O paradoxo do poder

Um pequeno clube faz o que fazem os pequenos quando querem ser grandes, estica-se, empoleira-se...

Aquilo que temos vindo a assistir ao longo dos vários anos, sempre que o Benfica está pujante a nível desportivo, não é nada mais, nada menos do que o fenómeno que o economista Jack Hirshleifer denomina de "paradoxo de poder". Imaginem, diz ele, que existem duas tribos, uma grande, outra pequena. Cada uma devota os seus esforços em somente duas actividades, cultivo e luta. Cada tribo produza sua própria comida através do cultivo, e rouba a comida da outra tribo através da luta. Qual a tribo que vai despender todo o seu esforço na luta?

A resposta é a tribo pequena. A melhor maneira de entender isto é imaginando que a tribo pequena é verdadeiramente muito pequena. Teria então que despender quase todos os seus recursos limitados para lutar ou cultivar. Se escolhem cultivar, estariam vulneráveis ao ataque de outras tribos. Tudo o que era produzido poderia ser roubado. Por outro lado, se a tribo despender todos os seus recursos à luta, terá pelo menos uma chance de roubar alguns recursos de outras tribos. Então Hirshleifer conclui - e prova através de um modelo matemático - que pequenos competidores tenderão a despender grande fatia dos seus recursos a actividades competitivas.

Digam lá se não é isto que estamos a assistir, com maior enfoque, no início desta temporada? Qual a medida a tomar? A solução é até bastante simples, continuar a trabalhar, cultivando e preparando para a luta. Quando ela chegar à nossa casa... Não darmos-lhes nada, mas tirarmos-lhes tudo!

Quando os muito pequenos que querem ser grandes são falhos de carácter, acotovelam, espezinham, trepam, agigantam-se...