Mais um jogo, mais uma oportunidade desperdiçada por parte do João Carvalho. Não é que com bola tenha estado mal, no tridente de meio-campo encarnado. Ontem à noite, frente ao Aves, vi-o a jogar simples, mas também vi-o a arriscar menos o passe de penetração e a ligação com o Jonas. Aliás, a foto acima retrata isso mesmo. Falta-lhe equilibrar o seu jogo com bola. O jogar de olhos na bola e não de cabeça erguida, como podemos ver pela foto, é um sintoma de que o jovem formado no Seixal está a acusar a pressão. Não é fácil substituir o Platini de Bragança, por mais que critiquem a forma do camisola 21. Por isso, o jovem canterado tem de saber assentar as emoções. O Joãozinho, não me parece ser daqueles jogadores que quanto mais oportunidades ele tiver, mais ele se adaptará por si só. Eventualmente, ele se irá adaptar, mas quando isso acontecer, o mais provável é já ter passado metade da sua carreira.
Acho que precisa de ser devidamente espicaçado por parte do treinador, exactamente, porque penso que corre o risco de passar ao lado de uma belíssima carreira. A forma como o camisola 90 olha para o jogo, é apenas ele e a bola. Se, nos escalões mais jovens isso por si só bastava, no seu primeiro ano na equipa B já deveria tê-lo abrido um pouco mais a pestana para ver que apenas o talento não ganha jogos. É a jogar o jogo que os ganha. E, jogar o jogo, não é apenas com a bola nos pés e fintar meia equipa adversária. É, com a bola nos pés, saber que pode tabelar com o Jonas e receber mais à frente. É saber que para usar bem a velocidade do Rafa, deve-lhe passar a bola para o espaço à sua frente, e não nas suas costas. É executar cada passe de forma simples e eficaz para que o companheiro demore o mínimo na recepção. É entender que tem de usar a linha de passe para o Zivkovic como forma de fluir o jogo a meio-campo e, quando recebe de costas para o adversário, o passe de primeira para o Fejsa depois descongestionar é a melhor opção. E, só depois de esgotadas estas hipóteses e/ou porque o adversário deixa-o solto é que ele deve arrancar em transporte com a bola e driblar o adversário.
— SL Benfica (@SLBenfica) 11 de março de 2018
Mas, mais importante do que isso é o posicionamento com e sem bola. Com bola, é fundamental o bom posicionamento, não apenas para receber a bola já direccionada para o momento seguinte, como também estar na posição correcta para as triangulações com os colegas, uma vez que essa é uma das nossas armas de construção. Caso contrário, estes movimentos serão facilmente anulados pelo adversário e, pior, permite que estes consigam criar perigo através de transições ofensivas. Por isso mesmo, mesmo que se perca a bola é fundamental a reacção à perda e a inteligência de jogo para anular as linhas de passe do adversário. E, é aqui que o Joãozinho perde muito. A velocidade com que ele pensa o jogo ainda não está ao nível da exigência de um Benfica. E, isto é preciso dizê-lo. O Rui Vitória, tem de puxar por ele. Alertá-lo para estes factores e apostar num trabalho individual de grande intensidade com ele. Quanto a ti João Carvalho, amanhã sê o primeiro a chegar ao treino. Tenta ver com o treinador o jogo. Pede-lhe para ver contigo o jogo e tenta entender o que se ele irá exigir que faças naquela posição. É fundamental essa comunicação, assim como é fundamental haver abertura da tua parte para trabalhar no redline durante os treinos. Para além de seres o primeiro a chegar aos treinos, recomendo vivamente seres o último a sair. Olha bem para o que o Pizzi faz em campo, quer seja nos jogos ou nos treinos. Olha bem para a forma como os teus colegas de sector jogam, onde eles são mais fortes, mas também onde eles são mais fracos. E joga para os pontos fortes deles. Sem bola, olha como fazem pressão. Tenta entender os tempos de execução dos jogadores e depois compara-os com os teus (acho que aqui o vídeo vai ser muito benéfico para ti). Vai ser muito trabalhoso para ti, mas posso dizer-te que estás rodeado da melhor equipa (desde colegas até equipa técnica) para poderes realmente evoluir. Tens, de dar o litro, até porque como podes perceber a equipa precisa do teu talento, mas também que tu te dês à equipa. Falta essa parte João.
Quanto ao Rui Vitória e ao resto da equipa, penso que na Luz, a opção B de dois avançados faz cada vez mais sentido. Percebo que começar de início com 2 avançados possa colocar em risco o equilíbrio a meio-campo, mas acho que assim como o Pizzi e o Fejsa deram boa conta na época passada, o Zivko e o camisola 5 poderão repetir o mesmo esta temporada... pelo menos durante uma parte do encontro. Para mim esta opção do 4-4-2 até serve para premiar a entrega do Raúl, que tem continuamente lutado para entrar no onze titular. Podemos não ter aquele jogo de triangulações como bilhar às três tabelas, mas temos também tabelas com movimentos alternados dos avançados e/ou com um Jonas mais envolvido no processo criativo ofensivo. O camisola 10, juntamente com o duo sérvio acabam por fazer uma espécie de tridente criativo, substituindo o outro tridente. Por outro lado, Cervi ou até mesmo o Rafa podem assumir posições mais interiores, criando com os dois sérvios outros triângulos. é desta forma que o 4-4-2 é realmente um sistema perigoso para o adversário. Mas, isto não significa abandonar o 4-3-3. Fora da Luz, acredito que este é o melhor sistema para anular as transições do adversário. O Pizzi e Zivko serão naturalmente as opções para as posições de interior, mas é urgente que se vá dando minutos ao João Carvalho. Não apenas 10 minutos finais, mas pelo menos uns 30 minutos por jogo. Dessa forma poderemos aferir da sua evolução, ao mesmo tempo que o jogador vai aprimorando o entrosamento com os restantes colegas. Mas, para ter essas oportunidades, terá que trabalhar no duro, conforme escrevi acima. Uma coisa é certa, se o João Carvalho quer ter espaço na próxima época, terá que demonstrar no que falta desta, pois o que temos visto é insuficiente.
P.S.: Quero partilhar a seguinte frase com o João Carvalho e todos aqueles que estão na mesma situação, pois acho que faz todo o sentido, não para pressioná-los negativamente, mas para que ele abra bem os olhos para o momento sensível da sua carreira...
«Aprendi que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.»por William Shakespeare
De facto, se compararmos o entrosamento com a equipa, entre o João e o Keaton, enquanto quando a bola chega ao João o movimento de jogo perde-se e com o Keaton mantém-se.
ResponderEliminarMente aberta e auto-crítica, trabalho, muito trabalho!
Sim, mas o Keaton também já entrou com um sistema diferente... Pelo que tenho visto do norte-americano na equipa B, quando jogam com um tridente de meio-campo, não acho que ele renda assim tanto. Precisa de ter espaço e o trio acaba por concentrar demasiados jogadores na sua zona do terreno. Por isso, creio que seja trabalhado mais para uma solução de meio-campo a 2.
Eliminaro keaton e mais para o lugar do fesja no trio defensivo e o benfica ganha capacidade para defender com bola, so espero que a leitura a defender seja ao nivel do fesja e temos aqui um "matic". quanto ao joao carvalho assim como o diogo penso que beneficiariam de emprestimo na 1ª liga tendo em conta a concorrencia que tem no benfica e as poucas oportunidades. sem jogar nao se evolui
EliminarNão é ainda. Quem poderia ser um Matic era o Samaris, mas isso é outro tema.
EliminarSe o João for emprestado na próxima temporada e se o Pizzi sair, como se falou esta semana no interesse do Wolverhampton, duvido que regresse. Só aqui terá o tipo de formação que o fará dele um médio de renome internacional. Lá fora, irão colocá-lo onde ele pensa que rende mais, mas nessa posição nunca será top 10 nacional.
Samaris... Só se como dizes em baixo for central e mesmo assim... Não me leves a mal. O que eu acho do Samaris foi dito pela malta do Ontem Vi-te no Facebook há bocado. Como não há link para o site ainda, transcrevo o texto na íntegra. Diz Jardel, mas podes trocar por Samaris que para mim tem a mesma validade:
Eliminar«JARDEL, O JOGADOR-ADEPTO
Tenho amigos que não entendem a minha opinião sobre Jardel, vendo na análise que lhe faço enquanto jogador de futebol algum tipo de «perseguição». Ora, eu teria de ser maluco para andar a perseguir criticamente um jogador do nosso clube apenas e só por embirração.
Não, não se trata de qualquer perseguição; trata-se de uma opinião, que recorrentemente sustento (não vou repetir aqui os argumentos dados tantas vezes no passado), sobre as qualidade e defeitos do jogador Jardel. Ver para além disso será sempre não entender que as pessoas vêem futebol de forma diferente e que uma crítica à qualidade de um jogador não é uma crítica ao homem ou àquilo que representa para os adeptos.
E é essa condição que aqui me interessa explorar: o aguerrido guerreiro Jardel que se nota estar em êxtase por poder representar o Benfica. Sempre tivemos nos nossos plantéis jogadores que, apesar de não terem a qualidade exigível para nos representarem, pela sua dedicação, pelo seu empenhamento, pela forma como comunicam com os outros atletas, pelo seu contacto com o público, pela forma apaixonada com que vivem o futebol, mereceram a passagem pelo Glorioso.
Olho esta magnífica foto e vejo o que é Jardel: um menino feliz por viver o Benfica no relvado. Isso não fará dele um grande jogador, mas faz dele um elemento importante para o espírito colectivo do plantel. Jardel é dos nossos, podia perfeitamente estar nas bancadas a gritar como louco o golo do Benfica.»
Não vejo nada no João. É vender com laço por 10 milhões para os EUA e resgatar o Horta que lhe dá 10-0.
ResponderEliminarO Benfica tem muito jogador talentoso. Ele já teve oportunidades de mostrar alguma coisa. O comboio vai passando.
O Horta também não tem mostrado assim tanta regularidade exibicional no Braga...
EliminarHorta sabe assumir o jogo. Tem outra noção tática dos tempos. Para mim, se voltar, será titular caso encontre o Pizzi do presente.
EliminarE o Parks tem q ter oportunidades.
O Parks só ficará se for opção tipo Samaris. Quanto ao grego recuava-o no terreno. Fazia dele um grande central, isto claro se não houver uma proposta vantajosa para ele.
EliminarCaso o Pizzi saia, acho que sim o Horta teria lugar atrás do Krovinovic em termos de titularidade. O João Carvalho bem que poderia ir para o Braga, pois o Abel parece-me um treinador que sabe fazer crescer os jogadores. Nesse campo, acho que o Braga está a ter muito boa visão a médio e longo prazo, pois está a criar valor.
Foi mais um comboio a passar e o João a ver. Lento a pensar e lento a executar, acaba por criar mais problemas do que soluções. Fiquei surpreendido pelo Parks, mas é como dizes, já era outro jogo na altura.
ResponderEliminarA entrada do Jiménez pecou por tardia.
Gostava de ter visto a dupla Zivko e Fejsa de início com o Jiménez a titular. Penso que neste momento, o camisola 17 já entendeu o que tem de fazer em cada fase do jogo naquela posição de meio-campo.
EliminarGostei muito do jovem sérvio aquando do momento de perda de bola da equipa. A forma como pressionava o adversário, condicionando o movimento do portador da bola é mais do que de craque, de jogador de futebol de classe mundial. Acredito que neste momento, ele e o Fejsa sozinhos já conseguiriam dar conta do recado, até porque atrás deles o Rúben está sempre muito atento e joga em antecipação, coisa que o Luisão raramente jogava, ao lado, tanto o Cervi como o Rafa estão muito mais integrados e ajudam imenso a fechar e a criar superioridade numérica no meio-campo, e lá na frente, com um Jonas mais liberto, havia maior facilidade de jogar para ele.
É uma ideia a rever nos treinos.
Não sei se de início resultava bem, mas face às intenções do Aves fica a dúvida sobre os estragos que teriam feito essas duas duplas (Zivjsa e Jonemez).
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