13 agosto 2018

Mas, afinal os 5 minutos...


... já não são bem assim!


O onze que Rui Vitória apostou para o primeiro jogo do campeonato, não seria o que colocaria em campo. Não colocaria para poder gerir um pouco o esforço que, sobretudo, os jogadores da frente fizeram na passada terça-feira. Mas, o técnico encarnado sabe a condição física dos seus atletas (pelo menos dos, até agora, titulares, como verão mais à frente). Daí que aposta tenha sido exactamente no mesmo onze que defrontou o Fenerbahçe para o encontra da Liga dos Campeões.


Sobre o jogo contra os vimaranenses, deixo-vos o resumo que melhor retrata as oportunidades para cada uma das equipas no encontro que abriu o campeonato nacional da época 2018-2019.



O que este resumo não explica são os tais 5 minutos que o Benfica perde o controlo do jogo, conforme análise do Rui Vitória na flash interview após o encontro.


Nem tu, nem nós, Rui. Mas, a verdade é que aconteceram e já não é bem a primeira vez que tal sucede-se... Isso por si só não quer dizer que o motivo seja o mesmo, mas que deveremos tentar entender porque acontece, lá isso devemos. O Benfica começou a todo o gás e, embora o processo de construção não seja de todo o mais eficiente, perante os valores qualitativos de ambas as equipas foi, suficientemente eficaz para os encarnados irem com uma vantagem escassa de 3 golos a 0 para o intervalo, graças ao hat-trick do (muitas vezes, injustamente) criticado Pizzi. Com tal façanha, o internacional A português foi, naturalmente, considerado o melhor jogador em campo.


Provavelmente, para muitos, os golos bastariam para o camisola 21 ser nomeado o melhor jogador em campo. Contudo, é importante referir a quantidade de acerto que o transmontano manifestou ao nível do passe, curto, médio ou longo. Para quem o critica tanto, deveria perceber que não é pela falta de qualidade individual que o Pizzi não rende ainda mais neste Benfica. Nem tão pouco o seu compromisso defensivo (foi autor de 7 recuperações em todo o jogo). É, sobretudo, por falta de qualidade colectiva.


Dificilmente, o leitor irá entender de forma harmoniosa esta minha crítica para com a qualidade colectiva do Benfica. Sobretudo, atendendo aos primeiros 45 minutos de alta intensidade e de grande performance dos comandados de Rui Vitória. Mas, os indícios estão lá todos. Em primeiro lugar, pode parecer que tivemos mais jogo interior do que frente ao Fenerbahçe. Nada de mais errado. Os desequilíbrios ofensivos foram quase todos criados nos meios-espaços entre o corredor central e a ala, por jogadores a rodarem de dentro para fora, procurando rodarem-se sobre o lateral adversário e com isso ir à linha e cruzar para a entrada da área onde aparecia o médio-cento para finalizar.


No meio destes movimentos, um ou outro lance para adornar as hostes do terceiro anel e com isso o hype sobre alguns jogadores.


Mas, a questão que coloco é a seguinte: será que estes pozinhos de perlimpimpim são os suficientes para levar de vencida as melhores equipas? É claro que não! Frente a um Vitória de Guimarães que quer jogar um modelo de jogo muito evoluído para os jogadores que possui (boa sorte Luís Castro, mas penso que vais ter que ser bem mais pragmático, porque já vais em 2 derrotas consecutivas, uma delas que te fez abandonar uma competição que terias muito potencial em chegar longe se a abordagem fosse outra, bem mais realista), o nosso maior talento individual resolve pormenores que frente a talentos do mesmo nível ou superior, dificilmente conseguiria. Aliás, a forma como o Gedson foge ao controlo do André André na primeira parte, foi totalmente rectificado na segunda, primeiro pelo jogador ex-Porto e depois com a entrada do Cellis, deixando o Wakaso em cima do miúdo.



Reparem no lance do segundo golo do Vitória de Guimarães, como ele nasce. Em primeiro lugar, uma questão para o leitor. Trata-se de um erro forçado ou não forçado? Para mim, é um erro não forçado, não pelo passe do Pizzi, mas pelo posicionamento do Gedson. Ao longo de toda a partida reparei que ele se posicionou por preguiça (ou indicação) sempre no lado de fora do adversário, nestes movimentos. A intenção dele foi sempre de fazer o movimento de dentro para fora. Até aqui tudo bem, mas ele compete no futebol de elite agora, pelo que o adversário consegue facilmente perceber o que está a acontecer e depois actuar em concordância. Foi o que aconteceu. Depois da primeira parte, o Gedson já não teve a mesma liberdade e pior, não soube-se readaptar. Neste lance, tinha que perceber que o Pizzi tinha sido pressionado e a custo feito o passe, pelo que este jamais veria com qualidade para o chegar ao lado direito, nem tão pouco o seu directo adversário deixaria-o passar, pelo que o jovem encarnado deveria ter antecipado o passe e o movimento do Wakaso ganhando-lhe a frente. Daí, das duas uma, ou sofreria a falta na tentativa de desarme, ou lançava a transição ofensiva.


Nem uma coisa, nem outra. Talvez tenha sido por falta de fôlego, pois houve uma clara quebra exibicional da 1ª para a 2ª parte da partida por parte do Gedson. Aliás, um pouco por toda a equipa, até porque era natural, dado o facto de terem jogado na terça-feira anterior, ou seja, em menos de 72 horas. Por esse motivo, o Rui Vitória fez bem em fazer três substituições. Pessoalmente, não teria deixado o Gedson em campo, mas posso compreender a decisão do Vitória na medida de querer que o jovem formado no Seixal perceba e adquire rapidamente o ritmo do nível de elite e que seja um jogador de 90 e mais minutos, algo que ainda não o é. E, como também é importante gerir o Fejsa, consigo identificar-me com esta opção. Já não consigo identificar-me tanto com a opção da entrada do Alfa Semedo, porque como já sabem vejo o Alfa como médio "8" e não apenas um "6". No entanto, somente ao fim de 15 minutos é que acertou o seu primeiro passe, é de bradar aos céus, até porque senti desde que entrou que não estava solto. Parecia-me já cansado. Pergunto-me se terá treinado de manhã? Será que exagerou no ritmo de treino? Terão sido os nervos? Achei-o muito macio e apático para o que é seu normal.


Para muitos este foi o momento do jogo. Em parte, têm alguma razão. Mas, aqui vai outra questão para pensarmos maduramente e que tenho feito nos últimos dias. Se o Vitória tivesse escolhido o Samaris não teria acontecido algo parecido? O mais provável é a resposta ser sim (se bem que o grego acumula muito mais experiência de jogo naquela posição "6" suficiente para estancar o jogo naquele momento). De qualquer forma, a minha intenção aqui é demonstrar que o modelo de jogo não está bem implementado ainda, daí que o jogador que fizer a posição de Fejsa naquele período do jogo, inclusive o próprio camisola 5, irá sofrer de toda a entropia acumulada.


Antes da substituição do Fejsa pelo Alfa, já tinha entrado o Rafa, para o lugar do desgastado Cervi que tinha tido uma performance defensiva absolutamente sublime, conforme poderão ver pela estatística seguinte. São graças a estas exibições que vão disfarçando o desgaste entrópico na interpretação do modelo de jogo de Rui Vitória, causado pelas perdas de bola, fundamentalmente por erros não forçados. E, se no primeiro golo do Guimarães, há claramente uma inércia física de jogadores como Gedson e Rúben Dias. No segundo golo dos vimaranenses, a acção defensiva do Rafa não é incisiva e eficaz, deixando o Alfa Semedo, que também não entrou bem na partida, algo indeciso sobre o que fazer.


Talvez seja por este factor, que tanto o Cervi como o Salvio, saem em vantagem para a titularidade da equipa encarnada, perante Rafa e Zivkovic, respectivamente. Muita gente vê apenas o lado "com bola" dos jogadores esquecendo-se que o jogo "sem bola" deles é tão ou mais importante (ora não fosse esse momento aquele pelo qual o jogador passa mais tempo em campo). Por outro lado, há percepções erradas sobre o jogo com bola de uns e de outros jogadores. Isso acontece muito com a percepção das exibições do Salvio e do Cervi quando comparadas com as de Rafa e do Zivkovic. Estes últimos têm muito menos minutos de jogo pelo Benfica que os dois primeiros. Isso tem um lado positivo e negativo na percepção dos adeptos para estes jogadores. O lado positivo é que os adeptos tendem em ver no Rafa e no Zivkovic jogadores que tenham maiores qualidades na tomada de decisão, porque já viram isso acontecer. O lado negativo, é que a amostragem dessa tomada de decisão é muito baixa. Por isso, acontece o que tem acontecido neste início de época, sempre que Rafa e Zivkovic jogam: não têm feito melhor que o Salvio e o Cervi com bola. Aliás, ontem desde que o camisola 17 entrou em campo, ele teve no mínimo 3 péssimas decisões, duas delas em transições rápidas que poderia ter-nos dado o quarto golo e acabado de vez com o jogo.


E, já olharam para o encadeamento das substituições e a forma como os golos do Guimarães sucedem? Primeiro entra o Rafa e pouco depois o Alfa. Logo de seguida, o primeiro golo do Guimarães. Por fim, entra o Zivkovic e dois minutos depois o segundo golo da equipa da cidade berço. Houve uma clara desorientação na equipa, que juntando à fadiga acumulada de outros jogadores, mais um modelo de jogo não totalmente assimilado por todos os jogadores e com jogadores ainda a terem que reaprender a jogar futebol para um nível como o do Benfica, culminou naqueles 5 minutos loucos em que poderíamos ter colocado tudo a perder. É preciso tomar precauções para que isto não aconteça mais. Nem que para isso se reforce o meio-campo com mais um jogador dedicado e deixa-se o ataque a apenas dois jogadores. Só assim conseguiremos ter confiança para voar mais alto.


16 comentários:

  1. Pois é, o RV está a inverter o sentido da expressão '5 minutos à Benfica'...levarmos dois e três golos de rajada, que antes acontecia uma vez de três em três anos, agora acontece duas ou três vezes por época...já aconteceu mais vezes no consulado do Mister Fezadas do que na década anterior a ele, seguramente! Porque será?...diz que os treinadores têm mais influência no processo ofensivo do que no defensivo, portanto...é fazer as contas.

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    1. Tirando o nível dos jogos da Champions, eu penso que não. A vantagem que temos financeiramente a nível nacional não é tão relevante quando comparamos com os orçamentos das equipas europeias, pois o poder de compra de qualquer uma dessas equipas é hoje muito maior do que há 10 anos atrás. E, a diferença tende a aumentar. Por isso, retiro desta minha análise esses jogos internacionais.

      Mas, a nível nacional, não vejo acontecer assim tantas vezes os golos de rajada.

      Este artigo visou fazer o debate sobre os vários factores que poderão estar na origem destes 5 minutos de desconcentração. A equipa técnica tem de fazer mais e melhor, mas não é apenas a única visada aqui, atenção.

      Por fim, por acaso sempre costumei ouvir o contrário, i.e., o processo defensivo é mais da responsabilidade do treinador do que o ofensivo.

      Neste campo, partilho do mesmo ideal do Guardiola, ou seja, o treinador no processo ofensivo só é responsável por levar a bola até à terceira fase de construção. A partir daí é da inteira responsabilidade dos jogadores. É essa a fase onde podem dar espectáculo e distribuir magia.

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    2. Claro que sim, PP, só vi agora que me enganei! Estamos de acordo, obviamente: o treinador tem mais influência no processo defensivo do que no ofensivo. Era isso que queria dizer e isso que pensava ter dito.

      Quanto ao resto, muito resumidamente: continuo a achar que houve mais jogo interior que o habitual. Sendo que o habitual é virtualmente zero, também não era difícil...mas tens razão que foi muito mais pelos meios-espaços do que propriamente pelo corredor central. Enfim, pelo menos foi levantada aquela proibição de nos afastarmos a mais de 5 metros das linhas laterais ;-)

      Eu acho, ao contrário de ti aqui, que tem faltado disponibilidade defensiva ao Pizzi, sim...e à linha média toda em geral, à frente do Fejsa...mas sobretudo ao Pizzi, que se deixa estar quase sempre à frente da linha da bola na transição defensiva. Aliás, a segunda fase da nossa transição defensiva é miserável! A primeira fase - a reacção à perda da bola - até é muito boa em muitos jogos, mas se esta falha porque não está lá um dos tentáculos do polvo Fejsa, a recuperação defensiva é miserável! Sobretudo no que respeita ao Pizzi. É tão deliberado ele deixar-se ficar relativamente alto na recuperação defensiva, que até dá ideia que está a cumprir ordens do treinador...um pouco à semelhança de Brahimi no Fruta Corrupção Pancadaria, para lançar o contra-ataque?

      O que eu sei é que a miserável recuperação defensiva, aliada à elevada frequência com que perdemos bolas em organização ofensiva - fruto das nossas limitações em ataque posicional - é muito preocupante...

      Até estou a rezar para hoje jogarmos fechadinhos e no contra-ataque, apesar de ser um modelo que detesto...não vejo outra forma de podermos, eventualmente, passar...

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    3. Houve por causa da qualidade do adversário. Aquelas referências que fiz ao posicionamento do Gedson no momento da recepção de bola, são exemplos concretos de como o jogo interior ainda está muito longe do ideal. Os meios-espaços são espaços de referência para recepção de passes que quebram as fases de construção. A questão é que a partir desse momento o jogador que recepciona pode fugir para a ala ou para o corredor central. O que temos visto é a busca incessante pelo corredor lateral em vez de atacar o corredor central.

      O Pizzi está quase sempre à frente da linha de bola porque ele é um interior ofensivo, que tem instruções para aparecer nas zonas de finalização. O que tem de haver é sintonia do outro interior, que não pode ficar sempre na mama. Por outro lado, é fundamental que não tenhamos perdas de bola por erros não forçados, algo que continuamos a ter em catadupa. Frente ao Guimarães fazia sentido ao Pizzi subir. Frente ao Fenerbahçe não!

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    4. Primeiro parágrafo: é isso tudo, sem tirar nem pôr. Subscrevo tudo!

      Segundo parágrafo: olhe que não, Mister, olhe que não ;-) primeiro, porque quem tem desempenhado as funções de terceiro médio, de entre os dois interiores, é Gedson, não Pizzi. São dois interiores ofensivos, mas em regra é o Gedson que tem jogado como o mais adiantado dos três; depois, e sobretudo, porque o que dizes do interior ofensivo é válido para outros momentos do jogo, não para a recuperação defensiva! Nesse momento, toda a linha média, interiores ofensivos incluídos, deve tentar recuperar para trás da linha da bola.

      Mas parece que na nossa equipa, há uns que só correm para a frente, outros que só correm para trás...só mais uma manifestação de como o nosso treinador parou nos anos 90 do século passado!...

      E agora, vamos ao jogo! Carregaaaaa Benficaaaaaa! :-)

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    5. Estás a ver nesta fase. Eu já estou a ver numa fase adiante, onde os interiores poderão funcionar à vez para irem gerindo o esforço, tal como faziam Xavi e Iniesta.

      Verdade que têm de recuperar. Outra coisa é ser humanamente possível estar em dois locais ao mesmo tempo. Isto é consequência do facto da nossa saída de bola não ser através do camisola 5. Repara que tanto o Cervi como o Salvio deveriam ser activados da 2ª para a 3ª fase de construção, mas são logo activados da 1ª para a 2ª fase. E, quanto a mim mal, porque ao fazer-se dessa forma, têm de ser os médios-interiores a ligarem a 2ª para a 3ª fase. Isto obriga a maior mobilidade dos médios-interiores, nomeadamente, atacarem os espaços ofensivos. Ora, se o passe do extremo (ainda por cima puro, logo com tendência a passar para a frente quando a bola está na ala) é interceptado pelo adversário, pumba. A transição ofensiva do adversário apanhará sempre o médio interior fora da "tal" posição que achas que deveria estar.

      É óbvio que não se deve subir ambos os médios-interiores ao mesmo tempo, mas para isso é preciso que os jogadores tenham uma certa maturidade táctica. Facto que nos últimos anos não temos conseguido ter, por causa das vendas e alterações que temos tido nessa zona nevrálgica do terreno.

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    6. 'Por causa das vendas e alterações que temos tido nessa zona nevrálgica do terreno'. E eu que pensava que andávamos a jogar com o Fejsa e o Pizzi nessa zona nevrálgica do terreno desde que chegou este treinador, há mais de 3 anos...

      Depois, é verdade o que dizes de ser um erro activar o Cervi e o Salvio em fases tão precoces da construção. Era aliás um problema crónico do nosso 4x4x2, que a equipa parece estar a querer recuperar para o actual 4x3x3...se calhar a fobia do treinador ao corredor central tem alguma coisa a haver com isso...

      Mas isso não serve de desculpa para muitos dos lances em que o Pizzi não recupera porque são lances decorrentes de perdas de bola em zonas ainda relativamente baixas e com o Pizzi por perto. Tens o exemplo do segundo golo do Vitória de Guimarães, em que o Pizzi está por ali mas não dá meia dúzia de passos para cobrir o Alfa, quando este sai àquela bola.

      Finalmente, o que eu chamo de 5 minutos à Benfjca ao contrário. Repara que quando eu digo que o que antes acontecia uma vez de três em três anos e agora acontece três vezes por ano, e que já aconteceu seguramente mais vezes no consulado de RV que na década anterior a ele, não estou a excluir os jogos europeus do período de comparação (dez anos antes de RV)...mesmo incluindo os jogos europeus, era muitíssimo mais raro o Benfica sofrer dois ou três golos de rajada, em cinco ou dez minutos...e nos jogos nacionais, então, talvez acontecesse uma ou duas vezes numa década - agora acontece uma ou duas vezes por época...Boavista e Sporting na Luz vêm logo à cabeça.

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    7. Então no primeiro ano, tiveste o Renato Sanches como médio "8", tendo o Pizzi sido desviado para o flanco direito.

      Na segunda temporada, tiveste o Pizzi a "8", mas só depois de teres testado o André Horta até se lesionar. Depois colocaste o Pizzi, para não falar que durante uma parte da época tiveste o Guedes à sua frente e noutra tiveste o Jonas ou vice-versa. Ah! E, não esquecer que nessa temporada saiu o Gaitán que na fase de construção equilibrava muito a dupla de médios do 4-4-2. Para não falar no Danilo...

      Na época passada, tentaste dar corpo ao 4-4-2, primeiro sem Fejsa e com Samaris, depois sem estes dois e com o Filipe Augusto, foi a época com mais saídas, porque no início vendeste o Guedes que estava a ligar bem o meio-campo ao ataque. Depois o Cervi ainda não estava no mesmo estado de maturação que o Gaitán duas épocas antes, para poder equilibrar o 4-4-2. Tiveste então que equilibrá-lo com mais um elemento no meio-campo, passando o sistema de jogo para um 4-3-3. Aqui apostaste primeiro no Krovinovic e em menos de 3 meses já estavas a tentar apostar no João Carvalho e tiveste que apostar no Zivkovic. Faltou apostar no Samaris, que a meu vez foi o que nos faltou para garantir o P3N7A.

      Como podes verificar são muitas alterações em 3 temporadas. E, não falo apenas no meio-campo. Falo também no ataque e na defesa.

      Depois se adicionares que em vez de ires buscar jogadores já feitos, vais buscar jogadores jovens talentosos, percebe-se o porquê de as coisas funcionarem q.b. e não como se calhar tu e eu pretendíamos.

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    8. Não apostaste primeiro no Krovinovic para o 4x3x3! Apostaste primeiro no Filipe Augusto e no Samaris, juntando um ou outro a Fejsa e Pizzi! Só depois dos desastres que foram esses trios de meio-campo, em vários jogos, é que apostaste no Krovinovic. Esta é uma das minhas maiores críticas a RV, precisamente.

      Depois se o 4x3x3 foi uma resposta de RV à ausência de Nico Gaitán no meio-campo do 4x4x2, foi uma resposta um ano e meio depois...não é exactamente o que se pode chamar de velocidade de reacção!

      Mas quem queira perceber os conceitos de alguns mecanismos de defesa - como a negação, a racionalização e a intelectualização - é vir aqui ao Guerreiro da Luz e ver como estás sempre a aplicá-los para não ver o que entra pelos olhos dentro: o Mister das voltas à rotunda não é treinador à altura do Benfica!

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    9. Epa, sempre a bater no homem. Tem lacunas como todos os outros que vierem e todos os que já passaram. Não é tão mal como o pintam. Estou aqui a tentar ser o mais assertivo possível, contextualizando da melhor maneira.

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    10. O homem dificulta muito a tarefa a quem tenta contextualizar e parece gostar que lhe batam... ;)

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  2. Para começar, aquilo de que se fala são 15 minutos à Benfica. Claro que com a gestão actual termos 5 já não era mau, mas isso é outra história...

    Vou começar a comentar pelos comentários: «Estás a ver nesta fase. Eu já estou a ver numa fase adiante, onde os interiores poderão funcionar à vez para irem gerindo o esforço, tal como faziam Xavi e Iniesta.»

    Tu só vês à frente se fosses tu a gerir a equipa. Já te disse anteriormente, com todas as discordâncias preferia-te a ti no lugar de Rui Vitalis. Mas o que temos é o RV, portanto tu não vês mais à frente, esperas ver!

    Luis Castro não precisa de boa sorte. Até agora teve o azar de defrontar o melhor plantel da Liga, defrontou o "Simeone", como lhe chamaram no LE e é uma boa descrição, da Liga Portuguesa mas com uma equipa que se o Vitória contasse com um Jonas, um Bas Dost ou um Aboubakar nas suas fileiras tinha sido goleada. Ah e ainda falta o Porto na próxima jornada ou na terceira. Arranque lixado para um recém chegado, mas não nos enganemos que o Vitória é para andar a discutir a ida à Europa.

    «mais um modelo de jogo não totalmente assimilado por todos os jogadores e com jogadores ainda a terem que reaprender a jogar futebol para um nível como o do Benfica»

    E voltamos sempre a isto. Odysseas, Rúben, Alfa, Gedson e Ferreyra (5/14). Aí estão os jogadores que jogaram e não trabalham com Rui Vitória há mais de dois anos. Amigo, só acha que está bom como está e que isto com tempo vai lá quem não quer ver. E Cervi está feito um belíssimo Sálvio da direita! Deve ser o toque mágico do Rui Carlos...

    Quanto ao segundo golo... Um jogador tem de saber ler o jogo e o momento. O Benfica ganha por 3-1, o adversário está muito motivado por ter conseguido há 5 minutos um golo e faltam menos de 15 minutos para acabar a partida. Primeiras perguntas, o que é que o jogo pede? O que é que Pizzi acha que o jogo pede? O que é que os jogadores que entraram pensam que o jogo pede? O que é que lhes foi dito que é preciso?

    Pizzi com a bola e sem pressão significativa tem três opções e meia. Tem a opção de passar para Jardel (desmarcado, linha de passe limpa e sem pressão), para Alfa (linha de passe limpa, sujeito a pressão de dois jogadores nas redondezas) ou Gedson (linha de passe a passar pelo meio de dois adversários, jogador parado e marcado ao homem). A isto acresce a meia opção: parar, rodar e sair por fora, porque como se vai ver mais à frente Rafa e Grimaldo estão subidíssimos no terreno e sem oposição de maior.

    Pizzi opta pelo passe mais arriscado para o jogador com menos condições. Mesmo que os jogadores se chamassem Ronaldo Guiaro, Fernando Aguiar e Rui Costa, a opção de Pizzi teria sido sempre a pior. Poderia resultar? Podia, mas não deixava de ser má.

    Entretanto ainda a bola não chegou a Gedson e já este perdeu o lance. Pizzi demora a recuperar a posição e Alfa fica a ter de escolher qual de 3 jogadores vai cobrir e neste instante André ao Quadrado passa-lhe pela frente e coloca-se nas suas costas. Ao lado de A^2 está outro jogador. Alfa ainda parado e Pizzi fecha no portador ao mesmo tempo que outro jogador (Rafa?) se aproxima por trás. O portador contemporiza, A^2 entretanto deixou de correr e estão 3 jogadores do Benfica a atacar o portador deixando o A^2 isolado entre linhas. Quando a bola chega a A^2 já estão 3 jogadores do VSC em posição frontal para 3 jogadores do Benfica... Com posicionamentos e abordagens hediondas. A^2 flecte para dentro, Ruben Dias vai no #9 assim como AA e abre o espaço enorme no meio que Jardel vai tentar tapar ao mesmo tempo que tenta cortar a marcha de A^2. Com isto, abre o flanco esquerdo totalmente descoberto para Celis se apanhar em posição frontal com o GR do Benfica.

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    1. Isto tudo para descrever o que vimos, mas o que é que vimos? Vimos como uma má decisão de um jogador (Pizzi a fazer o passe mais arriscado numa altura em que o jogo não o pedia), quando o processo não ajuda (Rafa e Grimaldo muito subidos, Gedson demasiados metros a frente para poder ser útil, pelos vistos tabelas com o trinco ou os centrais não são ferramentas para sair da pressão) pode ser letal para uma equipa.

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    2. Já ouvi 15, 10 e 5 minutos à Benfica. O 3º anel é óptimo a criar mitos... Lol!

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    3. «E voltamos sempre a isto. Odysseas, Rúben, Alfa, Gedson e Ferreyra (5/14). Aí estão os jogadores que jogaram e não trabalham com Rui Vitória há mais de dois anos.»
      Já reparaste que são tudo jogadores do corredor central? Talvez seja por isso que o jogo interior está como está.

      «Cervi está feito um belíssimo Sálvio da direita!»
      Sobre isto, lê o último artigo e falamos lá, na caixa de comentários.

      «Pizzi com a bola e sem pressão significativa tem três opções e meia.»
      Viste isso no frame ou no jogo corrido? É que no jogo corrido, a bola tinha acabado de ser recuperada pelo Benfica e o Pizzi já estava a ser pressionado, salvo o erro pelo André André (ou o Cellis) e tinha como linha de passe a do Gedson mais aberto pela direita. Jogar para o flanco esquerdo seria jogar para o lado fechado. Jogar para a defesa que estava a recompor-se seria errado. A linha de passe era suberba para o Gedson. É uma linha de passe em diagonal vertical e o jovem só tinha que atacar o corredor central. Ontem já fez isso mais vezes e foi notória a mais valia desses movimentos para a equipa sair de zonas de pressão do adversário. Ao contrário da tua opinião, penso que a opção do Pizzi foi a melhor. Expôs foi as carências do jogo do Gedson. Mas, nada do que estes lances para o miúdo poder aprender e evoluir.

      O Gedson perde o lance porque não lê com a mesma velocidade que o Wakaso que está bem mais dentro do ritmo de futebol da elite nacional. Mas, acredito que em muito pouco tempo o Gedson estará preparado. Tem potencial para tal.

      Depois da recuperação de bola, o Guimarães ataca bem. Wakaso mete no Cellis em vez de no André^2. Repara que o Pizzi tinha sido pressionado pelo André^2. Ele faz isto, porque o jogador mais solto é o Cellis. Pizzi fica no ir ou não ir com o Cellis, o mesmo com o Alfa. Isto colocou outro defeito no nosso jogo: as pequenas estruturas de comunicação sobre quem faz o quê em cada situação. E, sabes porque isto acontece, porque neste momento, quase que aposto que o Samaris e o Alfa Semedo jogam na 2ª equipa de treinos que deverá jogar como 4-4-2. E, mesmo nesse sistema de jogo, pelo que vi na pré-época, o Alfa deve ter as funções de "8" com o grego a assumir mais vezes a de "6", daí que não tenha tido logo aquela atitude de ataque ao adversário que o Fejsa tem na posição "6". Mas, isso é apenas uma explicação, porque de facto, isto tem de ser resolvido.

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    4. Sobre os minutos à Benfica, até prova em contrário sigo o que o Miguéns vai coligindo: http://em-defesa-do-benfica.blogspot.com/2016/11/15-minutos-benfica.html

      «Já reparaste que são tudo jogadores do corredor central? Talvez seja por isso que o jogo interior está como está.» Talvez seja, mas não havendo jogo interior o exterior tem de ser tão pobrezinho? E nos treinos faz-se o quê? E com dois desses 5 a virem da formação, estamos a formar exactamente o quê? (Por acaso a última a resposta é fácil, estamos a formar Mendilhões.)

      As três opções dão para ver no jogo corrido, a meia não, daí até eu chamar-lhe "meia opção" por depender de uma percepção infelizmente não objectiva do posicionamento dos colegas e da capacidade do jogador para executar o movimento. Eu não digo que a linha de passe para o Gedson não fosse soberba, o que digo é que a esta equipa faltam ferramentas para ultrapassar a pressão que os adversários fazem no nosso meio campo. Nomeadamente neste caso uma tabela com o Alfa que colocaria a bola no Pizzi de frente para o campo adversário e sem oposição. O passe para o Jardel seria jogar pelo seguro. Se o Pizzi vê o Gedson, é impossível não ver o Wakaso por perto e é difícil de explicar que não veja o Alfa quando flecte para dentro para fugir à pressão.

      O passe do Pizzi não expõe só as limitações do Gedson. Como eu digo (ou se não digo acima disse quando comentei com outro fulano) o Gedson devia ter descido pelo menos uns 5 metros para poder ser útil neste lance em vez de ficar parado. Agora também expõe e de que maneira as fragilidades de um modelo entregue ao valor das individualidades e de jogadores sem critério para perceber o que o jogo pede.

      Nem me vou alongar muito mais no restante desenrolar da jogada, porque o que é significativo aqui é mesmo o que Pizzi faz e não faz. A minha sensação, e podemos falar disso noutro lado, é que há a vontade de fazer de Gedson a última bolacha do pacote e as ordens são para, com ele em campo, meter a bola no puto. Espero estar errado.

      Agora, o Gedson não é o imaturo que tu o fazes. Ali em cima fazes um desafio sobre quem tem as culpas do golo de Istambul. Se neste caso dizes que é o Gedson, estás tão distraído como os que culpam Grimaldo pelo golo...

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