fase de construção seja uma opção estrategicamente correcta? É que reparem que ao fazer isso, estamos simplesmente a manter o quarteto defensivo adversário compacto e unido, pois estamos a emparelhá-los com os nossos 4 avançados (2 alas + 2 avançados). Dessa forma, fica mais difícil criar superioridades e libertar espaços no corredor central ou até nas alas (uma vez que os extremos adversários só têm que acompanhar os nossos laterais). É verdade que jogando com dois médio-centro, tendo um ala que jogue mais por dentro confere maior estabilidade e equilíbrio na construção de jogo e na aplicação do princípio do 3º homem. No entanto, penso que não há necessidade de fazer isso com ambos os médios-ala. Ou seja, defendo aqui uma assimetria no nosso modelo de construção de jogo. Ao invés de ambos os médios-ala fugirem para o meio-espaço, um deles poderá ficar mais colado à linha tentando atrair a marcação do lateral adversário. Por seu turno, os nossos avançados poderão funcionar como pistão, i.e., um a recuar entre-linhas e o outro a fugir para o segundo poste. O resultado será a criação de um espaço entre o lateral que tenta marcar isoladamente o nosso ala colado à linha e os restantes elementos da sua defesa. Esse espaço interior poderá ser aproveitado tanto pelo nosso lateral, como por um dos nossos médios e até mesmo um dos nossos centrais mais aventureiros. Depois, do lado contrário, poderemos manter essa relação posicional mais conservadora entre o médio-ala e o nosso lateral. Esta assimetria pode ir sendo alterada de situação em situação, criando desta forma uma certa variabilidade.


Esta ideia também visa adaptar o modelo de jogo aos nossos jogadores. Por exemplo, vejo muitas dificuldades do Grimaldo em interpretar as desmarcações que deve efectuar quando jogando colado à ala, pois é um jogador que gosta de procurar a bola. De facto, ele gosta de receber a bola no pé e atacar em combinações com os colegas, mais do que bater o adversário em corrida após um passe para a profundidade de um dos seus colegas. Já jogadores como o Cervi, o Rafa e o Salvio, preferem atacar o espaço ou ir para o um-contra-um com o adversário. Outros, como Pizzi e Zivkovic, preferem pensar mais no jogo e de receber a bola no pé. Tendo em conta as características dos nossos laterais titulares (Grimaldo e Almeida), criaria a assimetria da seguinte maneira: o flanco direito seria formado por um lateral direito mais vertical e ofensivo actuando junto à linha e com um médio-ala direito interior que flectiria para dentro do corredor central, enquanto o flanco esquerdo seria formado por um lateral ofensivo interior que tentaria flectir para dentro, concedendo a profundidade e a linha para o médio-ala/extremo esquerdo. Acredito que este posicionamento iria beneficiar as características dos nossos jogadores das alas. Sobretudo, os habituais titulares, pois o André Almeida é muito mais vertical que o Grimaldo (o contrário quando comparamos o Corchia e o Yuri Ribeiro, se bem que o francês é muito completo, quando em forma), assim como o Pizzi e o Zivkovic são mais jogadores de apoio, do que o Cervi e o Rafa (se bem que este último tem potencial para ser o mais completo deles todos).


Reparem como o Alex Grimaldo acaba por marcar um excelente golo naquela posição de meio-espaço esquerdo, no jogo frente ao Boavista. Já agora, referir que esta ideia do lateral interior pode ser benéfica para o controlo e estabilidade defensiva da equipa, permitindo também libertarmos um dos médios para o ataque (Gabriel tem uma excelente meia-distância e o Samaris gosta de penetrar e aparecer na grande área adversária, duas vantagens que até agora não temos conseguido aproveitar devido à necessidade de estarmos sempre equilibrados no corredor central). Esse é um dos motivos porque o Pep Guardiola também utiliza esta ideia de laterais interiores. O outro motivo, é para poder rentabilizar o talento e a velocidade de jogadores como Sané e Sterling nas faixas. E, conforme podemos verificar, a ideia resulta. Logo, tem tudo para resultar com Cervi e Rafa (assim como Salvio e Jota).



Mas, o que me tirou do sério nesta partida caseira frente ao Boavista, foi a forma como sofremos o golo dos axadrezados. Um lance de bola parada - pontapé de canto - e ambos os centrais a atrapalharem-se, deixando o adversário cabecear?! Imperdoável. O Jardel e o Rúben Dias precisam de ser apertados. O segredo da reconqui37a está neles, porque a realidade é que são as defesas que ganham campeonatos. E esta temporada já tivemos o dissabor do encontro frente ao Belenenses e frente ao Portimonense que já deveria ter-nos ensinado algo. Basta pensarmos que nesses dois jogos não tivéssemos perdido, mas sim ganho, teríamos mais 6 pontos, o que equivaleria a estar em 1º lugar no campeonato com mais um ponto que o Porto. É preciso haver mais concentração e comunicação entre eles. É preciso entenderem que vão ter necessariamente que estar mais concentrados e ligados ao jogo, porque vamos defender muito em cima do adversário, pelo que não podemos desligar por um minuto.




P.S.: Quem me deixa feliz da vida é o nosso novo menino de ouro. Não é que o rapaz já conseguiu as seguintes proezas!?


8 comentários:

  1. Afinal João Félix era mesmo avançado de corredor central, como aqui o básico do BP já tinha sugerido ;-) afinal estava mais que preparado, bastava jogar na posição dele e ter uma equipa com processos ofensivos decentes, que soubesse usar o jogo interior e os espaços entre linhas...e não tem revelado nenhuma da imaturidade que lhe atribuías - pelo contrário, mesmo fora da notoriedade do golo ou assistência, tem tido grande acerto na sua tomada de decisão!

    Afinal os sinais que o básico do BP viu logo no primeiro jogo de BL (Rio Ave) não eram wishful thinking do básico do BP ;-) alguns deles tu assinalas aqui neste post...como já não jogarmos com um 6 declarado, mas com dois médios centro que são ambos 6 e ambos 8, consoante o que o jogo pede, e que partem de uma posição mais subida na primeira fase de construção, já bem dentro do bloco adversário.

    Provocações amigáveis à parte, bom post, com muito pano para mangas! Juntaria aos teus elogios a muito maior e melhor utilização do corredor central, com muito mais posse de bola entre-linhas, no nosso ataque posicional. Ou ainda achas que é wishful thinking meu estar a ver isso? O Benfica de BL põe cinco jogadores entre linhas na sua organização ofensiva! Os dois médios centro, nas costas da primeira linha adversária, e os dois alas com o JF, nas costas da segunda linha adversária.

    Também não vejo que a nossa primeira fase de construção passe "invariavelmente" por uma lateralização do Jardel para o Grimaldo. Isso era no tempo de RV, em que essa era quase a única hipótese de não jogar directo na frente...agora vês muito maior variabilidade nessa fase pois tanto sais pelo Grimaldo a vir para dentro, como sais pela ligação com os médios-centro, como sais com uma solução que o RV nunca teve tomatinhos para implementar: central tem espaço para progredir com bola, sem linhas de passe dentro, progride com bola até fixar e soltar!! Até o Jardel já faz isto!

    E por falar em centrais, concordo completamente com as críticas que lhes fazes. Estão muito melhor com bola, mas sem boja continuam a ter "paragens cerebrais".

    Finalmente, apesar de não achar que saiamos sempre pelo Grimaldo, acho boa ideia essa assimetria que sugeres, com o Grimaldo lateral interior (belo vídeo, obrigado!) e um médio-ala mais puro à esquerda. Pelos motivos que muito bem explicas. Desde que o nosso jogo interior não se ressinta. E penso que não se iria ressentir, com o Grimaldo ali por dentro para combinar com os médios-centro e com o médio-ala interior direito.

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    1. Ah e desde que o ala mais puro à esquerda seja o Rafa e não o Cervi ;-)

      Também me esqueci de dizer que, apesar dos centrais ainda terem quebras de foco e concentração, é justo dizer que melhorámos descomunalmente nos dois momentos defensivos - organização e transição. Já não se vê as equipas pequenas a parecerem grandes contra o Benfica...a criarem oportunidades de golo flagrantes em catadupa, tanto em transição ofensiva como em organização ofensiva...e estas melhorias são também pelo que dizes, do comportamento defensivo dos da frente, mas não só...a saída do Pizzi do meio também ajuda, sobretudo em transição defensiva...antes tinhas no meio um jogador que só defendia (Fejsa) e outro que só atacava (Pizzi), agora tens dois jogadores que defendem e atacam.

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    2. Not so fast! O João Félix pode também jogar na faixa, aliás tal como o Lage o colocou na 2ª parte quando passámos de um 4-4-2 para um 4-2-3-1.

      Há ainda imaturidades tácticas que ele possui, mas que tem trabalhado muito bem. Estas ideias de jogo e novo posicionamento do Bruno Lage têm-no facilitado.

      Verdade o que escreves do Jardel. Mas, também não é menos verdade que a qualidade do passe do Jardel não é por ali além e ele acaba muitas vezes por efectuar a lateralização ao Grimaldo, mais do que promover a profundidade com um passe vertical para o Rafa (ou Cervi) podendo depois este aplicar o princípio do 3º homem, com o médio-centro e o lateral esquerdo. A questão, é que quando tenta o passe o nosso médio-ala esquerdo está sempre bem marcado e é facilmente antecipado, resultando numa perda de bola. Isto acontece porque o ala esquerdo mal se inicia a 1ª fase corre logo para o meio-espaço. Aliás, eles acabam por estar sempre nos meios-espaços e esquecem de fazer os movimentos de abrir na ala e depois voltar para os meios-espaços. No fundo estão muito estáticos nestas primeiras fases de construção. Mas, isto vai com o trabalho. A ideia da assimetria é uma ideia para dinamizar mais rapidamente esta ideia e comportamento de jogo.

      ;)

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    3. Também prefiro o Rafa. Já agora, também achas que o Rafa é um dos 5 avançados da equipa, como o Lage considera?

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    4. Para mim o lugar do Rafa sempre foi extremo ou médio-ala esquerdo - e continua a ser.

      Mas numa lógica de adaptações em caso de necessidade - muito provável, dado que temos dois avançados-centro e meio - vejo no plantel vários jogadores que podem fazer bem o lugar de segundo avançado do JF: Krovinovic, Zivkovic, Jota e...Rafa. Por esta ordem decrescente - Rafa ali, quanto a mim, só mesmo em último caso. Porque o quero na ala esquerda, com mais espaço, e porque acho que ainda lhe falta apurar a tomada de decisão com pouco tempo e pouco espaço - um contexto que terá muito mais vezes se jogar ali no meio, nas costas do primeiro avançado.

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    5. A meu ver, e já aqui escrevi, o Rafa pode ser uma espécie de "Messi" português se for trabalhado para tal. Contudo, neste momento ainda não é visto como um titular indiscutível. E, nesse contexto, penso que o melhor é deixá-lo como extremo/médio-ala esquerdo até assegurar rendimento constante.

      Para mim os 5 avançados que temos no plantel são: o Seferovic, o Jonas, o João Félix, o Salvio e o Jota. Todos eles têm golo e falham muito menos que outros na cara do golo. Esse deveria ser o primeiro critério até.

      O Zivkovic vejo um substituto do Pizzi, e a jogar na ala direita, tal como o camisola 21. Já o Krovinovic, vejo-o como o substituto do Gabriel, nos jogos menos exigentes, ou como substituto do João Félix ou Jonas, num Benfica em 4-2-3-1.

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    6. Sem dúvida que o Rafa tem todas as condições para isso - e Bruno Lage tem todas as condições para o ajudar a dar esse salto. Mas para já é como dizes: tem que se estabelecer de uma vez por todas como titular indiscutível e para isso tem que estar no lugar o de o rendimento actual é maior...

      Também vejo o Ziv aí, como plano A. Era mesmo como plano C em caso de necessidade. Concordo com esse critério prioritário para os avançados, mas para os segundos avançados, pelo menos, nào é condição suficiente, é apenas condição necessária...também têm que saber pensar, decidir e executar em pouco tempo e com pouco espaço, dai incluir o Krovinovic e o Ziv como planos B e C.

      O Krovinovic entrando para aquela função vai 'automaticamente' transformar o 442 clássico num 4231, pele seu DNA de médio ofensivo. Mas estamos de acordo que o lugar ideal para ele é como um dos médios-centro do 442 clássico. Como sabes, aliás, para mim era titular com o Gabriel em mais de metade dos jogos em Portugal...

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    7. O Zivkovic mais facilmente entra na equipa se estiver a jogar na faixa direita.

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