Já foi abordado a questão de falta de ritmo de jogo de alguns jogadores. Hoje debrucemos sobre os equívocos tácticos que não permitiram a Pizzi e a Talisca (mas também ao próprio Carcela) de exibirem-se a outro nível.
«- Mister, então eu fico responsável de pegar na bola no meio-campo e transportá-la para o ataque no corredor central sempre que necessário, correcto?- Isso mesmo Pizzi! É preciso queimar as linhas defensivas deles. Já agora, tu Talisca, não te esqueças de descer sempre no terreno para jogar entre-linhas, ok?- Tranquilo Professor, né!?- Et moi Professeur? Je jette collé à la ligne droite?- Sim Carcela! Deves-te posicionar-te colado à linha, para depois flectires para dentro como tu mais gostas. - piscando o olho ao jogador marroquino.- Oui!Oui! - retribuindo com o polegar para cima.»
em enxerto da possível palestra antes do jogo.
Pode parecer ficção, mas quase que aposto que foi algo do género que Rui Vitória falou na palestra que antecedeu o jogo frente ao Vianense. Conseguem descobrir onde é que isto falha? E estava de certa forma condenada ao insucesso?
Ao fim e ao cabo, o técnico encarnado mandou estes três jogadores para a mesma zona do terreno, i.e., para a zona central entre-linhas. Ou seja, amontoámos estes três jogadores no mesmo espaço, juntamente com os médios defensivos do Vianense. O resultado não seria de esperar outro: um atropelo constante dos três no mesmo espaço. Quantas bolas foram perdidas nessa zona do terreno por antecipações dos jogadores do Vianense? Ou por passes a solicitar as zonas livres criadas, nas costas da defesa e na direita, mas sem ninguém disponível para explorá-las?
Eu percebo a ideia do Rui Vitória. Com toda a certeza ele queria que os jogadores fossem à vez procurar aquele espaço central entre-linhas, mas que quando um deles fizesse os outros tentassem explorar os espaços vazios criados por essas movimentações. Por outro lado, também pretenderia que os jogadores em questão fizessem sobreposições, baralhando as marcações do adversário. Mas, tudo isso implica que haja trabalho de treino e de preparação com qualidade para que esses movimentos depois sejam replicados e fluidos durante um jogo. Pelo que vimos, pouco ou nada foi trabalhado nesse sentido. Por exemplo, Talisca raramente explorou o espaço criado na ala direita quando o Carcela fazia o slalom da direita para o centro. O próprio Pizzi raramente derivou para a direita com esse movimento do Carcela. E, não deixa de ser curioso que nos únicos movimentos de penetração do Pizzi pelo corredor central/direito, este conseguiu criar situações de perigo para a baliza do Vianense.
Quem é que explora o espaço livre nesta situação? |
A ideia de colocar o Talisca a fazer de Jonas não é má ideia, até porque o adversário não era de um nível assim tão elevado. Penso que no futuro terá pernas para andar. Agora, o baiano pareceu-me muito pouco preparado para jogar nessa posição. Parecia um peixe fora de água. E, o mais engraçado é que ele tem todo o perfil físico e técnico para jogar naquela posição. No entanto, falta-lhe o mais importante: cabeça para saber utilizar o seu corpo e a sua técnica naqueles espaços. Isto também trabalha-se nos treinos.
Para além da clara falta de trabalho de treino que demonstraram - ou de um treino que não surtiu o efeito desejado - penso que Rui Vitória equivocou-se num segundo momento. Vendo aquele trio de jogadores a não saber interpretar bem o que ele pedia, deveria ter trocado o posicionamento de Pizzi com o do Talisca e vice-versa. Porquê? Por uma coisa muito simples: utilizar o conhecimento intrínseco dos jogadores. O jovem brasileiro tem jogado nos últimos jogos como médio-centro no Benfica. Já o Pizzi é um falso extremo/"10" que tem sido adaptado a "8". Ou trocar as posições em campo destes dois, Vitória poderia ganhar um médio-centro que continuaria a transportar a bola para o ataque, caso do Talisca, mas também ganharia um jogador capaz de no ataque saber aproveitar os espaços criados no centro/direita do nosso ataque, tal como Pizzi é capaz. E ao terem esta dinâmica, facilitariam os slaloms do Carcela.
Trocando o posicionamento de Talisca e de Pizzi, solucionaria o problema da exploração do espaço vazio e por conseguinte da fluidez de jogo encarnado. |
Boa analise, estou 100% de acordo.
ResponderEliminarAguia Vermelha
Agradeço o elogio! ;)
EliminarMas, também acrescento que os jogadores em questão podem fazer mais. Sobretudo o Talisca.
Eu gostei da atitude do Pizzi, que mesmo tendo consciência de que o jogo não estava a correr de feição, trabalhou em campo para ter outro desfecho. E, foi compensado no final, com o canto que deu origem ao golo do Jardel. Já reparaste na foto de capa deste artigo? Na forma como o Pizzi comemora o lance do golo e como os colegas vão ter com ele? É porque ele estava a sentir esta má fase na pele. Desejo que consiga ultrapassá-la.
Este artigo é mais um outro olhar de como o treinador também pode ajudar estes jogadores a conseguirem atingir performances superiores.
a tua ideia é muito interessante mas depois resta saber como os jodadores a executam é que a ideia inicial do treinador tambem poderia ter resultado mas depois os jogadores não a executaram bem.
ResponderEliminartalisca escondeu-se sempre do jogo e pizzi estevem quase sempre mal no passa, na pressão que não fez na finalização pessima.
curioso é que o pizzi só explorou a direita depois da saida do talisca já com o jimenez em campo.
Pizzi explorou a direita, porque o Jiménez abriu esse espaço para ele. O Talisca sempre que recuava, tendia a ficar numa zona entre a lateral direita e o centro do terreno - o meio-espaço direito atacante - e era precisamente por aí que o Pizzi deveria subir.
EliminarMais, o Jiménez foi muito mais activo nas suas movimentações, ao contrário do Talisca. Isto também tem a ver com as características intrínsecas dos jogadores.
Por estes motivos todos é que eu acho que o Vitória ao ver essas dificuldades da equipa em chegar ao último terço do terreno deveria ter mudado o posicionamento destes dois jogadores. Quase que poderia apostar que o resultado seria muito mais positivo.