19 março 2018

Exibição...


... de Santa Maria da Feira.


Muito antes da entrada fulgurante de Raúl Jiménez no encontro do passado domingo, já o Benfica tinha disposto de inúmeras oportunidades para marcar golo. De facto, apesar de jogarmos num autêntico batatal - vendido como se fosse um spa luxuoso com tratamento de lamas terapêuticas aos adeptos encarnados - a equipa de Rui Vitória conseguiu fazer mais passes e jogadas que o Porto no estádio do Dragão frente ao Boavista, no dérbi do Porto (497 passes do Benfica enquanto o Porto frente ao Boavista fez 374). Gostava de saber a opinião do Jorge Jesus que ainda na semana passada queixava-se do estado do relvado na República Checa, para justificar a fraca exibição leonina na segunda mão da Liga Europa. Já agora, sabem quantos passes fez o Sporting no jogo frente ao Rio Ave? 376 passes, contra os 461 da equipa de Miguel Vieira. Aliás, a equipa de Jesus nem sequer conseguiu ganhar a posse de bola nesse encontro disputado em plena Alvalade. Dá que pensar não dá, ainda por cima por tudo o que se ouve falar das exibições destas duas equipas...


Quem disse que não era possível jogar bom futebol num batatal? Basicamente, é isto que o Rui Vitória demonstrou no jogo frente ao Feirense. E, a equipa do treinador revelação da época passada, Nuno Manta, bem que tentou esgrimir os seus argumentos contra os encarnados, jogando com intensidade e tentando usar um pouco de anti-jogo para baixar o ritmo do encontro quando o Benfica ganhava momento. Mas, o desnível técnico-táctico é brutal. O Benfica só não foi para o intervalo em vantagem por culpa própria: tanto o Jonas como o Rafa estavam muito perdulários. A expulsão de Tiago Silva antes das equipas irem para os balneários, foi resultado da pressão e do ritmo de jogo imposto pelos encarnados. Os adversários bem que podem ser intensos e muito agressivos, mas se quando chegam ao jogador encarnado a bola já não está, arriscam a atingirem às margens da lei o adversário. Assim se explica os dois amarelos do Tiago em 45 minutos de jogo. E, assim se vê o resultado de muitas horas de treino do Benfica, que com este modelo de posse de bola, com troca constante do esférico entre os jogadores e muitas trocas posicionais, consegue não só ultrapassar as compactas e densas linhas defensivas, como também a pressão e agressividade dos adversários.


A única questão que faço ao técnico encarnado é porque não colocou o Raúl Jiménez logo no início da segunda parte? Dada a expulsão do jogador do Feirense ainda na 1ª parte, poderia utilizar o intervalo para preparar a equipa para jogar numa espécie de 4-4-2 com a entrada do mexicano. Acredito que se o camisola 9 tivesse entrado mais cedo, não só se confirmaria à mesma a nossa vitória, como também penso que com o 0-1 mais cedo, mais rapidamente, teríamos condições para ampliar ainda mais o marcador. De qualquer maneira, talvez a resposta esteja no que aconteceu após o golo do Raúl, em que durante alguns minutos o jogo encarnado esteve um pouco incaracterístico a meio-campo, apesar da nossa vantagem numérica. Acredito, que tal se deveu pela mudança táctica a meio da segunda parte e que se tivesse sido preparada no intervalo, tal não aconteceria, daí a minha questão. No entanto, seria importante trabalhar este aspecto do plano B durante os treinos, para evitar estas flutuações de comportamento.


Uma última palavra para o Rafa que esteve irrepreensível neste encontro, apesar de muitas vezes ser enervante pela forma como faz o mais complicado (livrando-se em dribles e em velocidade dos adversário) falha o que parece mais fácil (o golo ou a assistência para o colega). Em Santa Maria da Feira, foi o rei dos postes, com duas bolas de golo a serem defendidas pelos postes adversário. Contudo, ele está a evoluir cada vez mais ao nível da confiança. E, depois com aquela velocidade com a bola no pé... quem é que lhe pára? Por isso mesmo quero saber qual será a decisão do Vitória quando o Salvio estiver disponível... muitas e boas dores de cabeça para o técnico encarnado.

22 comentários:

  1. Mais um grande jogo, num campo todo armadilhado, por dentro e por fora...

    Este futebol que jogamos na segunda metade do campeonato é tão, mas tão melhor que o futebol jogado pelos rivais desde o início do campeonato, que sinceramente já acho mesmo que o campeão mais justo nesta época é...o do costume! :-)

    Rafa ou Salvio, dor de cabeça?? Isso é mais um no brainer! ;)

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    1. Olha que quando fazes um filme das exibições do Salvio e dos resultados do Benfica o subcapitão está la...

      😉

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    2. Será um líder importante de balneário e, mesmo no relvado, com este modelo de jogo em que é envolvido no processo ofensivo bastante mais tarde (ou seja, praticamente só na preparação da finalização e/ou finalização), tem boa chegada à área e finalização. Mas em comparação com o Rafa, diz-me uma valência do jogo em que ele não seja claramente inferior? Tirando a finalização - e mesmo aí Rafa está a melhorar muito, como dizes - é inferior ou muito inferior em tudo o que é o jogo com bola. Criatividade e tomada de decisão - quinze a zero; capacidade de desequilíbrio em condução - quinze a zero; capacidade técnica - quinze a zero; capacidade táctica e leitura de jogo - quinze a zero; compromisso defensivo - vá, um empate com golos ;)

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    3. Também não tiraria o Rafa do onze, assim que o Salvio recuperasse. No entanto, começaria por dar 15 ou 30 minutos ao argentino, para ver o que faria para reconquistar a posição.

      😉

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    4. Eu dava-lhe mas era o que o Rafa e o Zivkovic tiveram durante um ano e meio!...

      Já passou a vez do Salvio, agora é a vez dos cérebros ;)

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    5. Eu com estes jogadores jogaria sempre no redline, até porque teria no banco suplentes para entrarem e manterem o ritmo.

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    6. Não é só manter o ritmo, é preciso também manter princípios e comportamentos de jogo - manter o nosso actual modelo de jogo.

      E para isso, quer queiras quer não, nem todos são igualmente capazes. Dúvidas? É comparar o que jogámos com Filipe Augusto ou Samaris, já em 4x3x3, com o que jogámos com Krovinovic ou estamos a jogar com Zivkovic...

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    7. O Augusto nunca teve uma série de jogos consecutivos em 4-3-3. Ele entrou muito no onze quando o Vitória estava ainda a transitar do 4-4-2 para o 4-3-3. Depois, o Samaris só faz alguns minutos nessa posição de interior, porque usualmente é opção para o Fejsa na posição "6".

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    8. O nosso primeiro jogo em 4x3x3 foi contra o Olhanense para a Taça, se não estou em erro ainda no final de Setembro. Até estabilizar o novo modelo em 4x3x3, com Krovinovic, em Dezembro, Filipe Augusto foi a principal opção como segundo médio. Não foram assim tão poucos jogos, foram cerca de dois meses de jogos, incluindo muitos dos jogos da Champions.

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    9. O Augusto saltitava entre titular, banco e bancada... não foi também bom para ele, mas também acho que poderia e deveria ter feito muito mais.

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  2. Rafa ou Salvio também acho que não há dúvidas.
    Embora para mim sejam os dois bons, RV já demonstrou que, quando um jogador se lesiona, se o seu substituto está à altura e a jogar bem, não o tira só porque o outro regressa.

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    1. Espero é que ele não espere pela lesão dos jogadores. Por vezes, fico com a clara sensação que com uma gestão mais cuidada, através de substituições, poderá ir mantendo ambos os jogadores a um nível bastante aceitável sem entrarem em sobrecarga competitiva, mas mantendo a intensidade e qualidade de jogo.

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  3. Cá por mim, entre o Salvio (conforme estava a jogar antes de se lesionar) e o Rafa que temos tido, podemos atirar a moeda ao ar que fico descansado quer saia cara ou coroa. Por uma questão de coerência, como diz o António, deverá continuar o Rafa.

    Voltando à possibilidade do Raúl entrar de início, no lugar do Cervi. Percebo o que podíamos ganhar com o Furacão Mexicano em termos de acutilância na área, mas acho que podíamos perder mais do que isso em termos de construção e dinâmica do triângulo da esquerda, sem o nosso Boneco Diabólico.

    Atendendo à forma magnífica como estamos a jogar e ao facto de só faltarem sete jogos - sem a mínima margem de erro - parece-me desaconselhável fazer alterações importantes no Onze ou no sistema. A fórmula do sucesso está encontrada! Agora é só afinar alguns detalhes e procurar multiplicações das rotinas utilizadas. Por ex., fazer trocas pontuais entre o interior-direito (Pizzi) e o interior-esquerdo (Zivko), no posicionamento em início de construção, abre um leque de novas configurações no desenrolar do carrossel benfiquista. O qual, diga-se, é um regalo para a vista!

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    1. E, se o boneco diabólico continuasse lá? O jogo sem Pizzi fez-me pensar se não seria bom para o Vitória equacionar um meio-campo apenas com o Fejsa e o Zivko, ficando o camisola 17 mais sobre a meia-direita, procurando passes cortantes em profundidade, enquanto o Cervi sobre a meia-esquerda quando com bola poderia transformar o 4-3-3 num 4-4-2.

      Quanto às variantes, acabaste por mencionar a mais recente, pois como escrevi acima, vejo cada vez mais o Zivko a jogar sobre a meia-direita do nosso meio-campo. Quando penso no Raúl no onze, não penso numa mudança clara do 4-3-3 para o 4-4-2. Vejo sim uma nova variante para o 4-3-3, que pelas características do jogador mexicano provocam umas dinâmicas interessantes se for bem trabalhado.

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    2. Não digo que não pudesse resultar, se bem que acho que o Pizzi tem sido muito influente na nossa construção de jogo e a equipa podia ressentir-se da sua saída. Aliás, acho que o Pizzi ganhou muito com a entrada do Krovi, e depois do Zivko, precisamente porque passámos a ter dois construtores de jogo em vez de apenas um, como acontecia em 4-4-2. Ou seja, tornou-se mais difícil para os nossos adversários bloquearem as nossas saídas em ataque organizado porque agora não lhes basta fechar o caminho a um jogador, como faziam dantes. Anulando o Pizzi, o nosso jogo ficava muito condicionado, muito pobre. Receio que voltasse a acontecer o mesmo se fosse apenas o Zivko a pensar o jogo no meio-campo. O Cervi não é um "pensador", é um "executivo".

      E insisto na questão do timing. Não me parece oportuno correr o risco de mudar um sistema que tem estado a funcionar tão bem (inclusive, a entrada do Raul no decorrer da segunda parte já faz parte do sistema) numa altura tão crítica da época.

      No fundo, estou a defender aquela velha máxima do futebol, nem sempre verdadeira, de que em equipa que ganha não se mexe. Acho que neste caso se aplica.

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    3. Caríssimos, perdoem-me o atrevimento de me intrometer no vosso debate.

      Começo a suspeitar que o PP ainda está indeciso entre um 4x4x2 declarado com Fejsa e Ziv, Rafa e Cervi nas alas, Jonas e Jimenez na frente; e uma variante do actual 4x3x3 com o Jimenez a falso extremo/avançado interior esquerdo, derivando Cervi para interior esquerdo e Ziv para interior direito. É isso, PP?

      É um debate interessante, mas faço minhas as palavras do Chama: nesta altura, com a qualidade que pomos no nosso jogo e sete finais pela frente, não faz sentido nenhum mudar!

      Aliás, devo confessar que me intriga o seguinte: quando, na primeira metade da época, jogávamos um futebol indigente e tínhamos resultados a condizer, eu e o RB (sobretudo) disparávamos críticas ao nosso modelo de jogo e às opções de RV com o mesmo ritmo com que o Ziv faz passes de ruptura - e o PP rebatia sempre essas críticas, muitas vezes recorrendo a malabarismos retóricos quase rocambolescos para defender o indefensável. Agora, na segunda metade da época, que temos um modelo de jogo de posse que vem da linhagem nobre de Mister Guardiola, que jogamos com muita qualidade um futebol digno dos maiores e temos resultados também a condizer, vem o PP propôr mudanças e melhoramentos!...

      Juro que não percebo. Mas adoro na mesma! ;)

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    4. Ora essa, caro BP! É para isso que cá estamos. Estas duas semanas estão a custar muito a passar. Bem nos podemos entreter com especulações sobre o nosso futebol enquanto esperamos pelo próximo jogo do Glorioso.

      Eu acho que a perspectiva do PP é que o Raúl merece a titularidade pelo que tem feito em cada 15, 20 minutos em que joga. E merece! Mas os que têm jogado também não merecem sair.

      Por mim é: Tá bom! Não mexe!

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    5. É isso, Chama! Tá bom, não mexe!

      E por muito que também concorde que Jimenez já merecia a titularidade, esta implica mexer - no sistema táctico e/ou modelo de jogo. Mesmo que não implique mudança de sistema, com o regresso ao 4x4x2, implica sempre variante do actual 4x3x3, com prováveis implicações no modelo de jogo e na constituição do onze - ou teria que sair Cervi ou teria que sair Pizzi, passando Cervi para interior. E implementar isso agora, com este modelo a funcionar tão bem e sete finais pela frente, seria muito estúpido, na minha opinião.

      Mas é como dizes: são especulações que entretêm durante a impertinente quinzena da selecção nacional!...e é uma discussão pertinente para...a próxima pré-época! ;)

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    6. Malta, a ideia é criar alternativas. Depois de duas semanas sem liga, até pode ser importante fazer essas alterações. De qualquer maneira não defendo essas alterações de início. Agora na 2ª parte sim. Já vimos que não há um substituto pronto para o Pizzi. O Joãozinho está muito verde. O Krovi está a recuperar. O Samaris é mais defensivo. Só o Zivko está lá perto. Mas, precisa de jogo para ganhar rotinas. Eu quero é que se trabalhem as variações. É com planeamento que se trabalha. 😉

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    7. OK PP, se não defendes estas alterações de início e o que defendes é numa lógica de planeamento de variantes e alternativas, fico mais descansado 😉

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    8. BP, mas olha que o Guimarães com um novo treinador e algo ainda inconstante, depois de umas duas semanas para preparar o jogo seria o ideal para experimentar a nova fórmula de início. Acredito que vontade a Raul e a Seferovic não deverá faltar aos dois.

      😉

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    9. Mau, estavas a começar a falar tão bem 😉

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