30 março 2018

Vá lá que...


... ainda vêem futebol.


Há duas coisas que esta temporada têm mostrado para quem tem olhos e pensa pela sua própria cabeça:
  1. Existe toda uma comunicação social nacional que mais do que procurar-nos informar, tentam formatar-nos a opinião, camuflando muita da realidade;
  2. O Rui Vitória é um grande treinador e tem feito evoluir o futebol praticado pelo Benfica de forma abismal esta temporada, podendo correr o risco de estar a implementar um modelo de jogo que marcará a tendência do futebol português nos próximos tempos.
O seguinte vídeo, produzido pelos britânicos da Tifo Football, com texto de um jovem analista de futebol português, o Tiago Estêvão, acaba por demonstrar que o Benfica é realmente a equipa a seguir neste momento no futebol português.






P.S.: Há dois pontos neste vídeo que vale a pena lançar para debate nos próximos tempos... O primeiro prende-se com o nível técnico dos nossos centrais e médios-defensivos (com implicações na construção do nosso jogo... e não só). O segundo é que o Benfica outrora usava e abusava do maior talento individual que tinha, mas com o Rui Vitória está a saber usar esse talento combinando com um maior jogo colectivo, fazendo com que o conjunto seja maior que a soma das partes. Tudo isto através de um modelo em posse a praticar num país com um ADN de futebol de transição.

12 comentários:

  1. nao e so centrais e mdc,a lateral direita tb nao e muito tecnica. quanto ao segundo ponto e interessante pk e o oposto ao que se acredita das diferenças entre rui vitoria e jj (eu por exemplo tb acreditei nisso). tb ja tinha visto o video e e bom que a marca ganhe poder internacional. (sou so eu, ou o wolves sera a equipa da premier league "powered by benfica?")

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    1. Lateral direito? No lugar do Vieira, estaria muito atento a dois jogadores, ambos made in Benfica: João Cancelo e Bruno Gaspar. Soluções internas? Porque não Salvio? Até porque a selecção albiceleste também não tem grandes laterais direitos (o mesmo diria para o Cervi na esquerda...)

      Quanto aos centrais, penso que cada vez mais a solução será aquela que o Guardiola já tenta implementar à vários anos: adaptação de um médio-defensivo. Seria uma excelente solução para o Samaris e para o Benfica.

      ;)

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  2. Belo vídeo, embora muito resumido e como tal, um bocadinho simplista.

    Quanto ao primeiro ponto, só concordo mesmo no que diz respeito ao Jardel...Rúben Dias não é tecnicamente limitado com bola e Fejsa talvez esteja algures entre Jardel e Rúben Dias, nesse aspecto. De há uns tempos para cá, até tenho visto Fejsa fazer alguns passes verticais, daqueles que queimam logo uma linha adversária!...agora, jogando Luisão e Jardel sim, as limitações técnicas com bola vêm ao de cima...

    Quanto ao segundo ponto, concordo. Mas para mim o 'outrora' em que o Benfica mais usou e abusou do talento individual e mais dependeu dele por ser colectivamente medíocre foi mesmo nos primeiros dois anos e meio de RV...Pizzi e Jonas, Pizzi e Jonas...e no vídeo eles dão razão ao factor 'cuzinho apertado' que o RB mencionou há dias - 'forced the manager to be tactically inventive'...RV está finalmente a mostrar que pode ser um treinador à Benfica e tem todo o mérito neste novo modelo de jogo à Guardiola que tanto prazer nos dá ver. Mas demorou dois anos e meio a mostrá-lo - e foi preciso fazer a pior Champions de sempre e ter um Natal à Sporting para finalmente o fazer.

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    1. O uso do talento individual foi bem notório isso sim no tempo do Jesus...

      Concordo contigo que o Rúben e o Fesja são muito melhores tecnicamente do que os pintam aqui. Aliás, referiste é bem cada vez mais vão melhorar, até porque o tempo de trabalho no modelo é maior e vão aprofundando rotinas. Já Luisão e Jardel são como são. Não acho o Jardel assim tão mal e o Luisão tem dias. Penso que é estratégico também. No entanto, defendo que procuremos investir bem em centrais. Não acho que o Ferro, por exemplo venha a ser um grande central. Falta-lhe concentração e alguma agressividade. Talvez o melhor seja adaptar jogadores do meio-campo.

      😉

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    2. Eheheh like a fish to its bait...😉

      Bem me parecia que esse 'outrora' se referia aos tempos de Jesus...o Benfica de JJ teve altos e baixos em termos de qualidade colectiva, mas nunca teve baixos de tanta pobreza colectiva como o Benfica de RV, até Dezembro de 2017/Janeiro de 2018. E a minha contribuição sobre este assunto acaba aqui - se há coisa que não me apetece é fingir que não passaram 3 anos e meio e voltar a discutir JJ...

      Fiquei triste com essa tua avaliação do Ferro...tinha esperanças que pudesse ser um novo Rúben Dias, só espero que estejas redondamente enganado. E o Kalaica, também não? De qualquer forma, como sabes a adaptação de Samaris a central sempre foi também o que defendi. O melhor jogo que vi Samaris fazer nos últimos 2/3 anos foi a central contra o Bayern!...

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    3. Os onzes do Jesus nunca tiveram decréscimo de qualidade dos plantéis como aquele que o Rui Vitória teve.

      A sorte é que o Rui soube fazer jogadores de protótipos de jogadores. Um bom exemplo é o Renato Sanches. Já reparaste que foi o Vitória aquele que melhor soube explorar as suas capacidades até ao momento?

      Eu sou muito crítico com os centrais e a formação de centrais de clubes grandes em Portugal. Penso que a nossa formação ainda vê o jogo a 30 metros mais atrás do que é a tendência do futebol actualmente. Por isso, a exigência para essas posições vai mais em conta com os apectos físicos e não tanto técnico tácticos. Para central, eu sou daqueles adeptos que gosta de um Ramos e de um Piqué. Muita gente não gosta do Ramos, mas a verdade, tal como o Pepe, garantem que a linha defensiva esteja quase sempre colada à linha de meio-campo e permitem uma saída de bola pelo corredor central. O Piqué é um tanto ou quanto mais de cotenção que o Ramos, mas tem igualmente futebol nos seus pés.

      Se o Ferro e o Kalaica (acredito mais neste), chegarem a um perfil como o do Piqué, teremos metade do problema dos centrais resolvido.

      A outra, será feita, ou por uma adaptação de um médio-defensivo, tipo Samaris, ou de um defesa lateral, tipo André Almeida, ou de uma ida ao mercado, e neste caso tentaria ir buscar um central ou um médio-defensivo com potencial para central canhoto.

      ;)

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    4. E eu que pensava que Jesus tinha ficado, na mesma época, sem Oblak, Garay, Siqueira, Markovic, Rodrigo e - uns meses depois - Enzo...

      Renato Sanches é mas é só um exemplo de 'vai para cima deles e leva tudo à frente'...sempre disse que era mais hype mediático que outra coisa - e tu, que tantas vezes falas na inteligência de jogo, em posicionamentos e aspectos técnico-tácticos, concerteza o sabes melhor do que eu...

      E agora chega, que tenho que arrancar para a Luz!

      Carregaaaaaa!

      ;)

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    5. Depois da primeira época, o Jesus tirou o Quim e foi ao mercado buscar um guarda-redes por 10M€. Saiu o Ramires, e veio um Witsel. Saiu um David Luiz e veio um Matic. Saiu um Coentrão e veio um Siqueira. Aliás, deve ter sido imposto, porque ele pensava que poderia fazer de pedras um jogador (casos de Emerson e de Cortez).

      O Renato não era apenas "vai para cima deles". Ele estava a ser formado e a crescer com a equipa. Verdade que a energia que ele dava ao meio-campo era importante, mas estavam a fazer um trabalho com ele a nível táctico bem interessante. A questão foi a falta de continuidade nessa evolução.

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    6. O que estás a dizer é que JJ teve melhores valores individuais. E eu concordo, à excepção do seu último ano, primeiro de desinvestimento da SAD.

      Mas ter melhores valores individuais é uma coisa, jogar um futebol que depende mais dos valores individuais por ser mais fraco colectivamente é outra. E era esta última coisa que estavas a defender ali acima...

      PS. Vitória importante hoje, mas fiquei um bocadinho preocupado com a exibição...parece que a pausa fez mal à equipa! A jogar assim, estamos mais
      perto de perder pontos. E temos que conquistar os 18 que falta disputar.

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    7. Eu percebi o que quiseste dizer Benfiquista Primário. No entanto, não concordo. O futebol do Jesus tinha mais de individual do que o futebol do Rui Vitória.

      A exibição não foi má. O que aconteceu é que o Peseiro soube montar bem a equipa para jogar contra nós. Ele colocou duas linhas (4+5) sobrando o Raphinha lá na frente e sempre com muita mobilidade. O problema é que a linha de 5 jogou muito bem. E, reparei num pormenor que fez toda a diferença na transição ofensiva do Guimarães: sempre que recuperavam a bola, ao invés de passar logo para o pivô ofensivo (o Raphinha), ou darem a bola para o médio-mais ofensivo, metiam mais atrás. Isto para evitar o omnipresente Fejsa e aproveitar a nossa maior passividade na reacção à perda por parte dos nossos atacantes. Desta forma, o Guimarães projectava o contra-ataque com um passe mais vertical e comprido para um dos alas, aproveitando o espaço livre criado para subida dos nossos laterais.

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    8. Primeiro parágrafo: I rest my case.

      Segundo parágrafo: sem dúvida. Até comentei no estádio isso mesmo - que aquela nem parecia uma equipa do Peseiro...abdicou de ter bola em organização ofensiva e jogou em bloco baixo, com essas duas linhas muito próximas e muito bem organizadas. Não é parvo nenhum: apesar da sua identidade ser outra normalmente, sabia que levava cabaz se a mantivesse...

      Mas já temos jogado contra blocos baixos bem organizados com outra qualidade e outro sucesso a desmontá-los. O nosso carrossel ontem estava emperrado...muito menos dinâmica nas trocas posicionais, muito menos linhas de passe disponíveis para o portador da bola, maior lentidão a executar...muito disso terá sido por mérito do Guimarães, que realmente fez um jogo defensivamente quase perfeito, mas também vi algum demérito nosso - menos qualidade em organização ofensiva que o habitual.

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    9. O carrossel estava emperrado, porque não conseguíamos recuperar rapidamente a bola como noutros jogos. Isso provoca desgaste, pois obriga a equipa a ter que jogar em 100 metros e não nos 50 que ultimamente tem jogado. Essa energia despendida é aquela que depois falta para ter a lucidez necessária no último terço do terreno. Como tal, devemos elogiar o adversário pela forma como soube contornar a nossa defesa fazendo um compasso para trás para dar dois passos à frente. Dessa forma conseguiu evitar o monstro Fejsa. Temos que rever a nossa contra-pressão, pois não pode ficar tão dependente do sérvio. É mais neste ponto que considero que esteja o nosso demérito no jogo ontem. É que com uma contra-pressão eficiente, o Benfica conseguiria recuperar a bola muito mais à frente, não se desgastando e beneficiando de um adversário em contra-pé.

      Ainda sobre o primeiro parágrafo, tens de ver que o Jesus sempre teve grandes jogadores à sua disposição, assim como tem tido no Sporting, mas em 50% das suas temporadas, nunca conseguiu conviver bem com a redução da qualidade. Para além disso, vejo ele a colocar nas suas equipas as mesmas ideias que há uma década atrás... não inova, não evolui. Ora no Vitória vejo outras coisas. Vejo um tipo que se adapta muito bem a todos os contextos e ainda retira valor das contrariedades.

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