05 abril 2018

Fecha-se um ciclo...


... abre-se outro.


Hélder Cristóvão, anunciou que não iria continuar à frente do projecto da equipa B do Benfica. Foram 5 anos de enorme entrega, muito trabalho, resultados desportivos interessantes e ainda melhores resultados na produção e evolução de autênticos campeões para o futebol profissional. Como treinador, ele teve a oportunidade única de testar e ganhar competências como muitos poucos no futebol profissional poderão ter, graças a um ambiente adequado e a uma estrutura super-competente e organizada. Estou certo que esta capacitação e visão holística estará na base de enormes sucessos do Hélder no futuro que advém da sua carreira de treinador de futebol sénior. Fecha-se agora um ciclo de 5 anos, mas abrir-se-á um novo, de preferência num projecto de primeira liga. Estou certo que o futebol nacional irá agradecer, pois poderá transportar um pouco da cultura que adquiriu aqui no Benfica, que permitirá nos clubes por onde passar a aplicação de uma maior qualidade de jogo.

Quanto ao Benfica, tem agora de descobrir um novo treinador para a equipa B. Espero que pensem num perfil como o do ex-capitão encarnado. Embora, muitos adeptos encarnados pensam que o objectivo da equipa B, seja o de vencer a 2ª Liga, o projecto é outro. A equipa B serve para dotar de competências, exigências e experiências de futebol sénior aos nossos jovens jogadores. Por esse motivo é que o Hélder tinha o cuidado de rodar muito os jogadores titulares, de colocá-los em várias posições em campo,... de estar constantemente a estimulá-los de formas distintas, aplicando a peneira para separar o trio do joio. E, uma coisa é certa, poucos jovens da equipa B poderão dizer que não tiveram oportunidades para conseguir chegar ao topo. Teria sido muito mais fácil para o Hélder apostar num onze titular formado pelos melhores jovens e tentar atingir a conquista da 2ª Liga, como fez o Porto B, na época passada. Mas, o objectivo é outro, até porque quando falamos de jovens, muitas vezes, os mais vistosos nestas tenras idades acabam por serem mais uns na idade adulta, enquanto outros menos visíveis acabam por conseguir carreiras de topo. Daí que as oportunidades que o Hélder concedeu é muito importante.

Outro factor muito importante para o perfil do futuro treinador da equipa B, é de que este tem de querer ser um treinador para um projecto de 4 a 5 anos e nunca menos. Não podemos querer que o próximo treinador seja um daqueles que ao final de um ano queira dar o salto. Isso não funcionará, porque vai ser sempre um treinador resultadista, apostando sempre nos mesmos e com isso começarmos a desperdiçar talentos, indo um pouco contra o de bom que escrevi no parágrafo anterior. Para além disso, se apostarmos nesse perfil de treinador, corremos o risco de não haver trabalho de continuidade de ano para ano e que é fundamental para o sucesso da aplicação de toda esta política desportiva encarnada. Penso que o Benfica jamais deve abandonar este projecto das equipas B, agora que a Federação pretende criar um campeonato de sub23, uma vez que é a competir com jogadores muito mais experientes e profissionais é que conseguirão atingir outros patamares competitivos de excelência. Agora, fica a questão: quem será o próximo treinador do Benfica B?



6 comentários:

  1. percebo o teu raciocinio e concordo ate ao ultimo ano de juniores. no caso de equipa b, o processo de formaçao passa muito por preparar os jogadores para o jogo profissional e como tal a parte evolutiva dos jovens centra-se no lutar por objectivos e por na situaçao de obter resultados mudando o futebol ingenuo para o futebol a serio (um bocado como as universidades deviam de nos por a pouco e pouco mais dentro do mundo do trabalho e tudo o que advem dai). dito isto penso que o helder acaba por fazer grande trabalho mais visivel no caso do nelson semedo e geraçao bernardo silva, visto que os jogadores sairam preparados para o topo mesmo que nao passasem pela principal. alem disso o treinador que ai vem ate pode querer um projecto de 1 a 2 anos, desde que consiga desenvolver e ensinar os jogadores dentro desse tempo.

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    1. Estamos a falar de uma equipa B e não da equipa principal. Tem de haver um misto de ambos, ou seja, o objectivo deve ser sempre este: formar e ganhar.

      Eu prefiro que todos os miúdos talentosos no final de um ou dois anos de equipa B tenham cerca de 2000 minutos cada um de futebol sénior, do que ter 11 ou 15 jogadores com 3000 ou 4000 minutos de futebol sénior. Pelo simples motivo, de que há azares como lesões graves em momentos de evolução chaves que fazem os jogadores perderem o comboio, assim como miúdos que na formação da sua personalidade perdem o foco para a modalidade.

      Um treinador com projectos de 1 a 2 anos, não irá aproveitar bem os ciclos de formação. Normalmente, as classes de jogadores são conjuntos de miúdos que englobam 3 a 4 anos. Repara como na equipa B, tens um João Félix que subiu com 16 anos e tens jogadores com Heriberto já com 20 anos, para além de outros que poderão entrar com 21, 22 ou até mesmo 23 anos (fora jogadores que possam querer ganhar ritmo da equipa principal).

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    2. eu sei que e uma equipa b e nao uma a, mas no processo de formaçao a equipa b e a etapa no qual o importante passa por passar a parte estrategica do jogo e onde se torna mais competitiva de modo a assemelhar com o futebol profissional, dai dize que nao e preciso um projecto a 5 anos como treinador mas sim alguem que consiga ensinar esse lado aos jogadores. no caso do que dizes eu concordo ate juniores esse pensamento. a partir do momento que sao seniores ai e competiçao e o tempo de jogo que tem vai de acordo com o trabalho que mostrem quer em campo quer em treino. isto e os ciclos de formaçao acaba e começa a adaptaçao ao futebol profissional

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    3. É preciso sim, porque tens nessa equipa jogadores com vários estágios de desenvolvimento que para evoluírem bem precisam mais do que um ou dois anos, ainda para mais, quando cada vez mais assistimos a crescimentos futebolísticos precoces (caso do João Félix e outros).

      Acho que um treinador ficando por ciclos de 4 ou 5 anos é o ideal, porque vai desde logo vendo o desenvolvimento de jovens que no primeiro ano estão nos júniores e depois no 3º entra na equipa B, podendo até irem entrando mais cedo no "elevador".

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    4. Concordo com o ciclo, mas acho também que o crescimento no Benfica não se pode fazer desligado de vitórias.

      Gostava de ver a equipa B a competir pelo título da Liga, mas reconheço que o actual modelo dificulta isso. Se o modelo visasse dar maturidade aos jogadores para se afirmarem na equipa principal, rodarem 2/3 anos no Inferno da Luz e sairem valorizados e competitivos, até era capaz de defender cegamente este modelo. Da forma como está em que os muito bons nem na Luz jogam... Compreendo, mas não gosto.

      Quanto ao rodarem os da equipa principal a precisar de ritmo, acho que tem de se apurar essa valência, porque me parece sobejamente sub-aproveitada.

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  2. Porque não o João Tralhão, dos juniores? E assim podiam subir todos (o dos juvenis para os juniores, etc).

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