25 abril 2015

Estratégia para o clássico


Como a eliminatória do Porto frente ao Bayern exibiu os pontos fortes e fracos dos azuis-e-brancos, que o Benfica poderá aproveitar.


A meu ver o duplo confronto com a equipa do catalão Pep Guardiola, representou um compacto das virtudes e defeitos da equipa do basco Juan Lopetegui. Foram dois encontros muito antagónicos, onde num correu tudo bem e noutro correu tudo mal, tanto para uma, como para a outra equipa. Contudo, na análise seguinte perceberá os porquês dessas diferenças. As lições que o Benfica poderá retirar são inúmeras, mas a principal é já amanhã conseguir levar de vencida o Porto e fazer com que a factura que a equipa nortenha já tem, aumente!


Lições do Porto - Bayern Munique
Recordando esse encontro, verificamos que não foi apenas uma grande exibição do ponta-de-lança colombiano ao serviço do Porto, ou a enorme pressão alta que a equipa azul-e-branca sobre os bávaros durante largos períodos do jogo. Olhando com maior cuidado sobre a disposição táctica e a preferência de movimentos/passes, verificamos 2 movimentos tipo da equipa nortenha, relativos à sua forma de construção.

Evolução táctica durante o jogo Porto - Bayern Munique.

O primeiro é a combinação entre o lateral direito - Danilo - e o extremo direito - Ricardo Quaresma. A combinação entre estes dois é forte, pelo que será necessário ao extremo e lateral esquerdo encarnado estarem devidamente concentrados, sobretudo, nos momentos de transição defensiva. O segundo movimento característico, é a bola que entra directamente para o Brahimi/Oliver e que estes combinam com o pivot defensivo - Casemiro - para depois criar uma superioridade numérica no interior do meio-campo, criando o espaço para Alex Sandro subir no terreno, ou combinar com Jackson Martinez no centro, ou ainda abrir para o flanco contrário, para o Quaresma. Sendo assim, será importante o Benfica controlar esse triângulo criativo, evitando dar-lhes muito espaço para trocar a bola. Maxi, Luisão, Salvio, Samaris e Pizzi serão fundamentais na anulação desses movimentos. Queria salientar para as funções de Oliver e de Herrera. Teoricamente, era expectável que o jovem espanhol seria o jogador que mais se aproximaria de Jackson no último terço do terreno. No entanto, quem tem essa missão é o mexicano Herrera. O Oliver jogando mais atrás, acaba por conseguir garantir maior qualidade de posse de bola e visão de jogo nessa segunda fase de construção do Porto. Mas, o que acontece quando ele é pressionado e abafado?


Lições do Bayern Munique - Porto
A resposta é que o Porto acaba por não conseguir sair a jogar. Foi também por aí que o Bayern conseguiu superiorizar-se no segundo jogo. Se repararmos bem, o Bayern abandonou a "espécie de 4-3-3" que jogou no Dragão, para apostar num claro 4-4-2 na Baviera. Esta mudança táctica, ligada a uma pressão forte, segurança defensiva e na primeira fase de construção de jogo, surtiu o efeito esperado. O Porto deixou de poder ligar o seu jogo interior, pois o Oliver estava mais rodeado, tanto por Lahm, como também pelo próprio Müller que descia entre-linhas para jogar. Aliás, os avançados bávaros foram muito mais pro-activos neste encontro que no da primeira mão. Raramente, ficavam colados aos centrais, e procuravam muitas vezes os espaços entre os centrais e laterais para quebrarem a defensiva azul-e-branca.

Evolução táctica durante o jogo Bayern Munique - Porto.

A colocação de Götze como extremo esquerdo, permitiu que a dinâmica da lateral direita do Porto fosse desfeita. Por outro lado, o lateral esquerdo Bernat esteve muito mais apoiado neste segundo jogo, não só em termos defensivos, como ofensivos. Aliás, foi por esse flanco que o Bayern começou a desenhar a reviravolta na eliminatória. Saliento para a forma como o Bayern conseguia sair da pressão do Porto (quando este tentava fazê-lo): rápida variação de flanco com passes seguros entre os seus jogadores do sector defensivo (central lado esquerdo para central do lado direito, este para o lateral direito e este para o extremo direito). É este jogar simples e rápido que acaba por bascular a equipa adversária e, em sucessão, criar os espaços interiores onde os médio-centro e avançados poderão aparecer livres para receber passes. Notar, que quando esta circulação não resultava, os jogadores bávaros tinham duas hipóteses: utilizar o guarda-redes e/ou passe longo para os avançados, que exploravam os espaços entre os centrais e os laterais.


"Jota-Jota" tem razão
Sendo assim, digam lá se o Bayern não acabou por jogar de uma forma semelhante ao melhor Benfica de Jesus? É por estas e por outras que concordo com as palavras do técnico Português. Apenas, realço as precauções estratégicas que fui referindo neste texto e que os encarnados devem ter amanhã, no clássico. Agora, estou curioso:

  • para ver qual será o comportamento da equipa durante o jogo, i.e., se vamos entrar como o Bayern entrou em casa, ou no Dragão?
  • para ver se o Salvio jogará a titular, e em caso deste não jogar, quem será o seu substituto em campo?

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