17 outubro 2015

Razões para jogo menos conseguido (Parte 1)


Uma das razões fundamentais para um jogo menos conseguido frente ao Vianense para a Taça de Portugal é sem sombra de dúvidas a falta de ritmo de jogo de alguns jogadores.


O jogo de ontem à noite foi importante para aferir acerca do momento de vários jogadores menos utilizados no Benfica. Rui Vitória sabe que uma época gloriosa significa jogar pelo menos 3 vezes por semana em média. Ora para isso, o técnico encarnado precisará mais do que os habituais 11 jogadores titulares. Diria que irá precisar no mínimo de 18 jogadores de nível semelhante e que suportem serem titulares na equipa sem prejudicar o seu equilíbrio.

Como tal, não foi estranhar que Vitória apostou em vários jogadores que não têm sido titulares na equipa. Sílvio, Fejsa, Pizzi, Carcela, Nuno Santos e Talisca foram incorporados num núcleo de titulares constituído por Júlio César, Luisão, Jardel, Eliseu e Mitroglou. Ou seja, 6/11 da equipa era nova, i.e., mais de 50% da equipa era nova. Logo à partida era suspeitavel que a fluidez de jogo estaria comprometida, mas o valor do adversário também sofria uma descida do nível de dificuldade. Em suma, era expectável que essa descida compensasse a menor fluidez de jogo da equipa encarnada.

Não foi propriamente isso que se viu em campo. O jogo menos conseguido do Benfica deveu-se sobretudo a dois grandes factores: a questão da falta de ritmo de jogo de alguns jogadores e alguns equívocos tácticos. Este último abordarei num futuro artigo. 

Jogadores como Sílvio, Fejsa e Carcela foram quem mais dificuldades tiveram de entrar no ritmo de jogo. Estavam lentos na reacção e muito temorosos nos lances de bola dividida. Este último ponto talvez se explique por causa das longas lesões que estes três já passaram. Do ponto de vista médico e físico, eles estão bem fisicamente. Contudo, agora falta trabalhar a parte mental. Nota-se pela linguagem corporal que jogam com pouca convicção e com alguma falta de confiança. A boa nova é que tudo isto é facilmente ultrapassável. O senão é que é preciso jogos e mais jogos nas suas pernas para poderem ultrapassar esta etapa. Destes três mencionados, o Sílvio é aquele que terá teoricamente mais minutos de jogo nos próximos tempos, muito graças ao infortúnio da lesão do jovem craque Nélson Semedo. Os outros terão que ser apostas vindas do banco com alguma regularidade até conseguirem quebrar a tal falta de ritmo de jogo e poderem ser opções válidas para 90 minutos.

É claramente um processo que Rui Vitória deverá insistir, pois é estritamente necessário para o Benfica atingir os seus objectivos esta temporada. Quanto a nós adeptos, que tendemos logo a tecer críticas injustas a alguns jogadores quando jogam menos bem, convém termos alguma paciência e até de certa maneira carinho pelos nossos atletas. A forma como Carcela, Sílvio e Fejsa festejaram os golos, é notória que se trata de pequenas vitórias que eles comemoram com intensidade, dado o longo caminho que estão a percorrer. Isso deve merecer a nossa consideração, apesar de sermos unânimes na maior exigência.

Por outro lado, também deixo aqui uma palavra para a equipa técnica. Penso que ela poderia e deveria fazer mais para que este factor da falta de ritmo de jogo destes atletas, fosse muito mais limitado. Como? Na Alemanha, durante este período reservado para as fases de qualificação de selecções nacionais, os clubes do principal escalão aproveitaram e marcaram vários jogos amigáveis para essas datas. A ideia parece-me bem clara e pertinente: dotar os jogadores menos utilizados de ritmo de jogo e trabalhá-los tacticamente. Porque não fazer o mesmo?

Uma nota final para quem esteja a perguntar "então e o Nuno Santos?" O caso do jovem extremo esquerdo encarnado é distinto dos três mencionados neste artigo. Nuno Santos não vem de lesão prolongada, logo em termos mentais está no ponto para render. As falhas do seu jogo não são por receios ou falta de forma física. São simplesmente fruto da sua inexperiência. Por isso mesmo é que quando fazemos a sua avaliação a este encontro sai claramente acima dos outros três (e isto mesmo considerando a obra prima do primeiro golo encarnado no jogo por Carcela). E, quanto ao Pizzi e Talisca, isso deixo para outro dia.

8 comentários:

  1. Talisca? Não percebo a insistência...

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    1. Tentarei partilhar o que penso sobre as exibições do Talisca e Pizzi ainda hoje... ;)

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  2. no caso do silvio e do fejsa tem razão desde as suas prolongadas lesões jogaram muito pouco e nunca de forma continua.
    no caso do carcela não é bem assim não só a sua ultima lesão foi muito menos prolongada que as dos outros dois como desde essa lesão ele jogou mais de quinze jogos e todos de forma continua.

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    1. Estás a falar da lesão no Standard Liège... eu estou a falar das lesões do Carcela neste início de temporada. Tens razão que não é uma lesão prolongada, idêntica à do Sílvio e do Fejsa, mas é uma lesão impeditiva de uma adaptação mais rápida e eficaz.

      Por outro lado, o próprio Carcela é também um pouco vítima do ponto de vista táctico, algo que falarei hoje e é algo que também Pizzi e Talisca foram neste encontro.

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    2. ele neste inicio de temporada não tese lesões teve uma, muscular, de apenas duas semanas e essas não deixam marcas como aquelas que referiste no post.
      é verdade que como dizes é, foi, impeditiva de uma melhor e mais rapida adaptação mas antes disso ele tambem ainda não tinha convencido.
      por outro lado ele nunca teve um titular que lhe tapasse o lugar ele até agora e já vão tres meses e meio não conseguiu ser titular perdendo para um que não contava, ola jonh, para outro que nem pre-epoca com a equipa fez e ainda outro que esta na sua primeira epoca senior, mesmo tendo muito potencial.

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    3. Não é bem assim... o Carcela já tinha dado boas indicações nos jogos de pré-época, nomeadamente, no jogo frente ao New York Red Bulls.

      O mal foi quererem apostar continuamente no Ola John (presumo que era para poderem vender o jogador, mas também o Carcela na pré-época teve uma lesões). Depois com a lesão de início de época, Rui Vitória não teve outra solução que apostar nos miúdos - Guedes e Andrade - para o lugar. Isto depois de Ola John ter sido emprestado. E estes mal ou bem começaram a render.

      Depois há outro pormenor que convém mencionar: o Carcela Gonzaléz é um falso extremo e o Benfica de Rui Vitória parece preferir jogar com extremos clássicos.

      Acho que a avaliação do Carcela (e de outro qualquer jogador) deve ser feita apenas quando este tiver uma série de jogos consecutivos feitos na equipa.

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    4. deu boas indicações mas nunca se impôs essa é a questão para mais sem um titular a tapar o lugar.

      mo caso do andrade tem alguma razão mas o jogador deixou de ser opção, baixou inclusivamente para a B, e o treinador entre o guedes que não tinha até ai jogado e o carcela já recuperado e já a jogar ele opta pelo guedes, o porque não sei mas as más linguas dizem que foi o mesmo problema do taarabat.

      talvez me tenha expresso mal eu não estou a avaliar a qualidade do jogador apenas estou a dizer que ele até por não ter um titular a tapar o lugar ja devia de ter agarrado o lugar a avaliação ao jogador não é feita por mim é feita pelo treinador que não o coloca a jogar.

      podemos discutir essa dos extremos, mas nem gaitan nem o vitor andrade são extremos classicos, e o guedes muito menos já que até é segundo avançado.

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    5. Ele nunca se impôs, mas a verdade é que os outros que foram para a sua posição foram impostos... penso que tem tudo a ver com as características dos jogadores que o Rui Vitória pretende para aquela posição. Ou seja, acho que o técnico encarnado quer um extremo de perfil mais clássico na ala, em vez de um extremo invertido como é o Carcela.

      Pessoalmente, eu prefiro jogar com extremos invertidos, pois com estes o jogo interior melhora e assim a equipa poderá jogar mais em posse e menos em transição.

      Quanto ao referires que Gaitán e Andrade não são extremos clássicos, é normal que o aches assim. Gaitán na formação era 2º avançado, o mesmo para Andrade. De referir que a formação sul americana (tanto na Argentina como no Brasil) não é reconhecida por formar extremos de origem, pois os sistemas de base nesses país são sistemas baseados em 3 defesas (3-5-2 ou 3-4-3). Por isso é que são exímios a formarem laterais ofensivos e 2ºs avançados.

      Já agora, é normal que o extremo clássico esteja a desaparecer, tal como o médio-ala clássica, pois quantas equipas de formação jogam em 4-2-4 ou 4-4-2? Actualmente os esquemas de formação mais comuns de formação são os baseados em 4-3-3 (o 4-1-2-2-1, o 4-2-1-2-1 e o 4-2-3-1).

      ;)

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